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Cyberbullying é mais frequente que prática ao vivo, informa pesquisadora

Estudantes do sexto e do sétimo ano do sexo masculino são as principais vítimas de bullying, dizem especialistas.

29/05/2013 - 15:16  

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Audiência pública para discutir o PL 5369/09, do dep. Vieira da Cunha (PDT-RS), que institui o programa de combate ao Bullying
CCJ discutiu proposta que institui programa de combate ao bullying.

A pesquisadora Cleo Fante destacou nesta quarta-feira (29) que o cyberbullying, bullying feito pela internet, é mais frequente que a prática ao vivo. Pesquisa coordenada por ela nas cinco regiões brasileiras, em 2009, com apoio da organização não governamental Plan Internacional, mostra que 17% dos alunos estavam envolvidos em bullying dentro do ambiente escolar e 31% em cyberbullying.

Foram ouvidos 5.168 estudantes de escolas públicas e privadas. Cleo, que estuda o tema desde 2000, participou de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) sobre a proposta que institui o programa de combate ao bullying (PL 5369/09) e demonstrou apoio ao projeto. Ela informou também que estudantes de sexto e sétimo ano do ensino fundamental são as principais vítimas de bullying. Segundo ela, escolas públicas e privadas sofrem com o problema, sem distinção.

A pesquisadora cita elementos para identificar o fenômeno, de modo que ele não seja confundido com brincadeira: intencionalidade das ações; repetição das ações contra o mesmo alvo; gratuidade, ausência de motivos evidentes; assimetria de forças entre as partes; prejuízos para as vítimas. “O maior problema do bullying é a repetição”, afirmou. “É fenômeno de violência, que precisa de toda a sociedade para ser combatido”, complementou.

Consequências
Já a assessora técnica do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Juliana Marques Petroceli ,afirmou que as principais vítimas de bullying são estudantes mais novos do sexo masculino. Conforme ela, a vítima pode apresentar, entre outros problemas, transtorno de humor; distúrbios alimentares e de sono; e tendência para a depressão e até para o suicídio. Além disso, o comportamento agressivo na infância pode também gerar atos de violência na vida adulta.

A psicóloga Maria Tereza Maldonado, vice-presidente da ONG Cruzada do Menor, enfatizou, por sua vez, que o alvo de bullying muitas vezes precisa trabalhar sua energia agressiva, para deixar de ser vítima.

Escolas sem psicólogos
O representante do Ministério Público de Minas Gerais Lélio Braga Calhau enfatizou que o cyberbullying preocupa por afetar mais os atingidos, por ter amplitude maior. Ele destacou ainda que o bullying entre meninas merece atenção por ser mais difícil de ser identificado do que entre meninos. “É invisível e sutil”, observou.

Para ele, o foco no trabalho de combate ao bullying deve ser a resolução do conflito, dentro da própria escola e nas varas de infância e adolescência. “Me causa estranheza que não existam psicólogos em várias escolas”, disse. “A repressão não funciona no combate ao bullying”, complementou. Segundo ele, o conflito nas escolas tem sido tratado em delegacias e varas cíveis. “Vira briga de pais, que querem receber danos morais, e não resolver os problemas de filhos”, explicou.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Newton Araújo

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