Ciência, tecnologia e Comunicações

Debatedores defendem política única de inclusão digital

26/09/2007 - 21:59  

Palestrantes e parlamentares concordaram hoje com a necessidade de unificar os projetos de inclusão digital em andamento no País, durante audiência pública na qual foi discutida a informatização da rede escolar pública.

O consultor e pesquisador da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), Julio Jacobo Waiselfisz, informou que existem, atualmente, 142 projetos de inclusão em andamento no País. Segundo ele, 80% deles são financiados com recursos públicos.

Waiselfisz concorda com o problema da fragmentação de políticas e defendeu a criação de uma política nacional de inclusão digital. O deputado Alex Canziani (PTB-PR) também defendeu um programa único, com o objetivo de maximizar os recursos de municípios, estados e da União.

O diretor-presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Marcos Vinícius Mazoni, respondeu que é realmente importante unificar as ações. Ele destacou ainda que a rede de computadores das escolas deve ser interligada com as demais redes, em uma estrutura de conexão que otimize as diversas redes existentes no País.

Já o presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, deputado Julio Semeghini (PSDB-SP), ressaltou que o projeto de inclusão deve prever o acesso da comunidade à informática, e não apenas da escola.

Desembolso direto
Durante a audiência, o deputado Elismar Prado (PT-MG) ressaltou que muitas escolas não têm um espaço adequado para a instalação dos laboratórios de informática. O secretário de Educação a Distância do Ministério da Educação, Carlos Eduardo Bielschowsky, afirmou que um "plano de desembolso direto [do governo] na escola" pode ajudar a resolver o problema infra-estrutural, causado por limitações de investimento em muitos municípios e estados.

Desigualdades
Waiselfisz destacou, depois de apresentar um estudo sobre o uso de computadores e internet no Brasil, que a maior "brecha digital" está dentro do próprio País, e não em uma comparação com os países desenvolvidos. Segundo ele, existem quatro tipos de fatores que interferem na inclusão digital brasileira: etário, econômico, geográfico e racial.

O consultor ressaltou que a diferença em acesso a internet de um cidadão negro, pobre, morador de Alagoas, e um rico, branco, morador do Distrito Federal chega a 154 vezes. Ele afirmou ainda que as diferenças de aproveitamento escolar devem-se basicamente à condição socioeconômica da família, mas um segundo fator importante é o domínio básico da informática pelo aluno.

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Reportagem - Cristiane Bernardes
Edição - Renata Tôrres

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