CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 59614 Hora: 10:11 Fase:
Orador: Data: 13/05/2020

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro, declaro aberta a 25ª Reunião da Comissão Externa de Ações contra o Coronavírus no Brasil, cujo tema é Inteligência Artificial: Ferramentas para o Combate à Pandemia.

Está ao meu lado a Deputada e Relatora Carmen Zanotto e presente conosco no plenário da Comissão o Deputado Evair de Melo, do Progressistas do Espírito Santo.

Conosco estão nossos convidados de hoje: o Dr. Ademar José de Oliveira Paes Júnior, Presidente da Associação Catarinense de Medicina e doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP); o Sr. Jaime Leonel de Paula Júnior, PhD em Inteligência Artificial pela Universidade Federal de Santa Catarina; e o Sr. Geovani Machado, Diretor Executivo da HSP Inteligência Hospitalar.

Eu gostaria de abrir a reunião ouvindo o Dr. Ademar José de Oliveira Paes Júnior.

Dr. Ademar Júnior, bom dia!

O SR. ADEMAR JOSÉ DE OLIVEIRA PAES JÚNIOR (Participação por videoconferência.) - Bom dia, Deputado Luizinho e Deputada Carmen Zanotto.

Inicialmente, gostaria de cumprimentá-los e agradecer a oportunidade. Por seu intermédio, cumprimento os demais participantes e os demais presentes on-line ou presenciais em Brasília.

Fico muito contente por participar desta abertura. O que foi solicitado era que trouxéssemos ao debate alguns aspectos práticos que já estão em fase operacional no Estado de Santa Catarina. Eu sou o Presidente da Associação Catarinense de Medicina. Nós temos realizado o enfrentamento da pandemia de várias maneiras, utilizando a inteligência artificial em várias estratégias.

Quando iniciamos o enfrentamento, nós acreditávamos que havia vários pilares a ser construídos: o pilar da educação, o pilar da informação, o pilar dos equipamentos de proteção, o pilar dos leitos de UTI e de ventiladores, o pilar dos testes e dos diagnósticos e o pilar da inteligência de dados, da inteligência artificial e da tecnologia de informação, para suprir todas as necessidades.

Santa Catarina já tem tradição neste tipo de execução. Há várias modalidades de telemedicina sendo realizadas, em algumas especialidades, de forma mais intensa. Nós temos a teledermatologia e a telecardiologia. Na teledermatologia, muitos pacientes são avaliados por meio de exames a distância, em que não existe a possibilidade de atendimento presencial desta especialidade. Nós temos a telecardiologia, em que laudos de eletrocardiograma são realizados remotamente, e a telerradiologia.

Eu sou médico radiologista, atuo como radiologista e posso dizer que a telerradiologia revolucionou bastante a radiologia em todo o País. Outras áreas estão começando, dada a necessidade de se evitar o contato ou aglomeração de pessoas. Este é o pilar da telemedicina.

O segundo pilar é o da inteligência de dados: Big Data Analytics. Nós estamos aqui em Florianópolis, e no Governo do Estado de Santa Catarina já foi implantado este sistema. Nós conseguimos, pela presença de bases de dados, informar quais leitos estão disponíveis; qual a disponibilidade de médicos; qual a disponibilidade por especialidade; onde a população está; como se comunicar com esta população; criar uma estratégia para enviar mensagens às pessoas que estão em risco; planejar depois uma estratégia inteligente que nos permita, somente com a utilização de dados e das ferramentas de inteligência artificial, segmentar por áreas e por setores e retomar nossas atividades com a maior segurança possível para as pessoas, que é nosso objetivo.

Eu gostaria de fazer esta pequena introdução, para iniciarmos o debate. A pedido da Dra. Carmen Zanotto, nós conversamos com o Prof. Jaime Leonel, arquiteto de todo este projeto de inteligência artificial e de inteligência de dados para Santa Catarina.

Eu gostaria de agradecer, mais uma vez, por esta oportunidade.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Dr. Ademar, muito obrigado.

Tem a palavra o Prof. Jaime Leonel de Paula Junior.

O SR. JAIME LEONEL DE PAULA JUNIOR (Participação por videoconferência.) - Obrigado pela oportunidade, Sr. Presidente Luizinho. Agradeço a V.Exa. e à Dra. Carmen Zanotto.

Eu trabalho com tecnologia da informação desde 1982 e recentemente fui convidado pelo Dr. Ademar, pela Dra. Carmen, pela Dra. Patrícia e pela Dra. Ana Curi, da Universidade Federal de Santa Catarina, a aplicar o conhecimento em tecnologia da informação, as Big Data Analytics, e a inteligência artificial no combate ao coronavírus. Foi o que começamos a fazer há praticamente 5 semanas em Santa Catarina, em Florianópolis.

Eu não vou trabalhar muito os números, mas acho superimportante lembrar que hoje o Brasil tem uma taxa de mortalidade de cerca de 6,8%; Santa Catarina, 1,9%; e Florianópolis, 1,5%. Obviamente, estes números se devem ao nosso setor de saúde, mas um setor de saúde apoiado pela tecnologia. Não se consegue combater uma pandemia que cresce exponencialmente sem se usar alta tecnologia, inteligência artificial e todas as tecnologias que temos disponíveis.

Nós criamos formas de atuar diretamente, monitorando on-line os leitos de UTI e os respiradores em tempo real. Sabemos que a Agência Nacional de Saúde Suplementar passa as informações, mas as informações ficam defasadas durante 30 dias. Assim, nós não conseguimos controlar uma pandemia se o leito de UTI não for monitorado em tempo real.

Quando uma pessoa é internada agora em Santa Catarina, se ela está com a COVID-19 e se vai utilizar o leito e o respirador, estas informações chegam ao sistema em tempo real. Se, simultaneamente, alguma unidade do SAMU estiver buscando uma pessoa que também vier a necessitar de leito, já se consegue saber que o leito está ocupado e onde se pode buscar outro.

Outro fato importante é que Santa Catarina, mesmo sendo um Estado pequeno, vive situações completamente diferentes. Há situações diferentes na região da Grande Florianópolis, no oeste de Chapecó, na região de Lages, no norte e no sul. Nós segmentamos estes pontos porque, assim, conseguimos monitorar não somente os leitos de UTI e os respiradores em tempo real, mas também os profissionais. Nós sabemos quais são todos os intensivistas e todos os anestesiologistas que estão em Santa Catarina neste momento, bem como se estão trabalhando para o SUS ou para a iniciativa privada. Como eu estou dizendo, isso acontece em tempo real.

Além disso, nós montamos uma forma de comunicação que consideramos bastante eficaz. Hoje, se alguém é identificado com coronavírus positivo no Laboratório Central, imediatamente o sistema pega o endereço, mas não o endereço exato da pessoa.

Explico: a pessoa mora, pelo endereço real, na Rua Presidente Coutinho, aqui em Florianópolis, entre os números 100 e 200. Automaticamente, o sistema pega o raio de 200 metros, como ficou definido aqui em Santa Catarina, e detecta quais são os vizinhos que moram na mesma região, qualificando estas pessoas. O sistema sabe, entre aqueles vizinhos, quem tem menos de 60 anos, quem tem de 60 a 80 anos, quem tem mais de 80 anos, e manda uma mensagem qualificada para ele, como a seguinte mensagem configurada pela Defesa Civil hoje aqui: "Você está numa região onde houve um teste positivo de coronavírus na sua vizinhança. Tome determinados tipos de cuidados. Se você tiver algum dos sintomas, como febre, tosse e falta de ar, o posto de saúde mais próximo de você tem este telefone, e o telefone da Defesa Civil é este". Se esta pessoa tem mais de 60 anos, entre 60 e 80 anos, o sistema manda a seguinte mensagem, ainda dizendo: "Você está no grupo de risco". Se a pessoa tem mais de 80 anos, o sistema a convida a se integrar, por opção, ao sistema de monitoramento contra a COVID-19. Se eu tenho mais de 80 anos, posso me integrar e dizer: "Eu quero ser monitorado". Diariamente, o sistema entra em contato comigo, seja por WhatsApp, seja por outro aplicativo, e solicita meus dados, conforme o protocolo do coronavírus: se estou com febre, qual a temperatura da minha febre; se estou com falta de ar; se estou com tosse, e assim por diante.

O sistema faz a mesma coisa, informando aos donos de empresas onde estas pessoas trabalham. Obviamente, aqui foi determinado que só se informe a quem tem mais de 50 funcionários. Informa-se: "Houve um caso de teste positivo de coronavírus na sua empresa. Tome determinados cuidados".

A par disso, eu acho importante dizer que nós temos uma taxa de mortalidade de 1,5% em Florianópolis, isso com a economia praticamente aberta. São poucos os segmentos que não estão abertos. Um deles é o transporte público. Está sendo estudado se ele será implementado ou não.

Por que tudo isso? Porque nós utilizamos também o que chamamos de protocolos inteligentes para a manutenção da saúde para, ao mesmo tempo, conseguir abrir a economia. Um exemplo: para o segmento de shopping centers foi montado, pela FECOMÉRCIO, um protocolo que diz como um shopping center pode abrir, quais são os equipamentos de proteção individual que ele deve ter, quais são as atitudes que ele deve tomar para que possa se manter aberto. Isso também foi feito em relação às lojas do shopping. Para uma loja de vestuário, há determinado protocolo; para uma loja de venda de alimentos, há outro protocolo. Este protocolo gera um QR Code, um código de barras, que fica na entrada do shopping ou na entrada da loja. Como usuário, eu posso pegar meu celular, apontar para o QR Code e saber que tipo de equipamento de proteção individual as pessoas que estão me atendendo deveriam estar usando, que aquele shopping tem que ter álcool em gel de 100 em 100 metros e que determinados procedimentos têm que ser seguidos. Se eu tiver alguma dúvida em relação a isso, eu posso acionar diretamente a Defesa Civil ou, no caso, perguntar à Guarda Municipal ou à Polícia Militar.

Tudo isso é para que o usuário possa fazer um serviço de verificação, para saber se aquele protocolo realmente está sendo seguido e se a população está sendo atendida com os devidos cuidados, para a não propagação do coronavírus.

Estes são os projetos implantados aqui. Eles estão prontos, instalados, estão funcionando em Santa Catarina. Nós estamos começando em outros Estados e em outros Municípios. O sistema está preparado para começar no Brasil hoje. Nenhum projeto que eu citei pode ficar pronto para amanhã.

A área de software é muito difícil, e todo mundo diz que vai fazer. Não! Nós estamos numa área de guerra, em que temos que implantar e lutar com as armas que nós temos nas mãos. Como eu disse, estas estão prontas, instaladas, em funcionamento. Os números mostram que estamos salvando vidas, e nós ficamos muito contentes com isso.

Como eu mencionei, eu tenho tudo aqui para apresentar em tempo real, mas sei que o tempo é curto. Portanto, fico à disposição dos senhores para mais detalhes.

A SRA. CARMEN ZANOTTO (CIDADANIA - SC) - O senhor pode apresentá-los para nós, Dr. Jaime, por favor. O sistema aceita, e isso é importante porque, além de termos a participação dos colegas Deputados remotamente, a população passa a ter conhecimento deste assunto, já que a TV Câmara está transmitindo e reproduzindo nossas audiências.

O SR. JAIME LEONEL DE PAULA JUNIOR (Participação por videoconferência.) - O.k., Sra. Presidente.

Eu preciso que alguém me permita compartilhar a tela.

A SRA. CARMEN ZANOTTO (CIDADANIA - SC) - Já está autorizado.

O SR. JAIME LEONEL DE PAULA JUNIOR (Participação por videoconferência.) - Esta aqui é a minha tela.

(Segue-se exibição de imagens.)

