Política e Administração Pública

Maia formaliza sindicância para apurar envolvimento de deputados com Cachoeira

11/04/2012 - 19:16  

Gustavo Lima
Dep. Eduardo da Fonte (PP-PE)
O corregedor Eduardo da Fonte (C) notificou os deputados alvos de representação pelo Psol.

O presidente da Câmara, Marco Maia, assinou nesta quarta-feira o ato que formalizou a criação da comissão de sindicância que vai investigar os três deputados que são alvo de representações do Psol sob a acusação de envolvimento com o contraventor Carlos Cachoeira. Os deputados são Sandes Júnior (PP-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Rubens Otoni (PT-GO). O pedido da criação da comissão de sindicância foi feito pelo corregedor da Câmara, Eduardo da Fonte (PP-PE).

Hoje, os deputados Sandes Júnior e Carlos Alberto Leréia foram notificados sobre a representação pela Corregedoria Parlamentar. Sandes Júnior e Leréia têm cinco dias úteis para apresentar sua defesa. O deputado Rubens Otoni, o primeiro a ser alvo de uma representação do Psol, já foi notificado pela Corregedoria e apresentou a sua defesa por escrito.

O contraventor Carlos Cachoeira foi preso pela Polícia Federal (PF) no final de fevereiro. Segundo investigação da PF, Carlos Cachoeira explora jogos ilegais e construiu uma rede de tráfico de influência que cooptou parlamentares, policiais e outros agentes públicos.

Eduardo da Fonte já escolheu os integrantes da comissão de sindicância que vai investigar as denúncias. São os deputados Maurício Quintella Lessa (PR-AL), Odair Cunha (PT-MG), Jerônimo Goergen (PP-RS) e Evandro Milhomen (PCdoB-AP).

Deputados contestam
O deputado Carlos Alberto Leria afirmou, em nota, que seu nome não consta no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura o envolvimento de Carlos Cachoeira com parlamentares. De acordo com ele, “foi solicitado ao STF acesso aos autos do Inquérito 3430, e segundo o relator, ministro Ricardo Lewandowski, meu nome não é objeto de investigação neste inquérito”.

Na semana passada, o deputado Sandes Júnior havia divulgado nota na qual afirma que não tem envolvimento com o contraventor. De acordo com o deputado, as gravações da Polícia Federal, citadas em matéria do Jornal Nacional, em que ele aparece conversando com Carlos Cachoeira, dizem respeito tão somente a uma rescisão contratual de uma rádio em Goiás. "Segundo o próprio jornal, as conversas são truncadas", anota o deputado.

O deputado Rubens Otoni foi procurado pela reportagem, mas não foi encontrado.

Investigações em curso
Eduardo da Fonte vai solicitar informações sobre as investigações que já estão em curso sobre esses parlamentares. "Vamos pedir as informações ao Ministério Público Federal e ao Supremo Tribunal Federal para que possamos ter dados suficientes para concluir todas as investigações."

O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), não acredita que o trabalho da corregedoria vai ser prejudicado ou anulado pela comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que vai ser instalada no Congresso Nacional para investigar Carlos Cachoeira.

"A CPMI tem um objeto mais amplo”, avalia Alencar. “Ela não vai verificar a quebra de ética e decoro parlamentar com exclusividade por parte de parlamentares, como é o caso aqui. Essa comissão de sindicância mostra a relevância que a Corregedoria está dando para o caso Cachoeira."

A Corregedoria tem um prazo de 45 dias para concluir as investigações. Entretanto, Chico Alencar espera que, em até três semanas, a Corregedoria tenha terminado seu trabalho e encaminhe o resultado à Mesa Diretora da Câmara. É a Mesa que vai decidir se abre ou não processo contra os parlamentares no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, para verificar se houve quebra de decoro.

* Matéria atualizada às 20h34.

Reportagem – Renata Tôrres/Rádio Câmara
Edição – Newton Araújo

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