CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 1171/15 Hora: 10:00 Fase:
Orador: Data: 14/07/2015



DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO


NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES


TEXTO COM REDAÇÃO FINAL


Versão para registro histórico


Não passível de alteração




CPI - PETROBRAS EVENTO: Audiência Pública REUNIÃO Nº: 1.171/2015 DATA: 14/7/2015 LOCAL: Plenário 14 das Comissões INÍCIO: 9h48min TÉRMINO: 12h PÁGINAS: 66


DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO


STAEL FERNANDA JANENE - Viúva do ex-Deputado José Janene.


SUMÁRIO


Tomada de depoimento.


OBSERVAÇÕES


Houve intervenção ininteligível.    Houve intervenções fora do microfone. Inaudíveis.







O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Havendo número regimental, declaro aberta a 35ª reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a prática de atos ilícitos e irregularidades no âmbito da empresa Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRAS, entre os anos de 2005 e 2015, relacionados ao superfaturamento e à gestão temerária na construção de refinarias no Brasil; à constituição de empresas subsidiárias e sociedades de propósito específico pela PETROBRAS com o fim de praticar atos ilícitos; ao superfaturamento e à gestão temerária na construção e afretamento de navios de transporte, navios-plataforma e navios-sonda; a irregularidades na operação da companhia Sete Brasil e na venda de ativos da PETROBRAS na África.

Informo aos Srs. Parlamentares que foi distribuída cópia da ata da 34ª reunião. Sendo assim, indago se há necessidade de sua leitura. (Pausa.)

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Peço dispensa da leitura da ata, Sr. Presidente.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Peço a dispensa da leitura da ata, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - O Deputado Luiz Sérgio, Relator, e o Deputado Izalci solicitam a dispensa da leitura da ata.

Dispensada a leitura da ata.

Em discussão a ata. (Pausa.)

Não havendo quem queira discuti-la, coloco-a em votação.

Os Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

Aprovada a ata.

Expediente.

Fax do Supremo Tribunal Federal com a decisão do Exmo. Sr. Ministro Celso de Mello, informando o deferimento de medida liminar no Mandado de Segurança n° 33.689 - abre aspas -, “em ordem a suspender, cautelarmente, até final julgamento da presente ação de mandado de segurança, a eficácia das deliberações da CPI da PETROBRAS, que, ao aprovar os Requerimentos nºs 828/2015,    829/2015 e 830/2015, ordenou a quebra de sigilo dos registros    bancários de Milton Taufic Schahin, de Rubens Taufic Schahin, de    Carlos Eduardo Schahin, de Salim Taufic Schahin, de Pedro Henrique Schahin e do Banco Schahin”.

Mensagens eletrônicas encaminhadas pela Empresa Mitsui & Co (Brasil) S.A., justificando a impossibilidade de comparecimento do seu Presidente, Sr. Shinji Tsuchiya, à CPI na data de hoje e solicitando reagendamento da sua oitiva para após o dia 04/08/2015.

Informam os advogados nos expedientes que o Sr. Shinji Tsuchiya, de nacionalidade japonesa, assumiu o cargo de Presidente da empresa em maio de 2015 e necessitará de prazo para obter as informações necessárias no sentido de responder apropriadamente aos questionamentos da Comissão. Solicitam audiência prévia e informam sobre a necessidade de tradutor para o depoimento.

Mensagem eletrônica da Delegada de Polícia Federal do Paraná Erika Mialik Marena, informando, em resposta ao aprovado Requerimento nº 629/2015, de autoria do Deputado Altineu Côrtes, que enviou os relatórios de análise e operações financeiras dos núcleos investigados na Operação Lava-Jato ao Juiz Sérgio Moro, por conterem informações decorrentes de afastamento de sigilo bancário e por se tratarem de dados obtidos por meio de decisão judicial.

Ofício encaminhado pelo Secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça com solicitação de acesso aos termos de declarações prestados em audiência reservada pelos Srs. José Alberto de Freitas Iegas e Dalmey Fernando Werlang - abre aspas -, “a fim de subsidiar os esclarecimentos a serem prestados à CPI pelo Ministro de Estado da Justiça, José Eduardo Cardozo”.

Ofício encaminhado pelo Presidente Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinícus Furtado Coelho, solicitando o reconhecimento da prerrogativa da Advogada Beatriz Catta Preta, para que não seja obrigada a testemunhar sobre fatos protegidos pelo sigilo profissional, em especial, informações sobre os seus honorários.

Mensagem eletrônica da 13ª Vara Federal de Curitiba, Paraná, com decisão proferida pelo Juiz Sérgio Fernando Moro, que indeferiu solicitação feita pela CPI no sentido do acesso ao conteúdo da colaboração premiada firmada entre o Ministério Público Federal e o Sr. Milton Pascowitch, homologada por aquele juízo. Na decisão, reconhece o juiz o relevante papel fiscalizatório exercido pela Câmara dos Deputados, enquanto afirma que o sigilo do acordo de colaboração premiada, até o recebimento da denúncia fulcrada no seu conteúdo, decorre de lei, sendo-lhe defeso transgredi-lo. Informa que, quando ultimadas as diligências em curso, a decisão de indeferimento poderá ser revista.

Ofício do Exmo. Sr. Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, informando deferimento, em parte, de medida liminar no Habeas Corpus nº 129.140, impetrado em favor da convocada pela CPI, Sra. Stael Fernanda Janene, para que:

A Comissão Parlamentar de Inquérito da PETROBRAS conceda à paciente o tratamento próprio à condição de acusada ou investigada, assegurando-lhe o direito de não assinar termo de compromisso na qualidade de testemunha, bem como para que a dispense de responder eventuais perguntas que impliquem autoincriminação e, ainda, para que não sejam adotadas quaisquer medidas restritivas de direitos ou privativas de liberdade como consequência do direito de não produzir provas contra si própria. Deve ser assegurado à paciente o direito de ser assistida por seus advogados e de com estes comunicar-se, pessoal e reservadamente, durante o depoimento perante a referida CPI”.

A decisão ressalva que “quanto aos fatos que não impliquem autoincriminação, persiste a obrigação de a depoente prestar informações”.

Ordem do dia.

A presente reunião destina-se à audiência pública com a presença da Sra. Stael Fernanda Janene - Requerimento nº 744/15, do Deputado Altineu Côrtes -, dos Srs. Shinji Tsuchiya, Presidente da Mitsui & Co. - Requerimento nº 961/2015, do Deputado Celso Pansera -, e J. W. Kim, Presidente da Samsung Heavy Industry Ltda. - Requerimento nº 960/2015, também do Deputado Celso Pansera.

Comunicação: esta Presidência informa que o Sr. Shinji Tsuchiya apresentou requerimento à CPI, justificando sua impossibilidade de comparecimento nesta data.

Acolhida a solicitação, designarei nova data para a audiência.

Foi encaminhado ofício ao Sr. J. W. Kim, Presidente da Samsung, com intimação para esta audiência. Considerando sua ausência, peço à secretaria que certifique o recebimento da intimação para as providências necessárias.

Assim sendo, convido a Sra. Stael Fernanda Janene a tomar assento à Mesa.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Sr. Presidente, apenas quero deixar consignado e registrado que a delação do Sr. Ricardo Pessoa não foi remetida a esta CPI, o que cria enorme dificuldade para todos nós, porque há um requerimento já aprovado para ouvi-lo. E ouvi-lo sem ter conhecimento do que ele relatou à Justiça e ao Ministério público cria dificuldade para todos nós. Esta foi uma decisão do Supremo. E agora, o Juiz Sérgio Moro, em liminar, nega que seja remetida a esta CPI também a delação do Sr. Milton Pascowitch. Então, o Supremo também liminarmente suspende a quebra dos sigilos dos pedidos da empresa Schahin.

Portanto, a CPI entra em um momento difícil para sua continuidade e consistência, mesmo com todos os dados que hoje estão disponíveis. E é lamentável, porque setores da imprensa e da mídia detêm essas informações, e a CPI não detém essas informações para poder prosseguir com os seus trabalhos. Era apenas para deixar registrado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Com a palavra ao Deputado Izalci.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Eu gostaria de fazer uma sugestão. Na CPMI da PETROBRAS, quando havia algum impasse com o Supremo ou com o Juiz, o Presidente ou uma Comissão da CPI marcava uma reunião no Supremo. Então, que o Presidente ou uma comissão aqui formada pudesse marcar uma reunião no Supremo e conversar com o Ministro para ver o que está acontecendo. Eu acho que vale a pena a gente marcar a reunião para saber a razão da negativa do depoimento.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Deputado Luiz Sérgio, Deputado Izalci, Sras. e Srs. Deputados, o Presidente Hugo Motta já está diligenciando esses contatos, porque, inegavelmente, essas negativas de informações, assim como as de quebra de sigilo, causam algum tipo de obstáculo aos trabalhos da CPI. Como nós estamos sob o império da lei, evidentemente, a gente tem que obedecer às determinações da Justiça brasileira. Mas nada impede, como bem disse V.Exa., Deputado Izalci, que haja diligências junto ao Supremo Tribunal Federal e à Justiça - até ao próprio Juiz Sérgio Moro -, para que se possa fazer avaliação de prazos, procedimentos e até liberação dessas informações e de quebra de sigilos.

Eu quero mais uma vez afirmar que o Presidente Hugo Motta está cuidando já dessas providências.

Também quero registrar que a Sra. Stael Fernanda Rodrigues de Lima Janene encontra-se acompanhada pelo seu advogado Luis Gustavo Rodrigues Flores, OAB-PR nº 27.865, com escritório localizado na cidade de Curitiba.

Tendo em vista o teor do requerimento aprovado e em face do deferimento, em parte, pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, de medida liminar no Habeas Corpus nº 129.140, esta Presidência informa que V.Sa. será ouvida na qualidade de investigada, assegurados os seus direitos constitucionais, ressalvando-se que, quanto aos fatos que não impliquem autoincriminação, persiste a obrigação de V.Sa. prestar informações.

Informo V.Sa. que a sua colaboração para a elucidação dos fatos certamente terá efeito nas conclusões desta CPI e que a versão apresentada nesta assentada poderá atrair para V.Sa. outros benefícios que a lei lhe garante.

Peço a atenção das senhoras e dos senhores para as normas estabelecidas no Regimento Interno da Casa.

O tempo concedido à depoente será de até 20 minutos, prorrogáveis a juízo da Comissão, na conformidade do art. 256, §2°, não podendo ser aparteada. Os Deputados interessados em interpelá-la deverão inscrever-se previamente junto à secretaria.

Com a palavra, por até 20 minutos, a Sra. Stael Fernanda Janene.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Bom dia.

Estou aqui a convite dos nobres Deputados e, dentro do possível, quero esclarecer as dúvidas, motivo pelo qual coloco-me aqui à disposição. É só.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Com a palavra o Relator, Deputado Luiz Sérgio

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Sra. Fernanda, a senhora conhece o Sr. Alberto Youssef?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Conheço.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - E a senhora tinha conhecimento de que o Sr. Alberto Youssef operava no mercado paralelo de moedas estrangeiras?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Na realidade, eu não tinha conhecimento da profissão dele, do que ele fazia, porque o meu contato com ele era no final de semana, em almoço, em casa de família, nessas coisas assim.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Mas V.Sa. tinha conhecimento de que o Alberto Youssef já tinha sido preso pelo Juiz Sérgio Moro no caso Banestado e tinha sido beneficiado por uma delação premiada?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Tinha. Aí, sim, eu sabia, através da imprensa, até porque nessa época a gente não se relacionava, a gente não convivia. Depois disso, ele veio a ser o padrinho do meu filho mais novo, a convite do Janene, que é o meu falecido ex-marido.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - E, na sua convivência com o Sr. José Janene, ele nunca relatou que o Alberto Youssef era uma pessoa que operava para ele recursos de campanha, recursos que ele arrecadava para as campanhas políticas?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não que eu saiba. Dentro do que eu sei... e sei muito pouco, porque o Janene - e quem o conheceu sabe - era uma pessoa muito fechada. A esposa não participava da vida política dele. Hoje eu comentei com o meu advogado que deve ser a quinta ou sexta vez que eu venho a Brasília. Ele morou aqui 12 anos. Eu vim nas três posses e, depois, mais uma ou duas vezes. Então, eu vinha muito pouco para cá. Eu não participava da vida política dele nessa parte. E todas as vezes que ele recebia o Alberto Youssef em casa ou alguma coisa assim, eles conversavam entre eles, particularmente, e nunca na frente dos seus familiares.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Quanto ao fato de ele ter sido preso e depois liberado, a senhora nunca ouviu nenhuma conversa? E, nas conversas que tiveram, ele nunca se reportou a esse acontecimento?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Na época desse escândalo do Banestado, o noticiário foi grande em relação a isso. E a minha cidade é a mesma que a dele, Londrina. Então, assim, tudo o que eu fiquei sabendo na época foi através da imprensa. E a aproximação dos dois veio depois disso, depois de ele ter sido preso, depois de ele ter saído da prisão.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - E o Janene nunca falava da sua relação política, das operações que ele fazia? Ele nunca falava sobre esse tema?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Comigo, não. Ele era bem fechado em relação a isso, não dava abertura para esse tipo de coisa. Sequer eu tinha liberdade para falar assim: “Olha, esta semana eu vou passar a semana em Brasília”. Eu nunca tive essa liberdade com ele, tampouco de chegar e falar alguma coisa sobre campanha com ele, sobre a parte financeira, essas coisas, exceto sobre a parte social, durante o período eleitoral, quando eu trabalhava com ele fazendo assistência social onde ele tinha trabalho, nos Municípios em que ele tinha trabalho.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - E a senhora sabe relatar se o Alberto Youssef, nos diálogos que ele tinha, relatava possuir inimigos? Ele reclamava de algumas pessoas, de alguma operação?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - O Alberto Yousef falando para o Janene, conversando com o Janene?

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - É, se tinha algum inimigo, ou se...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, não me recordo desse tipo de coisa.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Assim como ele também não falava dos amigos que possuía e das relações políticas?

