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CÂMARA DOS DEPUTADOS |
COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DE DEFESA NACIONAL
55ª Legislatura - 3ª Sessão Legislativa Ordinária
ATA DA 46ª REUNIÃO
EXTRAORDINÁRIA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA
REALIZADA EM 29 DE NOVEMBRO
DE 2017
Às nove horas
e cinquenta e três minutos do dia vinte e nove de novembro de dois mil e
dezessete, reuniu-se a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, no
Anexo II, Plenário 03 da Câmara dos Deputados. Compareceram os deputados Bruna
Furlan - Presidente; Pedro Vilela -
Vice-Presidente; André de Paula,
Arlindo Chinaglia, Átila Lins, Cabuçu Borges, Claudio Cajado, Eduardo Barbosa,
Heráclito Fortes, Jarbas Vasconcelos, Jean Wyllys, Jefferson Campos, Jô Moraes,
Luiz Nishimori, Luiz Sérgio, Marcelo Castro, Márcio Marinho, Miguel Haddad,
Milton Monti, Pastor Eurico e Rubens Bueno - Titulares; Angelim, Antonio Brito,
Benedita da Silva, Caetano, Carlos Henrique Gaguim, Cristiane Brasil, Dilceu
Sperafico, Eduardo Cury, João Gualberto, Luiz Carlos Hauly, Marcus Vicente,
Rafael Motta, Renzo Braz, Rocha, Tadeu Alencar, Thiago Peixoto, Vanderlei Macris
e Walter Ihoshi – Suplentes. Compareceram também os
deputados Capitão Augusto, Evair Vieira de Melo, Lincoln Portela, Professor
Victório Galli e Tenente Lúcio, como não-membros. Deixaram de comparecer os
deputados Alexandre Leite, Benito Gama, Bonifácio de Andrada, Dimas Fabiano,
Ezequiel Fonseca, Fausto Pinato, Henrique Fontana, Jair Bolsonaro, Luiz Lauro
Filho, Nelson Pellegrino e Pedro Fernandes. Apresentou escusa o deputado Fausto
Pinato. ABERTURA: a deputada Bruna
Furlan, presidente da CREDN, deu início à reunião extraordinária de audiência
pública, dando as boas-vindas aos parlamentares, ao público presente e aos
convidados a quem já convidou para compor a mesa, sendo eles o major-brigadeiro
do ar Luiz Fernando de Aguiar, Presidente da Comissão de Coordenação e
Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE) da Aeronáutica (representante do
Ministério da Defesa); o general de divisão Gláucio Lucas Alves, Subchefe de
Comando e Controle do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (representante do
Ministério da Defesa), senhor Jorge Bittar, ex-deputado federal e ex-presidente
da Telebrás; senhor Jarbas José Valente, diretor técnico-operacional da
Telebrás; senhor Luiz Antonio Elias, ex-chefe do departamento de relações de
governo do BNDES e ex-secretário do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação. A presidente continuou dizendo que a realização daquela audiência
pública decorria da aprovação, naquele colegiado, do Requerimento nº 206, de
2017, de autoria do deputado Pedro Fernades, e do Requerimento nº 238, de 2017,
de autoria dos deputados Nelson Pellegrino e Luiz Sérgio, e teria por objetivo
debater a operação do satélite geoestacionário de defesa e
comunicação. Agradeeu
a presença de todos e sua participação naquela importante sessão. Explicou que
o
SGDC-1 (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas – 1)
foi projetado para fornecer maior segurança às comunicações estratégicas do
governo brasileiro e às comunicações militares de nosso país. Disse que seu
controle é realizado no Brasil, em
estações localizadas em áreas militares, sob a coordenação da Telebrás e
do Ministério da
Defesa. Informou que
a aquisição de um satélite próprio para as comunicações civis e militares é uma
decisão estratégica e necessária para garantir a soberania do Brasil. A
parlamentar disse que, atualmente, os satélites que nos prestam serviços, ou são
controlados por estações que estão fora do país ou possuem o controle de
altitude nas mãos de empresas com capital estrangeiro. Em ambos os casos existem
riscos de interrupção nos serviços em situação de conflito internacional ou em
virtude de eventuais interesses políticos ou econômicos. Continuou discorrendo
sobre a construção do satélite geoestacionário e sustentou que ela foi
estratégica para garantir nossa soberania no campo das telecomunicações. A
presidente acrescentou que, com o lançamento do SGDC-1, em 4 de maio deste ano,
o Brasil passou a ter condições de garantir a segurança nas comunicações de
nossas Forças Armadas. Ainda sobre o tema,
afirmou que o SGDC-1 nos permitirá também aumentar a
