Cidades e transportes

Anac anuncia, durante debate na Câmara, reforço na segurança de bagagens em três aeroportos

Brasileiras presas depois que as etiquetas de suas bagagens foram colocadas em malas com cocaína criticaram o sistema brasileiro

11/12/2024 - 11:49   •   Atualizado em 11/12/2024 - 17:27

Renato Araujo/Câmara dos Deputados
Deputado Alex Santana fala ao microfone
Santana criticou a fragilidade dos procedimentos de identificação e guarda de bagagens

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou nesta quarta-feira (11), em debate na Câmara dos Deputados, reforço no sistema de segurança de bagagens nos aeroportos internacionais de Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Galeão (RJ).

Esses três aeroportos compreendem 70% do movimento de passageiros de voos internacionais no Brasil. As mudanças já foram acertadas com as concessionárias de Guarulhos e Campinas, mas ainda estão em negociação com a do Galeão.

“O projeto Aeroportos Mais Seguros busca incrementar a segurança por meio de tecnologias e equipamentos modernos”, disse na audiência pública Raphael Horta, gerente da Superintendência de Infraestrutura Aeroportuária da Anac.

O debate na Comissão de Viação e Transportes foi proposto pelo deputado Alex Santana (Republicanos-BA) a partir do caso de duas vítimas da troca de bagagens em Guarulhos. Elas foram acusadas de tráfico e sofrem consequências até hoje.

“Esse episódio demonstrou a total fragilidade dos procedimentos adotados na identificação e na guarda das bagagens dos inúmeros usuários do sistema aeroviário”, criticou o deputado Alex Santana, ao sugerir a audiência pública.

“Acima de tudo, é preciso olhar o interesse do cidadão. Podemos muito melhor aplicar ações de fiscalização e controle em cima dessas grandes empresas, até porque são grupos econômicos fortes”, comentou o parlamentar no debate.

Depoimento
Kátyna Baía e Jeanne Paolini acabaram presas na Alemanha em 2023. No mês passado, em razão daquele episódio, elas tiveram os vistos norte-americanos cancelados. Agora, cobram medidas para evitar casos semelhantes.

“Ninguém faz ideia do que é ficar 38 dias num presídio. Muitos direitos foram violados. Antes de tudo acontecer, tínhamos uma carreira sólida, e hoje a marca que carregamos é a das brasileiras que foram presas”, lamentou Kátyna Baía.

“Na audiência, escutamos várias vezes que o transporte aéreo brasileiro trabalha ‘no mínimo’, mas deveria oferecer uma segurança máxima. Pagamos caro pelo despacho de bagagem”, reclamou Jeanne Paolini em entrevista após o debate.

Representante do Sindicato Nacional dos Aeroviários na audiência pública, Carlos Geison Marques, reforçou as críticas. “Empresas e aeroportos não têm compromisso com os passageiros, têm com o lucro. Se tivessem compromisso com a segurança, isso não teria acontecido com elas”, disse.

Durante o debate, representantes das companhias aéreas, da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), das concessionárias de Guarulhos e do Galeão e da Polícia Federal também manifestaram solidariedade às brasileiras.

 

 

Reportagem – Ralph Machado
Edição – Natalia Doederlein

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