A SRA. STALE FERNANDA JANENE - Não, não.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - E procede a afirmação de que a senhora gostaria de ter vindo a esta CPI e que se sentiu, num determinado momento, enrolada pelo Alberto Youssef, pelo fato de que ele teria uma procuração do Sr. Janene e que, com a morte do Janene, ele nunca deu satisfação à sua família do que realmente ele representava de interesse do Sr. Janene?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Que eu tenha tido interesse ou vontade de estar aqui, não, até porque é um tanto quanto constrangedor vir nesta situação em que eu estou, entendeu? Mas eu nunca tive problema em relação a isso com o Youssef, até porque, quando o Janene faleceu, eu já estava separada há 1 ano e 10 meses. Eu já estava separada. E a nossa separação foi uma coisa de que ele não gostou muito. Nós tivemos problemas. Então, ele não falava comigo. Ele ficou 44 dias internado no hospital, na UTI, no INCOR, e eu não fui ao INCOR visitá-lo, porque não era vontade dele. Ele tinha dado uma ordem de que não era para deixar. Ele não queria que eu o visitasse, embora eu seja a mãe dos três filhos dele. Então, a minha relação com o Janene depois da separação não foi uma boa relação. Ele era um pai presente, um ótimo pai; a gente tinha uma guarda compartilhada, mas era assim só em relação aos meninos. Eu nunca questionei o que ele deixou, o que ele teria deixado ou alguma coisa em relação ao Alberto, porque eu sempre parti do princípio de que, se eu não fiz, se eu não trabalhei, se eu não tinha, se eu não mandei nada, não era meu. Então, eu não tinha que ir atrás. Então, eu não me preocupei com isso. Conversei com o Beto algumas vezes depois do falecimento do Janene; umas duas vezes ele deve ter ido visitar o meu filho, que é afilhado dele - uma coisa, assim, tipo época de Natal. Depois ele sumiu. E eu devo ter visto ele mais umas três vezes fora da minha casa, assim. Só.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Então, essa história que circulou do seu descontentamento, de que ele teria se apoderado de uma conta do Sr. Janene em Luxemburgo não procede?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, não procede. E, olha, tudo isso que está saindo na imprensa, tudo o que tem aparecido agora, pra mim, assim, me causa até uma surpresa, porque quem conheceu o Janene lá na nossa cidade sabia que o Janene era uma pessoa simples. Ele não era de ostentar. Então, depois que ele morreu e que vieram esses comentários sobre milhões e milhões e milhões, é uma coisa em que eu não possa acreditar, levando em consideração que eu era casada com uma pessoa que reclamava da conta da verduraria. Então, eu não tinha, assim, poder para fazer o que eu quisesse na minha casa, comprar o que eu quisesse. Nunca entrei numa loja de grife para comprar uma bolsa ou falar assim: “Não, eu posso. Tenho autonomia, sou bem casada, vou lá e vou comprar”. E isso embora eu tenha me casado com uma pessoa que tinha posses na época. Quando eu me casei com o Janene, ele não era Deputado, já era empresário, tinha dois aviões. Então, assim, ele tinha uma empresa legal. Casei com um homem numa situação boa, mas eu nunca tive essa liberdade. Até a compra da minha casa quem fazia era a secretária dele. Eu não podia fazer nem isso.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Quer dizer que grande parte do patrimônio que ele possuía era um patrimônio que ele tinha adquirido antes de entrar na política?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Antes de entrar na política. O Janene, ele tinha uma empresa de iluminação pública; ele teve uma empresa de transporte coletivo em Rondônia, a Viação Ji-Paraná; ele teve dragas de ouro no Rio Madeira; tudo isso antes de se tornar Deputado. Depois, ele começou a mexer com política. Saiu candidato na primeira vez, perdeu; na segunda, ele já foi eleito e ficou como Deputado.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Sr. Presidente, eu vou me dar como satisfeito e solicitar que os outros Parlamentares que queiram fazer as suas perguntas possam fazê-lo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço ao Deputado Luiz Sérgio.

Passo a palavra para o Sub-Relator, o Deputado Altineu Côrtes.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Sra. Stael, desculpe se eu for repetitivo, mas eu preparei umas perguntas.

A senhora tem conhecimento de alguma conta que o ex-Deputado José Janene tinha no exterior?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - A senhora nunca soube que ele teve nenhuma conta em nenhum banco no exterior?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, não soube.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Se a senhora não soube, também a senhora nunca assinou nenhum documento relativo a nenhuma conta de banco ou a qualquer tipo de transação bancária junto com o ex-Deputado José Janene?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Vou ser sincera. Se... Eu não vou afirmar pra você que eu nunca tenha assinado nenhum documento para ele sem ler ou qualquer coisa assim nesse sentido, porque seria muito difícil ele me entregar um documento para assinar e eu falar: “Não, eu vou ler. Espere aí um minutinho”. Ele não iria esperar. E quem conhece o Janene sabe do que eu estou falando. Ele não iria esperar, ele não iria deixar eu ler, ele era uma pessoa assim - entendeu? Então, se eu assinei... Acredito mesmo que não, porque nunca vi nada parecido com isso. Mas eu não me lembro de ter assinado nada nesse sentido.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - O Alberto Youssef classificou o Deputado Janene como o principal articulador do esquema de propina da PETROBRAS. A senhora sabia que o Alberto Youssef tinha esse relacionamento, em relação à PETROBRAS, com o Deputado Janene?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu não sabia. E isso é uma coisa, assim, que podia até passar na minha cabeça, depois da minha separação: que eles sempre estavam juntos; que eles tivessem qualquer negócio. Mas eu não tinha noção da dimensão desse negócio, nem de onde era esse negócio. Eu, pessoalmente, nunca estive na PETROBRAS, nunca passei perto, nunca vi essa pessoa que diz ser indicada do Janene na PETROBRAS, esse que é o diretor. Eu nunca estive com ele, eu não o vi pessoalmente, entendeu? Então, tudo o que eu sei em relação a isso eu ouvi falar. Eu posso tirar as minhas conclusões, mas nada com certeza. Então, eu não sei se o Janene foi tudo isso que falam em relação à PETROBRAS, porque eu nunca vi isso na nossa vida. Em Londrina, ele não foi para lá para visitar. O Janene esteve doente lá e não recebeu essas visitas, entendeu? Porque ele teve um AVC antes de falecer. Antes de ser internado no INCOR, seis meses antes, ele teve um AVC e ficou um tempo em Londrina. Então, não tive conhecimento dessas visitas. Embora eu também não o visitasse, porque eu também não podia, a gente sempre fica sabendo, e eu não sabia dessas ligações dele.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - A senhora tem conhecimento... se a senhora teve ou o ex-Deputado José Janene teve algum cartão de crédito de banco do exterior, de contas do exterior?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu não. Agora, ele, eu também não sei. Acho que não. Nunca vi.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - A senhora sabe que a CPI aqui tem um contrato com uma empresa que está buscando ativos que foram desviados da PETROBRAS no exterior. O nome dessa empresa é Kroll. E, na última..., aliás, na reunião que aconteceu, pelo menos na última reunião de que eu participei, a imprensa divulgou que existiam 59 contas em 33 países, citou o nome dos países. E essa empresa vai, até agora, no início do mês de setembro, finalizar esse trabalho.

Então, ela já localizou as contas, ela vai apresentar à sociedade - não à CPI, mas à sociedade como um todo - titulares, movimentações bancárias, contas. E, entre essas suspeitas, existiria uma conta - eu não posso aqui afirmar com certeza, mas a denúncia é a de que existiria uma conta - que teria um saldo de mais de 100 milhões de euros em nome do Sr. Janene, o ex-Deputado Janene, e que, quando o ex-Deputado faleceu, essa conta teria sido movimentada pelo Sr. Alberto Youssef...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Hum, hum.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - ...porque ele teria uma procuração. A senhora não tem conhecimento de nada disso?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não tenho conhecimento de nada disso. Mas também eu volto a falar que eu já estava separada há 1 ano e 10 meses. Foi uma separação difícil, tanto que ele nem concedeu o divórcio, nada, para mim, eu fiquei separada. Ele nem casado me falava sobre negócios, essas coisas assim. Então, ele tinha vida de um Parlamentar normal: viajava na terça, ficava em Brasília até quinta, chegava quinta em casa, final de semana. Não falava em dinheiro comigo, a não ser para falar que a coisa estava difícil, sempre aquela coisa que... E os negócios dele com o Alberto, para mim, eram amizade, eram de compadre que ia jogar baralho em casa. E, depois que eu me separei, eu perdi o contato, porque ficaram, né... essas pessoas acabam ficando com a outra parte, do lado dele, no caso. E, quando ele faleceu, aí eu perdi completamente, eu não tenho muito contato, a não ser... A ex-esposa do Alberto mora na minha cidade, a Joana. Então, de vez em quando, a gente conversa, a gente se vê. Mulher tem mais afinidade, mais contato nessa parte de comadre, mas, com o Beto Youssef, não. Mas também, em relação a contas, a valores, eu acho que, mesmo se eu estivesse com ele, ele jamais iria me falar. O Janene não era o tipo de pessoa de confiar assim.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Sr. Presidente, por enquanto, eu estou satisfeito aqui com as perguntas.

Obrigado, Sra. Stael.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - De nada.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço ao Deputado Altineu Côrtes.

Vamos para a lista de membros inscritos da CPI. O primeiro Deputado é o Deputado Izalci.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Bem, eu perguntaria à D. Stael: V.Sa. casou-se com o Janene quando?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Na realidade, eu conheci o Janene em 1987 e passei a morar com ele em 1988, 1989. Mas eu só vim a me casar com o Janene em 2001, foi quando nasceu... eu ia ganhar o segundo filho. O primeiro tem o nome do pai. Aí, pela religião deles, pela crença deles, eles acreditam que o filho homem de um muçulmano deva levar só o nome da mãe... do pai, e não o da mãe. E a gente tinha essa questão de nomes, porque ele queria que colocasse só o nome da família dele, e eu não era casada com ele e falava: “Eu não vou colocar. Eu vou colocar o meu nome também no meu filho”. Aí ele fez um casamento surpresa para mim, ele foi e organizou tudo, e a 15 dias antes de eu ganhar o meu filho, ele...

O SR. DEPUTADO IZALCI - Sim, mas a relação foi a partir de 1989, só?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - A partir de 1987.

O SR. DEPUTADO IZALCI - 1987.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - 1987.

O SR. DEPUTADO IZALCI - E quando houve a separação? A data?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Em... ai, em 2008. Novembro de 2008.

O SR. DEPUTADO IZALCI - 2008. Então, durante o mensalão, vocês conviviam?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Estávamos casados.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Com relação àquele episódio do mensalão, V.Sa. se lembra de alguma coisa, participou? Lembra que o Janene foi acusado de ter participado, pela empresa...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Sim, sim...

O SR. DEPUTADO IZALCI - ...inclusive uma empresa que ele tinha, de que ele era sócio, a Dunel?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Na época da Dunel, eu já estava separada, né? Olha aí pela documentação. Eu já estava separada.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Aqui não tem a data. Quando ele montou essa empresa?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, eu já estava separada, sem conversar com ele. Eu não sabia nada da vida dele mais.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Tá. Isso aqui já foi na época da PETROBRAS.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É. É.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Mas na época do mensalão, ele era do PP, era um dos Líderes que tinha relação com a Presidência, na época, o Lula. Ele falava alguma coisa dessa relação Janene e Lula? Nunca comentou nada?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, nunca comentou nada. Eu via, ele era um homem muito assediado, ligavam Ministros, ligavam Deputados, o pessoal em casa, mas não tinha assim uma coisa de falar: “Olha, o fulano me ligou...”, entendeu? Eu não vinha... eu vinha muito pouco para Brasília. Eu deixei... Como ele era cardíaco, ele tinha uma alimentação complicada, ele tinha... Então, assim, eu vim para Brasília quando montou esse apartamento funcional ali. Deixei uma pessoa que trabalhou com a gente, que trabalhava comigo em Londrina há muito tempo, porque ela era cozinheira, era de confiança e ficou trabalhando com ele. Eu fui embora e nunca mais voltei para cá. Quer dizer, nem fiquei, nem morei aqui. Eu só vim montar o apartamento.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Ele comentou alguma coisa sobre o Zé Dirceu?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Na época, assim, ouviam-se muitos nomes, esses que estão..., porque eram pessoas, eram políticos influentes, eram pessoas que estavam ali na mídia toda hora. Então, eu não posso... Que era amigo dele? Não! Frequentou a minha casa? Vi o Zé Dirceu alguma vez pessoalmente? Nunca, entendeu?

O SR. DEPUTADO IZALCI - Ele nunca comentou sobre ter indicado alguém para o Governo?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Nem para a PETROBRAS?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Nem para...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Por isso eu estranho, mais uma vez eu vou falar que eu estranho muito quando falam assim: “Olha, ele era o cara que mandava na PETROBRAS”. Não, eu não acredito.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Nem com Vaccari, nem com o Zé...?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, não.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Com ninguém? Essa empresa CSA, que é do Youssef, V.Sa. teve conhecimento de alguma empresa relacionada com o Youssef e com ele?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, não. Dessa CSA, eu fiquei sabendo depois que estourou tudo isso daí. Eu fiquei sabendo pela imprensa também.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Essa questão que saiu na imprensa de que V.Sa. queria desmascarar o Youssef, isso aí...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não existe.

O SR. DEPUTADO IZALCI - ...foi produto da imprensa mesmo?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É produto da imprensa, de diz-que-diz, de que um fala... A cabeça das pessoas é bem fértil, então cada um cria a sua história: “Ah, a Fernanda tem um monte, sabe de um monte de coisa e tem um monte de coisa para falar.” Eu não sei nada.

O SR. DEPUTADO IZALCI - Teve uma história no início de que a Lava-Jato teria sido iniciada exatamente com essa questão, de que V.Sa. tomou conhecimento, de que ele tinha essas contas no exterior. Então, nada disso é verdade?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Nada. Nunca.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Para concluir, Deputado.

O SR. DEPUTADO IZALCI - O.k. Sr. Presidente, estou satisfeito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço ao Deputado Izalci e passo a palavra ao segundo membro inscrito da CPI, o Deputado Silas Câmara.

O SR. DEPUTADO SILAS CÂMARA - Sr. Presidente, Srs. Relatores, Sra. Stael Fernanda Janene, segundo informações, alguns Deputados do PMDB, numa conversa com a senhora, foram surpreendidos com a informação de que se suspeitava que o ex-Deputado José Janene estivesse vivo. A senhora teve alguma...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Nunca.

O SR. DEPUTADO SILAS CÂMARA - ...algum contato com algum Deputado?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, nunca tive nenhum contato com nenhum Deputado, nem do PMDB, nem de qualquer outro partido. Nunca tive essa dúvida. Eu não sei de onde surgiu isso. Pegou-me de surpresa também. Eu levei um susto até, porque saiu na imprensa que eu teria estado com algum Deputado, conversado sobre isso e falado que eu teria essa dúvida. Nunca! Jamais! Eu participei de toda a cerimônia do velório dele e do enterro dele.

