CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 397.1.55.O Hora: 13:52 Fase: CG
Orador: MAURO SHOSUKA ASATO (INFECTOLOGISTA E HEMATOLOGISTA), - Data: 16/12/2015

O SR. MAURO SHOSUKA ASATO - Boa tarde a todos.

Cumprimento o Parlamentar Mandetta e o Ministro da Saúde, Marcelo Castro.

Quero agradecer a iniciativa. Viemos de um Estado pequeno para falar da experiência com relação ao Aedes aegypti.

Queremos deixar claro que o problema da dengue sempre existiu em âmbito nacional, mas, na década de 80, em 1980 e 1981, no Estado de Roraima houve notificação de mais de 11 mil casos febris. Pela primeira vez na história do Brasil, foi feito o diagnóstico sorológico da dengue 1 e 4.

De 1981 até lá, ele se tornou silente, quando começou a aparecer o histórico de dengue na Região Centro-Sul, principalmente no eixo São Paulo-Rio, e na Região Nordeste. Desde então, o Aedes tem se tornado, desse ponto de vista, um foco importante.

Quero deixar claro que nosso Estado começou, em termos de notificação, a partir de 1996, com alguns testes que colaboraram, com relação à erradicação, a tentar, pelo menos, o controle da doença. A partir desse momento, tivemos episódios sazonais, com relação à notificação da doença, e, principalmente, à tentativa de controlar o Aedes.

Em 2013 e 2014, começaram a ocorrer novos casos de transmissão de outros agentes etiológicos virais que têm como vetor o Aedes aegypti e, em 2015, houve aumento de casos de microcefalia em Pernambuco e Rio Grande do Norte. Mas queremos deixar claro que também há vários casos de microcefalia que não se relacionam com a doença zika. A doença exantemática febril passa a ter conotação de epidemia a partir dessas datas aqui, com o nascimento de crianças com microcefalia.

Falo agora da importância da notificação. Na Região Norte, há notificação em dois Estados, Pará e Tocantins; nos outros Estados, ainda não há. Há casos de zika, mas nenhuma notificação de microcefalia documentada.

Então, será uma questão de tempo, se não tomarmos medidas de controle tanto em relação ao vetor quanto ao sistema de notificação dessas doenças que apresentam quadro degenerativo.

Há casos descritos de síndrome de Guillain-Barré, de dengue e de outras patologias, mas de zika não há nenhum caso descrito.

Há dificuldade de notificação. O vírus da dengue tem circulado. Há casos cujo diagnóstico é relacionado ao chikungunya e, do ponto de vista sindrômico, casos de conjuntivite, exantema e sintomas febris que podem ter relação com o zika.

Depois de ter sido identificado o nexo entre a microcefalia e o zika, o Ministério da Saúde desenvolveu ações de combate ao vetor e de assistência às crianças e acompanhamento de gestantes.

O mais importante com relação ao vetor é que, na década de 90, havia documentação no sentido de que o mosquito era de competência municipal, estadual ou federal, mas isso não é suficiente. É importante a ação individual, domiciliar, comunitária e também global.

Hoje, qualquer doença transmissível por vetor ou por uma pessoa doente pode ser transmitida, em menos de 24 horas, para todos os lugares do mundo. Então, é importante o sistema de vigilância e a notificação, para evitar o alarde ou o prejuízo à população suscetível à manifestação da doença.

Gostaria de agradecer o espaço. Temos apontado a importância das notificações, das ações de vigilância em saúde e de assistência à saúde dessa população, que possivelmente terá sequelas.

Em tempo, gostaria também de manifestar meu apoio aos médicos residentes que estão aqui fazendo reivindicações. Todos nós, médicos, sabemos da importância da especialização no programa de residência médica. O pleito trazido aqui tem que ser ouvido, para haver uma manifestação com relação ao seu atendimento.

Muito obrigado pelo apoio e pelo espaço.