Dirigentes criticam baixo investimento em tecnologia das indústrias químicas
O setor químico responde por 2,6% do PIB atualmente. No entanto, 1/3 do mercado brasileiro é formado por produtos importados.
11/06/2013 - 17:39

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo, afirmou, nesta terça-feira (11), que as empresas do setor investem pouco em tecnologia, o equivalente a apenas 0,7% das vendas. Nos Estados Unidos, informou, esse montante fica em torno de 1,5%; na Europa, acima de 2%, e no Japão, além de 4%. "A gente precisa fazer um esforço para os empresários químicos investirem mais em ciência e tecnologia", reconheceu.
A importância da inovação na indústria química foi o tema de uma reunião realizada pela Frente Parlamentar de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação da Câmara dos Deputados.
O gerente setorial do BNDES, Felipe Pereira, disse que o nível de investimentos no País aquém ao de outras nações é consequência do tipo de atividade industrial instalada aqui. "A capacidade atual é muito focada para as commodities, ou seja, produtos caracterizados por larga escala e baixo valor. Companhias que fabricam e vendem esses artigos tendem a investir menos em pesquisa e desenvolvimento", diagnosticou. Pereira ressaltou que o plástico é um exemplo de material fabricado e comercializado em larga escala no Brasil que exige baixa tecnologia. Já os cosméticos são o oposto: exigem grande investimento em pesquisa e têm alto valor agregado.
Novo código
As reuniões promovidas na Câmara têm como objetivo oferecer sugestões de aperfeiçoamento ao novo código nacional da área (PL 2177/11). A matéria está em discussão em uma comissão especial da Casa e, segundo o coordenador da frente, deputado Izalci (PSDB-DF), deve ser votado ainda neste ano. "Temos hoje uma legislação deficitária, problemática, que compromete a competitividade das empresas e a pesquisa", salientou.
Participação na economia

O investimento em inovação, apontaram os debatedores, é também necessário para aumentar a participação mundial do Brasil no setor químico. Atualmente, o País ocupa o sexto lugar no planeta, com 152 bilhões de dólares (acima de R$ 300 bilhões) de faturamento. A meta da Abiquim é chegar à quinta posição em 2020. Para isso, seria preciso aumentar o faturamento em 138 bilhões de dólares (cerca de R$ 280 bilhões). "Não existe nação forte sem indústria química", sentenciou Figueiredo. A previsão de crescimento está em parte calcada na expectativa de produção de petróleo na camada do pré-sal. Petróleo e gás natural são a base da indústria química.
O setor químico no Brasil responde por 2,6% do PIB. As maiores empresas do mundo desse segmento estão instaladas no território nacional. Entretanto, 1/3 do mercado brasileiro é de produtos importados. A razão, conforme Figueiredo, é que custa 25% mais caro investir aqui do que na Ásia e 10% mais do que nos Estados Unidos.
O saldo da balança comercial do setor está em queda. Nos últimos 10 anos, o deficit passou de 6 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 13 bilhões) para 30 bilhões de dólares (cerca de R$ 64 bilhões). "Se tivéssemos reduzido o deficit da balança, poderíamos ter gerado cerca de 60 mil empregos", disse Figueiredo.
Reportagem – Marise Lugullo
Edição – Marcelo Oliveira