O SR. DEPUTADO SILAS CÂMARA - D. Stael, a senhora teria alguma outra informação importante, que não essa da especulação, que a senhora julgasse, ou que a senhora julga, importante para o procedimento dos trabalhos desta Comissão e que a senhora queira acrescentar ao seu depoimento?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Infelizmente não tenho nada importante que possa acrescentar.

O SR. DEPUTADO SILAS CÂMARA - Muito bem, Sr. Presidente, as minhas perguntas eram apenas essas, já que o objeto do requerimento eram exatamente essas informações.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço ao Deputado Silas Câmara e passo a palavra ao Deputado Marun.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - É difícil, né, Presidente? Na verdade, é difícil!

Nós, realmente, Sra. Stael, tínhamos uma expectativa de que o seu depoimento pudesse ser mais esclarecedor. A sua casa, então, em Londrina, nunca foi local de reuniões? A ela nunca compareceram empreiteiros, outros políticos? Só o Beto que a frequentava?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É. Dessas pessoas que estão aparecendo, que estão envolvidas nesses escândalos dos últimos tempos, só o Alberto mesmo, e como padrinho do meu filho, que... Ele ia final de semana, almoçar, jogar baralho à tarde, ou chegava na quinta à noite, e o Janene chegava. Aquela coisa de casa de árabe: faz comida, joga baralho. Ele chegava para bater um papo ali junto com o pessoal, sempre com a colônia árabe em casa. Então, era só o social mesmo.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - E a amizade do chamado Sr. Beto, que é o Sr. Youssef, com o Janene é anterior ao surgimento dessas notícias? Anterior à participação dele na política?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. É assim: eles são libaneses, filhos de libaneses...

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Sim. Eu também sou.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - ...tinham aquela relação familiar. Um conhece o outro, a filha do Janene, minha enteada, namorou o sobrinho do Alberto, de vez em quando encontrava em jantares, coisas assim. De repente, eles foram se identificando, conversando, convivendo, aquela coisa de amizade, e ele veio a batizar o meu filho, que tem 11 anos agora. Fez 11 anos.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Tem hoje 11 anos?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Tem hoje 11 anos. Aí estreitou mais a relação, com o batismo do meu filho caçula.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Empreiteiros nunca visitaram a sua casa?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Eu não conheço essas pessoas.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - E a senhora disse que o seu processo de separação foi difícil, até litigioso,...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Conturbado.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - ...conturbado. Por questão financeira?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Na, realidade, não. Na realidade, foi por motivos...

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Se foram pessoais, eu também não me...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - ...pessoais, e eu não gostaria de falar. Mas, assim...

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Então, não precisa falar.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu quis a separação. Ele não queria a separação. Então, ele não... não ficou muito satisfeito com a separação.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - E, por acaso, esses escândalos que sinalizavam em relação ao Sr. Janene foram motivos de a senhora pretender a separação?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Também. Também, porque muita coisa eu fiquei sabendo pela imprensa, quando foi acontecendo. E, entre outras coisas, também entra essa outra parte de traições, dessas que têm saído na imprensa. E aí eu resolvi me separar.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Positivo. Então, é isso que eu tenho a lhe perguntar. Eu só tenho mais uma pergunta: nós ouvimos várias vezes que a senhora gostaria de vir até aqui, à CPI. Mas a senhora veio aqui para se defender, se a senhora não está sendo acusada de nada?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não...

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Por que a senhora gostaria de vir aqui? Para nos conhecer? Desculpe, mas eu até me sinto um pouco constrangido...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Então, mas eu gostaria de saber quem disse que eu gostaria de vir aqui. Se teve alguém, assim, se pode nominar alguém: “Fulano falou que conversou com a Stael Fernanda, e ela disse que gostaria de participar”. Jamais! Eu não tenho... até porque eu não tenho nada a acrescentar ao trabalho de vocês. Porque, se eu tivesse, sim, eu poderia falar: “Olha, eu vou lá e vou acrescentar e, de repente...” Mas eu não tenho!    Eu não saía da minha cidade. Eu trabalhava... Na época de campanhas eleitorais, eu trabalhava com ele. Tirando isso, eu tinha o meu trabalho. Então, assim... E trabalhava com ele naquela coisa de fazer o social! Nada de arrecadar fundos para a campanha, nada de tomar grandes decisões. Então, eu tinha... A minha participação foi...

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - A senhora é nascida em Londrina também?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Sou nascida em Londrina.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Bom, Sr. Presidente, eu não tenho nada mais a inquirir.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço ao Deputado Marun.

Passo a palavra ao Deputado Celso Pansera.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - Sr. Presidente, nós deveríamos organizar a ida a Curitiba para ver se fazemos as acareações lá em Curitiba. Sr. Presidente, está até aprovado, visto que temos encontrado dificuldade em trazer os depoentes que estão presos para cá e aqueles que estão com liberdade assistida. Claro está que, na minha avaliação, há um bloqueio por parte da PF e da polícia a esta CPI. Não tenho mais dúvida.

Na medida em que a gente meteu a mão na ferida das escutas ilegais e de algumas ações que podem vir a ser ilegais, a gente vê que tem um bloqueio à ação desta CPI e a gente tem que tomar uma atitude mais dura. E eu acho que a gente ir a Curitiba ouvir e fazer as acareações lá reduz a margem de manobra de quem comanda a Justiça de lá, até porque as acareações com o Youssef e com o Paulo Roberto Costa só passaram a acontecer depois que esta CPI começou e aprovou a acareação. Então, eu acho que a gente tem que tomar uma medida mais dura em relação a isso, respeitando as instâncias, todas as independências de diversas instâncias institucionais. Mas o fato é que nós temos que partir um pouquinho para cima desse negócio aí.

Hoje houve operações da Lava-Jato; são 53 mandados expedidos. Então, continuam agindo. E não temos acesso a informações fundamentais para que o nosso trabalho seja feito, até porque hoje as ações todas foram voltadas para o chamado núcleo político da Lava-Jato. E temos que começar a entrar nessa discussão e entender o que está acontecendo.

Sra. Stael Fernanda, eu vou lhe fazer, de qualquer maneira, algumas perguntas: a senhora conheceu o Deputado Pedro Henry?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - ... Pedro Henry, de Mato Grosso?

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - Isso.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu acho que estive com ele uma ou duas vezes aqui, em Brasília, nas posses. Quando eu vinha para a posse, ficava uns dias a mais.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - E Pedro Corrêa?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Também, do partido.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - E o Sr. João Cláudio Genu?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Esse, eu conheci, trabalhou com o Janene.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - Trabalhou com o Janene?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Assessor dele.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - E o Sr. Hermes Magnus?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Esse, eu estive com ele uma vez, porque ele, esse Magnus, parece que era alguma coisa da Dunel, né? Foi quando eu estava me separando, e ele montando a Dunel.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - Deixe eu lhe falar: como é que foi...? A senhora tem três filhos com o falecido Janene.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Hum, hum.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - Óbvio, isso só envolve questões pessoais. Mas houve um momento em que se discutiu patrimônio, discutiu-se herança, os direitos dos seus filhos, da senhora, a sua pensão, na época da separação. Nunca surgiu nenhuma novidade? Nunca alguém falou: “Olha, vamos lá olhar, porque tem uma conta lá no exterior e tal”, alguma coisa assim, algum conhecido em defesa dos direitos dos seus filhos? Nunca? Nada?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Assim, na realidade, quando eu me separei, eu fiquei com a pensão, que eram 30% do valor que ele recebia como Deputado. O que eu já tinha era meu; o que ele tinha era dele. E isso era muito claro. Ele tinha duas filhas do primeiro casamento. Eu trabalhava com eventos, entre outras coisas, com rádio e tal. Então, eu fazia até já pensando que a minha vida era meio complicada com ele nessa parte, principalmente na parte financeira. No tocante ao financeiro, o Janene era uma pessoa complicada. Então, eu sempre fui fazendo a minha vida separada. E, quando eu quis a separação, ele avisou, ele falou: “Você vai ficar com a pensão a que você tem direito”. “Está bom!” Eu queria a separação e me separei.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - Eu entendo isso, eu entendo isso. Mas o que me parece... Deixe-me só lhe falar: eu lhe perguntei alguns nomes, e a senhora...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, apareceram...

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - ...a senhora conhecia as pessoas, tinha algum nível de relação? Não é possível que não tenha. Com todo o respeito que tenho à senhora, porque aqui a senhora não está sendo acusada de nada, mas nós estamos buscando uma investigação.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Hum...

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - Fica muito claro também para mim que há no Paraná, ali - e eu acho que envolve a tríplice fronteira, aquele negócio todo -, um grande esquema de entrada e saída de dinheiro, de entrada e saída de armas. É muito forte, porque tem... É difícil explicar, por exemplo, como o Alberto Youssef tem uma importância tão grande com pessoas tão importantes da República, com Diretores da PETROBRAS, poderosíssimos, que dificilmente as pessoas conseguiam chegar até eles. E o Alberto Youssef tinha esse trato. É óbvio que a senhora pode dizer aqui - e pode ser que tenha acontecido - que é muito fácil agora jogar toda a culpa para cima do Janene, que é falecido.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - Então, isso tudo é do jogo. E a gente entende isso. Mas está claro que ali, nesse esquema, há muito escândalo estourando em cima das mesmas pessoas: no Banestado; aí depois apareceu no mensalão; aí aparece no petrolão. As coisas funcionam muito no Paraná, nesse submundo, vamos dizer assim. E a senhora, de certa forma, teve uma convivência, em um período, nesse ambiente. Não a estou acusando, por favor.

Mas a senhora, convivendo, não é possível que não tenha percebido movimentações, que alguém não tenha falado: “Olha, aqui tem problema; olha, ali não sei o quê”! E a relação dele com o Líbano... Os bancos libaneses não possuem acordos de informações com o Acordo de Basileia. Então, eles são protegidos, têm um sistema de proteção entre eles que não extrapola as fronteiras do Líbano. Mas a colônia libanesa no Brasil é muito forte - a gente os respeita, obviamente. Mas a senhora nunca viu nenhum movimento nesse sentido? A senhora nunca esteve no Líbano, nunca percebeu essas coisas? Nunca...? Isso passava ao largo da sua vida?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Sim. Eu nunca estive no Líbano. Na realidade, eu estive fora do País com o Janene em duas ocasiões: para Miami. Todas as viagens que ele fazia era sozinho. Ele também só conheceu o Líbano depois de separado. Então, eu não pude acompanhar, nem saber o que foi e o que não foi fazer lá. Ele conheceu o Líbano depois que ele tinha se separado. Então, levando em consideração que o Janene se aposentou em fevereiro de 2007 - né? -, ele se aposentou em fevereiro de 2007, quer dizer, ele estava afastado do poder, afastou-se. E as coisas continuaram depois... Nós estamos em 2015, e no ano passado é que estourou... Quer dizer, em 2010, quando ele morreu, e ele ficou praticamente o ano inteiro internado, em tratamento, até morrer, em setembro, não é muito tempo ele fora do poder, e as coisas rolando, as coisas acontecendo? Será que era só o Janene? Quem eram os outros Deputados que davam esse apoio, então? Porque eu só não aceito essa coisa de falarem assim: “Não, foi o Janene que fez, o Janene é que estava lá”. Mas o Janene morreu. Ele saiu e, em 2007, aposentou-se. O Janene ficou o ano de 2010, em que ele morreu, praticamente o ano inteirinho internado, para morrer no final de 2010. E as coisas continuaram depois que ele morreu também? Como é que ele faz do Além? Então, o que eu imaginei é assim: outras pessoas com um poder muito grande é que poderiam ter acesso ao Alberto Youssef, que poderiam ter contato com o Youssef e com os outros, com o Paulo Roberto. Então, hoje é mais fácil, o Janene morreu! “Ah, tudo foi o Janene!” Mas...

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Desculpe-me, Deputado, quem eram esses outros Deputados então?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Não sei. Eu estou dizendo assim...

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Mas, a senhora convivia...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu imagino outros Deputados...

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - Ela reconheceu, disse que reconheceu, o Pedro Corrêa e o Pedro Henry, não é isso? A senhora conheceu eles, né?

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Desculpa, Deputado. Obrigado.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Eu conheci esses Deputados dentro do partido, dentro da... aqui em Brasília, quando o Youssef foi Presidente do partido, aqui, quando vinha, ficava todo mundo na Liderança do partido, assim; nas três vezes que eu vim nas posses; e depois mais umas duas vezes. E depois também não vim mais para cá, porque não podia. Então, eu estou dizendo... Mas não falo só em termos do partido, não. Eu falo de outras pessoas, porque, por exemplo, o Alberto Youssef recebia outros Deputados de outros partidos dentro do escritório dele. Isso eu sei através da imprensa, como todo mundo. Então, eu sou uma pessoa que nunca participei, nunca saí candidata a nada. Na realidade, eu não gosto dessa parte de política, entendeu? Eu sofri um pouco de fobia social, no final do meu casamento, na minha separação, porque é aquela coisa de a gente ter que estar convivendo e estar se relacionando com pessoas com quem você às vezes não tem nem afinidade. Então, eu tive muitos problemas em relação a isso. Eu não fazia questão também de estar junto com ele nesses eventos políticos, em jantares, em festas, até porque também, muitas vezes, eu nem era convidada. Mas eu não fazia questão de acompanhar, entendeu? Então, eu sei muito pouco em relação à vida dele, porque os últimos anos do meu casamento, antes da separação, já eram uma preparação para a separação. Então, a gente já... Ele dormia no quarto de hóspede da minha casa. Então, assim, já era difícil. Então, com certeza, ele não iria confiar nenhum segredo, não iria conversar perto, não iria fazer nada se tivesse alguma coisa para fazer. Se ele tivesse fazendo alguma coisa escondida, errada, qualquer coisa, não iria confiar a mim.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - O.k. Obrigado, Sra. Fernanda. A senhora ia falar alguma coisa em relação ao momento da partilha, e eu, para não perder o raciocínio, continuei falando e acabei interrompendo a sua fala. A senhora falou alguma coisa quando eu falei da partilha dos filhos. Nunca surgiu nenhuma informação extraordinária, alguém comentou? A senhora, depois, pareceu-me se lembrar de alguma coisa para falar.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não! Então... Sim, boatos, só boatos. Muita gente chegava... até pessoas, de repente, queriam se aproveitar de uma situação e falavam: “Olha, vem cá, você vai atrás, porque você vai achar”, de repente até querendo tirar algum proveito ou querendo só colocar dúvidas e... Mas era tudo um achismo, entendeu? Era uma coisa que, se tivesse mesmo - e já tinham estourado o mensalão e outras coisas -, era uma coisa que eu nem fazia questão de ir atrás, se tivesse. Então, não me interessava. É uma coisa que não me doeu. Ele não tirou nada meu. Se ele realmente... se amanhã ou depois aparecer em alguma documentação que ele teria uma conta e o Alberto Youssef era o beneficiado, era o procurador, qualquer coisa dele, isso não vai me doer nem um pouquinho, porque não é minha, porque eu não fiz, porque eu não levei, entendeu? Não é dos meus filhos também. Eram negócios deles, escusos, e não me interessam. Eu não quero participar.