oferta de acesso à internet banda larga nas regiões mais remotas do país, por
intermédio do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), algo importante, pois,
atualmente, existem mais de dois mil municípios brasileiros com difíceis
condições ao acesso da rede de fibra óptica terrestre. A presidente recordou que a temática que seria abordada naquela reunião
guardava importante afinidade com o teor da audiência pública realizada no
último dia 07 de julho, para “debater a importância e a potencialidade do Centro
de Lançamento de Alcântara”. Acrescentou que igual proximidade se manifestava
com respeito ao painel promovido, na semana anterior, pela Comissão de Relações
Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal, para debater “o Programa
Espacial Brasileiro e o Aproveitamento da Base de Alcântara”. A presidente
afirmou que nesse sentido via exemplar sintonia de propósitos e prioridades
entre a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos
Deputados (CREDN) e a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do
Senado Federal (CRE), especialmente quando se tratava de apoiar programas
estratégicos para o desenvolvimento de nosso país. A deputada disse,
igualmente, que a CREDN seguiria trabalhando com
afinco na defesa dos interesses nacionais e na promoção de nossa modernização e
capacitação tecnológica. A presidente ainda parabenizou aos autores dos requerimentos, deputados Pedro Fernandes,
Nelson Pellegrino e Luiz Sérgio, pela importante iniciativa e pelo incansável
trabalho em prol do desenvolvimento tecnológico de nosso país. Nesse
momento despediu-se e passou a presidência ao
deputado Pedro Fernandes, que agradeceu pela presença de todos e já passou a
palavra ao primeiro expositor, major-brigadeiro do ar Aguiar, que deu início à
sua apresentação agradecendo ao presidente dos trabalhos, aos demais
palestrantes e aos espectadores. Logo informou que coordenava a parte
operacional do projeto do satélite geoestacionário e que este seria um elemento
estratégico, construído na França, com o acompanhamento de técnicos brasileiros
e lançado do Centro
Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, pesando quase seis toneladas,
contendo duas cargas úteis: uma para atender à banda larga do governo federal (a
banda-Ka) e outra para atender às comunicações militares (a banda-X), sendo,
pois, um projeto dual, como desejado para todas as inserções brasileiras na área
espacial. Na sequência informou que o controle de antenas, pilotagem e cargas
úteis é completamente realizado de Brasília e traçou um panorama da concepção do
satélite. O palestrante seguinte foi o general de divisão Gláucio, que cuidou de
aspectos estratégicos da operação do SGDC-1 e como ele se insere nos sistema
militar de comando e controle. O palestrante informou que tal sistema é dirigido
pelo Ministério da Defesa, engloba os aspectos de doutrina, ensino,
infraestrutura e permite aos decisores militares a tomada de decisões, a
direção, o controle de todas as operações militares. O oficial general continou
sua explanação dizendo que o sistema militar de comando e controle tem como
principal infraestrutura o Sistema de Comunicações Militares por Satélite (o
SISCOMIS), que se divide em dois segmentos: um satelital, em que se insere o
SGDC-1, e um segmento terrestre. Nesse passo, o expositor sustentou que o SGDC-1
atende à demanda militar de comunicações, bem como a diretrizes e a eixos
estruturantes da estratégia nacional de defesa, sendo de propriedade da
Telebrás. O senhor Jorge Bittar foi o expositor seguinte e já de início frisou
que vivemos a época da convergência digital, em que as redes de internet
permitem prestar quaisquer tipos de serviços (vídeo, voz, imagem), e que o
satélite permite a inserção do Brasil nesse campo. O expositor sustentou que o
Brasil é um país de dimensões continentais com áreas pouco povoadas e que o
serviço de banda larga é prestado por empresas privadas, as quais não têm o
dever legal de universalização, de modo que o Estado teria o dever de
complementação. Foi com esse fim que, em 2010, reativou-se a Telebrás e essa
empresa, entre outras atividades, trabalharia com provedores de internet
pequenos e médios, mais de 2.500, no interior do país, em áreas menos populosas.
