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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ |
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Sessão: 194.2019 |
Hora: 23:08 |
Fase: OD |
Orador: DANIEL ALMEIDA, PCDOB-BA |
Data: 11/07/2019 |
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O SR. DANIEL ALMEIDA (PCdoB - BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu ouvi repetidas vezes aqui alguns afirmarem que este é um remédio amargo, que é um tratamento doloroso mas necessário a reforma da Previdência.
Quando alguém submete uma pessoa a um tratamento doloroso, geralmente se dirige a ela com consternação. Aqui eu vi muitos vibrarem, alegres, com a aprovação da reforma da Previdência. Comemorar, vibrar diante da dor alheia é um sentimento de quê, meus amigos companheiros? De cinismo. É um sentimento menor, é um sentimento de rebaixamento da condição humana.
Este tema em debate, o abono, é a revelação disso. Retirar o abono? De quem? Do cidadão que ganha até dois salários mínimos e que tem o direito de receber a cada ano, uma vez ao ano, o abono de um salário. Qual é o privilégio desse cidadão, desse trabalhador? Isso é uma demonstração de escorchamento, é uma demonstração de crueldade, de malvadeza, é uma demonstração de que querem o confisco de direitos. E é algo burro, porque esse dinheiro é aplicado na atividade econômica.
Quem recebe esse abono gasta no consumo. Parte desse recurso retorna como tributo, num momento de economia em crise, num momento de dificuldade para a retomada do crescimento econômico.
Alguns falam aqui em geração de emprego. Como gerar emprego se há diminuição da possibilidade de consumo? A demonstração da crueldade é que essa não é uma matéria previdenciária. Aqui está se discutindo a questão previdenciária. Quem paga esse abono não é o patrão, não sai dos recursos previdenciários. É um recurso do Fundo de Amparo ao Trabalhador, exatamente para produzir a dinamização da economia. Por que o colocam nessa matéria? Aliás, Sr. Presidente, nem deveria ser aceita essa matéria, já que não se trata de questão previdenciária.
Por isso, meus companheiros, o PCdoB com absoluta convicção vem aqui pedir a cada Deputado que faça uma reflexão. Não sejam cruéis, não demonstrem esse sentimento cínico que alguns têm demonstrado aqui. Vamos votar nesse destaque.
O nosso voto é "não", Sr. Presidente.