O SR. DEPUTADO CELSO PANSERA - Está o.k..

Presidente, só um minutinho. Eu fiz um pedido de quebra de sigilo da família do Youssef, e foi negado no Supremo. Semana passada, eu o reapresentei, e novamente foi aprovado.

E, no mesmo dia, eu recebi a ligação de uma jornalista do Paraná, e a impressão que eu tenho é a de que, de uma forma ou de outra, alguém vinculado ao Youssef falou com essa jornalista. Eu não anotei o nome, não sei se repercutiu na imprensa, não sei como é que foi. Mas é claro, está aqui, é uma espécie de intimidação, ele dizendo que eu estava... falou na Justiça que o meu pedido de quebra é para intimidá-lo. Eu falei: “Como é que eu posso intimidar alguém? Um cara com a vida tranquila como eu, um professor que continua dando aula, como é que pode intimidar alguém do tamanho, do porte e da importância, que já teve para a República esse submundo, do Sr. Alberto Youssef?” Mas a sensação que eu tive, na fala da jornalista, é que ela tinha a informação de alguém. E a intimidação era para cima de mim. Por isso, eu acho importante... Foi na quinta feira que a gente aprovou, e na quinta-feira, à noite, eu recebi a ligação. Não passo recibo, eu não tenho medo.

Mas eu acho importante a gente organizar a ida lá para Curitiba e demonstrar que nós não temos medo, que o que nós queremos é fazer a acareação e partir para cima desse negócio, para ver de fato como o Youssef se envolve, e a família dele, e o nível de informações que ele tem ainda e as relações que ele continua na sociedade.

Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Deputado Luiz Sérgio.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - A senhora falou aqui que o Janene esteve no Líbano. Sabe precisar em que ano foi isso?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não sei, exatamente não sei. Foi após a minha separação. Eu me separei no final de 2008, então pode ter sido em 2009.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - A sua separação ocorreu quando?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Em 2008.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Em 2008?

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - E a senhora conheceu o Paulo Roberto Costa? Ele frequentou a sua casa lá em Londrina, no Paraná?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Não o conheci. Nunca estive com ele, não me lembro de ter falado com ele, nem de atender ao telefone.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - E o Sr. Duque, também Diretor da PETROBRAS, e o Nestor Cerveró, ou seja, Diretores da PETROBRAS não frequentaram a sua casa em Londrina?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Nenhum. Não conheci, pessoalmente, nenhum. Aliás, eu não conheço nem onde fica o prédio da PETROBRAS, no Rio de Janeiro.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - E o Sr. Roberto Bertholdo, que foi aqui um assessor parlamentar, foi Conselheiro da Itaipu Binacional? A senhora conheceu essa pessoa? Ele frequentou a sua casa no Paraná?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu estive com o Bertholdo algumas vezes no Paraná, na ocasião do lançamento de campanha, que eu me lembro bem. E eu acho que só desse lançamento de campanha mesmo. Depois devo ter estado outras vezes com ele em Curitiba, alguma coisa assim.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - A afirmação do Sr. Bertoldo de que ele disse: que a 2ª Vara Criminal tinha criado a indústria da delação premiada; que o Youssef tinha entregado todos os doleiros do Brasil inteiro e se apropriou dos seus clientes; que ele operava com o grupo da Nelma, que hoje está presa - que era de Santo André -, e com o Funaro; e que essa ação do Youssef, na sua primeira delação premiada de entregar praticamente todos os doleiros do Brasil e proteger os seus amigos, acabou controlando 80% do câmbio paralelo do País. Em algum momento a senhora... Esse Sr. Berhtoldo conversou, ou a senhora ouviu esse comentário do Sr. Bertholdo?

A SRA. ESTAEL FERNANDA - Nunca. Nunca.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Nunca? Tá o.k. Obrigado.

Acho que agora pode (ininteligível).

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Só tenho uma pergunta complementar ainda, Relator: a sua situação financeira hoje é boa?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Não é?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu pago um REFIS alto de Imposto de Renda. Hoje eu mexo com imóveis. Eu sou corretora de imóveis, eu mexo com eventos, com dupla sertaneja. Eu sou meio “Pereirão”: faço de tudo um pouco, para manter os meus três filhos. (Risos.) E recebo a pensão, que é dos meninos, né? Mas, trabalho muito.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Pensão de um valor...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, pensão integral do Deputado.

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - É? Porque divide...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, porque os meus filhos são menores, né?

O SR. DEPUTADO CARLOS MARUN - Sim, sim.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Deputado Pansera, com relação à quebra de sigilo dos familiares da família Youssef, V.Exa. tomou uma boa providência, através do requerimento que foi encaminhado à Secretaria da CPI. O Relator, o Deputado Luiz Sérgio, assim também entendeu, tanto que nós o colocamos para ser submetido à apreciação do Plenário na última reunião, e foi aprovado por unanimidade.

De maneira que a gente vai prosseguir com serenidade, tranquilidade, avançando e esperando que possamos efetivamente alcançar essas informações, através da quebra do sigilo dos familiares da família Youssef.

Com a palavra o Deputado Édio Lopes.

O SR. DEPUTADO ÉDIO LOPES - Sr. Presidente, eu gostaria de fazer um preâmbulo, para análise desta Comissão.

O que nós estamos vendo, durante o nosso trabalho, é uma dificuldade enorme de termos acesso àquilo que o Poder Judiciário vem apurando e vem tendo como resultado. Isso é notório. Talvez isso por conta de que a lei que estabelece o regramento das CPIs no Brasil seja uma lei com três ou quatro artigos ainda do início da década de 1950. Portanto, eu acho que esta CPI deveria também se debruçar nisso e, ao final, apresentar propostas inovadoras, para que o Poder Legislativo não permaneça a reboque e como coadjuvante, isso quando o Poder Judiciário o permite. Até o Ministério Público, que nem poder é, tem tripudiado em alguns aspectos sobre as prerrogativas e os trabalhos desta Comissão. Eu usei uma palavra forte, mas não me ocorre outra, Sr. Presidente. Então, deixo aqui a nossa sugestão.

A depoente já deixou muito claro a esta CPI qual é a linha que ela adotou na sua vinda até esta Casa. Portanto, resta muito pouca esperança de que, do depoimento da Sra. Fernanda, aproveite-se alguma coisa de mais substancial para os trabalhos desta Comissão.

Ainda assim, eu pergunto à D. Fernanda se ela teve alguma conta conjunta com o Sr. Jatene.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Janene.

O SR. DEPUTADO ÉDIO LOPES - Janene, perdão!

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, nunca tive.

O SR. DEPUTADO ÉDIO LOPES - Nunca teve conta conjunta?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não.

O SR. DEPUTADO ÉDIO LOPES - O Pansera perguntou se a senhora conhece, ou conheceu, o Sr. Hermes Magnus. A senhora disse que sim. E a pergunta é: a senhora sabe, ou soube, dos negócios que o seu falecido esposo tinha com essa pessoa?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Quando eu conheci o Hermes, eles estavam começando a conversar. Os negócios deles vieram depois, assim.

O SR. DEPUTADO ÉDIO LOPES - Começando a conversar? Então, a senhora sabia qual era o...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Eu conheci uma pessoa, que era um empresário que estava em Londrina e esteve na minha casa um dia para tomar um café. Eu o recebi como uma esposa recebe, serve um café e saí de perto, não participei. Depois disso, ouvi dizer: “Ah, montou alguma empresa, tal”. Mas eu não sabia o que era, não vi, nunca fui lá.

O SR. DEPUTADO ÉDIO LOPES - É impressionante como o contato da depoente é de apenas uma vez, de forma muito esporádica e superficial, com todas as pessoas do círculo de relacionamento do falecido Deputado.

Sr. Presidente, eu não gostaria de prolongar essa nossa participação, mesmo porque, como já adiantei, parece-me que pouco ou quase nada teremos de proveito nesta audiência.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço ao Deputado Édio Lopes.

Passo a palavra ao Deputado Onyx Lorenzoni.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Sr. Deputado Antonio Imbassahy, eu queria perguntar à Sra. Fernanda o seguinte: o Deputado Janene foi Líder da bancada do PP - quando é que ele chega aqui, em Brasília, quando ele se elege no seu primeiro mandato, Sra. Fernanda?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Como?

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Qual é o primeiro mandato dele, o ano em que ele se elegeu?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Vou puxar na memória aqui...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Mais ou menos.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É. Mais ou menos. Tem aí?

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, não foi em 95, não. Ah, foi. Foi em 95 mesmo. Foi em 95, mais ou menos isso.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Foi em 95.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Mais ou menos isso.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Quando é que ele chega à Liderança do Partido Progressista?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Segundo mandato.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Segundo mandato. Então, se ele se elegeu em 94, no mandato de 98.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Então, 1998 até 2002; 2002 até o episódio da CPI dos Correios e do Mensalão; depois, quando ele sai em 2006, se não me falha a memória.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É. Final de...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Correto?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Ahã.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Muito bem. Eu queria lhe perguntar o seguinte: de 2002 para frente, vamos facilitar, desde que ele chegou em Brasília, a senhora ouviu falar no nome Paulo Roberto Costa?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Eu ouvi o nome do Sr. Paulo Roberto Costa...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Quando estourou aí...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Quando estourou...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - O petrolão.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É. Quando estourou...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - O escândalo.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - E ouvi alguma coisa assim quando Janene morreu, antes de estourar o nome dele, logo quando Janene morreu: “Olha, ele era muito amigo do Fulano, muito amigo do Sicrano”. E, numa dessas vezes, pode ter surgido o nome dele. Mas, assim, eu não o conhecia nem por foto.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - A senhora se separou do Deputado Janene em 2008. Então, em 2002, a eleição dele para Deputado Federal pela terceira vez: 2003, 2004. Sem entrar em minúcias, até respeitando-a, a relação do casal era boa?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Uma relação normal.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Tá.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Normal para uma pessoa que... Ele era um homem muçulmano.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Em 2003, ou melhor, no início de 2004, o Partido Progressista conquista a sua maior indicação no Governo Federal, que é o cargo da diretoria de abastecimento da PETROBRAS.

Entre os anos de 2003 a 2004, não há nenhuma conquista do porte da diretoria de abastecimento da PETROBRAS. Este cargo, politicamente, partidariamente, foi uma demonstração teórica de grande capacidade de articulação e força do Deputado Janene, que era o Líder do partido.

Eu volto a lhe perguntar: anteriormente a esta data do falecimento do Deputado Janene, a senhora nunca ouviu falar, ele nunca comentou nada sobre Paulo Roberto Costa, nem que ele tinha conseguido uma grande conquista em 2004?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Nunca?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Nunca.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Outras conquistas que ele obteve, ou vitórias pessoais, ele comentou com a senhora?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Sim, quando eles fizeram... O Severino foi eleito... Essas coisas.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Essas conquistas políticas ele compartilhava com a senhora?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Políticas, políticas, compartilhava, até porque às vezes ele passava mais tempo aqui, e às vezes... Isso, só nessa parte.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Sim, mas o que era assim mais marcante, como é na vida de qualquer casal, o que é mais marcante se divide.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Talvez não tenha me chamado tanta atenção em relação a esse tipo de coisa, esses cargos, assim, porque era uma coisa da qual eu não participava. Então...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Mas a senhora anteriormente nunca tinha ouvido falar então. Nem anteriormente, nem depois. A senhora vai ouvir falar no período em que...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Quando começou a estourar: “Ah, o homem do Janene, foi o Janene”.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Sim, mas quando falece o ex-Deputado, surgem algumas coisas que citam o Paulo Roberto. É isso?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, do poder que ele tinha conquistado, esse tipo de coisa.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - E a senhora veja que ocorreu em 2004, o falecimento se deu em 2010...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - E eu não conhecia essa pessoa.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - ...e entre 2004 e 2010 a senhora nunca ouviu falar?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Obrigada. Isso é muito útil para nossa investigação.

Em 2012, segundo uma informação que eu tenho, o Ministério Público do Paraná fez uma denúncia de 11 pessoas que eram ligadas ao Deputado Janene, porque os movimentos financeiros estavam muito ancorados no trabalho feito pelo Meheidin Hussein Jenani, que trabalhou com o seu ex-esposo.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Primo dele.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Primo dele. E aí tinha uma troca e uma movimentação financeira acima do normal com a esposa dele, que era Rosa Alice Valente.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - E secretária dele.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - E secretária dele. Era assessora do Janene a Rosa Alice.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Era; os dois.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Mas, na denúncia do Ministério Público, aparece também que houve movimentações, pela quebra do sigilo, obtida pelo Ministério Público Federal, na sua conta pessoal, acima da capacidade financeira ou de renda que a senhora teria. Inclusive, o Ministério Público Federal apurou que depósitos oriundos da Bônus Banval e da Natimar passaram pela sua conta e também pela conta da Daniele, que é a filha.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Eu queria saber: A senhora está se defendendo desses processos? Ele usou a sua conta para movimentar dinheiro? O que a senhora pode nos dizer em relação a essa denúncia do Ministério Público Federal que é recente, faz 3 anos? Ela não faz 3; faz dois anos e pouco.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, a investigação é anterior, né? É uma investigação que estava vindo.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Ah, uma investigação lá atrás, ainda do mensalão.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É. Na realidade, a Rosa era secretária dele, braço direito dele, e o primo também.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Certo.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu tinha uma conta minha, que eu deixava, por ele ficar fora... Ficava talão de cheques assinado com eles. Aliás, até pra buscar o talão de cheques, pra assinar e pra movimentar. Mas essa conta seria pra pagar as despesas da casa, o que era a secretária dele que fazia: compra de mercado e de tudo quanto é coisa. Então... Eu prefiro até usar o meu direito de permanecer calada e não falar sobre isso, porque eu não sei muito bem como que está. Sei que existiu realmente uma conta minha, que era movimentada pela secretária dele do escritório e o primo dele, que eram as duas pessoas de maior confiança dele, ali, que cuidavam de tudo.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Ela estava no seu nome... Ela estava no seu nome...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Sim.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É uma conta pessoal.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - É conta pessoa dela.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Mas não era conjunta, né?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não era conjunta; era pessoal.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Não, era pessoal.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - É por isso.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu deixava o talão de cheques com eles, e eles faziam... Até porque também nesse período eu tive três filhos. Então, assim: é momento que sai, se ausenta, e não trabalha ali com eles e... A minha participação no escritório dele mesmo era no ano eleitoral, que aí eu trabalhava na parte social, eu fazia essas coisas...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Então, a senhora supõe que essa conta foi indevidamente usada por eles, é isso?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É. Acredito que possa ter sido, mas eu gostaria de...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Não, não. Eu vou respeitar. A senhora está nos ajudando bastante.