Eu quero mostrar aos senhores, começando pela parte dos leitos. Como eu disse, uma das coisas superimportantes é a manutenção dos leitos de UTI em tempo real. Eu vou mostrar para vocês o funcionamento. Vou gerenciar um leito de um hospital que nós chamamos hospital de teste. Nós temos o que há de leitos em todos os hospitais e estabelecimentos do Brasil, públicos ou privados. Eu posso entrar aqui e verificar que há, por exemplo, três leitos de UTI: dois, ocupados; e um, vago. Aqui podemos ver um leito na enfermaria. Se alguma pessoa chegar com o coronavírus positivo neste momento, eu digo: "Está entrando alguém no leito UTI adulto tipo 1, que está disponível, e não vai estar mais; ele estará ocupado neste momento". Trata-se de leito do SUS reservado para paciente com coronavírus, e o paciente será internado pela COVID-19. Há ventilação mecânica. O paciente foi internado hoje, no dia 13. Se eu tiver o CPF dele, eu o coloco. Senão, eu coloco mais informações sobre o paciente, como o nome, a data de nascimento, o nome da mãe, outro documento. Todas estas informações ficam no sistema da Secretaria de Saúde, vinculadas, no caso de Santa Catarina, ao SIAFI, ou seja, a informação fica segura.

Feito isso, automaticamente todo o sistema em Santa Catarina está sabendo que o leito foi bloqueado, porque ele está sendo utilizado. Paralelamente, há outro leito que estava ocupado e vai ficar disponível, diante de uma alta, óbito ou transferência. Quando ocorre isso, o sistema novamente já atualiza as informações. Isso é extremamente importante porque, do outro lado - eu vou entrar na rede assistencial do Brasil -, no sistema da LifesHub, empresa de Santa Catarina da qual eu sou mentor, há todas as informações referentes aos 328 mil estabelecimentos de saúde do Brasil, em se tratando da quantidade de leitos, de equipamentos e de profissionais. No lado direito, temos o detalhamento acerca de todos os profissionais e das especialidades. Assim, nós conseguimos saber quem são os infectologistas em Santa Catarina, os intensivistas no Brasil, e assim por diante.

Aqui temos o detalhamento de todos os estabelecimentos e a classificação por tipo de leito. Eu posso vir aqui e dizer que só quero leito complementar, onde estão as UTIs, ou posso vir aqui embaixo, por tipo de equipamento, e dizer que quero apenas equipamentos para a manutenção de vida.

Todas estas informações, como eu disse, vão sendo atualizadas em tempo real, permitindo que sejam feitos estudos.

Alguém tem alguma pergunta? (Pausa.)

A SRA. CARMEN ZANOTTO (CIDADANIA - SC) - Pode continuar, Sr. Jaime. Algum microfone deve estar aberto. As perguntas serão feitas no fim das apresentações.

O SR. JAIME LEONEL DE PAULA JUNIOR (Participação por videoconferência.) - Dando continuidade, eu poderia dar um zoom em qualquer Estado, mas vou fazê-lo em Santa Catarina, por exemplo. Aqui temos, de acordo com a região da ANS, a Grande Florianópolis. Dentro da região, o norte, a região da Deputada, Lages. Se eu quiser ver a Grande Florianópolis, o sistema vai fazendo o detalhamento dos profissionais, dos cargos, dos leitos e dos estabelecimentos disponibilizados. A qualquer instante, eu posso aplicar um filtro para dizer que eu quero apenas os anestesiologistas, os intensivistas, e assim por diante.

Isso também está integrado, como eu disse, na parte dos mapas. Se alguma pessoa agora, enquanto estamos conversando, for diagnosticada com coronavírus positivo no LACEN - Laboratório Central, ele informa que ela foi diagnosticada na Rua Presidente Coutinho, por exemplo, entre os nºs 100 e 300, aqui em Florianópolis. Portanto, o raio de atuação definido foi de 200 metros. Quando ele fizer isso, ele já vai pesquisar os endereços e, no caso, as pessoas. Ele achou 2.755 pessoas e já envia as mensagens daquela forma que eu mencionei: segmentando por tipo de mensagem, para quem ele vai enviar uma mensagem configurada. Aqui, ele já vem e já seta o novo coronavírus positivo. Eu posso ver aqui no heat map, por exemplo. Por quê? Porque eu consigo cruzar onde estão os resultados positivos de coronavírus, onde eu tenho as UTIs e as condições para atender. Da mesma forma que estamos incrementando a capacidade técnica na saúde com novos equipamentos, nós temos também que verificar se há profissionais qualificados para usar aqueles equipamentos e distribuí-los nas regiões que deles precisam.

Como eu disse, Santa Catarina é um Estado pequeno. No entanto, diversos Municípios ainda não tiveram casos de coronavírus. Portanto, é preciso um tipo de atenção diferente daqueles que já tiveram um número mais elevado de casos.

Juntando o protocolo a dados, como eu falei, da economia, consegue-se manter a saúde e trabalhar a economia. No caso de um shopping center - no caso, eu sou um shopping center -, eu respondi às perguntas do meu protocolo, e o sistema já terá gerado um protocolo de segurança para o meu shopping center, do Jaime, que está liberado. Está aqui o QR Code para qualquer pessoa que entrar no shopping center ver que eu tenho cobertura presencial: 100% dos acessos de pessoas a pé possuem postos de serviços presenciais e ativos durante o período de atendimento ao público. Além disso, eu tenho álcool em gel/aerosol em 100% dos acessos, e assim por diante.

Este protocolo é dinâmico, permitindo que seja implementado e, obviamente, segmentado. Nesse respeito, eu posso ter um protocolo para a área de comércio - eu dei o exemplo do shopping center -, um protocolo para uma fábrica metal-mecânica, um protocolo para uma fábrica de alimentos, que permite à população controlar este processo e, obviamente, os órgãos fiscalizadores, como vigilância sanitária, Defesa Civil, polícias, e assim por diante.

Rapidamente, numa macrovisão, este é o sistema que está operando em Santa Catarina, em Florianópolis.

Eu me coloco à disposição, diante de algum detalhamento que se fizer necessário.

Eu fico à disposição, se alguém tiver alguma pergunta, para fazer um detalhamento a mais aqui.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Muito obrigado, Prof. Jaime. Certamente teremos perguntas. Peço ao senhor que continue conosco, enquanto temos a oportunidade de ouvir o Prof. Geovani Machado. Na sequência, voltaremos às perguntas e ao detalhamento do uso do seu sistema.

Concedo a palavra ao Prof. Geovani Machado.

Professor, o senhor está conosco?

O SR. GEOVANI MACHADO (Participação por videoconferência.) - Bom dia. Estou aqui, sim.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Obrigado, professor. Estamos com o senhor e com a sua apresentação.

O SR. GEOVANI MACHADO (Participação por videoconferência.) - Primeiramente, eu queria agradecer a oportunidade, principalmente ao General Peternelli, Deputado Federal por São Paulo que já conhece o nosso trabalho.

Na verdade, nós somos uma empresa de inteligência hospitalar. Trabalhamos somente com hospitais privados no Brasil, mas acompanhamos a operação hospitalar como um todo, desde a parte operacional, de leitos, cirurgias, UTIs, até a parte administrativo-financeira, relativa a convênios, a contratos que os hospitais privados têm com Estados e Municípios. O trabalho é bem detalhado e já é feito há mais de 7 anos.

Este momento me fez procurar o General Peternelli. Eu já fiz uma apresentação bem profunda para ele, coisa que não vou poder fazer aqui, porque tenho contrato de confidencialidade. Eu só atendo organizações privadas.

Mas temos um case muito bom de uma instituição que possui certificação internacional - Joint Commission, ONA2 - e que administra hospitais do SUS no Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste e no Sul, dezenas de hospitais. O grande problema para se fazer esse monitoramento dos leitos em tempo real é que cada hospital desse tem um sistema diferente, construído numa linguagem diferente, numa época diferente. Conectar-se a todos trazê-los para um ambiente único em tempo real é muito difícil, é muito difícil.

Hoje, com o DATASUS, essa informação é passada manualmente pelos hospitais. Então, esse trabalho que nós temos desenvolvido, com um conector, que o nosso diretor, a nossa equipe técnica desenvolveu, ele tem trazido e tem validado os números. Porque é preciso ter uma preocupação com o número que se está trazendo. Além da conexão ao banco de dados do hospital em tempo real, é preciso trabalhar com filtros para trazer o número correto.

A minha intenção aqui... Eu não tenho interesse nenhum em vender para Governo. Eu não tenho interesse nenhum em vender para órgão público. Nós só trabalhamos com a iniciativa privada. Mas eu gostaria de doar parte da nossa tecnologia ao SUS, ao Ministério da Saúde, para que ele possa fazer esse mapeamento, a gestão de leitos em tempo real.

Um dos nossos clientes, alguém que participa como usuário da nossa ferramenta, é o Dr. Wilson Pollara, que é bem conhecido, de São Paulo. Nós temos um trabalho já feito que tem tido bastante sucesso, porque traz um número real.

Eu fui informado desta reunião ontem. Não posso abrir nenhum ambiente aqui, ou caso de cliente, porque nós temos contrato de confidencialidade, mas, a toque de caixa, nessa madrugada, nós criamos uma demonstração. O Bruno, que também está aqui, é Diretor Técnico da nossa empresa. Ele vai compartilhar a tela, se vocês nos permitirem, para dar uma demonstração de como é feita essa gestão de leitos em tempo real.

Eu friso que a maior dificuldade para se conectar à rede hospitalar do Brasil, pública e privada, são os sistemas dos hospitais. Fazer essa conexão em tempo real, para que ninguém precise alimentar, para que se vá ao banco de dados trabalhar a cada meia hora ou a cada tempo que for habilitado, isso é bem complexo. Nós temos cases de redes de uma organização social que tem dezenas de hospitais no Brasil. Em Santa Catarina são dois, um em Joinville e outro em São Francisco do Sul. A maioria está no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Nós fazemos esse trabalho no todo. Também controlamos os contratos com os Governos, fazemos trabalho financeiro... Alguns atendem planos de saúde, não são 100% SUS, e daí decorre um trabalho administrativo e financeiro com os convênios...

Então, a nossa inteligência é bem complexa, é bem abrangente. Mas, repito, nós gostaríamos, neste momento, de disponibilizar essa parte da gestão de leitos para o Ministério da Saúde. Eu tenho certeza de que o cenário seria outro se nós tivéssemos hoje, em tempo real, a evolução dos leitos. Foi noticiado hoje no Bom Dia Santa Catarina que em Santa Catarina há somente 17% dos leitos disponíveis. O Governo poderia fazer uma análise mais profunda, em tempo real, de como está a evolução da doença em todo o Brasil.

Deputada, se a senhora permitir, o Bruno gostaria de compartilhar a tela.

A SRA. CARMEN ZANOTTO (CIDADANIA - SC) - Por favor.

O SR. GEOVANI MACHADO (Participação por videoconferência.) - Nós criamos uma demonstração a toque de caixa, de ontem para hoje, de como é feita a gestão de leitos, só para fazer esta demonstração.

O SR. GEOVANI BRUNO CROCE DE MIRANDA (Participação por videoconferência.) - Bom dia.(Pausa.)

Tudo bem? Vocês me ouvem?

A SRA. CARMEN ZANOTTO (CIDADANIA - SC) - Estamos ouvindo e vendo o senhor.

O SR. GEOVANI BRUNO CROCE DE MIRANDA (Participação por videoconferência.) - Eu vou compartilhar a tela do HSP, nosso software de inteligência hospitalar.

(Segue-se exibição de imagens.)

Como o Geovani comentou, o HSP se preocupa em dar um apoio à decisão de gestores hospitalares. Isso já acontece há um certo tempo. Estamos há 7 anos ajudando os gestores não só nessa parte de estoques e suprimentos. Temos aqui um ambiente reduzido, para mostrar essa questão de leitos, por exemplo, de enfermaria e de terapia intensiva.

Nestes painéis, os dados na tela estão em tempo real. Como eles tramitam em nuvem, podemos colocar uma temporalidade: a cada minuto, a cada 5 minutos, a cada 10 minutos. Cada hospital tem uma realidade nesse ponto.

