Educadores pedem medidas para qualificar expansão de universidades no interior
21/10/2011 - 10:32
Associações da área de educação manifestaram preocupação sobre a expansão dos campi das universidades públicas para o interior. Um dos focos do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) foi a interiorização das universidades, com a abertura de novas instituições e de filiais de outras.
“Esse movimento foi necessário, fundamental para a inclusão de alunos que não tinham acesso. Mas precisamos trabalhar na fixação de docentes e na criação de programas de pós-graduação, que terão impacto realmente na melhoria das regiões”, diz o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), João Luiz Martins, que é reitor da Universidade Federal de Ouro Preto, hoje com quatro campi.
Ensino a distância
Na opinião do professor Luiz Dourado, da Universidade Federal de Goiás, essa meta está ligada à expansão do ensino a distância, principalmente com a experiência da Universidade Aberta do Brasil (UAB), um modelo para as instituições públicas.
Atualmente, o Brasil forma 11 mil doutores e 41 mil mestres por ano, e a meta para esta década é de 25 mil doutores e 60 mil mestres. Dourado lembra que, para atingir essa meta, já existem bolsas de estudo concedidas pelos ministérios da Educação; e de Ciência, Tecnologia e Inovação.
A ideia é que a formação continuada (de pós-graduação) seja feita principalmente a distância. Isso já é realidade em muitos países, mas não há tradição no Brasil, apesar de já haver experiências de mestrado, inclusive strictu sensu.
O professor afirma, no entanto, que a expansão do ensino a distância não é mais barata, pois necessita de treinamento, infraestrutura e professores, da mesma forma que nas aulas presenciais. “Muito do que nós temos é de qualidade questionável, principalmente nas instituições privadas, em que faculdades colocam um portal, alugam uma sala e acham que estão fazendo educação a distância”, alerta Luiz Dourado.
Uma das propostas defendidas na Conferência Nacional da Educação (Conae) é a de uma agência reguladora para o setor privado, nos moldes da Anatel para telefonia. Mas o Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Privado e a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior é contra essa proposta, por entenderem que atentaria contra a liberdade da iniciativa privada no setor, que demanda mais autonomia pedagógica, e não mais controle.
Reportagem – Marcello Larcher
Edição – Pierre Triboli