A outra pergunta é o seguinte - e é final, Presidente: há o fruto do trabalho que houve lá no episódio do mensalão. Eu volto a ele porque eu estava lá na CPI dos Correios e eu acompanhei todo aquele episódio. Uma parte dos recursos obtidos, segundo a análise do Ministério Público, tanto o Federal quanto o do Estado do Paraná, foi transformada em patrimônio. Aí se fala em fazendas, se fala em imóveis em condomínio lá de Londrina. Esses imóveis, com o falecimento dele, a senhora acabou herdando?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Esses imóveis estão bloqueados? Como é que ficou essa situação? Essa ação está se desenrolando - pelo que eu sei, ela não chegou ao final ainda, no Judiciário, pelo menos -, porque a suspeita e a denúncia do Ministério Público é a de que uma parcela daquele patrimônio foi obtida através dos desvios na época do episódio do mensalão e, hoje, começa-se a fazer uma conexão de que não apenas na época do mensalão, também derivada do próprio esquema que havia na PETROBRAS. É por isso que eu pergunto como ficou esse patrimônio derivado da vida empresarial, mas também política do Deputado Janene. A senhora tem parte dele? Está bloqueado pela Justiça? Como que isso ficou?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Tudo que eu tenho está bloqueado pela Justiça e vai ter que aguardar o término das investigações pra poder ser comprovado - entendeu? - que era o que... O Janene, ele era uma pessoa de posses; ele tinha uma empresa, porém ele tinha uma cultura que muitos brasileiros tinham na época que sonegavam-se muito impostos. Então, eu costumo dizer que ele muitas vezes pegava dinheiro quente das empresas e esfriava o dinheiro, porque, se ele comprava um imóvel, ele não declarava, se ele fazia alguma coisa assim... Eu comecei a me relacionar com ele... Eu tinha 16 para 17 anos e comecei a trabalhar com ele, fui ter filho depois de 10 anos. Então, a gente ia muito pra Rondônia, pra Ji-Paraná, ficava lá na empresa de ônibus. E por isso eu tinha uma participação nas empresas dele, embora eu não estivesse no papel. Então, eu tinha uma retirada da empresa, na qual ele me aconselhava de que forma investir. E isso eu ia fazendo. A minha casa foi comprada... Ah, é uma casa boa, uma casa grande, são dois terrenos. Mas eu primeiro comprei um terreno, comecei a construir, depois comprei outro. Então, assim, é uma coisa que eu prefiro não falar, que está tudo sendo explicado, tudo sendo esclarecido. Esse REFIS que eu pago é em relação a essa sonegação de Imposto de Renda, que também já acertei a minha parte com a Receita Federal. Dependo do término desse processo pra poder ver o que eu consigo liberar da minha vida, das minhas coisas, porque até então tudo o que eu tenho, até o ar que eu respiro é... indisponível.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Sra. Fernanda, uma última pergunta: eram quatro fazendas que eram mesmo de propriedade do Janene?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, na realidade não eram quatro fazendas. É que, nas escrituras, vem pedaço daqui, pedaço dali. Chegou uma época que chegaram a falar em 13, um sitiozinho que agrega aqui, o outro ali, e vem já na escritura quando você compra um pedaço de terra. Na realidade, dele são...

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - No processo tem quatro, por isso que eu estou perguntando.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - São duas.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Ah, são duas?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - São duas.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Que resultaram de agregações, não é isso?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Ah, talvez por isso tenha essa ideia adequada.

Muito obrigado pela sua presença aqui.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço ao Deputado Onyx Lorenzoni.

Já passo a palavra para a Deputada Eliziane Gama.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Sra. Fernanda, Presidente desta sessão, Deputado Imbassahy, e demais colegas.

Dona Fernanda, primeiramente, eu quero externar a minha colocação aqui referente a essa questão familiar e emocional, especialmente pela posição sua, como esposa, e hoje está aqui nesta CPI respondendo a esses questionamentos.

E a primeira pergunta que eu faço à senhora: qual a acusação? Existe alguma acusação referente à senhora? A senhora já prestou algum tipo de depoimento na Justiça Federal, na Polícia Federal, referente à Operação Lava-Jato?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A senhora não tem informação de nenhuma acusação contra a senhora?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Na Lava-Jato, não.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - E na sequência eu venho com a outra pergunta: a senhora veio para cá assegurada com habeas corpus, não é isso? Ou seja, a senhora não teve a obrigação de assinar o termo de compromisso de não falar a verdade. É isso?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, por uma questão puramente técnica, uma decisão dos advogados, que acharam melhor assim. Mas tanto que eu nem estou usando esse direito, eu estou respondendo, dentro do possível. Dentro do meu entendimento que eu sei, eu estou tentando responder a todos.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Mas a senhora tem a garantia de não estar falando a verdade?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Sim.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Por conta da documentação.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Sim. Conforme está escrito.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Por que recorrer a um documento, recorrer a um direito que lhe é, na verdade, assegurado?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Porque eu sou investigada na... Depois da morte do Janene, me incluíram no processo do mensalão.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - O procedimento é conexo com a Lava-Jato.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, que é o procedimento conexo com a Lava-Jato, o do mensalão.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Então, a senhora responde no caso...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Por isso eles pediram o HC.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Certo. E a senhora responde na...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - No mensalão.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - ...no mensalão.

A senhora conhece ou já ouviu falar no Enivaldo Quadrado? Enivaldo Quadrado. Já ouviu falar nele?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Sim.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Qual o tipo de conhecimento que a senhora tem acerca dele? Como era a relação dele com o Janene?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Que eu me lembre, muito pouca. Muito pouca.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A senhora me respondeu de imediato que conhece. Conhece de que forma? Tinha contato com ele?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Conheço... Conheço pela imprensa, porque... E teve um episódio até também que... é... Ele foi preso com um valor, logo na época da minha separação. Foi preso, e aí falaram que ele estava trazendo esse valor pra mim. É uma coisa assim que... que não existiu, entendeu? Dessa época.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A senhora chegou a falar com ele? Em algum momento teve contato com ele?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Já estive com ele uma vez, duas, assim, na casa do Janene... na casa do Janene em São Paulo, ali onde ele tinha um escritório, que ele ficava.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A senhora recorda o que se deu nesse encontro...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - ...quais os tipos de conversa que vocês tiveram?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Na realidade, a minha enteada trabalhou com ele, né?

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Como é o nome da sua enteada?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - A Michele, ela fez estágio com ele na época de corretora, tal, ela estava estudando em São Paulo. Então... Mais por conta disso. Mas eu não tenho nenhum conhecimento com ele. Não conheço família, não conheço esposa, não conheço nada dele.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A segunda pergunta que eu faço à senhora: na verdade, Youssef é padrinho, não é isso, de um de seus filhos?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Isso.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Como é que se deu esse convite? Foi da senhora ou foi do Janene?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Janene.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A senhora se arrependeu de tê-lo como padrinho do seu filho?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, em nenhum momento. A esposa... A ex-esposa dele é ótima, e muito presente na vida do meu filho.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Como é o nome da ex... Qual das ex-esposas de Youssef?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Ele só tem uma ex-esposa, que é a Joana Darc...

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A senhora só conhece essa como ex-esposa?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, a outra era uma moça que teve um caso com ele, né? Essa que saiu, né?

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Qual? Você lembra... Você pode falar o nome dela?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Acho que é Taiane.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Taiane?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Era. Essa eu não conheci.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Nelma Kodama. Você lembra dela? Você já ouviu falar nesse nome?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Só pela imprensa.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Mas você nunca...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Nunca estive, nunca vi.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - ...viu nenhum relacionamento dela com Youssef?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, nunca estive com eles.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Não a conhece?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - (Estalido com a língua.)

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A outra pergunta que quero fazer à senhora é referente a esse comportamento. Por exemplo, a senhora fez uma série de colocações: que não tinha acesso às informações do seu marido, que não viajava com ele, que não vinha para Brasília, que não fazia as compras pessoais, que não fazia o mercado de casa, as compras de casa. E eu, como mulher, fico me perguntando, assim, a posição de esposa, de companheira. Não parece que era sua posição, não é? Parece - vou até usar um termo muito forte -, parece aquelas mulheres que são submetidas até a um regime de escravidão. Você está ali, não pode fazer nada.

Ao mesmo tempo, a senhora está aqui e demonstra uma certa autonomia, parece ter muita personalidade, pela própria situação que a senhora coloca agora, não é, fala que se vira de várias formas para poder garantir o sustento dos filhos, enfim. Não parece uma contradição, Dona Fernanda?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Ah, isso é uma questão muito pessoal, mas eu vou te dizer. Ele era mulçumano. Então, se procurar saber um pouquinho da cultura mulçumana, você vai entender que a mulher que casa com um mulçumano, embora eu seja cristã, de criação cristã... A gente não tem muita... muitos direitos. É uma coisa que... Você é casada, você tem, dentro da tua casa, o melhor marido do mundo, não vai te faltar nada de comida, bebida. Isso daí você vai ter. Teus filhos têm o melhor pai do mundo, pai presente. Só que eles são de famílias... Eles são extremamente machistas, entendeu? É uma coisa que é deles. E eu conheci ele muito cedo. Eu comecei a me relacionar com ele com 17 anos, 16, 17 anos. Então, eu fiquei dentro da cultura dele, abracei bem essa cultura. Em nenhum momento eu me senti desvalorizada, subestimada por isso. Não. Eu tinha o meu valor dentro de casa como esposa dele, participava da cultura dele. Criei os meus filhos, crio os meus filhos. Mas em nenhum momento me senti desvalorizada ou qualquer outra coisa parecida. Agora, é natural que, depois de tanto tempo, praticamente 6 anos, 7, vai fazer 7, né, de separação... E a gente aprende um pouquinho a se virar e a nadar, né? Mas não que eu não trabalhasse antes. Eu sempre trabalhei. Trabalhava em empresas com ele, entendeu? Na época eu tinha uma rádio, trabalhava... Arrendada, tá? Eu tinha a concessão, o arrendamento. Eu levei a Transamérica pra Londrina. Aí... Com o apoio dele. Eu trabalhava, ele me ajudava, porém eu tinha algumas restrições que qualquer mulher com marido ciumento vai ter: viajar sozinha. “Não.” Entendeu? Essas coisas assim não. Nunca me incomodou também.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Dona Fernanda, a senhora está aqui hoje numa CPI. É a minha última pergunta, Presidente. A senhora está hoje aqui numa CPI e a motivação da sua vinda à CPI, num primeiro momento, era até que a senhora estava muito disponível a falar e a contribuir com os trabalhos da Comissão. E consta, na verdade, em torno do seu ex-marido falecido todo um escândalo que moveu a história do País. Inclusive as pessoas que vêm aqui, uma boa parte das pessoas que são acusadas acaba colocando a culpa no Janene.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, ele já morreu. É mais fácil!

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Ele não está aqui para se defender. Quer dizer, há toda essa acusação em torno dele e de outros mais que também já faleceram. A senhora acha injusto? A senhora acha que, de fato, Janene levou muita culpa, que participou de fatos de corrupção, ou a senhora acha uma injustiça hoje essas acusações em torno dele?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu não vou dizer que seja uma injustiça, mas eu vou dizer que eu não acredito, embora eu não possa provar, eu não tenha como fazer nada em relação a isso. Eu até gostaria, por causa dos meus filhos, que eu tenho três filhos com ele, três filhos adolescentes, que vêm sofrendo com essas informações na imprensa direto, entendeu, saindo o nome do pai direto, saindo “a mãe vai à CPI”, o pai fez isso, o pai fez aquilo. Isso daí, para crianças - os meus filhos tem 17, 14 e 11 anos - é bem complicado. Então, o meu filho está fazendo acompanhamento psicológico, porque tem hora que não aguenta, que chora e fala: “Mãe, não aguento mais”. Entendeu? Só que seria muita ingenuidade minha achar que eu fosse conseguir sair e fazer justiça, se eu me sentir injustiçada em relação a isso que está acontecendo. Eu acredito, eu tenho a minha opinião, eu acredito que não foi só o Janene. O Janene não inventou a corrupção no Brasil, ele não inventou a corrupção na PETROBRAS. Acredito piamente nisso, até porque o diretor, pelo que eu sei, ele já trabalhava lá dentro da PETROBRAS. Isso é uma coisa que não é de agora. Mas isso é opinião minha. Eu não tenho como falar “Ah, alguém falou isso! Eu vi, eu pesquisei, eu peguei uma prova.” Então, eu não posso ser leviana a ponto de ficar dando a minha opinião e falando coisas que eu não tenho como prova, entendeu? Então, é uma coisa minha. Eu posso escrever um livro amanhã e colocar tudo o que eu acho como opinião.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A senhora vai escrever o livro?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Pretendo. Talvez seja essa a recordação que os meus filhos vão ter do pai. Mas só que isso é uma coisa minha, porque hoje eu não posso sair brigando com a imprensa do Brasil todo, querendo defender uma pessoa que eu não vou ter como defender. Eu não tenho como provar nada.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Mas a senhora confirma que ele teve envolvimento. Não foi só ele, mas ele teve envolvimento?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Confirmo. Isso daí eu confirmo. Acredito que teve.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - As relações dele, do ponto de vista partidário, além dos agentes, dos membros filiados ao PP, com quais outros partidos e líderes partidários ele também uma relação muito próxima? A senhora lembra? A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não lembro. Eu não sei lhe precisar. Se eu falar em termos de região, na minha região ele era uma pessoa muito respeitada por todos ali, entendeu? Então... As pessoas gostavam muito do Janene como político. Ele tinha um trabalho incrível. Durante o tempo em que ele foi Deputado, ele foi recordista de recursos para a nossa região. Então, se você sair, em Londrina e região, os Prefeitos, os Vereadores, as pessoas, os eleitores, eles adoram até hoje o Janene.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Obrigada, Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço à Deputada Eliziane Gama.

