
O Centro Cultural Câmara dos Deputados apresenta a exposição #Brasília60, uma homenagem à capital que há 60 anos encanta os brasileiros. Garimpamos, para esta mostra, 60 fotos do Instagram, além de poemas de escritores que têm relação estreita com a cidade.
A mostra #Brasilia60 estava prevista para abril de 2020, quando a cidade completou 60 anos. Em razão da pandemia, porém, a nossa homenagem à capital teve de ser adiada e só pôde ser inaugurada agora.
Brasília aberta, explícita, exposta.
Revelatriz. Reveladora.
Resposta à amplidão que não se esgota.
Brasília aprendiz.
Toda presente (nos detalhes, na estada, na ausência).
Digital. Sentida nos dedos e na palma do coração.
Desfilando na passarela da lua cheia.
Cidade em cores, às vezes PB.
Alimento notícia.
Alimento imagem.
Nasceu para o clique.
Instagrâmica.
Brasília que sussurra e também toca, canta, grita.
“Sou demais. Já estou no seu feed?”
A arquitetura estala um beijo nos troncos sinuosos.
Cidade excêntrica.
Ora o verde em toda a parte; ora o ocre, a sede e a seca sorvendo tudo,
e sempre um planalto pulsando nas lentes, nas intenções.
“Já declarou sua paixão por mim hoje?“
Orgulho nativo brotando cerrado.
Liberdade que descansa horizontes.
Espaço e outro espaço e mais um outro.
O que nasce dos vãos mais pilastras?
Ora um sorriso, ora um aperto adstringente.
Cabe uma foto. Cabe um abraço?
Espelhos d’água que espelham n’alma.
Brasília de Dom Bosco, Missão Cruls, Juscelino, Niemeyer, Lúcio Costa, Burle Marx.
Brasília dos candangos. Dos imigrantes. Filha da fé e da aventura.
Criada em 60, há 60. E daqui a 60?
Brasília feita do que fizermos dela, e assim também ela vai nos criando, como quem continua o sonho.
“Ei, me fotografe e me bote no seu story”.
É muito fácil curtir Brasília. Escolha
os cobogós e os pilotis,
os ipês e os flamboyants (quando vestidos e quando desarmados).
Foco em Brasília nua.
O sobrevoo.
O respiro lento do movimento.
O ar da massa.
Tantos mistérios nos ministérios, palácios, pontes, superquadras, catedral, rodoviária.
Athos Bulcão nos azulejos,
Pôr do sol gradiente. Pausa para contemplação.
E não se esqueça do brasiliense – mais monumental que os monumentos de Brasília.
Gente. Messe capital. Misturança de dar gosto.
Selfies e mais selfies, por favor, pois a realidade exige (e a saudade do futuro faz estirar a pupila e arder o couro).
Cliques e mais cliques, por favor, porque cada cena se preenche mesmo é de sopro, brincadeira e trabalho.
Olhe as jaqueiras e as capivaras.
O mar Paranoá. Chorinho dedilhado no clube.
O melhor ângulo, a melhor curva, o melhor recorte.
Arte enquadrada à vida.
Brasília e seu status: cada vez mais ela mesma.
Exibida.
E este céu que anilina a alma.
Cidade do instante, sempre-viva-do-planalto.
Uma paixão. De alto a baixo.
Uma legenda no retrato: #meudeusmasquecidadelinda.
E o convite renovado: “Me amostre mais, que eu mereço.“
Maria Amélia Elói





