Supostos auxiliares de Cachoeira se negam a prestar esclarecimentos à CPMI
24/05/2012 - 16:02

O ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, e o sargento da Polícia Militar do Distrito Federal Jairo Martins de Souza, apontados como auxiliares do contraventor Carlos Cachoeira, se recusaram a falar à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações de Cachoeira com agentes públicos e privados e foram dispensados pelo presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
Ambos alegaram o direito constitucional de ficar em silêncio para não produzirem provas contra si. Cachoeira também optou por não responder os questionamentos em depoimento na terça-feira (22).
Ex-vereador nega entrega de dinheiro
Antes, a CPMI tomou o depoimento do ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez (PSDB). Ele negou exercer influência no governo de Goiás, conforme acusação da Polícia Federal, e disse que foi contratado pela empresa Delta Construções para assessorar o ex-diretor da empresa no Centro Oeste Cláudio Abreu - que foi preso no mês passado.
Segundo o ex-vereador, sua missão como contratado da Delta era assessorar Abreu, trabalho pelo qual “ganhava R$ 20 mil”. Ele disse que nunca participou “de qualquer processo licitatório”. Garcez confirmou que auxiliou Cachoeira na empresa Vitapan, do ramo farmacêutico e pertencente ao contraventor, sendo remunerado em R$ 5 mil pelo serviço.
Em seu depoimento, Garcez também afirmou ser próximo de diversas autoridades, como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; o governador de Goiás, Marconi Perillo; o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia; e até o ex-governador de São Paulo, Mário Covas, já falecido.
O ex-vereador disse que, embora não sejam amigos, o senador Paulo Paim (PT-RS) ficou hospedado em uma casa de campo dele durante uma viagem a Três Ranchos (GO). Garcez afirmou ainda que participou da campanha do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meireles, quando este foi candidato a deputado federal.
Antes de decidir não responder mais aos parlamentares, Garcez foi questionado pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), mas evitou detalhar a grande maioria das respostas. Ele reiterou apenas trechos de seu depoimento inicial, em que afirmara que não houve entrega de dinheiro no Palácio das Esmeraldas (sede do Governo de Goiás) e que não houve irregularidades na venda da casa do governador Marconi Perillo para o contraventor Carlos Cachoeira, a quem Garcez assessorava.
Perguntas irritam PSDB
As perguntas feitas pelo relator geraram fortes críticas do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Segundo Sampaio, as perguntas de Cunha foram tendenciosas, pois se referiram apenas ao suposto envolvimento de Cachoeira com o governador de Goiás, Marconi Perillo, e buscaram envolver o PSDB, que também é o partido de Garcez (ex-vereador), enquanto haveria indícios do envolvimento do depoente com integrantes do Governo do Distrito Federal, chefiado por Agnelo Queiroz (PT).
“Está muito claro o direcionamento que está havendo aqui hoje. Eu poderia pedir a palavra e fazer 30 perguntas sobre o envolvimento do governador Agnelo Queiroz”, disse Carlos Sampaio. “Não passe a imagem à opinião pública de que está fazendo um papel de governo. Vossa Excelência é um magistrado”, complementou o tucano, dizendo que todos os integrantes da CPMI devem se comportar com isenção, como juízes.
O relator Odair Cunha rebateu: "Fiz as perguntas que achei pertinentes. Se ele [Garcez] pertence aos quadros do PSDB, isso não é minha responsabilidade."
Discussão
Outro deputado que criticou o relator da CPMI foi Fernando Francischini (PSDB-PR): “Quando o relator faz perguntas sobre a Delta nacional e o governador Agnelo, ele é tchutchuca. Quando pergunta sobre o governador Perillo, ele é tigrão”, disse Francischini.
Imediatamente, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) saiu em defesa do relator e discutiu asperamente com o tucano. Segundo o petista, alguns parlamentares usam “palavras de efeito” nas sessões abertas da comissão para “aparecer na mídia”. Diante da crítica, Francischini se colocou de pé e, com dedo em riste, iniciou um bate-boca com Dr. Rosinha.
Reportagem – Rodrigo Bittar
Edição – Newton Araújo