Passo a palavra ao Deputado Ivan Valente.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nossa depoente, Sra. Stael Fernanda, a senhora colocou na sua locução que o José Janene é um homem muito complicado financeiramente. É uma frase que a senhora usou. Poderia detalhar o que a senhora quer dizer com isso?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - No sentido de que ele não era aquela pessoa de esbanjar, de querer demonstrar que tivesse dinheiro. Era o contrário. Para a família, ele sempre era assim: “Olha, está difícil”. “Vamos fazer tal coisa?” “Não dá.” Entendeu? Nessa parte. Ele não era de ficar ostentando nem para a família. Sempre estava tudo muito complicado, se falasse alguma coisa... “Vamos fazer uma viagem nas férias?” “Eu estou apertado. Não dá.” Sempre assim. Então, por isso que me causa muita estranheza quando vejo falar “olha, essa fortuna toda, o Janene...” Eu não tive acesso a esse tipo de coisa.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Mas ele tem propriedades e patrimônio, não?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Perto do que está sendo falado são mínimas as propriedades que ele tem. E, mesmo assim, tudo enrolado, tudo indisponível.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu queria perguntar à senhora o seguinte: eu estou com um depoimento aqui de um dos delatores da delação premiada, que eu vou citar em seguida, que fala que o Paulo Roberto Costa foi indicado pelo Janene como Diretor da PETROBRAS. A senhora nunca ouviu falar isso dentro de casa? Ele nunca se referiu a Paulo Roberto Costa?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Isso daí eu ouvi depois que o Janene faleceu. Começou a aparecer: “Olha, era o homem do Zé Janene, era o homem do Zé Janene”. Mas antes, não.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - O Sr. Youssef a senhora conheceu bem?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Conheço.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Conhece ele bem. Ele frequentava sua casa?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Sim.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora conhece o Sr. Rafael Ângulo?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Conheço.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Como que a senhora conhece o Sr. Rafael Ângulo?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu estive algumas vezes na casa do Youssef, em São Paulo, porque as meninas dele foram morar lá para estudar e a minha comadre sempre ficava por lá. Então, às vezes em que eu ia levar meu filho no médico ou alguma coisa, sempre passava por São Paulo e passava na casa dele    pra conversar com a Joana. E em algumas vezes eu encontrei o Rafael lá, o Sr. Rafael, né?

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Na residência do Sr. Youssef?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, um senhor, né?

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Na residência do Youssef?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Na residência dele.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora sabe o que fazia o Sr. Rafael Ângulo?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Pra mim, trabalhava tipo faz tudo pro Beto: vai buscar pão, vai dirigir pra filha, vai    tudo. Era um funcionário dele.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - E levar malas de dinheiro também?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Isso eu não posso afirmar porque eu nunca vi e porque também nunca veio...

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Mas a senhora já ouviu falar agora?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Ouvi. Ouvi falar agora.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Que ele era o maior entregador de malas de dinheiro?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, isso agora eu estou acompanhando; pela imprensa eu estou ouvindo isso daí.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Então, veja, tem uma triangulação aí, porque o Sr. Janene era muito chegado com o Youssef. O Youssef era muito chegado com o Rafael Ângulo, que era o entregador de malas. Agora, a senhora não viu nada, então, em relação... O Janene nunca comentou nada na sua vida privada sobre as relações com o Youssef?    O Youssef era um doleiro, a senhora sabia disso?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Sabia que a primeira vez que ele tinha sido preso foi como doleiro. Aí teve aquele escândalo do Banestado, CC5, e, depois, que ele tinha feito uma delação premiada, na qual ele não poderia mais trabalhar nem sequer no mercado financeiro. Então... Mas eu não sabia, assim, ao certo o que que ele fazia ou deixava de fazer, porque o Alberto Youssef morou, na realidade, o tempo todo em São Paulo. Em Londrina ficava a Joana, esposa dele. Então, assim, era difícil. Na época de Natal ele ia visitar a família e tal. Aí ele passava época de Páscoa, feriado, alguma coisa, ele ia lá e passava para falar um “oi”.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Mas qual a frequência com que a senhora via o Sr. Youssef? A senhora frequentava a casa dele em São Paulo?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Isso. Depois que o Janene faleceu...

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Em Londrina também ele ia lá, frequentava a casa do casal, dos senhores. A senhora nunca ouviu falar da Nelma Kodama, que é uma doleira?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Ouvi, ouvi pela imprensa, como...

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Não... Na época, porque eles tiveram um relacionamento de 9 anos.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Mas eu não ouvi falar. Não tinha como. Eu acho que ela era amante dele. Era um relacionamento escondido. Eu sou amiga da mulher dele.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Então, veja. Não é o problema de ser amante ou não. É isso que eu quero entender.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, mas se ela teve um relacionamento de 9 anos...

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Esse relacionamento era bastante...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - ...foi extraconjugal.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sim, mas não era um relacionamento tão escondido assim, como ficou demonstrado no depoimento em Curitiba. Ela depôs várias horas lá. Ela tinha uma exposição pública bastante grande. E ela era uma doleira. Quer dizer, mandava dinheiro para o exterior, lavava dinheiro. Assim como o Sr. Rafael Ângulo, entregava dinheiro. Então, no seu círculo de amizades, a senhora não conhecia nenhum dos dois, não conhecia as funções?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Rafael ainda eu vi algumas vezes, mas ela nem... Eu fui ver a fotografia agora na imprensa, vi ela assim.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - E outros políticos do PP que a senhora conhecia: quem eram?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Do PP?

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Do partido do seu ex-marido.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Ah... Deles que frequentavam aqui a casa de Brasília do Zé, quando... Que eu ouvi dizer, que a Cleidona falava “Oh, veio jantar...”, essas coisas assim, eram os mais próximos, e os que foram para o velório dele, tipo o Pedro Corrêa, o Pizzolatti, o Mário Negromonte, o Pedro Henry bem menos. Tive menos contato com o Pedro Henry, lembro dele, mas bem menos contato.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora conheceu o Sr. Severino Cavalcanti, que foi Presidente da Câmara?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Conheci.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Frequentava a sua casa também?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Em Londrina, ele nunca esteve. Ele não esteve em Londrina. E, mais uma vez, só lembrando que eu vim muito pouco pra cá.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sim. Mas outros políticos do PP senhora se lembra?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Foram em casamentos... Esses que eu estou dizendo foram no casamento da minha enteada, foram no batizado do meu filho. Por isso...

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora sabe que esses todos que V.Sa. citou aí e que foram inclusive ao enterro do seu ex-marido são todos envolvidos na Operação Lava-Jato.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu sei.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Todos que a senhora citou aí.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu sei.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora se lembra de mais algum?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Não, não lembro.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço ao Deputado Ivan Valente.

Passo a palavra ao Deputado Carlos Andrade.

O SR. DEPUTADO CARLOS ANDRADE - Sr. Presidente, muito obrigado. Bom dia a todos. Sra. Fernanda, bom dia.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Bom dia.

O SR. DEPUTADO CARLOS ANDRADE - Muito obrigado por ter vindo pra nos esclarecer. Compartilho das palavras do Deputado Édio Lopes, quando ele fez menção... A senhora ficou à margem desse processo da vida do Deputado Janene. E como disse a Deputada Eliziane Gama, fica pouco compreensível para nós que estamos aqui, Dona Fernanda, a segurança que a senhora nos transmite com as respostas às perguntas feitas e a passividade como era a sua convivência na sua relação conjugal no seu matrimônio.

Mas eu gostaria de fazer três perguntas. A primeira delas: além do primo que foi citado aqui, havia outros familiares muito próximos do Janene? O Deputado Janene esteve envolvido, pelo menos, nos escândalos dos Correios, do mensalão e do petrolão. E em todas as oitivas que houve aqui, os depoentes fizeram questão de praticamente direcionar para o Deputado Janene, e eu observo que a senhora não tem sido muito diferente, só que com uma versão bem elaborada, bem construída. A senhora não fazia parte, a senhora era só coadjuvante. A minha pergunta é: além de pai dos seus filhos, quem era Janene para a senhora?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Olha, é uma coisa assim também bem pessoal e eu vou responder dentro do que eu consegui entender do teu questionamento. O Janene era uma pessoa hiper-reservada, centrada, focada no que ele queria fazer, vivia a política. Ele chegava na minha casa na quinta à noite; aí ele já vinha do aeroporto ligando...

O SR. DEPUTADO CARLOS ANDRADE - Mas quem era ele pra a senhora? A senhora já colocou isso aqui? O que ele significava? Quem era ele?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Significava pra mim?

O SR. DEPUTADO CARLOS ANDRADE - Sim, quem era ele? A senhora disse que esteve em Brasília, quando foi o primeiro mandato dele. A senhora veio aqui, instalou o apartamento...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, não foi no primeiro mandato, foi depois.

O SR. DEPUTADO CARLOS ANDRADE - Ah. A senhora veio, instalou o apartamento, esteve na posse e tal, e deixou uma pessoa de confiança que morava há muito tempo...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Pra cuidar da saúde dele.

O SR. DEPUTADO CARLOS ANDRADE - Quem era Janene, além de pai dos seus filhos?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Uma pessoa obcecada pelo poder, tanto que no segundo mandato dele como Deputado Federal, ele virou e se tornou Líder do partido. Sinal de que ele conseguia exercer bem essa liderança e ele agradava como Líder, porque é difícil a pessoa chegar nesta Casa, com tantas pessoas aqui, com trabalho de tanto tempo, Deputados de três, quatro mandatos, e ele chegar no segundo mandato dele e ele se tornar Líder.

O SR. DEPUTADO CARLOS ANDRADE - Parece-me que a senhora não fazia tanta questão de participar desse objetivo do Deputado Janene, como esposa, ou não fazia questão de participar, até porque nem as compras de casa a senhora conduzia esse processo.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, eu trabalhava. Sempre trabalhei fora também. Essa parte também tem o detalhe, esse negócio que eu sempre cito, compras de casa, até porque o Janene sempre gostou de cozinha, de cozinhar e essas coisas assim. Então ele que já tinha... mandava fazer do jeito que ele queria. Tinha essas pessoas que sempre... Como a gente viajava muito... Antes de ter filho já era acostumada assim, porque a gente viajava muito, eu trabalho... E eu trabalhava com ele nas empresas. Aí essa pessoa ficava como uma governanta, ela ia, fazia, “Ó, vou chegar de viagem, faz compra de mercado pra casa”, coisa assim. Então, foi isso que... Era um hábito dele. O restante ele mesmo fazia.

O SR. DEPUTADO CARLOS ANDRADE - Fica um contrassenso aqui para a gente, Sra. Fernanda.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, mas cada um teve...

O SR. DEPUTADO CARLOS ANDRADE - Nós não entendemos assim, porque, na verdade, a senhora participava, por exemplo, das empresas, a senhora tinha participação, a senhora tinha retiradas, passava talões de cheques pessoais. Fica assim um contrassenso para o nosso entendimento.

Para as pessoas que lhe ouvem aqui, com essa... E até a senhora usou uma expressão: “Hoje eu me viro - claro já foi passado algum tempo - como o Pereirão” faz de tudo um pouco. A grande verdade é que fica assim... Não tem liga. Não tem liga para a gente.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu sinto muito.

O SR. DEPUTADO CARLOS ANDRADE - Mas muito obrigado. Obrigado, Sr. Presidente. D. Fernanda, muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço ao Deputado Carlos Andrade e registro que não há mais nenhum Deputado inscrito aqui para fazer questionamento.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Sr. Presidente, seriam só duas questõezinhas a mais.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Deputado Altineu, pois não.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Sra. Fernanda, a senhora apresentou aqui o habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, que lhe garante os direitos que estão aqui inscritos, mas eu gostaria de dizer à senhora... A senhora citou aqui os filhos da senhora, a senhora é uma senhora, o Deputado Janene já é falecido. Então, realmente, é uma situação até um pouco constrangedora, apesar da gravidade dos fatos. Eu quero refazer uma pergunta à senhora aqui. Eu não tenho a mínima dúvida de que a CPI vai chegar aos recursos e contas no exterior. Eu entendo e entendi quando a senhora colocou: Deputado José Janene, uma pessoa machista, enfim. A senhora, nova, casou-se com ele, enfim. Eu imagino o momento de ele pedir à senhora que assinasse algum documento, se a senhora iria perguntar a ele: “O que é isso aqui?” Realmente, dentro dessa situação, a senhora assinaria um documento. Agora, assinar um documento é uma coisa e assinar conta em banco, cartão bancário, é outra coisa. E esta CPI vai chegar a essas contas. Muito possivelmente, há muitas contas do Sr. Alberto Youssef; muito possivelmente, contas do Sr. Alberto Youssef; muito possivelmente contas também do ex-Deputado Janene, já que o vínculo era fortíssimo entre eles, ou em relação ao primo do Deputado Janene. Neste momento, quero até perguntar: o nome dele era...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Meheidin Hussein Jenani.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Eu acho que o Deputado Onyx...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Meheidin.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Ele era o homem de confiança do Deputado Janene, então? Era o número um, vamos dizer assim?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não. Trabalhava no serviço braçal.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Quem era o número um de confiança? Se o Deputado Janene tivesse uma conta no exterior...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Lá em Londrina... Não, ninguém. Conta no exterior, só quem tivesse...

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Só ele.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - ...feito com ele mesmo. Ninguém. Eu acho que nem se meu filho fosse maior de idade... Ele não confiaria.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Eu pergunto o seguinte à senhora. Eu quero perguntar se a senhora... Obviamente a senhora tem o direito, a senhora está aqui respaldada por um habeas corpus, mas a senhora acha que... A senhora afirma aqui que a senhora nunca assinou nenhum documento bancário em relação a contas, cartões de abertura de conta, de assinatura, no exterior; ou a senhora acha que, diante dessa relação da senhora, o Deputado Janene ser uma pessoa machista, enfim, a senhora não perguntar, a senhora pode ter assinado?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Olha, eu acredito mesmo que não, porque seria um documento diferenciado, se fosse qualquer coisa escrita em inglês, alguma coisa assim, porque se é de uma conta fora... Ou, se estivesse em português, eu ia ver um banco, eu ia ver alguma coisa. Se é pra cartão, é mais específico. Então, eu acredito que eu não deva ter assinado nada. E tampouco eu acredito que...

