Ciência, tecnologia e Comunicações

Tecnologia digital representa oportunidade para as TVs públicas, diz especialista

22/03/2012 - 21:11  

Larissa Ponce
Dep. Jean Wyllys (PSOL-RJ), Maximiliano Salvadori Martinhão (Secretário de Telecomunicação do Ministério das Comunicações), André Barbosa (Superintendente de Suporte da EBC), Gunnar Bedicks (Chefe do Laboratório de Tv digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie), Takashi Tome (Pesquisador do Centro de Pesqeuisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), Antônio Vutal (Presidente da Associação Brasileira de TVs e Rádios Legislativas), Telmo lUstosa (integrante do Conselho Diretor do CLube de Engenharia do Rio de Janeiro)
Seminário na Câmara discutiu impacto de novas tecnologias no desenvolvimento das TVs públicas.

A transição do sistema analógico para o digital poderá fortalecer as televisões públicas. Essa é a opinião do secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Salvadori, que participou nesta quinta-feira (22), na Câmara, do seminário Regulação da Comunicação Pública. “Agora estão todos no mesmo patamar, é o momento das TVs públicas se fortalecerem com melhor qualidade e massificação da transmissão.”

Para Salvadori, a TV pública pode ser “a ponta de lança de um projeto estruturante” para a TV digital no Brasil. Para isso, ele considera que a prioridade é a criação da infraestrutura de transmissão.

Segundo o secretário, uma possibilidade é aproveitar o modelo de transmissão vigente, em que o sinal é distribuído nacionalmente por satélite e difundido localmente por retransmissoras. “É uma alternativa. Com o grande mérito de permitir massificar rapidamente a cobertura pela TV digital.”

Participação
Para o professor Luiz Fernando Gomes Soares, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a comunicação pública depende de participação social. Ele afirmou que, para efetivar essa participação, é preciso dar direito ao acesso à informação e também ao conhecimento sobe como gerar e distribuir conteúdo.

Para dar a dimensão do desafio, o professor ressaltou que apenas 27% da população brasileira têm acesso a computador com internet. Nas classes D e E, esse índice não passa de 3%. Nesse extrato, segundo ele, 81% das pessoas nunca usaram a internet. Em compensação, mesmo nos setores mais pobres, a televisão está em 95% dos domicílios. O índice brasileiro, se consideradas todas as classes sociais, é de 98%.

Fernando Soares disse que o sucesso da TV pública depende também da produção de conteúdos adequados à tecnologia digital, com instrumentos reais de interatividade. “Hoje ocorre apenas a replicação da web na TV. Isso é muito ruim, precisamos de aplicações muito mais criativas”, afirmou.

Interatividade
O chefe do Laboratório de TV Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Gunnar Bedicks, lembrou que o espaço hoje ocupado por um canal analógico, de 6 mega-hertz, poderá ser utilizado para transmitir até 11 emissoras no sistema digital, dependendo da tecnologia utilizada. Segundo o especialista, isso já ocorre em países como a Suécia e os Estados Unidos.

Nesse novo sistema, as emissoras terão a possibilidade de adotar o chamado canal de retorno, em que o telespectador poderá interagir com o canal. A TV Câmara, por exemplo, desenvolve um aplicativo, em parceria com a PUC/RJ, para permitir a interação com o público. A diretora da Secretaria de Comunicação da Câmara, Sueli Navarro, afirmou que uma das possibilidades será clicar sobre o deputado durante as transmissões do Plenário para saber informações sobre ele.

Democratização
Sueli Navarro disse que o único caminho para a democratização da comunicação passa pelo fortalecimento da televisão pública. “A televisão atinge 98% da população, é um instrumento fundamental para levar informação.”

Como exemplo de medidas para ampliar o acesso às TVs públicas, Navarro citou a formação da Rede Legislativa, integrada pelas TVs Câmara e Senado e pelas emissoras das assembleias estaduais e das câmaras de vereadores. O sistema já opera em São Paulo e, em breve, chegará a outras capitais e ao interior do País. Por meio da rede, as televisões legislativas serão exibidas em sinal digital aberto e gratuito.

Reportagem - Maria Neves
Edição - Pierre Triboli

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