O convidado disse que tais provedores necessitam de grandes estruturas, para
fazer a distribuição do sinal, e que é nesse cenário que o SGDC-1 se faz mais
necessário, porque contribui para a expansão do oferecimento de banda larga e
para promover esse vetor de desenvolvimento econômico e social (educação,
transporte, segurança). O senhor Jarbas Valente foi o próximo convidado a fazer
uso da palavra, cumprimentou a todos e disse que falaria em nome da Telebrás.
Ele informou que a Telebrás conta com o SGDC-1 para prover internet banda larga
a todo território nacional. Segundo o expositor, esse projeto de expansão da
rede contará com cinco estações de comunicação (Brasília, Rio de Janeiro, Campo
Grande, Florianópolis e Salvador). Ele informou que o lançamento do SGDC-1 foi
realizado em 04 de maio de 2017, que todos os testes realizados até então foram
bem sucedidos, que, em obras civis, o governo licitou R$ 485 milhões, que, em
2016, o governo federal aportou R$ 1,7 bilhão e, em 2017, R$ 117 milhões, para o
projeto do primeiro satélite brasileiro em banda-Ka; disse que, em 2017, houve
mais um aporte de R$ 252 milhões para honrar compromissos já assumidos; ele
também disse que há uma previsão de aporte na LOA, no valor de R$ 130 milhões, a
partir de abril de 2018. Expôs que todos esses investimentos visavam a levar
internet banda larga a todo o Brasil até abril de 2018 e que, em todo esse
processo, foram economizados cerca de R$ 211 milhões em relação ao valor orçado
inicialmente. O senhor Luiz Antônio Elias, palestrante seguinte, cumprimentou o
presidente da mesa, deputado Pedro Fernandes, os autores dos requerimentos que
originaram a reunião em curso, e expôs que o projeto do satélite geoestacionário
trabalha com uma tecnologia sensível e crítica e que se desenvolveu com base em
três pilares: transferência e absorção de tecnologia, sigilo da informação e
massificação da banda larga com correção das assimetrias regionais brasileiras.
O convidado sustentou que o investimento em área de tecnologia tem o potencial
de fortalecer os setores de defesa, saúde, indústria, educação e que, a exemplo
do que ocorre nos Estados Unidos da América e na China, isso pode dar-se por
meio da prática de política de compras, da política de conteúdos locais e pela
capacitação de recursos humanos. O expositor afirmou que cortes orçamentários
ocorridos vulnerabilizam o desenvolvimento dos três pilares do projeto e que é
necessário atentar para esse aspecto. Em seguida, passou-se à lista de
parlamentares inscritos. Usaram da palavra para comentários e questionamentos os
deputados Luiz Sérgio, Carlos Zarattini, José Reinaldo, Henrique Fontana e Bruna
Furlan. Em sequência, o presidente cedeu a palavra aos convidados, que
responderam aos questionamentos formulados e às dúvidas suscitadas e
apresentaram suas considerações finais. ENCERRAMENTO: Nada mais havendo a
tratar, o presidente agradeceu a presença dos convidados, dos parlamentares e de
todos que acompanharam a audiência; e encerrou os trabalhos às doze horas e
dezoito minutos. E, para constar, eu ______________________, Edilson Holanda
Silva, secretário-executivo, lavrei a presente ata, que, por ter sido lida e
aprovada, será assinada pela presidente, deputado Pedro
Fernandes________________________, e publicada no Diário da Câmara dos
Deputados. O inteiro teor foi gravado, passando o arquivo de áudio
correspondente a integrar o acervo documental desta reunião.
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