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - A senhora nunca soube de nenhuma conta dele no exterior?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - ...ele tenha deixado qualquer coisa para mim, fora. Jamais! Agora, se ele tivesse deixado algum dinheiro fora e alguém tivesse acesso a esse dinheiro, também acredito que jamais essa pessoa iria dar alguma coisa pra mim, né?

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Essa pessoa seria o Alberto Youssef, com certeza.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É. Então, de uma forma ou de outra, eu acho que eu jamais ficaria sabendo, entendeu? Pra mim, eu tenho certeza de que ele não fez; com assinatura minha, também não!

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Está bom! Muito obrigado. Só mais uma questão, que seria o seguinte. A senhora falou do primo dele.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Hã, hã!

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Era quem operava tudo para ele?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, assim, o serviço braçal: “Vai para a fazenda! Leva tal coisa! Tem que trocar a caminhonete da fazenda. Tem que trocar o pneu do carro dele”. É essa estrutura.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Não, tudo bem. E os rendimentos da senhora hoje, o que já foi tocado aqui, quais seriam?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu tenho a pensão integral dos meus filhos; eu tenho arrendamentos de fazenda em que eu tenho parceria com soja e tenho o arrendamento de uma outra fazenda de gado; e tenho um salão de beleza também, em que eu trabalho; e trabalho com imóveis.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Obrigado, Sra. Fernanda.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Tem a palavra o Deputado Luiz Sérgio.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Quero fazer uma pergunta só, Presidente, por favor!

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - A senhora usou a expressão: que considerava o Janene um obcecado pelo poder. Também disse que o Janene teria comentado a vitória do Severino Cavalcanti para a Presidência da Câmara. Ele foi além disso? Comemorou essa vitória? Considerou-se mais forte, já que ele foi um dos articuladores da vitória do Severino Cavalcanti aqui na Câmara dos Deputados?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Acredito que sim. Era um assunto que sempre vinha à tona. Quando ele conversava sobre política, sobre essas coisas assim, ele se vangloriava de ter ajudado a fazer o Severino Presidente.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Outra vitória importante do grupo do Deputado Janene, após a vitória do Severino Cavalcanti, foi a eleição do Augusto Nardes para o Tribunal de Contas da União. Era também o candidato do Janene e do Severino Cavalcanti. Ele chegou a fazer algum comentário de que teria se sentido mais forte a partir dessa vitória, com mais influência?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Realmente eu não lembro. Desse eu não me lembro.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - O Deputado Pedro Corrêa, que esteve no casamento e também no enterro lá no Paraná, usou a expressão “O Janene era meio bravateiro”, porque às vezes ele aumentava um pouco as coisas ou contava algumas vantagens. Em casa, realmente, ele não comentava esses assuntos?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, era uma coisa que... Não me interessava muito essa parte política. Então, não era uma coisa que eu gostava de parar pra conversar sobre isso com ele.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Mas o Augusto Nardes a senhora conheceu?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu não lembro mesmo.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Não lembra. Está o.k. Obrigado.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sr. Presidente, só uma pergunta, para concluir.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Deputado Ivan Valente, por favor

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - É uma questão que eu acabei não perguntando por causa do tempo. A senhora poderia me responder. É o seguinte. A senhora tinha uma conta, e essa conta era a que geria, então, os negócios da família ou a sua casa, etc. Como é que o Sr. Janene... A senhora nunca teve uma conta conjunta com ele. É isso?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não; conjunta, não.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Como é que ele depositava esse dinheiro para a senhora? Quanto era? Que volume era esse? A senhora também nunca perguntou de onde vinha o dinheiro, se era excessivo? Poderia esclarecer?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não... Assim, eu não acho tão anormal eu não ter questionado de onde ele estava trazendo dinheiro para pagar o supermercado, ou o açougue, ou coisa assim, porque ele trabalhava, ele era o provedor da casa, e eu não acredito que as esposas vão chegar e falar: “Olha, querido, de onde...”

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora está me dizendo, então, que a conta movimentava um valor relativamente baixo?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Baixo, baixo. Era conta pra folha de pagamento de pessoal que trabalhava na minha casa, que trabalhava... funcionário rural...

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Mas em algum momento ele utilizou sua conta para outras operações, e a da sua filha também.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não é minha filha, é minha enteada.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - É sua enteada?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É. Ele... A minha conta foi usada no escritório dele, muitas vezes, assim: “Ah, precisa comprar macarrão!” A gente tinha um serviço social dentro do escritório: distribuir macarrão, distribuir leite em pó. Eu ia pra São Paulo, de vez em quando, para ver cobertor para ele, que ele pedia pra eu ver, pra distribuir nessa época de frio. Então, ele tinha esse trabalho de assistência social.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sim, mas ele usou a sua conta para fazer isso?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Então, precisava comprar macarrão. Precisava comprar macarrão. “Ah, conseguiu o retalho de macarrão!” “Parcela em três vezes.” Aí, dava um cheque, parcelava, entendeu? Mas essa autonomia pra fazer isso quem tinha era a secretária dele, que negociava direto com ele: “Oh, Zé, o valor é tal. Janene, o valor é tal.“ “Vai lá, faz, compra!”

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Mas quem assinava o cheque era a senhora!

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu deixava assinado.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora deixava os cheques assinados.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Se pedir uma microfilmagem desses talões...

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Na verdade, a senhora levantava o extrato da conta?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, eu não cuidava dessa conta. Eu não cuidava dessa conta.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora não sabe, então, quanto tinha na conta?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, mas não foi muita coisa que apareceu, não. Foi pouca coisa mesmo.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Permita-me: há uma contradição aí. A senhora acabou de dizer que a conta era para despesas domésticas muito baixas. O Sr. Janene utilizou a sua conta em outras questões. Quem operava a conta de verdade era a secretária...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - A mando dele.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Hã?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - A mando dele.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sim, mas quanto era o valor? V.Sa. não sabe dizer...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, não sei.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - ...quanto era o extrato dessa conta, então.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não sei. Eu não movimentava essa conta. Eu deixava...

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Então, a senhora não pode dizer que era baixo.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não, eu estou dizendo que eu acho que deva ser, porque está nos processos, está sendo investigado. Então, devem ser valores baixos. Não foi nada, entendeu... Só que... Essa conta era uma conta que, a princípio, eu abri porque eu fiz um financiamento no banco da conta rural de um trator. Eu comprei um trator pro sítio e deixei uma conta aberta nesse banco. Então, essa conta, eu não movimentava essa conta pra mim. Eu falei: vamos movimentar só pra coisas da fazenda, o que vender de carneiro - foi mais ou menos assim -, o que vender de carneiro, o que entrar de carneiro, a nota do produtor e tal, coisas assim. E acabou sendo usada para outras coisas, também, de despesas domésticas.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora não tem certeza se passaram por essa conta grandes quantias fruto de corrupção, então?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Tenho certeza que não.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Peço que conclua, Deputado.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora só assinava e a secretária é que operava a conta para valer?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É, mas com valores relativamente pequenos.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Como é que a senhora sabe que os valores - era a secretária - eram pequenos?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Isso está nos processos. Eu não sei te precisar aqui quanto, mas está nos processos, entendeu?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço ao Deputado Ivan Valente. Vamos encerrar, então.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Sr. Presidente, só por último aqui...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Vamos encerrar, então, com a última pergunta do Deputado Altineu.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Seria só uma constatação, Dona Fernanda, para a senhora ver que a situação não é bem simples assim, né? A conta da senhora recebeu da empresa Bônus Banval Participações Ltda., por exemplo, no ano de 2004, 99.621 reais. Essa Bônus Banval, os donos, o Enivaldo Quadrado e o Breno Fischberg, foram agora condenados a 11 anos e 7 meses de prisão. É dinheiro ilícito.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Dessa conta que era o escritório que movimentava.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - É, dessa conta, no nome da senhora.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - É por isso que é essa conta que...

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Só nesse depósito, foram 99 mil reais.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - No ano de dois mil e...?

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A senhora acha que esse valor é baixo?

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora está dizendo que era conta para fazer compra, que eram 5 mil reais, 4 mil reais.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Só nesse depósito foram 99 mil reais.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Só em um depósito foram 100 mil reais.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu não precisei o valor pro senhor. Eu falei que eu não sei os valores; relativamente baixos.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - A senhora disse que eram baixos e que isso está no processo. Agora, o Deputado Altineu levantou apenas um depósito de pessoas condenadas, que é de quase 100 mil reais.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - De 2004, né?

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - De 99.621 reais. É só pra senhora saber que, na realidade, a senhora...

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Se vocês quiserem, eu posso dar o número da ação penal, vocês podem olhar e se certificar dos valores, porque eu, realmente, não tenho de cabeça os valores certos pra vocês.

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Era só para fazer esse registro.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - A senhora tinha conhecimento desses 90 mil? A senhora acha baixo esse valor, 90 mil?

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Noventa e nove.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Noventa e nove mil.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Não sei. Se for falar em relação a todos esses valores...

O SR. DEPUTADO ALTINEU CÔRTES - Os donos dessa corretora foram condenados a 11 anos de prisão.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Ela tem uma resposta para nós, importante. Se for comparar com o quê?

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Em comparação com todos esses valores que vocês estão falando e tudo o que está acontecendo, é relativamente baixo. Agora, tudo isso está nessa ação penal, eu posso passar pra vocês, vocês podem olhar, está à disposição. Agora, eu não tenho de cabeça esses valores, até porque são tantas coisas, que é difícil, né?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Não havendo mais inscritos para o debate, concedo a palavra à depoente para as suas considerações finais.

V.Sa. tem a palavra para fazer qualquer comentário ou acrescentar algo que julgue importante.

A SRA. STAEL FERNANDA JANENE - Eu quero agradecer até a compreensão de vocês nas poucas coisas que eu consegui falar aqui. Eu não tinha muita coisa pra acrescentar mesmo ao trabalho de vocês. Espero que vocês alcancem, obtenham êxito no trabalho e que se consiga resolver da melhor forma pra todos.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço à Sra. Stael Fernanda e, mais uma vez, comunico que os demais depoentes programados para o dia de hoje... O Sr. Shinji Tsuchiya, Presidente da Mitsui, justificou a sua não possibilidade de estar aqui presente. Portanto, não teremos o depoimento do Presidente da Mitsui, que ficará marcado para outra oportunidade...

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Qual a justificativa, Sr. Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - ...como também do Presidente da Samsung, J. W. Kim. Esse não deu nenhuma justificativa. Eu queria dispensar a Sra. Stael Fernanda.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Sr. Presidente, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço a presença de V.Sa.

Pela ordem, tem a palavra a Deputada Eliziane Gama.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Sr. Presidente, eu queria, primeiramente, entender a justificativa da ausência. Ele justificou, mas justificou como? Disse o quê?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Deputada Eliziane, já foi, inclusive, lida aqui a justificativa que ele colocou. V.Exa. não estava no momento.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Desculpe-me, eu cheguei um pouco atrasada.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Ele foi convocado na noite da sexta-feira e coloca-se na posição de que está há poucos dias aqui no Brasil.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Qual deles?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - O Presidente da Mitsui, que foi o único que justificou. O outro não deu nenhuma notícia.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Mas foi notificado o outro, Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Nós não sabemos se chegou a notificação ao endereço correto. Isso a Secretaria da CPI está verificando, porque ele não deu nenhuma justificativa.

Só acrescentando, Deputada Eliziane Gama, o Presidente da Mitsui afirma que está aqui há poucos dias, não tem conhecimento do fato, não fala a língua - teria que haver aqui um esquema de tradução -, mas se coloca à inteira disposição. Ele vai tomar conhecimento da situação. Está querendo retornar aqui no início de agosto. É essa a posição do Presidente da Mitsui.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Pela ordem, Sr. Presidente.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Sr. Presidente, só para finalizar aqui a minha linha de raciocínio: o primeiro disse que não pôde vir porque não estava familiarizado com a língua portuguesa, o segundo não deu justificativa nenhuma.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Deu justificativa. Ele disse também...

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Não, o segundo o senhor disse que não deu justificativa.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Não, deu justificativa. Ele disse que não está... É a questão da língua portuguesa. É também porque ele está há pouco tempo no Brasil e não tem conhecimento dessa situação.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Essa foi a justificativa de um.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Na correspondência que ele coloca, ele manifesta o interesse em analisar toda a situação que envolve a Mitsui. E estará aqui presente, com o propósito, segundo a justificativa dele, de prestar as informações necessárias ao bom andamento da CPI.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Esse é o J. W. Kim?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Não, esse é o Shinji Tsuchiya.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Certo. E o segundo, Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - O segundo não teria sido localizado, não está presente.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Ah, não foi notificado!? Era só isso que eu queria saber.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Nós mandamos a comunicação, e ele não está aqui presente. Então, a Secretaria da CPI coloca a possibilidade de ele não ter sido localizado e vai tomar as providências.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Exatamente. Eu queria colocar: se não foi notificado, é uma situação; agora, se foi notificado, não veio e não deu nenhuma justificativa, Presidente, nós temos que nos posicionar inclusive com condição coercitiva, porque não podemos aceitar que simplesmente seja notificado e não venha e fique por isso mesmo. Aí é avacalhar a CPI.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - V.Exa. tem toda a razão. A Secretaria da CPI está tomando essas providências para constatar se ele teria sido ou não notificado.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sr. Presidente, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - O Deputado Ivan Valente tem a palavra.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Essa é a primeira questão. Eu quero colocar o seguinte: no site está escrito que o Sr. Shinji Tsuchiya é Presidente da Mitsui do Brasil desde abril de 2014. Então não está há 1 semana aqui. Vamos começar por aí.