O caso que ele comentou das 12 unidades hospitalares e mais unidades de UPA e pronto atendimento não é o único que nós temos no Brasil. Já fizemos esse trabalho para mais de 52 unidades hospitalares. Nesse caso, há uma dificuldade de conexão inclusive, porque colocamos um conector dentro do ambiente do cliente, com as permissões exatas do que é preciso para extrair do sistema hospitalar que ele usa. Essa é a questão. Nós não trabalhamos com planilha de Excel ou com dados exportados, e isso nos dá esse efeito de tempo real e nos permite também fazer projeções.

Aqui neste caso, são 5,9 dias de média de permanência nessa unidade hospitalar modelo. Estou chamando de exemplo aqui. Na verdade, estes são dados reais de um cliente que não podemos revelar, obviamente.

Esses 5,9 se referem a enfermaria, sem longa permanência. Há 96 internados. Aqui do lado, temos uma abertura por setor dentro dessa unidade hospitalar. A regra de cores é configurável, em tipo semáforo. Pode-se verificar se está dentro da meta de 3 dias, se está acima, se está abaixo, de uma maneira geral. Temos também um trabalho relacionado à COVID-19 desenvolvido para os clientes, mas acho que essa parte é mais fácil de fazer funcionar.

Quando eu clico aqui, por exemplo, no terceiro posto, e abro esses 7 dias de permanência, eu posso abrir os dados por médico. Aqui pode haver vários médicos. Clicando-se no médico, abrem-se os dados por paciente. Aqui há um paciente que está sendo cuidado por esse médico neste exato momento. Se eu clico aqui, vejo os setores por onde ele passou. Nesse caso, ele ficou por 4,7 dias. Ele está no posto agora. Ele também ficou no terceiro posto cirúrgico. Então, é possível ver esse detalhamento.

Cada hospital tem um fator de análise que ele quer ver: com respirador, sem respirador. Quanto ao respirador, quando não se pega uma informação manual, que alguém informa numa planilha, ou que é exportada, ele tem que pegar dados, às vezes, de prescrição de prontuário, às vezes há alocação de equipamento. Cada hospital tem a sua forma de usar o sistema hospitalar.

Dos cinco maiores softwares do Brasil de ERP hospitalar, nós temos mapeamento para todos eles, têm uma variação relativamente grande para fazer isso acontecer. Existem várias maneiras de fazer a captura do dado de forma precisa. Por exemplo, existem nessa ocupação 208 leitos, em relação aos quais há 57% de ocupação operacional e instalada. Vejam que as taxas de ocupação operacional e instalada estão muito próximas. Elas estão próximas porque quase não há leito virtual criado. Esse hospital, no caso, está um pouco vazio nessa parte da enfermaria. A UTI está mais cheia, mas não chega a estar lotada. A rede privada tem um comportamento bem diferente da rede pública neste momento. Esses dados são de hoje de manhã.

Há 57% de ocupação desses 208 leitos. Eu posso fazer o detalhamento abrindo, por exemplo, aquele mesmo posto cirúrgico. Ao abrir, posso ver quantas são as internações clínicas, ou pós-cirúrgicas, ou pré-cirúrgicas, para entender se há uma cirurgia vinculada a essa internação também. Começo então a juntar todas essas informações. Isso é muito visual e muito fácil de perceber.

O painel de terapia intensiva tem esse mesmo funcionamento. Quanto aos 45 internados neste momento, existe uma média de 20,1 dias. É alta, é muito alta. Quando se faz o desmembramento por setor, vemos que são 26 dias da pediátrica, 20 da geral e 8,52 da cardíaca.

Também há este detalhamento. Abre-se lá a cardíaca, abre-se por médico, o médico que é responsável pela internação, abre-se por paciente. Nós colocamos o CRM e o código do prontuário para, obviamente, não revelar nenhum nome, até por causa da LGPD e tudo mais. Mas existem ambientes fechados, que não estão em nuvem, em que as pessoas pedem o nome do médico, os usuários pedem o próprio nome do paciente, para ficar mais fácil de localizá-lo dentro do hospital.

Nós também temos gráficos. Acho que é interessante. Colocamos essas admissões de UTI por origem para ilustrar a projeção. É aquela linha pontilhada que está ali em maio. Quando se tem dados em tempo real à disposição, que são do banco de dados, vai-se direto à fonte de informação.

Até o horário que foi processado, 9h06min, houve 53 admissões em UTI. Essas admissões podemos detalhar também. Dá para fazer gráficos comparativos, olhando ano a ano, para ver a sazonalidade. Até a projeção de maio, há uma queda livre, porque o hospital também não está com o mesmo nível de giro. O PS não é mais o mesmo, não tem mais o mesmo movimento. Por essa situação toda, muitas cirurgias foram canceladas. Então, há um efeito cascata dentro do hospital também, especialmente nos hospitais privados sobre os quais estamos comentando. Quando se clica aqui, por exemplo, pode-se ver que, dentro dessa projeção, no caso dos 53, ele está projetando que vai fechar em 133, pelos dias restantes do mês. Ele pega (falha na transmissão) com inflatores, com deflatores, enfim.

Ao se clicar aqui, consegue-se abrir esse dado por unidade e ver quantas houve até o momento. É possível também, no caso dessas unidades de UI ou UTI, saber qual é o nome do setor, o nome do médico, n dados.

Este é só um modelinho para mostrar que podemos ter, de maneira muito fácil e visual, essa parte relacionada ao tempo real, para sabermos como está a situação lá neste momento.

Entra uma questão importante. Todo mundo informa os leitos para o CNES - são os famosos leitos CNES -, especialmente os hospitais filantrópicos. Eles tentam até manter o cadastro mais atualizado, mas sabemos que, entre o leito CNES informado e, no caso, o leito instalado no hospital e o leito operacional, existe uma diferença bem grande. O instalado é o que eu deveria fazer com a minha estrutura física. O operacional, como se incluem leitos virtuais, temporários, que são improvisados, já é uma outra história. Refere-se a quanto eu consigo fazer. Há esses conceitos todos. Quando se vai criar uma projeção, um estudo em cima disso, é muito importante ter esse número a respeito da realidade do hospital de fato.

O nosso trabalho é muito focado nessa precisão. Nós trabalhamos muito com essa parte de analytics relacionada a hospitais. É um sistema de apoio à decisão para ajudar a criar essa visão e essa consciência muito clara, fácil, visual, para os gestores, relacionado a essa questão.

Aqui eu só peguei dois exemplos - enfermaria e terapia intensiva -, mas há n painéis, n estruturas. O sistema é bem mais amplo do que isso. Mas essa parte específica de leitos, que o Geovani comentou, gostaríamos de disponibilizar, ceder, doar, para ajudar nesse mapeamento, que não é fácil. As bases de dados variam, o conector varia. Dentro disso, já temos uma boa experiência para ter esse mapeamento de dados relacionado a esse monitoramento em tempo real.

Era isso o que eu queria apresentar a vocês.

Até para não tomar muito tempo, passo a palavra de volta ao Geovani.

O SR. GEOVANI MACHADO (Participação por videoconferência.) - Eu queria agradecer esta oportunidade, Deputada Carmen. Se fosse possível, gostaríamos de fazer uma apresentação técnica e específica para o Ministério da Saúde, ao Secretário Wanderson de Oliveira, até porque poderíamos mostrar mais situações de alguns clientes que nos deram permissão.

Como falei, tivemos que montar essa demonstração a toque de caixa, de ontem para hoje. O nosso trabalho é muito ligado com a direção dos hospitais. A grande maioria dos nossos clientes é do Estado de São Paulo. Esse produto nasceu lá.

Nós levamos um outro produto para a gestão de filantropia, em 2014, para São Paulo, que hoje é feita manualmente. Para todo o trabalho das emendas parlamentares, fizemos um sistema grande, que acompanhava toda essa questão das emendas sistemicamente - hoje é manual. Mas não deu muito certo.

A inteligência hospitalar nasceu em São Paulo. Hoje, os nossos maiores clientes estão lá, são clientes privados. Temos esse case dessa OS, dessa organização social, que tem também hospital privado, mas, quanto à grande maioria dos seus hospitais, UPAs, atendimento, são contratos que eles têm com o Governo do Estado, com o Governo do Município. Fazemos esse acompanhamento refinado, uma auditoria constante, inclusive na parte financeira, administrativa.

Nós nos colocamos à disposição para fazer, a qualquer momento, essa apresentação. Estamos à disposição para demonstrar isso presencialmente também. A logística está difícil aqui. A nossa sede fica em Joinville, onde o aeroporto está fechado. Mas estamos à disposição.

Espero ter contribuído. O momento é difícil, o momento é grave. Mas tenho plena certeza de que pode ser feita uma força-tarefa. Esse trabalho de implantação é difícil, porque, na rede hospitalar do Brasil, há sistemas que foram feitos com linguagens diferentes, em épocas diferentes. Além da conexão ao banco, com a permissão devida só para ler aquela informação, é preciso validar aquilo.

Isso traz um dinamismo para a operação. Poderíamos, com certeza, ter outro cenário hoje, se o Governo Federal tivesse ciência, em tempo real, de como estão os hospitais que atendem pelo SUS em todos os Estados brasileiros. Teríamos outro cenário hoje. Tenho plena convicção disso, pelos hospitais que, hoje, já monitoramos.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Muito obrigado, Geovani Machado.

Concedo a palavra à Deputada Carmen Zanotto.

A SRA. CARMEN ZANOTTO (CIDADANIA - SC) - Primeiro, quero fazer um esclarecimento. Estamos com uma dinâmica muito rápida aqui na Câmara. Essa apresentação estava programada para acontecer em uma das próximas semanas, mas, como houve este espaço, ela foi realmente programada de ontem para hoje, em função da magnitude e da importância do tema.

Tenho conversado bastante com o Dr. Ademar, que é o Presidente da Associação Catarinense de Medicina. Ele conhece as nossas angústias e as nossas preocupações. Entre as nossas angústias e as nossas preocupações, está exatamente a segurança que os gestores precisam ter com relação à capacidade instalada tanto de leitos privados, que vão atender os pacientes particulares e os pacientes dos planos de saúde, quanto de leitos do sistema público.

Quando falo "público", eu me refiro aos hospitais próprios. Em Santa Catarina, por exemplo, temos uma grande rede de hospitais próprios e os hospitais filantrópicos que são prestadores de serviço e têm o que chamamos de "leitos SUS".

Nesta Comissão já assistimos à apresentação de alguns sistemas, como a de uma forma de acompanhamento que foi feita pelo matemático Samy Dana. Precisamos agregar as inteligências que temos no País, para que haja mais segurança e até para que seja feito adequadamente o remanejamento, sempre que necessário, dos equipamentos.

Nós sabemos da importância e da magnitude que tem hoje um respirador - eu nem diria um conjunto de respiradores, diria um respirador. Ele pode estar parado em uma instituição e estar em falta em outras instituições.

Geovani, sei que nós de Santa Catarina - outros Estados também têm isso - estamos bem avançados nessa questão da inteligência artificial. Eu era gestora na Secretaria de Estado da Saúde quando começamos a implantar os primeiros exames de eletrocardiograma por telemedicina. Presidente Dr. Luizinho, V.Exa. já foi Secretário Municipal e Secretário de Estado, sabe o que significa isso. Enfim, em uma cidade de pequeno porte que não tem cardiologista, quando o médico prescreve um eletrocardiograma, a equipe de enfermagem realiza o exame. Por muitas e muitas vezes éramos acionados pela equipe que fazia os laudos, pedindo que providenciássemos a transferência daquele cidadão que realizou o exame na unidade básica de saúde e tinha um grande risco de infarto. Nós deslocávamos o paciente para o hospital, para o serviço de referência daquela macrorregião. Salvamos muitas vidas dessa maneira.

Esses sistemas de inteligência que estão sendo adotados poderão, com certeza absoluta, dar um outro desenho para os Estados brasileiros.

