Profissionais reivindicam três aulas de educação física por semana

13/05/2009 - 21:57  

Entre outras reivindicações, os profissionais pedem que seja coibida a substituição das aulas de Educação Física por outras atividades extra-curriculares; e que as escolas destinem parte da carga horária, além da destinada às aulas, para o treinamento de jovens atletas.

Os professores, pesquisadores e atletas reunidos nesta quarta-feira na Câmara defenderam que todas as escolas públicas e privadas ofereçam aos seus alunos pelo menos três aulas de educação física por semana, de preferência em dias diferentes. Esse foi um dos destaques da carta aprovada ao final do seminário "Educação Física e Esporte Escolar: da Formação à Competição", promovido pelas comissões de Turismo e Desporto e de Educação e Cultura da Câmara.

No documento, os profissionais pedem também que seja coibida com urgência a substituição das aulas de Educação Física por outras atividades extra-curriculares, o que tem sido feito por algumas escolas particulares; que os estabelecimentos de ensino destinem uma parte da carga horária, além da destinada às aulas, para o treinamento de jovens atletas, e ainda que seja proibido a profissionais de outras áreas trabalhar nos programas desportivos dos ministérios do Esporte e da Educação, como o "Segundo Tempo".

Audiências nos estados
O presidente da Comissão de Turismo e Desporto, deputado Afonso Hamm (PP-RS), comemorou a aprovação da carta. "Queremos agora aumentar a participação da Câmara na luta pelo fortalecimento da educação física escolar", disse. Ele também defendeu que sejam realizadas audiências públicas nos estados para discutir políticas públicas para a área.

A professora Rossana Benck, da Universidade de Brasília, explicou que nos países mais desenvolvidos é muito maior a atenção dada ao desenvolvimento físico e mental dos jovens. "Lá, eles já têm atividade física garantida três vezes por semana e agora querem ampliar para todos os dias letivos. Enquanto isso, nós aqui precisamos ficar mendigando dois dias por semana", comparou.

A ex-jogadora de vôlei Ana Moser afirmou que a educação física vai muito além do que geralmente se pensa. "Não é apenas ensinar técnica de modalidades, também não é simplesmente escolher os melhores para formar o time da escola", argumenta. A medalhista olímpica defendeu também que os esportes que aparecem na televisão não devem ser os únicos lecionados.

Ana comentou ainda que não existe uma política de esporte para os municípios e, por isso, eles precisam buscar formas de financiamento para promover o esporte. Nesse sentido, ela destacou o programa "Selo do Semiárido", que estimula prefeituras de 11 estados a promover atividades esportivas e culturais. O selo é uma iniciativa do Unicef, com o apoio do governo inglês.

Outro problema levantado no seminário foi a falta de instalações adequadas para a prática de atividade física. O deputado Eugênio Rabelo (PP-CE) prometeu apresentar um projeto para tornar obrigatório que os estabelecimentos de ensino tenham uma quadra esportiva ou um centro de convivência.

Diploma
O presidente da Confederação Brasileira de Desporto Escolar, Carlos Rufino, comentou que na realidade atual do País não se pode esperar que todas as escolas tenham quadras cobertas e profissionais de educação física formados. "Infelizmente, em boa parte das cidades isso ainda não é possível", disse.

Ana Moser concorda. "O problema de se exigir diploma para todo que trabalha com atividade física é que, em muitas cidades por onde passamos simplesmente não há professores. A carência é enorme", relatou.

O seminário ocorreu durante todo o dia no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados e contou com mais de 500 participantes.

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Reportagem - Juliano Pires
Edição - Patricia Roedel

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