CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 358.1.55.O Hora: 10:44 Fase: OD
Orador: PAULO FOLETTO, PSB-ES Data: 19/11/2015

O SR. PAULO FOLETTO (PSB-ES. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente. Sras. e Srs. Deputados, eu queria ter a atenção de toda a população brasileira neste momento.

A ocorrência de microcefalia, principalmente no Nordeste brasileiro, já vem sendo divulgada com bastante intensidade pela mídia nacional. Só o Estado de Pernambuco, que previa o nascimento de nove microcéfalos durante o ano de 2015, já está chegando a 300 casos, e o Nordeste brasileiro, de modo geral, já atingiu a marca de 400 casos.

Sem alarmismo, sem causar pânico entre a população, queremos dizer que isso que está acontecendo no Brasil não aconteceu em nenhum outro lugar do planeta. Por quê? As únicas evidências encontradas apontam para a hipótese que as mulheres que geraram bebês com microcefalia, durante a gestação - praticamente todas as gestações se iniciaram no verão passado -, tiveram contato com o novo vírus zika, que veio para Brasil provavelmente durante a Copa do Mundo, possivelmente da Polinésia ou de alguma região da África.

Trata-se de um vírus novo, transmitido pelo mesmo mosquito que transmite a dengue e a febre chikungunya. Por enquanto, não há evidências totalmente definidas sobre esse vírus zika, mas técnicos de altíssima qualidade do próprio Ministério da Saúde disseram que a única evidência, por enquanto, parte da identificação do vírus no líquido amniótico de duas gestantes do Estado da Paraíba.

A infecção, na grande maioria dos casos, não se manifesta. Em mais de 50% dos casos, ela não apresenta clínica, ou seja, a pessoa tem contato com o vírus mas não apresenta nenhum quadro clínico. Quando há clínica, numa boa quantidade de vezes os sintomas são muito discretos: uma erupção cutânea, uma coceira, um prurido, uma febre discreta, o que se confunde com dengue, com citomegalovírus e com outros tantos vírus que existem por aí afora. Mas nesse caso há um efeito neurotrófico, que possivelmente seja o causador da microcefalia e desta epidemia que está acontecendo no Estado brasileiro.

Esse vírus ainda não se espalhou por todos os Estados do Brasil, mas pode se espalhar, como também pelo mundo inteiro. Hoje nós estivemos no Ministério da Saúde e fomos muito bem recebidos pelo nosso companheiro de trabalho, o Ministro Marcelo Castro. S.Exa. demonstrou sua preocupação, mas também serenidade de acompanhar os casos junto com os técnicos do Ministério da Saúde.

Eu perguntei ao Ministro o que nós, Deputados Federais, devemos dizer à população, que já se mobiliza, além de mencionar as ações que estão sendo tomadas e os estudos que estão sendo feitos.

No meu Estado do Espírito Santo, um infectologista de referência postou esse assunto hoje nas redes sociais, para conhecimento da população - várias pessoas do Ministério da Saúde me mostraram a postagem dele. Ele diz que o contato com esse novo vírus - novo aqui no Brasil - pode ser, com grande probabilidade, o responsável pela epidemia de microcefalia que atinge o Estado brasileiro neste momento.

Por isso, toda serenidade é fundamental. Estudos estão sendo feitos com intensidade. O Ministério começará, no início da semana que vem, uma nova campanha contra o mosquito da dengue, que é o mosquito que também carrega o zika vírus e que pode ser - sem alarme - o causador da microcefalia que atinge grande parte da Nação brasileira neste momento e que pode se espalhar pelo mundo todo. Não sabemos ainda a escala dessa situação.

Começa, na semana que vem, uma campanha intensa. E, mais do que nunca, frente a essa forte evidência, é fundamental que todos nós políticos, todas as nossas Secretarias de Saúde, façamos agora uma campanha de guerra contra o mosquito da dengue e do zika vírus.

É fundamental, neste momento, a participação do Ministério da Saúde.

Com serenidade, devemos nos manifestar no sentido de que a gravidez é sempre uma situação que tem que ser estudada, que tem que ser feita com calma. Neste momento, qualquer pessoa que perguntar a qualquer um de nós - médico, Deputado ou cidadão comum -, responderíamos que seria prudente que, a mulher que quiser engravidar neste momento, sobretudo nos Estados onde a incidência do vírus é maior, ou ainda aonde ele não chegou, como no Espírito Santo, embora haja uma possibilidade grande de o zika vírus ter chegado, pelo menos converse com o seu médico e se aconselhe, porque é um momento em que as coisas podem ganhar uma proporção, uma dimensão, uma situação de desconforto às famílias, a um custo para a Nação brasileira jamais imaginado. Alguns acham que pode ser comparável ao choque que o HIV trouxe para o mundo quando foi descoberto.

Então, este é um momento de serenidade, tranquilidade, mas de ficarmos alertas. Possivelmente, esse vírus é o responsável pela situação da microcefalia que acontece hoje no Brasil, mas que pode avançar para o mundo inteiro.

Muito obrigado, Presidente.