Vou fazer agora as minhas perguntas.

Como podemos ajudar, por exemplo, os Estados que estão mais esgotados, como é o caso do Rio de Janeiro, que é o Estado do nobre Deputado Dr. Luizinho?

No nosso Estado de Santa Catarina, como podemos fazer o monitoramento desses leitos de UTI, que estão nos dando essa segurança? A taxa de ocupação é de 16% a 20%, no máximo. Tem sido essa a oscilação. Já estamos com 358 leitos de UTI extras disponíveis para tratamento referente à COVID. Nesse caso se consideram os leitos já habilitados pelo Ministério da Saúde, 255 leitos, faltando apenas, quanto a esses 255, oito leitos, que são do Hospital Universitário. Mas a minha pergunta vai neste sentido. Existe uma projeção de ampliação de mais 385 a 400 leitos. Para isso, precisamos, é claro, dos respiradores. Os serviços já estão organizados, mas não dá para habilitá-los porque faltam os respiradores. Conseguimos saber, Dr. Ademar e Prof. Jaime, qual seria o ideal ou, pelo menos, o que seria algo de bom para ótimo quanto à nossa capacidade instalada de leitos de UTI, com base nos dados que estão sendo lançados hoje, tanto os da rede privada quanto os da rede pública?

Por que pergunto isso? Porque, assim como em outros Estados, a dificuldade agora de aquisição de respiradores no nosso Estado está muito grande. Como poderíamos ter segurança? O que vale para Santa Catarina pode valer para o Rio Grande do Sul, pode valer para o Paraná e para outros Estados onde a situação não está tão grave, mas existem Estados que precisam desses respiradores antes. Então, até para que o Ministério da Saúde possa dar uma destinação adequada aos respiradores que vai receber, quais são as regiões do País, quais são as cidades desses Estados e dessas regiões que têm mais necessidade?

Em Santa Catarina, o monitoramento dos leitos está sendo geral. Dr. Ademar, eu sei que Florianópolis já está monitorando os casos próximos, os vizinhos de alguém que teve o caso confirmado. Eu tenho uma preocupação. Os resultados não estão saindo ainda em tempo ideal.

Agora, o tempo de resposta do LACEN reduziu-se bastante, mas ainda não é o ideal.

Não seria importante começarmos o monitoramento já na suspeita, quando o paciente acaba sendo internado com suspeita de COVID, em vez de fazermos isso após 24 horas ou 48 horas? Aí, se houver a confirmação, já é possível alimentar o sistema. Não deveríamos começar a pensar em monitoramento quando da internação de um caso suspeito?

O próprio Dr. Luizinho tem uma defesa, que já passou a ser uma defesa coletiva da nossa Comissão: existem falsos negativos. Mesmo que a clínica do paciente indique um possível caso positivo de COVID, inclusive pelos exames de imagem, como a tomografia, ficamos ainda muito atrelados ao resultado do exame laboratorial, que tem uma capacidade ainda limitada.

Vou dar um exemplo: no extremo oeste de Santa Catarina, onde não há mais voos praticamente, quando um paciente é internado, entre uma amostra de sangue ser colhida, sair de São Miguel do Oeste, ser levada até o LACEN em Florianópolis e chegar ao seu destino demora no mínimo 10 horas, 12 horas, porque existe uma logística diária, e isso ainda tem que ser processado. Então, é necessário um tempo.

Estou colocando a possibilidade de pensarmos em debater, diante de um caso suspeito já internado, o monitoramento da família e dos vizinhos e pensarmos se esse monitoramento será para os 295 Municípios de Santa Catarina.

Faço outra pergunta ao Bruno...

Deveríamos ter conosco a Dra. Adriana, do Departamento de Saúde Digital do Ministério. Por uma impossibilidade de agenda, ela não pode estar conosco, e precisamos correr.

O próprio Geovani nos diz que algumas ferramentas estão à disposição. Então, Deputado Dr. Luizinho, quero fazer uma última observação: como nós da Comissão devemos e podemos auxiliá-los nesse encaminhamento para aqueles Estados? É claro que, se houver o entendimento e se o Ministério abraçar esse entendimento, fica mais fácil.

Precisamos hoje, sem sombra de dúvida, ter segurança, com base nos dados que temos hoje e nas projeções, de quantos leitos de UTI precisamos em cada um dos Estados brasileiros, em cada uma das macrorregiões, para que possamos minimizar o risco de acontecer o que estamos vendo em algumas regiões do País. Por exemplo, nos Estados do Amazonas e do Pará, não há mais leitos de UTI.

Eu paro por aqui. Se eu tiver mais um questionamento, eu os faço no final.

Obrigada.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Abro a palavra à Deputada Dra. Soraya Manato.(Pausa.)

Abro a palavra ao Deputado Dr. Zacharias Calil.

O SR. DR. ZACHARIAS CALIL (Bloco/DEM - GO. Participação por videoconferência.) - Espere... A minha Internet está ruim.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - A sua conexão está ruim?

O SR. DR. ZACHARIAS CALIL (Bloco/DEM - GO. Participação por videoconferência.) - Está. Peço só um minutinho.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Vou ver se as conexões do Deputado Pedro Westphalen e da Deputada Alice Portugal estão boas.

O SR. PEDRO WESTPHALEN (Bloco/PP - RS. Participação por videoconferência.) - Está tudo bem, Deputado Luizinho. Peço que V.Exa. me inscreva no final.

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA. Participação por videoconferência.) - Estou aqui.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Tudo bem, Deputada Alice?

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA. Participação por videoconferência.) - Tudo bem, Presidente. Parabéns pela atividade.

Estou à disposição. Logo após o Deputado Dr. Zacharias, posso falar.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Obrigado, Deputada.

Deputado Dr. Zacharias, V.Exa. tem a palavra.

O SR. DR. ZACHARIAS CALIL (Bloco/DEM - GO. Participação por videoconferência.) - Bom dia, Deputado Luizinho e Deputada Carmen.

Agradeço a presença dos nossos convidados: Dr. Ademar, que é Presidente da Associação Catarinense de Medicina; Dr. Jaime Leonel de Paula; e Geovani Machado.

É muito importante fazer essa discussão no momento que estamos vivendo. Hoje, aqui em Goiás, a situação está muito crítica. Nosso Governador resolver fechar novamente o comércio, mantendo só as atividades essenciais. Isso está criando uma polêmica danada, porque o pessoal já está na rua, como se tudo estivesse normal.

O problema é que alguns hospitais não têm a menor estrutura para que mantenhamos as atividades. Por exemplo, faltam respiradores, faltam EPIs. Continua praticamente tudo do mesmo jeito, e as pessoas estão andando na rua, ou seja, a situação está muito crítica.    Então, hoje ele vai lançar o decreto novamente, provavelmente no final da tarde, para fechar o comércio.

Goiás está entre os primeiros Estados com menor índice de isolamento do País. Há um tempo, tínhamos conseguido estar entre os primeiros com maior índice de isolamento, chegando a quase 100% de isolamento. Então, realmente a situação é crítica, e temos que enfrentá-la. Não sei o que vai acontecer.

O pessoal está muito revoltado, principalmente o do comércio. Mas é preciso entender que hoje os Estados não têm equipamentos necessários para manter uma situação dessas. A saúde vai entrar em colapso, como há muito tempo está sendo discutido no País inteiro.

Agradeço mais uma vez. Ouvimos as falas, e o debate tem sido muito produtivo.

Como eu conversei com V.Exa. mais cedo, Deputado Luizinho, eu queria pedir permissão para trazer aquele colega, o Dr. Monres, que é ortopedista especializado em ultrassonografia, para mostrar o que pode ser feito em relação aos pacientes internados na UTI que talvez não tenham condições de fazer a tomografia computadorizada. É claro que não se vai substituir a tomografia pelo ultrassom, mas acho que vale a pena ouvirmos sua aula. Conversei com ele agora, e ele está disponível entre terça-feira e quinta-feira, no dia e no horário que V.Exas. acharem melhor.

Estão me ouvindo?

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - A transmissão voltou, Calil.

O SR. DR. ZACHARIAS CALIL (Bloco/DEM - GO. Participação por videoconferência.) - V.Exas. ouviram o que eu falei antes?

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Ouvi o que foi falado sobre convidar o Dr. Monres para falar sobre a questão da ultrassonografia. Vamos deliberar na parte da tarde sobre as audiências da semana que vem e os projetos, já que pactuamos de fazer isso toda quarta-feira à tarde, e essa questão da ultrassonografia já é prioridade.

Julgo que esse é um exame que pode chegar com maior facilidade, pois o equipamento é deslocado com muita facilidade para qualquer centro de triagem. Então, acho que, se essa técnica tiver acurácia, será muito válida, Deputado Calil.

O SR. DR. ZACHARIAS CALIL (Bloco/DEM - GO. Participação por videoconferência.) - V.Exa. conseguiu ouvir a fala anterior?

A SRA. CARMEN ZANOTTO (CIDADANIA - SC) - Deputado Calil, em Goiás, onde a situação está um pouco mais complexa, os hospitais têm algum sistema de monitoramento, junto com o Governo do Estado e os governos municipais, para ajudar na tomada de decisão? Essa tomada de decisão é complexa para os Governadores, compreendemos isso. Você sabe se há algum sistema?

O SR. DR. ZACHARIAS CALIL (Bloco/DEM - GO. Participação por videoconferência.) - Deputada Carmen, vou ser sincero, transparente, honesto no que vou dizer agora. Não estou reclamando nem fazendo crítica a ninguém, mas eu, Deputado Federal do partido do nosso Governador, o terceiro Deputado mais bem votado do Estado, membro de uma Comissão importantíssima da Câmara, que é esta Comissão Externa da COVID-19, nunca fui convidado para nenhuma reunião junto ao Governo de Goiás para que pudéssemos decidir e apresentar sugestões. Então, eu não posso lhe falar nada em relação a isso. É claro que o Governador tem suas atividades, mas eu não tenho como falar nada, porque não participo delas. Não tenho nenhum compromisso de participar dos debates junto à Secretaria de Estado de Saúde, junto à Secretaria Municipal de Saúde nem junto ao Governo de Goiás. Eu não participo deles e acho que nenhum Deputado ou Senador de Goiás participa. Então, não podemos falar o que está acontecendo nem podemos sugerir nada para melhorar. Infelizmente, essa é a situação em que nos encontramos aqui.

É interessante que, na hora de receber as emendas, todo mundo as recebe, todos falam a favor do combate à COVID-19. Mas não chamam para participar das ações um profissional médico capacitado, que faz parte de uma Comissão. Nós não participamos disso, entendeu?

Eu fico um pouco chateado e, ao mesmo tempo, sentindo-me desprestigiado, considerando importância que tem o tema hoje no Brasil inteiro.

Então, essa é a situação que vivemos aqui.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Obrigado, Calil.

Quero comentar esse seu desabafo. É muito grave, neste momento de pandemia e de descontrole, quando precisamos de união, que V.Exa., que, além de ser um grande Parlamentar, tem experiência, vivência e liderança na classe médica não só no Estado de Goiás, mas no Brasil, não esteja sendo ouvido. Este momento precisa de pessoas que tenham capacidade de liderar e que demonstrem para os jovens médicos e enfermeiros, Deputada Carmen, que as decisões estão sendo tomadas por pessoas que conhecem a ponta e que têm capacidade de raciocinar de maneira diferente.

Deputado Calil, fica aqui o nosso lamento. Estamos buscando criar alternativas para ajudar.

Deputado Calil, em cima desse tema, como V.Exa. abordou isso, estamos aqui falando há algum tempo sobre controle de leitos e descobrimos, há 15 dias, que o mapa de controle de leitos do Governo Federal não funciona, não contém nenhum dado, zero. Não há nenhum hospital do meu Estado do Rio de Janeiro que forneceu, Deputado General Peternelli, um dado para o mapa de controle de leitos do Governo Federal, e eles acham isso normal. O Ministério da Saúde não tem nenhuma informação.

