CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 056.2.55.O Hora: 19:38 Fase: OD
Orador: JOSI NUNES, PMDB-TO Data: 28/03/2016

A SRA. JOSI NUNES (Bloco/PMDB-TO. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Deputados, Deputadas, senhoras e senhores que nos ouvem, o Brasil vive uma profunda crise moral, ética, política, social e econômica.

O Brasil está em compasso de espera. Espera-se que aconteça uma reengenharia no Governo ou que um novo timoneiro se apresente, pois o brasileiro, infelizmente, ainda deseja um salvador da pátria para superprotegê-lo e resolver todos os problemas. Cuidado! Não há mágica. Temos que aprender a assumir nossa responsabilidade e capacidade de articulação criativa para mudar a ordem das coisas.

Mas, felizmente, essa espera não é de estagnação, de apatia ou de desânimo. É, sim, de indignação, de protesto, de manifestações, fruto de ações conscientes ou não. É extremamente rico o cenário que se apresenta, pois significa uma reação fecunda, ativa diante do caos que se apresenta.

Espera-se que essa capacidade de lutar, vista nos últimos 2 anos, não se esgote, seja permanente e realizada sem ódio ou discriminação e que a reflexão e a tolerância sejam os pilares de nossa conduta.

Essa crise é decorrência do comportamento de um povo que questiona o modelo atual de gestão e busca novas alternativas, sintonizadas com os reclames da sociedade; do desejo de progresso social e econômico. Essa crise é sinal da indignação contra uma camada dirigente que perdeu o valor ético na condução da coisa pública.

As manifestações espontâneas, generalizadas, e não apenas de elite, como querem fazer crer alguns, atingem todos os estratos da sociedade e traduzem o desejo de mudança, traduzem o rompimento com esse cenário degradante e vergonhoso da corrupção, que rouba sonhos e esperanças.

Essas manifestações terão resultados frutíferos se não gerarem divisão entre os brasileiros ricos e pobres, pretos e brancos, elites e trabalhadores, coxinhas e peões, como desejam alguns.

O Brasil é uno, e as ações devem ser orientadas para um projeto nacional, que beneficie a todos.

Nós, homens e mulheres públicos, conscientes dessa crise, não temos escolha, não podemos continuar míopes nem recusar nossa missão, delegada pelo povo, de trabalhar em prol da Nação, superar as dificuldades e amenizar o sofrimento de nossa gente.

O impeachment é uma realidade, não um golpe. Felizmente, membros do STF vieram a público e reafirmaram a legalidade desse instrumento de controle previsto na Constituição Federal para evitar abusos como o que estamos vendo acontecer.

Nós do PMDB temos responsabilidade diante desses fatos, pois apoiamos este Governo e continuamos fazendo parte dele, mas o limite se esgotou.

Parabéns ao Ministério Público, à Polícia Federal e aos órgãos do Judiciário, que imparcialmente procuram elucidar os fatos ocorridos no mensalão e investigados na Lava-Jato e em outras operações.

Ninguém está acima da lei. Todos que utilizaram a coisa pública para cometer irregularidades devem ser punidos. Mas é preciso tomar cuidado para não condenar apressadamente, com base em paixões, qualquer cidadão. Vivemos numa democracia. O processo tem que ter seu tempo de maturação para evitar injustiças e permitir o contraditório, com direito a acusação e defesa, para separar o joio do trigo.

A nós que apoiamos esse Governo só nos resta redimi-lo, agir e redirecionar a nossa rota. A rota é o combate à corrupção, é unir esforços para um projeto nacional que inspire confiança, responsabilidade e crescimento.

Tivemos avanços sociais inegáveis, mas a distorção de princípios éticos e a busca do poder a qualquer custo trouxeram retrocessos em todos os avanços conquistados. Esse modelo se esgotou. É grave e perigoso o momento atual. É hora de uma lúcida e corajosa tomada de decisão, pois navegar é preciso.

Diante dos fatos, o PMDB de Tocantins se reuniu na semana passada e tomou uma decisão, que defenderemos amanhã, na reunião do PMDB: romper com o Governo e entregar imediatamente de todos os cargos para que a partir de agora possamos lutar para obter novas perspectivas que nos retirem do caos em que estamos e nos direcionem a uma bonança rica, frutífera e redentora.

Muito obrigada, Sr. Presidente.