Feliciano mantém acesso restrito a reuniões e manifestante é retirado
Em audiência que discutiu saúde indígena, segurança retirou à força do Plenário da Comissão de Direitos Humanos ativista contrário ao presidente. Deputado reclama de filtro para permitir participação nos debates do colegiado.
24/04/2013 - 19:42

O início da audiência pública da Comissão de Direitos Humanos foi marcado, mais uma vez, por manifestações contrárias ao presidente do colegiado, deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Nesta quarta-feira (24), o acesso restrito à reunião desagradou a ativistas que gritavam palavras de ordem contra a permanência de Feliciano no cargo.
Um dos manifestantes conseguiu furar o bloqueio e acabou sendo retirado à força depois de reclamar, em voz alta, da presença, dentro do Plenário da comissão, de simpatizantes do deputado Feliciano. O cearense Antônio José disse ser ativista dos direitos humanos há anos e que nunca tinha visto uma situação como aquela. “Eles me empurraram, me seguraram no braço e me botaram para fora. Não houve nada demais”, afirmou.
Integrante da comissão, o deputado Simplício Araújo (PPS-MA) disse que há um “filtro” para permitir o acesso às audiências. Ele não gostou da forma como o rapaz foi retirado do Plenário. “Eu vou à presidência da Casa para fazer uma queixa em relação à forma que estão tratando as pessoas que estão buscando um espaço para apreciar o que está acontecendo ali dentro”, afirmou.
Segundo o deputado Pastor Marco Feliciano, a participação do público nas reuniões da Comissão de Direitos Humanos segue restrita. “Pelo menos enquanto for preciso. Pessoas interessadas no assunto podem entrar tranquilamente, só não aceitamos aqui pessoas que não querem que o assunto prolongue, querendo desestabilizar a comissão”. Ele disse ainda que a situação permanece como está. “Não é só aqui. Dá uma olhadinha ao redor da Casa, a Casa toda está sendo policiada”, concluiu
Saúde indígena
A saúde indígena foi o tema da audiência desta quarta. O deputado Pastor Eurico (PSB-PE) sugeriu a instalação de uma CPI para investigar a Funai. O deputado Feliciano, de pronto, manifestou seu apoio. “Seria o primeiro a assinar. Até porque R$ 1,1 bilhão são destinados à Funai, e ouvi aqui índios falarem que suas crianças morrem de fome, desnutridos, falta de assistência médica. Então, tem alguma coisa errada.”
Durante o encontro, os indígenas Edmundo Omoré e Beush Matis reclamaram da atuação do governo e cobraram dos integrantes da comissão ações para que os gestores tomem providências em relação à crescente mortalidade infantil nas aldeias e à falta de postos de saúde nas comunidades. Eles ressaltaram que doenças como tuberculose e hepatite estão se espalhando com rapidez nas áreas indígenas.
O presidente da comissão garantiu que será formada uma frente de trabalho para se dedicar à solução dos problemas.
A Comissão de Direitos Humanos tem nova audiência prevista para o próximo dia 8 de maio.
Reportagem – Idhelene Macedo
Edição – Rachel Librelon