O SR. DR. ZACHARIAS CALIL (Bloco/DEM - GO. Participação por videoconferência.) - Isso é muito grave.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - É. Estamos ouvindo de colegas da área de inteligência artificial, de TI sobre de que forma isso ajuda a melhorar o atendimento, o fluxo.

Não só a inteligência artificial, mas também a nossa inteligência, a inteligência humana, são fundamentais num momento como esse. O conhecimento técnico se faz mais do que importante numa situação dessas. A TI é fundamental, mas quem decide onde colocar o leito, onde colocar o recurso, onde colocar o respirador é o ser humano. O computador não toma essa decisão, quem toma a decisão é o ser humano.

Aí precisamos de seres humanos qualificados, com experiência, com capacidade de tomada de decisão, principalmente decisões rápidas, olhando o cenário macro. Mas vemos, infelizmente, algumas pessoas abraçadas em cima do poder, em vez de abrirem espaço. Este é um momento em que todas as sugestões são válidas, para que possamos vencer essa pandemia, Deputado Calil.

O SR. DR. ZACHARIAS CALIL (Bloco/DEM - GO. Participação por videoconferência.) - Eu fiz basicamente um desabafo. Igual a V.Exa., várias outras pessoas (falha na transmissão).

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Deputado Calil, caiu seu áudio.

O SR. DR. ZACHARIAS CALIL (Bloco/DEM - GO. Participação por videoconferência.) - (Falha na transmissão) aí não participa. Como é que faz? Você vai dar uma sugestão, alguma coisa assim, uma entrevista e falar a respeito de determinado assunto, e não participa... Isso é desagradável.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Obrigado, Deputado Calil.

O SR. DR. ZACHARIAS CALIL (Bloco/DEM - GO. Participação por videoconferência.) - Obrigado.

A SRA. PRESIDENTE (Carmen Zanotto. CIDADANIA - SC) - Temos mais colegas Deputados que gostariam muito de ajudar mais de perto os nossos Estados, mas, diante dessa impossibilidade, vamos tentando fazer o máximo possível a partir daqui.

Nós temos inscrita, na sequência, a Deputada Alice Portugal.

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA. Participação por videoconferência.) - Bom dia a todos. Bom dia, Deputado Dr. Luizinho e Deputada Carmen.

Quero, mais uma vez, diante dos nossos convidados de hoje, dizer que esta Comissão tem jogado um papel exponencial na construção de legislação absolutamente centrada neste momento de pandemia.

Esse debate sobre inteligência artificial, com o exemplo de Santa Catarina, com essa vinda de empresários do setor, que inclusive nos alertam sobre tecnologias possíveis, acho da maior importância neste momento, em que precisamos de fato, a partir do conhecimento profundo da realidade, fazer com que os nossos sistemas se complementem e atuem de maneira integral. Isso é realmente muito importante.

O ideal seria um sistema que conectasse o setor público ao privado. Já há Estados onde há requisição de leitos privados, e há outros Estados em que o próprio setor privado já se colocou à frente, oferecendo ou mesmo doando equipamentos, espaços, equipes.

Realmente é uma guerra o que nós estamos enfrentando, e precisamos nesse momento sobrepassar muitos dos interesses e até necessidades dos segmentos. É tudo público nessa hora, do ponto de vista da doença. Ela é democrática, atinge a todos.

Eu queria dizer que a Bahia é um Estado do tamanho da França, e é evidente que nós temos também, assim como Santa Catarina - por sinal, sou filha de catarinense, Deputada Carmen -, microrrealidades. Se em Santa Catarina há tantas diferenças étnicas, culturais, econômicas, imaginem como é na Bahia, um Estado gigante, que faz fronteira com quase todos os Estados do Nordeste, além de com Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo. A Bahia é um país, é muito grande, e lá há, de fato, uma diversidade enorme de estabelecimentos públicos, privados e filantrópicos que estão dando suporte à população.

Hoje amanhecemos com a notificação de 4.107 casos em Salvador. Vocês imaginem a situação. Na Bahia inteira, confirmados, há 6.204 casos e 225 óbitos. Relativamente, nós sabemos que estamos numa situação que não é a mais dramática, mas é uma situação de números em ascensão, tanto que hoje foram tomadas medidas especiais de fechamento de algumas cidades, de, digamos assim, aumento do fechamento, fechamento de ruas, de setores. Isso não é um lockdown, mas é um fechamento relativo e energético.

Há uma cidade no sul baiano chamada Ipiaú, que se destaca pela quantidade de casos, considerando-se que é pequena. Houve 114 casos nessa pequena cidade. Feira de Santana, que é uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes, tem 129 casos. Em Ilhéus, houve 326 casos.

Aliás, toda a situação no sul da Bahia - Ilhéus, Itabuna, Itacaré - iniciou-se numa festa num hotel de luxo em Itacaré. Isso foi devastador para o setor de serviços, porque saíram carregando o vírus para todas as cidades do entorno, e Ilhéus está castigada pelo coronavírus.

Essa informatização mais generalizada é algo da maior importância. Eu vou esperar o retorno do Secretário acerca do grau de informatização na Bahia. Na medida do possível, se a Secretaria ainda precisar desse suporte, eu pedirei à Deputada Carmen e ao Deputado Luizinho informações para a busca de consultoria com esses segmentos que estão hoje nos brindando com explanações.

No mais, eu gostaria de dizer que a luta continua.

Eu me compadeço da situação do Ministro da Saúde, que soube daquela maneira da abertura de outros espaços especiais. Eu não sei, Deputado Luizinho, se não seria o caso de a Comissão fazer uma observação mais formal. Seria muito interessante que as autoridades sanitárias fossem ouvidas antes de o Ministério da Economia tomar uma decisão sobre a inclusão de segmentos para abertura de serviços no Brasil e também fossem ouvidas sobre a ótica necessária acerca de cada cidade.

Eu citava a Bahia. Aqui há Municípios onde não há nenhum caso suspeito, como os pequenos Municípios distantes. Nessas cidades, está se fazendo um controle na entrada, nas estradas, no trânsito, medindo-se temperatura, etc. Nessas cidades, não há por que se fechar o comércio. Então, ele está aberto.

O Governador Rui Costa hoje se pronunciou, mais uma vez, em plena sintonia com o Prefeito de Salvador. Eles são adversários políticos, todos nós sabemos, mas estão numa sintonia humanizada e respeitosa para com o povo baiano, que gosta de viver, como o Brasil todo sabe.

Então, nós entendemos que talvez fosse o caso de a Comissão fazer essa observação formal, se já não a fez, porque é diligente - sabemos que não dá para acompanhar tudo; inclusive, agora mesmo começa a sessão do Congresso. Seria bastante interessante fazer isso, porque realmente aquela cena foi muito marcante para nós. Não quero politizar isso agora, afinal, nossos convidados estão aguardando, mas deixo aí essa proposta, Deputado Luizinho e Deputada Carmen, para pensarmos.

Seria o caso, talvez, de também legislarmos sobre isso, na medida em que o Ministro afirmou que era o Ministério da Economia quem definia sobre atividades essenciais e que ele estava sendo informado, naquela coletiva, da abertura de salões de beleza, barbearias, academias de ginástica, etc. Seria o caso de legislarmos que a reabertura de qualquer setor dependa da autoridade sanitária? Essa é uma oportunidade também de fazermos essa reflexão.

Desejo um bom dia a todos.

Parabéns aos expositores. Eles nos inspiram muito na busca de um controle mais generalizado acerca das condições dos leitos, das condições dos pacientes, da idade dos pacientes. Foi muito interessante essa abordagem trazida pela Comissão Externa na manhã de hoje.

Muito obrigada.

A SRA. PRESIDENTE (Carmen Zanotto. CIDADANIA - SC) - Muito obrigada, Deputada Alice.

Depois V.Exa. poderia retornar e nos dizer se no seu Estado, na Bahia, também estão utilizando ferramentas para monitorar o número de leitos de UTI e de enfermaria, até porque essas ferramentas, através da regulação, facilitam o deslocamento dos pacientes para as unidades hospitalares.

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB - BA. Participação por videoconferência.) - Nós já usamos uma regulação centralizada, mas não sei dizer qual é a dimensão, qual é o alcance. É isso que vou buscar saber para repassar a V.Exas.

A SRA. PRESIDENTE (Carmen Zanotto. CIDADANIA - SC) - Perfeito.

Estão inscritos a Deputada Dra. Soraya Manato; o Deputado Rodrigo Coelho, que é do nosso Estado de Santa Catarina, do Município de Joinville; o Deputado Pedro Westphalen e o Deputado General Peternelli, que está aqui conosco.

Primeiro vou passar a palavra ao Deputado General Peternelli. Em seguida, eu a passarei à Deputada Dra. Soraya Manato, ao Deputado Rodrigo Coelho e ao Deputado Pedro Westphalen.

O SR. GENERAL PETERNELLI (PSL - SP) - Bom dia, Deputada Carmen Zanotto, que preside esta Comissão.

Gostei muito das apresentações de hoje, tanto da abordagem feita pelo Dr. Ademar quanto das feitas pelo Jaime e pelo Geovani. Mas, neste contexto, em que é importante a coleta de dados para que se possa tomar a decisão mais adequada, achei muito oportuna as apresentações do Jaime e do Geovani. Eu já estava conversando com a Deputada Carmen para tentarmos, junto com o Ministério da Saúde, uma reunião com os dois, para que se pudesse estudar de que maneira seria possível compatibilizar as atividades do Ministério com as informações passadas.

Esse detalhe de poder colocar uma ferramenta dentro de um centro de processamento de um hospital e dali extrair os dados necessários de que o Ministério da Saúde precisa é muito oportuno, até porque, com essas informações, esse órgão poderá distribuir o material para os locais em que a necessidade é maior.

Eu gostaria de fazer duas perguntas, em função disso. A primeira é sobre a disponibilidade eventual de o Jaime e o Geovani, coordenados pela Deputada Carmen, virem a Brasília. Nós vamos tentar contato com o Ministério da Saúde. Eu gostaria de perguntar se, com esse software - e acho que o do Jaime talvez tenha mais detalhes, mas a pergunta é para os dois -, é possível verificar estatisticamente o tratamento que essas pessoas estão recebendo e o resultado que as mesmas estão obtendo. Isso vai facilitar um estudo muito maior pelas universidades, uma troca de experiências entre os médicos e também uma orientação do Ministério da Saúde.

Muito obrigado.

Parabéns a todos! Parabéns, Deputada Carmen!

A SRA. PRESIDENTE (Carmen Zanotto. CIDADANIA - SC) - Obrigada, nobre Deputado General Peternelli.

Eu consulto o Deputado Rodrigo Coelho sobre se o áudio já voltou.

Deputado Rodrigo Coelho, V.Exa. está nos ouvindo?(Pausa.)

Tem a palavra o Deputado Pedro Westphalen, do Rio Grande do Sul, enquanto tentamos nos conectar com o Deputado Rodrigo Coelho, o nosso "catarina".

Bom dia, Deputado Pedro.

O SR. PEDRO WESTPHALEN (Bloco/PP - RS. Participação por videoconferência.) - Bom dia, Deputada Carmen.

Bom dia, Deputado Luizinho.

Bom dia, meus queridos colegas e companheiros Deputados. Estou com saudade de todos.

Mais uma vez preciso cumprimentar a Deputada Carmen e o Deputado Luizinho pelo trabalho que estão fazendo, representando-nos numa comissão que tem prestado inestimáveis serviços ao País, com sua função e com a discussão de temas de grande importância.

Quero agradecer aos nossos convidados, ao Jaime, ao Geovani e ao Ademar, e cumprimentá-los pela brilhante e proveitosa apresentação.

Devem ser levadas ao Ministério, sim, Deputado General Peternelli, alternativas como estas, até porque, se os nossos Estados têm regiões diferenciadas, que dirá o Brasil. Nós temos vários brasis dentro do Brasil.

