Desempenho fraco do ensino médio público estimula mudanças curriculares
O Ministério da Educação estuda um novo modelo de ensino, em que as atuais 13 disciplinas serão distribuídas em apenas 4 grandes áreas. Na Câmara, uma comissão especial também estuda novos modelos para o ensino médio.
26/09/2012 - 14:12
O desempenho dos alunos do ensino médio não evoluiu entre 2009 e 2011. Essa é a avaliação do Ministério da Educação (MEC), que anunciou em agosto o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), uma espécie de exame geral do ensino básico no País calculado a partir das taxas de aprovação e do resultado médio dos alunos em provas de português e matemática. Especialistas apontam o currículo dessa etapa de ensino como uma das causas para as baixas notas.
Entre 2005 e 2009, o Ideb alcançado pelas escolas públicas passou de 3,1 para 3,4, em uma escala que varia de zero a dez. Mas a nota parou de evoluir a partir de 2009. Além disso, em nove estados (Acre, Maranhão, Espírito Santo, Pará, Alagoas, Paraná, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Sul), o ensino médio chegou a retroceder em comparação com 2009.
Na média geral, o resultado do Ideb cumpriu a meta do MEC para o ano passado. Mas até o governo já admitiu que o desempenho do ensino médio foi pior que o esperado. Em entrevista coletiva, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, admitiu que essa etapa de ensino é “um grande desafio” para qualquer sistema educacional.
Na Câmara, dois projetos de lei preveem a divulgação do Ideb de cada escola em murais visíveis a toda comunidade (PLs 1530/11 e 1536/11).
Muitas disciplinas
Um dos maiores problemas apontados por especialistas é o excesso de disciplinas ensinadas aos alunos. Hoje, o currículo do ensino médio tem 13 disciplinas obrigatórias. “Não há quem aguente, especialmente com atrasos escolares e avanços na idade, um currículo com 13 componentes isolados e enciclopédicos e que não atendem às necessidades de vida do jovem, que tem que saber o que quer e já fez opções importantes na vida”, alerta o professor da Universidade Católica de Brasília Cândido Alberto Gomes.
“Essa desmotivação acaba levando à evasão escolar”, alerta o diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF), Rodrigo Rodrigues.
O doutor em Economia Claudio de Moura Castro concorda. “O currículo atual é excessivo, tem disciplinas demais, é chato, não fala do mundo real, é desinteressante e, portanto, altamente desencorajador. É preciso um pai muito insistente para conseguir que um filho fique na escola. Na prática, metade vai embora depois de entrar no ensino médio”.
“É importante discutir qual é o objetivo do ensino médio para vida desses alunos? Hoje o ensino médio está pautado para realização do vestibular, e o vestibular é limitante, tem índices de exclusão muito grandes”, pondera Rodrigo Rodrigues.
Reportagem – Carolina Pompeu
Edição – Natalia Doederlein