CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 052.2.55.O Hora: 11:20 Fase: OD
Orador: IVAN VALENTE, PSOL-SP Data: 23/03/2016

O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, realmente a velocidade dos fatos a que estamos assistindo no Brasil está bastante interessante. Ontem nós tivemos duas declarações importantes: a do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que advertiu para as "paixões da rua" os seus Procuradores; e a do Ministro Teori Zavascki, que condenou a ação do Juiz Sérgio Moro, como nós tínhamos feito aqui. Ele praticou duas ilegalidades e, o pior, anulou as provas. Moro está corrompendo a própria Lava-Jato e um trabalho gigantesco que foi feito.

Por isso, não existe caminho fora da lei. Quem quer se aproveitar disso, fugir da democracia, do Estado Democrático de Direito, vai perder a batalha.

Mas o fato mais importante hoje é a publicação sobre a Odebrechet liberada pela Lava-Jato. São citados 200 políticos e os valores recebidos. Está dito aqui (mostra publicação) tudo o que envolve Municípios, Estados e União. Há referência a todos os partidos. Aliás, vários defensores da moralidade estão na lista da Odebrechet.

Falta explicar a delação premiada dos vários diretores da Odebrechet, que vão dizer se era caixa dois ou se era dinheiro legítimo. O que se questiona aqui é se o dinheiro fruto de corrupção na PETROBRAS só ia para um lado, se para o outro não ia também. Foi ou não foi para os dois lados? Empreiteira não faz trabalho de graça, empresa não faz caridade. Eles querem retribuição. E é disso que estamos tratando aqui. Desta vez "vai cair a casa", sim. É bem possível que os outros empresários também falem daqueles doadores que estão aqui, porque as informações da tabela são incompatíveis com doações declaradas.

Os dados liberados pela Lava-Jato estão nas matérias publicadas hoje nos sites.

Aliás, há até apelido de político. O nosso Presidente foi agraciado com o termo "caranguejo". Eu não sei o que quer dizer isso. Talvez o Marcelo Odebrecht ou outros vão dizê-lo. Há um tal candidato Neves, do Rio de Janeiro, além de duas centenas de políticos de todos os partidos que receberam dinheiro da Odebrecht, da OAS, de todas essas empresas, inclusive das que estão condenadas.

Portanto, agora nós vamos discutir seriamente isso. O povo que está nas ruas, qualquer que seja o lado de que esteja, quem condena o Governo da Dilma e do PT, quem é contra, precisa entender o seguinte: a primeira lição disso tudo, para acabar com a corrupção, é o fim do financiamento empresarial de campanha. Em segundo lugar, vamos debater projetos para a sociedade brasileira.

Não basta dizer: "Eu quero a saída desse para colocar outro no seu lugar". Para quê? Para fazer a mesma coisa? Para trocar seis por meia dúzia? O conchavo do Temer com o PSDB e o DEM nós não vamos aceitar. Que se abra toda a caixa-preta e que todos os corruptos vão para a cadeia, de todos os partidos, inclusive os moralistas de plantão que estão aí gritando.

Obrigado.