Saúde

Medida prevê que estudantes de medicina atuem por dois anos no SUS

MP também cria novas regras para a autorização de cursos de medicina e estimula a criação de cursos em estados com número insuficiente de médicos.

12/07/2013 - 12:35  

A Medida Provisória 621/13, que cria o Programa Mais Médicos, estabelece novos parâmetros para a formação dos médicos no Brasil.

Para os alunos que ingressarem nos cursos de medicina a partir de 1º de janeiro de 2015, a MP prevê que a formação do médico abrangerá dois ciclos:
- o primeiro ciclo, seguindo as diretrizes curriculares nacionais, com carga horária não inferior a 7.200 horas. Este ciclo inclui o chamado internato (estágio curricular obrigatório de treinamento em serviço supervisionado).
- o segundo ciclo, de treinamento em serviço exclusivamente na atenção básica à saúde e em urgência e emergência no âmbito do SUS, com duração mínima de dois anos.

Divulgação/Prefeitura de Manaus
Saúde - Médicos - Médico examinando paciente
Durante período de atuação no SUS, estudante de medicina receberá bolsa do Ministério da Saúde.

Este ciclo seguirá regulamentação do Conselho Nacional de Educação (CNE), homologada pelo ministro da Educação. O CNE definirá, por exemplo, o prazo para que os cursos atuais se adaptem a essa nova regra.

Durante esse período de dois anos, o estudante receberá bolsa do Ministério da Saúde. O valor será estabelecido em ato do ministro. Esse período poderá ser aproveitado como uma etapa dos programas de residência médica ou de outro curso de pós-graduação. O diploma de médico somente será conferido ao estudante aprovado no segundo ciclo de formação. A inscrição nesse ciclo também passa a ser condição necessária para a expedição da permissão de exercício pelos Conselhos Regionais de Medicina.

Cursos de medicina
Conforme a MP, a autorização para oferta de cursos de medicina obedecerá a uma regulação educacional específica, com a publicação de chamamentos públicos às instituições de educação superior interessadas em se habilitar para atuação nas regiões que apresentem vulnerabilidade social, conforme critérios a serem estabelecidos pelo Ministério da Educação.

Segundo o governo, a distribuição dos médicos nas regiões do País demonstra uma grande desigualdade, com boa parte dos estados com quantidade de médicos abaixo da média nacional, que é de 1,8 médico para cada mil habitantes. No Maranhão, por exemplo, a proporção é de 0,58 médico para cada mil habitantes; no Amapá é de 0,76 e no Pará, de 0,77. Já no Rio de Janeiro, existem 3,44 médicos para cada mil habitantes; e, em São Paulo, 2,49.

Uma das explicações para esse quadro, conforme o governo, está relacionada ao número insuficiente de vagas nos cursos de graduação em medicina. Por isso, a ideia é incentivar a criação de instituições de educação superior voltadas à área da saúde e à oferta de cursos de medicina em estados com número insuficiente de médicos.

Ministro da Educação
Além de fazer os chamamentos públicos e estabelecer os critérios do edital de seleção, caberá ao ministro da Educação, portanto, fazer a pré-seleção dos municípios para a autorização de funcionamento de cursos de medicina, após consultar o Ministério da Saúde. Na pré-seleção, será considerada ainda a existência, nas redes do SUS, de equipamentos públicos adequados e suficientes para a oferta do curso. Para o vencedor, haverá multa por inexecução total ou parcial do contrato.

Conforme o texto, o gestor local do SUS terá de oferecer, para a instituição vencedora do chamamento, a estrutura de serviços de saúde necessários para a implantação e para o funcionamento do curso de medicina.

Cargos
Na MP, também está sendo proposta a criação, mediante transformação, sem aumento de despesa, de 117 Funções Comissionadas Técnicas (FCT) em 10 cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores (DAS). Os cargos em comissão que se propõe criar (dois DAS-5 e oito DAS-4) serão alocados em unidades administrativas do Executivo, para se incumbir das novas competências e responsabilidades decorrentes do Programa Mais Médicos.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Daniella Cronemberger

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