Aqui no Rio Grande do Sul foram tomadas atitudes importantes, todas elas fundamentadas em dados, em estatísticas, em números. Houve, por parte do Governo do Estado, uma aproximação com todos os segmentos da sociedade. Ele está conversando com todos. Também se criou o critério de dividir o Estado em 20 regiões. A situação de cada uma dessas regiões é caracterizada por faixas - faixa preta, faixa vermelha, faixa amarela, faixa laranja -, que são critérios criados de acordo com o número de UTIs disponíveis, o número de patologias, a disseminação das patologias. Ou seja, há critérios para abrir ou não a economia, para fechar ou não a economia, para ver como está a migração.

V.Exas. estão fazendo isso com uma expertise muito grande. É fundamental que as atitudes sejam tomadas com base em dados, em estatísticas, em números, o que V.Exas. estão fazendo muito bem.

O Deputado General Peternelli colocou muito bem que o protocolo usado em cada instituição, com o seu resultado positivo ou negativo, deve ser um dos indicadores para as atitudes a serem tomadas, não só pelo Ministério, mas também por quem está fazendo e tem nas suas experiências a necessidade de expor esses dados. São ferramentas extremamente importantes.

O Estado do Rio Grande do Sul, por enquanto, tem conseguido controlar a crise. A primeira crise verificada aqui foi na cidade de Bagé. Foi levada por um médico. Criou pânico. Foram tomadas atitudes com base em dados reais, e isso parou o aumento da crise de contágio de coronavírus.

Eu acho que, no momento, todo mundo sabe de tudo, mas ninguém sabe de nada. O coronavírus a cada dia nos apresenta uma nova experiência, um novo diagnóstico. Temos que tentar, com esses dados, conter essa patologia e obter mais conhecimentos e mais alternativas de tratamento.

Já se sabe que a vacina é só para o ano que vem. Então, isso vem em um momento muito importante.

Deputada Carmen e Deputado Luizinho, quero cumprimentá-los pela escolha do tema, pela oportunidade e quero deixar a experiência do Rio Grande à disposição de V.Exas. Aqui se conversa diariamente com todos os segmentos, para se tomar atitudes a respeito do que fazer. Sem dados não é possível fazer nada. Não se pode tratar empiricamente esse problema. Cito o que está acontecendo na Bahia, da Deputada Alice Portugal, um Estado gigantesco; o que está acontecendo no Pará ou em Roraima, a terra do nosso querido Deputado Hiran, de onde só parte um voo por semana para São Paulo. Então, há problemas logísticos, há problemas em relação a números, há problemas em relação a dados, há problemas em relação a critérios, há problemas em relação a leitos.

Essa parceria público-privada é fundamental. Aqui no Estado, o Governo tomou a iniciativa de procurar a rede privada e contratou leitos, em acordo com a rede privada. O Governo não foi lá e requisitou, ele contratou leitos. E está inaugurando diversos centros de apoio para tratamento do coronavírus.

Eu queria na realidade cumprimentá-los. Espero que possam levar essas experiências positivas ao Ministério. V.Exas. são nossos vizinhos e sabem o que está acontecendo no Estado. Nós também acompanhamos o que está acontecendo em Santa Catarina. Sabemos que as regiões dos frigoríficos são muito afetadas. Esses dados têm que ser mostrados. Por que os frigoríficos? Por que a região dos Municípios de Lajeado, Passo Fundo, Marau foi a mais atingida? Começou nos frigoríficos esse contágio e daí se disseminou.

A minha colaboração é no sentido de fazer com que V.Exas. levem isso adiante, sim. Que consigam levar ao Ministério esses dados e essas experiências, que são positivas no meio desta pandemia, deste caos que estamos vivendo, lamentavelmente. Um forte abraço a V.Exas.

Outros colegas querem se manifestar. Na realidade, queria só cumprimentá-los e agradecer pela oportunidade. Aprendi muito com vocês hoje pela manhã.

A SRA. PRESIDENTE (Carmen Zanotto. CIDADANIA - SC) - Muito obrigada, Deputado Pedro, por essa articulação conjunta no Rio Grande do Sul. Que a experiência do Rio Grande do Sul se multiplique cada vez mais pelos Estados brasileiros.

A máxima que todos nós precisamos ter é de que esta é uma pandemia que atinge todo o País, toda a nossa sociedade, o setor da saúde, o setor produtivo. A unidade e a busca de alternativas em conjunto se faz muito importante, para minimizarmos os danos.

O Deputado Rodrigo Coelho não conseguiu a conexão. Consulto a Deputada Dra. Soraya Manato sobre se já está de volta.(Pausa.)

Passo então à primeira rodada de respostas dos nossos expositores.

Tem a palavra o Dr. Ademar.

O SR. ADEMAR JOSÉ DE OLIVEIRA PAES JÚNIOR (Participação por videoconferência.) - Obrigado, Deputada.

Eu acho extremamente importante debater, discutir e identificar as mais variadas estratégias. Agora, o mais importante é saber da tempestividade. Não temos tempo para fazer, temos que buscar o que já temos pronto, o que já está disponível, o que já está funcionando, rodando, instalado e com modelagem.

Mais importante: acho que temos que ter a jornada desse paciente. A senhora perguntou se é possível fazer a avaliação da estimativa. Sim, é possível fazer a estimativa baseada no padrão de crescimento em cada região. Sim, conseguimos fazer essa estimativa, mas não podemos levar em consideração apenas a COVID, temos que levar em consideração o perfil dos pacientes naquela região.

Hoje, em Santa Catarina e em todo o Brasil, com a maior parte dos dados, tanto da área pública quanto da área privada, podemos definir quais são as áreas de maior risco, onde há pacientes com maior dificuldade, com maior risco, onde há pacientes sensíveis, com risco crônico, que não estão podendo receber o adequado atendimento. Podemos calcular, fazer essa estimativa, não só pela presença dos casos, mas também pela disponibilidade de equipamentos. Cruzamos isso com a disponibilidade de tomografias computadorizadas, de respiradores e outras estruturas. Podemos também definir isso colocando os pacientes de risco e por faixa etária que há naquela região. Isso tudo dá muito mais segurança para o gestor.

Não podemos seguir focando apenas a COVID. A COVID vai passar, e vamos continuar tomando conta desses pacientes. Mas, para agora, não temos tempo para desenvolver. Temos que ligar, e tem que começar a funcionar imediatamente.

A questão da jornada eu acho muito importante. A senhora perguntou: "Podemos utilizar como base os pacientes sintomáticos?". Sem dúvida, podemos utilizar. Isso já foi inclusive sugerido como alternativa. Não foi implantado, pelo controle de casos, mas em outros Estados com certeza isso pode ser utilizado, dada a dificuldade muitas vezes de acesso ao teste, a demora no resultado do teste e a indisponibilidade da tomografia computadorizada. Quando nós temos um quadro clinicamente positivo, com testes demorando ou negativos, precisamos fazer o exame de tomografia computadorizada para dar o encaminhamento adequado para o paciente. Então, também conseguimos fazer esse rastreamento, não só dos vizinhos, mas também do trajeto. Chamamos isso de "tracking reverso". Podemos fazer isso também.

Na verdade, Deputada Carmen, o que fizemos em Santa Catarina foi feito em Singapura, na Coreia do Sul, em Israel. A Associação Catarinense de Medicina tem uma parceria estratégica com a Clalit, que é o maior plano de saúde de Israel. Eles estiveram aqui em outubro, na Associação Catarinense de Medicina, e trouxeram toda a sua tecnologia em saúde, a forma como trabalham no desenvolvimento, junto com as Forças Armadas, junto com os hospitais, integrados com o Governo. Então, quando nós identificamos isso ocorrendo lá na China e vimos os primeiros casos tomando a Europa, aqui em Santa Catarina imediatamente começamos o desenvolvimento. Não é algo impossível, mas é algo que demandou tempo. Pelo fato de termos começado mais cedo, acredito que estejamos colhendo esses benefícios. Mas eu chamo muito a atenção para o apoio e para a atuação dos profissionais de saúde de Santa Catarina, que têm dado um grande exemplo de dedicação. Não poderia deixar de falar disso. A senhora, como enfermeira, e eu, como médico, sabemos o quanto temos batalhado e o quanto isso tem custado, tanto em relação aos familiares quanto em relação à própria vida de alguns profissionais.

A SRA. PRESIDENTE (Carmen Zanotto. CIDADANIA - SC) - Muito obrigada, Dr. Ademar.

Sr. Geovani?(Pausa.)

Nós estamos com um pouco de dificuldade nas nossas conexões hoje.

Tem a palavra o Sr. Geovani.

O SR. GEOVANI MACHADO (Participação por videoconferência.) - Pois não, Deputada Carmen.

O Deputado Luizinho está ouvindo?

O SR. DR. LUIZ ANTONIO TEIXEIRA JR. (Bloco/PP - RJ) - Estou ouvindo, Geovani.

O SR. GEOVANI MACHADO (Participação por videoconferência.) - Se o Deputado Luizinho pudesse pegar o meu contato com o General Peternelli - por favor, general -, eu gostaria de ter algumas informações específicas sobre o Estado do Rio de Janeiro.

Se avançarmos para o Ministério da Saúde com uma apresentação bem mais técnica, bem mais profunda, é possível fazer uma força-tarefa lá, Deputado Luizinho, e em poucos dias ter números reais da situação de leitos nos hospitais públicos e privados.

Eu já cheguei a fazer, há 3 anos, uma POC. A nossa ferramenta no hospital privado não é a licitação. Nos grandes hospitais privados do Brasil, você apresenta a sua ferramenta e tem que fazer uma POC, uma Prova de Conceito. Você tem horas ou dias para colocar sua ferramenta para rodar e validar o número. Conectar ao banco e ter as informações do banco de dados em tempo real não é algo tão difícil, mas entre o tempo para validar o número e o tempo para o gestor ter a informação correta há um abismo de diferença. Existe um tempo para a informação correta. Não adianta não ter a informação correta, ter qualquer informação.

Então, se tivermos esse mapeamento de quantos hospitais há, públicos e privados... Como eu estava comentando, fizemos uma Prova de Conceito num dos maiores hospitais públicos do Brasil - com gestão do Município; um dos maiores do Brasil - e quando nos conectamos ao sistema... Nos hospitais privados o sistema é todo usado, na parte de cirurgias; no hospital público, o sistema existente, na parte de cirurgias, estava todo vazio, ninguém usava, mas na parte dos leitos é utilizado. Eu acredito que todos os hospitais de gestão municipal têm o seu sistema, nessa parte de leitos, para que se possa fazer um trabalho de inteligência do SUS, para saber como estão os leitos daquele Estado. Mesmo nos hospitais municipais, nos hospitais de gestão 100% pública, você tem essa informação lá. Nós fizemos essa prova em dois hospitais, e lá havia essa informação.

Então, se o Deputado Luizinho pudesse entrar em contato... Eu acho que o Rio de Janeiro poderia ser um case, devido à gravidade que lá existe, para que os gestores, o próprio Governador e o próprio Ministério da Saúde pudessem ter um detalhamento refinado da situação dos hospitais, dos leitos de UTI, das internações. Isso seria de grande valia.

Respondendo à pergunta do Deputado General Peternelli e avançando um pouco mais, além da gestão dos leitos, na maioria dos sistemas que os hospitais

têm no prontuário é possível ver toda essa evolução de cada paciente. É possível vê-la, mas é preciso ter permissão para isso. Tudo isso é feito no banco de dados em tempo real, mas é necessário ter permissão para isso. No entanto, se houver permissão, é possível, sim, General, fazer esse monitoramento, porque os nossos clientes precisam ter um estudo no todo.

Nós começamos uma imersão, General. No dia 8 de abril, ficamos por muitas horas conectados a um hospital de Londres, no Reino Unido, que tem uma realidade muito diferente dos hospitais aqui no Brasil. A doença lá se manifesta de outra forma, há outros procedimentos, outros protocolos. Mas, no decorrer do tempo, a ciência vai avançar para ter estudos conclusivos e informações corretas.

