Trabalho, Previdência e Assistência

Sindicalista aponta falta de diálogo em relações trabalhistas em hidrelétricas

Comissão vai convocar novamente construtoras, mas, para sindicatos, diálogo já foi iniciado e precisa apenas ser praticado.

13/11/2012 - 21:51  

Leonardo Prado
Audiência Pública: Condições de trabalho nas Hidrelétricas Ferreira Gomes e Santo Antônio do Jari - no Amapá, Jirau e Santo Antônio - em Rondônia e, Belo Monte - no Pará
Parisi (E): a partir do acordo com o Ministério do Trabalho, temos melhorado as condições na obra com apoio às famílias.

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público ainda quer ouvir representantes de empresas e empregados sobre as condições de trabalho nas hidrelétricas de Belo Monte (PA), Santo Antônio do Jari (AP), Jirau (RO) e Santo Antônio (RO).

Na reunião desta terça-feira, marcada para discutir o problema, apenas o representante da Alupar Investimento S.A. compareceu. Ronaldo Parisi veio representar o consórcio que gerencia a construção da hidrelétrica de Ferreira Gomes (AP).

Na opinião do presidente da comissão, deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), a Eletrobrás e os demais consórcios envolvidos na construção das hidrelétricas precisam mandar representantes. “Vou mandar um ofício para que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, saiba da situação, e, caso eles não compareçam, vamos convocar o ministro para dar explicações”, disse.

Segundo Ronaldo Parisi, a obra administrada pela Alupar é de menor porte, se comparada às outras, e os problemas com trabalhadores são pontuais, e não provocaram grandes greves como em outros consórcios.

Parisi disse que cerca de 600 dos mais de 2 mil funcionários da obra são alojados no próprio canteiro; os demais são transportados todos os dias de cidades vizinhas, por cerca de 100 quilômetros. “Isso foi fruto de um acordo com o Ministério do Trabalho, e temos melhorado as condições na obra com melhores refeitórios e apoio às famílias”, disse.

Monitoramento do governo
O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Manoel Messias Nascimento Melo, explicou à comissão que o governo mantém um monitoramento constante da situação, para ajudar na solução de conflitos.

Segundo ele, as obras são em locais isolados, que não tinham condições para receber os trabalhadores, e a logística é pesada por parte das empresas para garantir as condições de trabalho. “Hoje a situação está melhor, e as reivindicações têm um patamar, por exemplo, o contrato coletivo de Jirau é hoje o objeto de desejo dos trabalhadores de Belo Monte”, disse.

O próprio ministro de Trabalho, Brizola Neto, visitou na semana passada uma das obras para assinar um compromisso para a melhoria das condições de trabalho em obras de infraestrutura. Mas ainda ontem, operários da usina de Belo Monte iniciaram uma paralisação para pressionar a empresa a melhorar sua proposta de acordo coletivo.

Segundo o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM), sete pessoas se feriram durante o último fim de semana, em que houve quebra-quebra e vandalismo na usina. A Polícia Civil prendeu ontem cinco funcionários sob a acusação de participação nos tumultos.

Conciliação
O governo abriu uma mesa de negociação com trabalhadores e construtoras. Na opinião do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom), Cláudio da Silva Gomes, a situação atual é muito melhor, mas falta diálogo.

Segundo o sindicalista, que representou a Central Única dos Trabalhadores (CUT) na discussão tanto hoje na comissão da Câmara quanto nas negociações na Amazônia, há sindicatos e empresas que não estão em contato com os trabalhadores, o que dificulta os acordos. “Muito do que foi feito é porque estamos junto com os trabalhadores, tentando resolver os problemas do dia-a-dia para que a situação não fique tensa quando tivermos de negociar questões maiores”, disse.

Cláudio Gomes informou que alguns acordos estão sendo feitos por promotores e pela Justiça, mas sem a participação das lideranças de cada obra, o que resolve o problema no momento, mas não resolve a situação.

Uma das questões é a chamada “baixada”, o período que um trabalhador tem para visitar a família. Em Jirau e Santo Antônio, essa folga ocorre a cada três meses, e em Belo Monte o período é de seis meses.

Reportagem - Marcello Larcher
Edição – Regina Céli Assumpção

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