Diretora da Geap acredita na recuperação financeira da entidade
08/11/2012 - 14:56
A diretora técnica da Geap-Fundação de Seguridade Social, a ex-deputada Cida Diogo, afirmou, nesta quinta-feira (8), que a entidade vai se recuperar dos problemas financeiros que enfrenta. A declaração foi dada na audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família sobre as dificuldades por que passa a entidade, que é a maior operadora de planos de saúde com atuação no funcionalismo público.
Conforme Cida, a previsão é que em janeiro de 2013 a Geap comece a ter receita que ultrapasse a despesa. “Com isso, começaremos a ter recursos para iniciar o pagamento das dívidas”, ressaltou. No final de 2013, está previsto o reajuste anual do plano, previsto em lei, o que ajudará a saldar a dívida. “Quando passarmos a trabalhar com saldo no azul, poderemos pensar em uma série de ações para recuperar a entidade”, declarou.
O deputado Welinton Prado (PT-MG) disse que o servidor não pode suportar mais um aumento no plano no ano que vem. “O funcionário não pode pagar pela má gestão do Geap”, criticou. Para ele, há necessidade de regras mais claras sobre os investimentos da entidade.
Problemas
A diretora da Geap destacou que quase metade dos 610 mil beneficiários têm 60 anos de idade ou mais. “Em comparação com as operadoras de planos de saúde privadas, observa-se que a Geap tem beneficiários mais velhos”, observou. Além disso, segundo ela, 45% dos beneficiários têm faixa salarial de até R$ 4 mil. De acordo com a diretora, todos esses fatores contribuiriam com o endividamento da Geap.
Ela explicou ainda que, a partir de 2009, o auxílio-saúde mediante ressarcimento foi regulamentado pelo Poder Executivo, e os servidores começaram a poder optar pelo plano de saúde. Isso ocorreu por solicitação dos próprios funcionários. “Esse é um desafio que o mercado nos coloca, já que os planos de saúde privados passaram a disputar o servidor com a Geap”, ressaltou. “Grande parte dos servidores novos, que entraram após essa regulamentação, optaram pelos novos planos”, complementou.
Políticas de saúde do servidor
Na audiência, o secretário-adjunto de Relação do Trabalho e coordenador do Setor Público da Central Única dos Trabalhadores (CUT), contestou a indefinição do Executivo com a saúde suplementar do servidor. “O governo não tem política para essa área”, afirmou. Na opinião do sindicalista, a discussão sobre a Geap deveria ser ampliada para a política de saúde para o servidor público. “Todos os planos de autogestão estão enfrentando os mesmos problemas que a Geap”, justificou.
O diretor do Departamento de Políticas de Saúde, Previdência e Benefícios do Servidor da Secretaria de Gestão Pública do Ministério do Planejamento, Sérgio Carneiro, sustentou que a política de saúde suplementar do servidor está em evolução desde 2008. Conforme ele, naquele ano, não havia completa regulamentação do benefício da saúde suplementar, que não alcançava todos os servidores, mas apenas alguns órgãos. “Hoje, o benefício está completamente regulamentado. Há uma norma única para todos os órgãos, e o acesso ao benefício foi universalizado para todos os servidores (federais, estaduais e municipais)”, declarou.
Carneiro afirmou ainda que o Executivo assume a defesa das operadoras de autogestão frente às operadoras privadas, porque entidades como a Geap têm o papel não só de atender os servidores, como o de regular os preços de mercado. Ele destacou ainda que já está aprovado, no Orçamento de 2013, aumento da parcela do governo no financiamento do plano, privilegiando faixas etárias mais idosas. “Trabalharemos, daqui para a frente, com esta perspectiva: os aumentos da participação do governo devem incidir nas faixas etárias mais idosas”, ressaltou.
Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), que solicitou a audiência, os planos de autogestão têm a possibilidade de formular uma política de saúde de viés mais preventivo, uma vez que podem traçar o perfil da categoria de seus segurados.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Marcelo Oliveira