Com referência aos protocolos de tratamento, é possível, sim, fazer esse estudo pelo menos na rede privada. Através do sistema do hospital, o ERP, como é chamado, por meio do prontuário, os médicos e os enfermeiros informam tudo que está acontecendo. Então, é possível fazer, sim, esse estudo.

Mas eu acho que neste momento tão difícil, tão calamitoso, ter a gestão dos leitos em tempo real de toda a rede pública e privada vai ser de grande valia até para o futuro, caso haja isso no Brasil novamente - e vamos rezar para que não haja mais. Se houver, é importante para o Ministério da Saúde ter essa informação em tempo real, e até para facilitar a comunicação com as filantrópicas, com as entidades que fazem um trabalho sério, que buscam por inteligências para ter números corretos, números válidos, e ter essa dinâmica de informação. E ainda hoje, na parte do DATASUS, os hospitais têm de informar de forma manual.

Então, essa é a minha consideração. Colocamo-nos à disposição. Temos, sim, disponibilidade para ir a Brasília. Não há voo direto de Joinville, mas há voo saindo de Curitiba. Não existe mais voo direto para Brasília, mas tem com conexão em Guarulhos, São Paulo.

Nós estamos nesse trecho, porque essa é a nossa vida. Nós temos clientes do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul. E, neste momento de pandemia, não paramos de fazer transmissões por videoconferência, com a participação dos gestores, nas nossas salas de reuniões.

Temos cases. O General sabe dos nossos clientes. Nós estamos trabalhando 30% a mais em virtude da pandemia, fazendo um trabalho muito detalhado da COVID. Mas fazemos isso para os nossos clientes, pois temos um contrato de confidencialidade. E fazemos um trabalho específico para aquele CNPJ.

Então, nós nos colocamos à disposição. Eu acho que vai ser de grande valia se tivermos essa agenda no Ministério. E se o Deputado Dr. Luizinho puder entrar em contato conosco, eu ficarei muito agradecido, para que eu possa ter algumas informações específicas do seu Estado.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Obrigado, Geovani. Eu agradeço e farei contato com você.

A Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio de Janeiro tem um programa que faz a regulação de leitos, que é o EPIMED, e na Secretaria Municipal tem um programa próprio, General, chamado SUBPAV.

Eu acho que nós temos um grande problema no Brasil. E eu queria fazer esta pergunta: no Estado de Santa Catarina, vocês têm um painel de leitos privado? Hoje existe um painel de leitos privados em Santa Catarina ou só painel de leitos públicos?

O SR. JAIME LEONEL DE PAULA JUNIOR (Participação por videoconferência.) - Posso responder, Deputada Carmen? Aqui é o Jaime de Paula.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Pode.

O SR. JAIME LEONEL DE PAULA JUNIOR (Participação por videoconferência.) - Hoje nós temos um painel de leitos privados e leitos públicos. Há públicos que já estão direcionados ao coronavírus e alguns privados também que já estão direcionados ao coronavírus, mas são leitos completos.

Até aproveito a oportunidade para dizer que acho muito importante sabermos exatamente isso. E fico bem contente pelas informações que estou recebendo aqui desse grupo de trabalho. Realmente, estamos numa guerra. Fico supercontente por termos um general inclusive na sala, o Deputado General Peternelli. Desculpe-me mencioná-lo, Deputado, mas realmente é uma guerra.

O brasileiro é superotimista. É muito bom ser otimista, mas achar que algo que passou destruindo pela China, pela Europa e pelos Estados Unidos destruindo não vai passar pelo Brasil destruindo é uma coisa assustadora. Então, nós temos que tomar decisões de guerra.

Como o Dr. Ademar comentou, acho que é preciso ter temporalidade nisso aí. Nós temos que estar com as coisas prontas e usarmos as armas que temos, enquanto vamos construindo novas.

A Deputada Carmen perguntou algo. São números importantes. Aqui nós estamos com menos de 20% dos leitos, mas nós também usamos parte de inteligência artificial para fazer predição. Então, daqui a 9 dias, em 22 de maio, nós devemos pular de 3.733 casos em Santa Catarina para 7.246 casos. Então, nós vamos crescer 94% em 9 dias.

Essa questão é a que eu comentei sobre a pandemia, a do crescimento exponencial. O ser humano não está preparado para pensar nisto: "Eu demorei 1 mês para chegar a mil casos, mas eu vou demorar 1 semana para chegar a 2 mil". Então, eu acho que tudo isso é extremamente importante para começarmos a fazer agora.

E é aquilo, também foi comentado, o Dr. Luizinho falou: nós precisamos de inteligência do ser humano, para depois utilizar a inteligência artificial. O computador não vai tomar a decisão sozinho, só que ele vai ajudar muito.

Então, se nós já temos as informações, vamos trabalhar com as informações que nós temos. Vamos melhorar as informações que temos onde for preciso, sabendo, como já foi comentado aqui, que o Brasil são diversos brasis. Se Santa Catarina são diversas santas catarinas, imaginem o Brasil.

Devemos aproveitar atitudes superbem tomadas, como foi o caso do Rio Grande do Sul na parte dos protocolos econômicos, e assim por diante.

Então, nós estamos totalmente à disposição para colaborar. Como eu falei, o que eu mostrei agora é o que está instalado, pronto e funcionando. Obviamente, pode ser agregado com outras soluções, como eu vi ali a da HSM.

Os nossos sistemas não estão querendo somente trabalhar com histórico, também queremos poder fazer essa predição. E com predição é aquilo... Hoje nós estamos com uma taxa de erro aqui em Santa Catarina de 5%, olhando 10 dias para frente. "Ah, é uma taxa de erro alta". É muito melhor saber com 95% o que vai acontecer nos próximos 10 dias, ou 14 dias, do que não saber nada e agir empiricamente.

Estamos numa guerra. Temos que atuar dessa forma. Vejo que o Congresso brasileiro tem uma missão muito nobre nisso, porque nós não estamos tratando somente de saúde, nós estamos tratando do tsunami da saúde, que vem com o tsunami da economia, e acabamos criando outros tsunamis, que o brasileiro adora.

Então, para o Congresso é superimportante ter esses painéis de monitoramento e saber também dos dados, porque isso não está impactando somente a saúde, não vai impactar, como o Dr. Ademar falou, somente o coronavírus, mas todas as comorbidades, todas as doenças crônicas que há no Brasil. Com tudo isso, podemos sair dessa guerra, num pós-guerra, melhores ainda, com isso instalado e funcionando. Que funcione não somente agora para combater esse vírus, mas para combater outros, porque vão vir novos vírus.

Não adianta sermos otimistas e dizer que foi a última pandemia. Não foi. Pelo que todo o mundo está estudando, parece que essas pandemias vão vir mais rapidamente.

Existe um cara - eu o acho brilhante - que, em 2015, descreveu o coronavírus e deu até o preço que o coronavírus custaria para os Estados Unidos.

Obviamente existe muita coisa que podemos trabalhar com esses números que temos. Para mim, não são dados. Nós temos que trabalhar o conhecimento. Quer dizer, temos que juntar esses dados, organizá-los, gerar informação e aplicar a análise e o entendimento. Temos que gerar conhecimento para a tomada de decisão dos gestores, dos executivos, daquelas pessoas que vão se utilizar das plataformas de inteligência artificial para tomar a inteligência do ser humano.

Então, nós estamos totalmente à disposição. Eu agradeço o tempo aos senhores. Fiquei muito, muito feliz com o que ouvi aqui hoje.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Só para entender, isso não tem em todos os leitos privados ainda? Só fazem parte desse painel de leitos alguns dos leitos particulares de Santa Catarina que são destinados à COVID-19?

O SR. JAIME LEONEL DE PAULA JUNIOR (Participação por videoconferência.) - Em todos os leitos privados. Dentro dos leitos privados, alguns já estão disponibilizados para a COVID-19. Por exemplo, nós temos um hospital privado que é o SOS Cárdio. Depois o Dr. Ademar me dá os números melhor. Se eu não me engano, ele tem 20 leitos de UTI, dos quais 5 foram disponibilizados, alocados para o combate ao coronavírus. Mas há o mapa de todos os leitos privados, de todos os respiradores privados, de todos os médicos que atuam só na iniciativa privada, de que tipo de leitos, de que tipo de estabelecimento, de que tipo de médico e assim por diante.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Mas todos os leitos privados do Estado estão inclusos?

O SR. JAIME LEONEL DE PAULA JUNIOR (Participação por videoconferência.) - Todos os leitos privados estão no mapa. Nós conseguimos dizer quantos há no segmento privado. Por exemplo, se o Estado quiser vir a negociar algum leito com a iniciativa privada, ele sabe o número que tem lá para buscar.

Foi feito um trabalho inicial de implantação aqui. Isso foi feito literalmente pelos bombeiros na parte de saúde pública. Eles não tinham os leitos em tempo real. Foi feito um trabalho, foi feito um mutirão para implantar isso - e foi implantado em questão de 1 dia, 2 dias.

A SRA. CARMEN ZANOTTO (CIDADANIA - SC) - Prof. Jaime, no Ministério, nós recebemos, por parte do CONASS e do CONASEMS, relatos de dificuldades com a informação em tempo real sobre os leitos ocupados.

Eu queria saber quais são as dificuldades que podemos estar tendo em Santa Catarina. Vamos imaginar o pior cenário possível para o Estado de Santa Catarina. Na pior projeção, nós conseguiremos saber quantos leitos de UTI nós precisaríamos ter, no pior momento no nosso Estado, disponíveis entre os leitos da rede privada e os leitos conveniados do Sistema Único de Saúde, próprios ou filantrópicos?

O SR. JAIME LEONEL DE PAULA JUNIOR (Participação por videoconferência.) - Poderíamos, sim, Deputada Carmen. O que nós estamos fazendo hoje é uma projeção de 10 dias para frente, com um pessoal da Universidade Federal de Santa Catarina e com um grupo de inteligência que foi formado. Só que nós podemos estender essa projeção. Obviamente ela pode aumentar um pouco a taxa de erro. Hoje ela está em cerca de 5%. Nós conseguimos fazer essa projeção inclusive para pegar a troca da curva, a queda da curva.

Uma das dificuldades grandes que já foi colocada aqui é a dificuldade técnica de integração de sistemas. Eu não entraria numa guerra agora para fazer integração de sistemas. Eu botaria como foi feito em Santa Catarina, onde foi implantado esse sistema. Esse não é um sistema para ficar para sempre, é um sistema para combater a guerra enquanto se implantam as integrações.

Então, eu acho que é isso. Temos que fazer o que é possível agora. Por quê? Porque cada hospital privado desse tem um sistema de gestão diferente. Se formos partir para fazer uma integração automática entre todos eles, vai demorar muito tempo - vamos trabalhar isso para a COVID-20, não para a COVID-19.

Então, eu acho que temos que implantar isso muito com visão de combate à guerra. Depois, na sequência, vai se implantando, paralelamente a isso, um sistema integrado, com ERPs, como o ERP da HSM, e assim por diante. Eu acho que essas atitudes agora é que têm que ter esse tempo correto.

A SRA. CARMEN ZANOTTO (CIDADANIA - SC) - Obrigada.

Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Eu fiz essa pergunta sobre os leitos privados. Agora, eu queria fazer uma outra pergunta. O que vemos são diferentes sistemas sendo abastecidos. Então, hoje, o painel de leitos do Ministério da Saúde por que não está funcionando?

É importante conversar sobre isso com vocês, porque eles fizeram de uma maneira que cada hospital público deveria abastecer o painel do Ministério da Saúde. O hospital público já passa informações para a Secretaria Estadual, General Peternelli - às vezes para a Secretaria Estadual, às vezes para a Secretaria Municipal. É mais um problema ele passar a informação ao Ministério da Saúde. Em vez de o Ministério da Saúde recolher a informação das Secretarias Estaduais, ele quis que os hospitais informassem a ele diretamente, o que não está acontecendo.

Eu queria saber se é possível compatibilizar os sistemas, de forma que se gere uma única informação, e essa informação vá para os diferentes tipos de sistemas.

O SR. GENERAL PETERNELLI (PSL - SP) - Essa é a proposta do Geovani. Ele não compatibiliza.

Deputado Luizinho, eu não sei se o Geovani está nos ouvindo. A proposta deles é exatamente essa. Eles colocam uma ferramenta no centro de dados dos hospitais, e essa ferramenta vai extrair os dados, sem se preocupar em compatibilizar ou não. Vou deixa o Geovani dar esse retorno. E aí, isso poderia ser feito num prazo muito curto, e o Ministério da Saúde teria essa compatibilidade.

Se os hospitais privados concordarem com que a ferramenta também seja instalada, com toda a cláusula de segurança e confidencialidade, isso...

(Intervenção fora do microfone.)

O SR. GENERAL PETERNELLI (PSL - SP) - Isso.

Então, essa ferramenta pode ser instalada.

Vou deixar para o Geovani, porque essa não é a minha especialidade, eu só tenho acompanhado.

O SR. GEOVANI MACHADO (Participação por videoconferência.) - General, eu vou pedir que o Bruno, que é nosso Diretor Técnico, faça essa explanação.

Por favor, Bruno.

O SR. GEOVANI BRUNO CROCE DE MIRANDA (Participação por videoconferência.) - Olá, pessoal! Uma coisa importante de explicar: de todos os hospitais acima de 60 leitos no Brasil, em torno de 70% do mercado se concentra em cinco softwares. No mercado de ERP hospitalar há, digamos, uma consolidação de fornecedores.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Concentrado. É um mercado concentrado.

O SR. GEOVANI BRUNO CROCE DE MIRANDA (Participação por videoconferência.) - Nós, na nossa experiência, conectamos a todos esses cinco, e até a outros mais. Então, onde é que entra a situação? Quando se tem muitas implantações disso, acaba-se pegando padrões para refinar isso.

Deixe-me conceituar corretamente. Pegar dados de um banco de dados é analitics. Você vai lá e extrai o dado. Quando você aprende padrões desses dados é machine learning. Nós usamos machine learning, que é quando se aprendem padrões para identificar. E a inteligência artificial é quando se consegue tomar ações, oferecer insights e tudo o mais, a partir do machine learning. Geralmente, esse é o caminho. Não é o único, mas geralmente esse é o caminho que se faz quando se fala de inteligência artificial.

Então, quando falamos que nos conectamos, não é um trabalho de meses. Para o líder de mercado no Brasil, leva 2 horas para conectar e já gerar dados e em torno de 1 semana para refinar esses dados junto com a coordenação de leitos que está lá dentro do hospital.

Claro, eu estou falando em 1 semana por ser um escopo mais amplo. Se for para validar só leitos, o escopo é mais restrito.

O que acontece? Nós temos uma inteligência hospitalar com mais de 400 indicadores pré-mapeados: banco, campo, tabela, relação, estrutura, join.

Não vou entrar na tecnicidade, mas, quando se fala de extrair dados, há uma diferença entre, por exemplo, pegar dados de leitos do CNES, ou dados de uma planilha que o hospital envia, um dado alimentado manualmente, e pegar dados de dentro do sistema hospitalar em uma situação real mesmo.

Por exemplo, já encontramos casos de hospitais em que a diferença de leitos no CNES e no operacional passa de 25%. O cadastro está totalmente desatualizado, e ele inclusive tem receio de atualizar isso porque acha que pode perder verba ou pode ter algum problema na negociação com o Estado. Eu acho que isso tem que ser colocado de lado, para ver a capacidade real, e não a teórica, do que ele consegue fazer.

Os modelos preditivos são extremamente importantes, e nós trabalhamos com eles, inclusive. Eu mostrei um fragmento muito pequeno da trama, só um pouquinho, para os senhores entenderem mais ou menos o formato. Eu não me atrevo a dizer que isso é uma inteligência artificial plena, porque é o machine learning, na verdade, é o aprendizado de máquina que nos ajuda.

O insight vem da experiência com essas 52 unidades hospitalares, uma experiência que veio dos clientes, das pessoas que estão dentro dos hospitais. A máquina ajuda a detectar padrões.

Quando falamos nessa situação, eu só queria esclarecer que esse é um trabalho que se conecta em cada realidade. Isso é difícil, mas nós nos especializamos nisso. O nosso conector, o nosso bot tem machine learning para aprender padrões de tabela e campo.

Vou dar outro exemplo: CID. Eu quero pegar o código da doença dentro do banco de dados. Existem seis locais diferentes, em média, em que eu posso rastrear isso. Qual é o mais preciso, o do atendimento, o do prontuário, o primário, o secundário? Existem ene locais dentro da estrutura da operação hospitalar.

Há um hospital que tem o mesmo sistema, o sistema "x" - não quero falar nomes aqui. Ele usa esse sistema. Eles têm o mesmo sistema, mas eles implantaram de maneira diferente.

Em que a HSP, nossa empresa, se especializou? Ela aprendeu a detectar esses padrões e muito rapidamente a colocar no ar a informação com maior precisão, tanto que temos um churn, ou seja, uma saída de clientes próxima de zero mesmo, porque eles veem esse retorno muito rápido. Isso nasceu da experiência com clientes. Nós nascemos dentro de um hospital. Eu só queria colocar essa diferença.

Achei muito interessante a iniciativa do trabalho feito aqui em Santa Catarina. Agora, a questão é que a maior dificuldade que encontramos está no refinamento ou na captura desse dado. Então, pode haver um banco - de banco eu posso falar o nome de uma maneira mais genérica -, o banco Oracle, o SQL Server, do fabricante tal ou do fabricante tal, que é implantado da maneira "x". É jogado tudo isso. O conector extrai lá de dentro; tramita numa camada criptografada para nossa nuvem, com chave do par público e privado. No momento em que ele faz essa tramitação, nós recebemos um arquivinho criptografado, que cai na nossa central, que processa isso. Então, criamos um mecanismo que centraliza, só que a captação é descentralizada.

Vou só complementar. Por que fizemos isso? Essa OS que atendemos, que nós comentamos, tem 12 unidades hospitalares no Brasil, com realidades de Internet bem diferentes, com sistemas diferentes. Quando a OS assume um contrato com o Estado, ela não vai trocar o sistema. Não tem como!

Então, não é necessariamente uma integração de dados, é uma leitura, é uma interface. É uma leitura que manda esse arquivo para lá. Na prática, ocorre a leitura da saída de processo. Não se está integrando, não se está fazendo nada muito complexo. O que é mais difícil é esse aprendizado sobre a realidade, mas temos o recurso de machine learning para nos ajudar.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Pelo que eu entendi, pelo meu português, que não entende nada de informática - estou aqui tomando uma surra do meu telefone -, você suga esse dado e consegue adaptá-lo no seu programa. É isso?

O SR. GEOVANI BRUNO CROCE DE MIRANDA (Participação por videoconferência.) - É isso. Pegamos só o que interessa. Essa é a questão.

Vou dar um exemplo, Deputado. Eu não preciso extrair 400 tabelas de um banco de dados, o que ficaria uma coisa enorme, pesada. Eu posso pegar só aquele dado do leito, em tempo real, criptografar e mandar só o que eu preciso para a nuvem. Mas cada lugar tem a sua forma de ler, tem a sua implementação diferente. Aí é que está a dificuldade, e foi nisso que nos especializamos.

Na implantação para as 12 unidades hospitalares dessa OS, para fazermos o painel de leitos em tempo real, que é só uma parte do escopo, levamos 1 semana e meia, porque havia muita dificuldade de conexão. Conseguimos desenvolver um trabalho bem interessante nessa questão de captar de maneira muito leve só o que é preciso e tramitar para a nuvem.

Mas é isto, Deputado, nós pegamos só a informação que queremos, e com isso o cliente tem segurança. Por exemplo, imagine, em um projeto público, um hospital que tem contrato com o SUS. Ele pode ficar meio escamado: "O que será que vão pegar da nossa base de dados?" Ele consegue dar permissão para se enxergar só aquilo que importa.

Nós elencamos leitos e taxa de ocupação média porque achamos que é mais fácil, pois esses são dados que eles já reportam para o DATASUS mensalmente. Só que isso pode ser diário, ou a cada 10 minutos, ou a cada 5 minutos, ou conforme se queira.

É isso mesmo.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Entendi.

Eu acho que esse sistema é uma das coisas que precisaríamos no Ministério hoje e lá no Estado do Rio de Janeiro também. Nos Estados e Municípios, os hospitais, principalmente os privados, cada um trabalha com os seus sistemas. Precisamos unificar.

O Brasil precisa de um painel de leitos públicos e privados de forma urgente, Deputada Carmen. Não é possível enfrentar uma epidemia sem o Ministério da Saúde ter um grande painel de controle de quem está internado e quem não está internado. Não existe essa possibilidade! Isso é impossível, é navegar no escuro, completamente.

Eu agradeço.

Agradeço a participação de todos.

Deputado General Peternelli e Deputada Carmen, querem fazer uso da palavra?

A SRA. CARMEN ZANOTTO (CIDADANIA - SC) - Presidente, nós vamos levar essas demandas à Dra. Adriana e à equipe do Ministro Nelson, para buscarmos ter mais dados. Com as experiências exitosas que existem no País, podemos melhorar o sistema.

É muito importante, neste momento em especial, repito, sabermos qual é a capacidade instalada, Estado por Estado, região por região, dentro de cada Estado, o número dos leitos extras para COVID-19 e dos leitos de enfermaria, para que possamos minimizar os danos e para não ocorrer nos demais Estados brasileiros aquilo que já ocorre em algumas regiões, como é o caso do Estado do Amazonas, que já está superlotado, com centralização dos leitos na Capital, dificultando o atendimento e o deslocamento, e com muitos domicílios sem nenhum tipo de assistência de saúde.

O que podemos fazer, aqui da Câmara, da nossa Comissão Externa, é buscar estreitar essas informações,

buscar ser os interlocutores entre as experiências exitosas, o Ministério da Saúde e cada um dos nossos Estados. Esse é o papel de cada um de nós Parlamentares da Câmara.

Estamos nos esforçando muito para conseguir fazer com que aconteça o diálogo que está acontecendo no Rio Grande do Sul entre o setor econômico, as entidades dos profissionais médicos, os gestores municipais de saúde, os Prefeitos e o Governo do Estado.

Precisamos que isso também se reproduza nos demais Estados brasileiros, porque, repito e vou ficar todos os dias dizendo, o resultado e o sucesso para minimizar o número de óbitos - e nós vamos ter óbitos - dependem muito da unidade. E essa unidade nós não a temos de norte a sul do País na condução dessa pandemia, com certeza.

Obrigada, Dr. Ademar. Obrigada, Prof. Jaime, Geovani e Bruno, por estarem aqui conosco na manhã de hoje, mesmo numa reunião organizada muito rapidamente, trazendo informações. E cabe a nós, então, buscar estreitar essas informações e facilitar o contato dos senhores junto ao Ministério da Saúde.

Muito obrigada a todos.

O SR. ADEMAR JOSÉ DE OLIVEIRA PAES JÚNIOR (Participação por videoconferência.) - Obrigado, Deputada. Obrigado por trazer o modelo de Santa Catarina e poder espalhar isso pelo Brasil.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. Bloco/PP - RJ) - Eu quero aqui agradecer a todos os presentes a participação neste momento. Muito obrigado.

Alguém mais quer fazer uso da palavra? (Pausa.)

Então, eu dou por encerrada a reunião, convocando reunião deliberativa da Comissão para as 16 horas, na sala das Comissões da Câmara dos Deputados e pelo sistema de teleconferência.

Muito obrigado.