Segunda questão, o Sr. J. W. Kim, qualquer que seja a justificativa... É o seguinte: convocação é convocação, é sob vara; se não vier, é coercitiva. Eu não estou entendendo por que a CPI está sendo tão leniente. Inclusive, em relação...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Deputado Ivan Valente, eu não posso aceitar esse tipo de acusação, de que a CPI está sendo leniente.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Presidente, deixe-me concluir o raciocínio. V.Exa., depois, fala.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Conclua, mas eu não aceito esse tipo de colocação.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu quero só que V.Exa. entenda o seguinte: na semana passada, nós fizemos aqui um debate sobre a situação do Sr. Pedro Barusco, que alegou questões de saúde, foi ao Supremo Tribunal Federal. Nós ficamos meia hora aqui discutindo a posição do Ministro Celso Mello. Convocamos - eu nem tinha visto isso, confesso que não tinha visto, porque, se tivesse visto, seria contra - a advogada Beatriz Catta Preta, para vir depor aqui para justificar por que ela pediu pela saúde e não sei o que lá. Agora, o Sr. Shinji, Presidente da Mitsui, e o Sr. J. W. Kim, da Samsung, são convocados. Eles estão convocados, está certo? Eles não aparecem, e fica tudo como está. É interessante e coincidente que as duas grandes empresas que estão aqui tenham tudo a ver com o Sr. Júlio Camargo, o Sr. Fernando Soares e outros tantos, cujo requerimento de convocação nós já aprovamos. Aliás, do Sr. Júlio Camargo nós aprovamos requerimento na semana passada, depois de 3 ou 4 meses. Então, fica realmente estranho que dois deles, empresários que iam ter que falar sobre esses contratos de sondas que envolvem delatores premiados ou não ou presos em Curitiba, de repente um não é achado e o outro diz que está há 1 semana aqui. E nós ficamos meio a ver estrelas. Ou seja, estão desmoralizando a CPI.

Desculpe-me, Deputado Antonio Imbassahy, eu acho que ou tomamos todas as providências ou precisamos ter uma justificativa plausível para essa questão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Deputado Ivan Valente, o Presidente Hugo Motta achou por bem, até por tudo o que V.Exa. acaba de colocar, convocar essas duas personagens para depor o quanto antes, até mesmo antes do recesso parlamentar, que pode acontecer ou não. Teremos, de qualquer maneira, muito provavelmente, uma interrupção nos trabalhos da CPI.

Com relação ao Sr. Shinji Tsuchiya, eu tenho aqui uma correspondência em que ele comunica que assumiu o cargo de presidente em maio de 2015. Está aqui a correspondência que ele encaminhou. Ele pede um prazo, inclusive para que possa se inteirar de todas as questões, e deseja vir aqui contribuir. Isso está colocado aqui, além da questão, também, da tradução. Portanto, ele fez uma justificativa, e não está aqui presente. Vamos examinar exatamente tudo isso. V.Exa. coloca que ele assumiu a presidência em abril de 2014. É uma informação diferente da que está aqui. Cabe a nós agora verificar se isso aqui corresponde ou não à realidade.

Segundo ponto: o outro convocado para depor, o Presidente da Samsung, não compareceu. Nós não sabemos se o ofício chegou ao conhecimento dele ou não. Então, cabe à Secretaria da CPI tomar essas informações, fazer essas averiguações, para que sigamos com as providências necessárias ao bom andamento desta CPI.

Nada mais havendo a tratar...

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sr. Presidente...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Sr. Presidente, pela ordem. Eu estou chegando agora. Só quero pedir licença, porque eu estou...

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Eu peço a palavra como Líder.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - O.k.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Sr. Presidente, eu também, se for o caso, quero pedir a palavra como Líder.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - V.Exa. vai usar da palavra como Líder? O Deputado Ivan Valente a pediu primeiro. Então, vou conceder agora a palavra ao Deputado Ivan Valente.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Está certo. Depois eu falo, então; até porque a correria faz com que aguardemos.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Com a palavra o Deputado Ivan Valente, como Líder.

O SR. DEPUTADO IVAN VALENTE - Sr. Presidente, a primeira coisa que eu queria colocar é o seguinte. O Sr. Shinji, então, em maio de 2015... É isso mesmo - abri aqui o site -, abril de 2015; mas que seja, são 3 meses. A Mitsui está no olho do furacão, está no olho do furacão - todo mundo sabe, e ele também, porque ele é o Presidente da Mitsui -, está na Lava-Jato, que é o fato mais divulgado pela mídia brasileira. Então, não dá para aceitar essa justificativa. Eu acho inaceitável esse tipo de justificativa. É inaceitável. E nós não devemos acatar nem aceitar isso. Eu acho que ele tem que ser trazido sob vara, por coerção. E o Sr. Kim tem que ser ouvido, na minha opinião, até quinta-feira.

Eu quero aproveitar o meu tempo de Líder, Presidente, para expor uma segunda questão. Eu tenho insistido aqui e quero reiterar a minha insatisfação com a forma como está sendo tratada - quero ver V.Exa. - a questão da Kroll aqui na Comissão.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós aprovamos... Essa questão da Kroll está aqui desde o primeiro dia da CPI. Ela foi contratada pela CPI, com autorização da Presidência da Casa. Nós já discutimos várias vezes por que só dois Deputados, só dois Deputados, sabem quem são os investigados da Kroll. Eu sou contra que isso aconteça, porque é imensa a responsabilidade de quem quer assumir essa responsabilidade, matar no peito e dizer: “Eu quero saber quem são”. São 12 pessoas, segundo a exposição com a Kroll - 12 pessoas. Só de delatores premiados já são 19, empresários. Eu não estou falando do Paulo Roberto Costa, nem dos diretores da PETROBRAS, nem de outros investigados, etc. Então, nós teríamos pelo menos 30 pessoas investigadas nesse processo. Eu não sei qual foi o critério para ser os 12, se um ficou de fora, se outro não ficou de fora, e assim por diante.

Naquele dia, uma boa parte da CPI disse: “Eu não quero saber”. Mas eu sou membro da CPI e quero saber, e quero saber coletivamente, não individualmente, porque, como membro da CPI, eu tenho o direito de saber. Se a reunião vai ser fechada, se vai ser algo para os Parlamentares, é outro departamento.

E, Presidente, hoje uma manchete de O Globo diz o seguinte: “Ministérios fazem rastreamento, estão com medo de ser grampeados” - por causa da Kroll, inclusive. E uma matéria da semana passada do Correio Braziliense diz que, com base na Lei de Acesso à Informação, uma equipe de reportagem do Correio Braziliense foi ao Presidente da Casa e pediu informação sobre a contratação da Kroll, e a resposta que veio é que ela está classificada como sigilosa. Esse é um dos pouquíssimos documentos, se não o único, nesse período, classificado como sigiloso. E o carimbo “sigilo” significa 5 anos sem saber.

Então, eu quero entender melhor a situação. Se ele é sigiloso e vão ficar 5 anos sob sigilo as investigações da Kroll, como é que vão ser aproveitadas as informações para efeito da CPI e da Operação Lava-Jato? Eu não estou entendendo. A Casa divulga que o documento está sob sigilo. Recebendo essa classificação, ele demora 5 anos para ser acessado, 5 anos. Eu não estou entendendo.

Eu queria uma explicação da Mesa da CPI: por que a CPI não decide discutir coletivamente quem são as pessoas investigadas e por que esse documento foi classificado como sigiloso, para a própria CPI. Assim eu estou entendendo, porque, primeiro, não se abre isso dentro da CPI e, segundo, externamente os documentos não estão acessíveis, pela Lei de Acesso à Informação.

Então, eu pediria a V.Exa. que, como Presidente em exercício, pudesse me responder a essas duas questões: a chamada dos convidados até quinta-feira e, particularmente, a questão da Kroll, agora.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Deputado Ivan Valente, quanto à questão da prerrogativa da convocação, eu vou aguardar o Presidente Hugo Motta, que vai chegar hoje à tarde. Vamos relatar ao Presidente Hugo Motta a questão da ausência dos dois depoentes que foram aqui convocados e as justificativas que um deles colocou e vamos submeter à deliberação dele a convocação para a próxima quinta-feira ou não. E, com respeito à questão da Kroll, eu acho que o Presidente amanhã poderá prestar os esclarecimentos necessários.

Com a palavra o Deputado Júlio Delgado.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Sr. Presidente, vou fazer algumas perguntas, mas primeiro peço escusas aos companheiros. Ficamos presos à questão das companhias aéreas. Um cidadão, em Belo Horizonte - parece até intencional; é muita coincidência -, embarcou a mala, mas não embarcou. Até acharem a mala para tirá-la, nós ficamos 1 hora aguardando. Parece que era para eu não chegar aqui. Mas deu tempo de pegar o final da reunião, para perguntar sobre algumas questões que são atinentes a V.Exa.; outras não, com certeza o são ao Presidente e à Secretaria.

Ontem eu tirei a passagem para hoje de manhã, Deputado, com a agenda para ouvirmos hoje de manhã a Sra. Stael. A que horas foi colocada na pauta a oitiva dos Srs. Shinji Tsuchiya e J. W. Kim? A que horas foi colocada na agenda a convocação desses dois senhores? (Pausa.) Sexta não estava, não. Sexta não estava, não.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Um momento, Deputado Júlio. Eu estou confirmando aqui com o Secretário.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Ontem, no fim da tarde.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Estou sendo informado aqui, Deputado Júlio, pelo Secretário da CPI, que teria sido ontem no final da manhã a comunicação.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - No final da manhã?!

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Eu estou sendo comunicado por ele, aqui.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Sr. Presidente, não dá para ficarmos com uma pauta de uma importância dessas com prazo inferior a 24 horas. Não dá! Sabe por quê? Porque aí começa a haver uma suspeição, por parte dos colegas, e ela é natural. Os requerimentos são do Deputado Celso Pansera. Esses requerimentos foram aprovados... E eu queria também a presença do Relator; ele não está aqui. Os requerimentos foram aprovados, salvo engano, no pacote da última quinta-feira; naquele que nós acordamos - muita coisa saía, entrava - quando estávamos todos atordoados com a questão da Kroll.

Mas vamos primeiro tratar dessa questão. Então, foi aprovado no pacote de quinta, por inclusão do Deputado Pansera. Todo mundo aqui sabe que a Samsung e a Mitsui foram os alvos dos requerimentos da Deputada Solange Almeida quando da pressão em outra Comissão, em outra área, quando da convocação, da tal pressão dos requerimentos que foram descobertos aqui do senhor... depoimentos do Sr. Júlio Camargo. E, de repente, eles passam a ser convocados a vir na segunda, e não vêm, com a justificativa... Eu vinha para cá escutando a Rádio Câmara e vi que V.Exa. fez um esforço para justificar. De repente, eles não vêm mais: um porque não sabe falar a língua portuguesa, e o outro não deu satisfação.

Agora passa a ser emergente, Sr. Presidente, que esses dois venham. É uma coisa que, se não vierem, passa até pela não convocação daqueles dois, porque não dá para entender como um nome se aprova na quinta, aparece na segunda, não vem na terça, e fica assim, e vamos entrar em recesso.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - E o requerimento foi apresentado no dia da aprovação. Pelo menos é a informação que eu tenho.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - É isso. Segunda questão: nós ficamos sabendo de quase todas as coisas, Sr. Presidente, pela imprensa, porque a comunicação que chega aos gabinetes muitas vezes os nossos funcionários só abrem no final da tarde.

Nesse caso todo, como dito pelo Deputado Ivan Valente, da Kroll, primeiro tem o caso de que - V.Exa. sabe disso, já falei com V.Exa., que não tem culpa nenhuma, da reunião de que nós participamos - isso ficasse restrito a duas pessoas: ao Presidente e ao Sub-Relator Deputado André Moura. De repente se dá segredo, contra o princípio da transparência aqui da Casa, ao conhecimento de um contrato, e não se pode saber desses 12 nomes por 5 anos. A informação que eu tenho é de que, consultado, o Presidente disse: “Não, a CPI pode saber”. Se o Presidente disse, e é verdade, em entrevista, que a CPI pode saber, eu quero saber.

Agora eu digo formalmente: quero saber quem são os 12 nomes. Se a CPI pode saber, a informação não pode ficar restrita. Se é segredo, é segredo para todo o mundo. Vai ser de conhecimento do Presidente Hugo Motta, do Relator André Moura, e aí passa a ser segredo por 5 anos? Isso não é segredo! Segredo que é mantido por dois não é segredo. E aí eu também, se essa for a informação, quero saber.

Então, eu acho que nós temos de fazer uma outra reunião interna da CPI para poder discutir a questão da Kroll, porque o acesso era restrito a todos e a todas, e se é acessível, e foi transformado para conhecimento da CPI, eu quero ter conhecimento dos documentos da Kroll e da investigação que está sendo feita.

Era só isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Agradeço a V.Exa., Deputado Júlio Delgado. Suas observações vão na mesma direção das do Deputado Ivan Valente, com relação à importância de convocar essas duas personagens, o Presidente da Mitsui e o da Samsung, o quanto antes. O Deputado Hugo Motta está chegando hoje à tarde. Ele tem a prerrogativa de fazer a convocação. Transmitirei ao Presidente Hugo Motta, assim que eu puder fazer contato com ele.

Com relação à Kroll, já foi dito aqui que eu espero que amanhã, durante a sessão que teremos aqui de oitiva do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ele possa fazer os necessários esclarecimentos.

Nada mais...

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Tem a palavra a Deputada Eliziane.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Só para fechar aqui uma informação, já que o nosso consultor está aí, o Secretário Manoel: os requerimentos do Deputado Pansera, de ouvir os dois chineses, de que eu não vou repetir os nomes (risos), foram protocolados em que dia, Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Os requerimentos?

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Os requerimentos. Eles foram aprovados na quinta. Eles foram também protocolados na quinta? A informação que eu tenho é essa.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - No dia 9 de julho, ambos. Não, no dia 8 de julho.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - No mesmo dia, Presidente? Ou seja...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Dia 8 ou 9 de julho?

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Dia 9 de julho.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Ou seja, para ele não serviu o Regimento, não é, Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Hein?

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Para ele o Regimento não foi considerado, o prazo de 48 horas.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Foi considerado, sim.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Não. O requerimento foi protocolado no mesmo dia em que foi aprovado, Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Dia 8. Foi no dia 8.

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Não. Ele foi protocolado no dia 9, e foi votado no dia 9. Eu não estou nem... Eu acho até que é muito bom. Então, se se abriu esse precedente para ele, que se abra para os demais, não é, Presidente?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Pois é.

A SRA. DEPUTADA ELIZIANE GAMA - Não dá para nós deixarmos de apresentar requerimento e outros passarem, como é o caso desse do Deputado Pansera, que, aliás, acusou o PPS de ser indústria de requerimentos. Há uns requerimentos aí que só Jesus, não é? Não dá nem para entender.

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

O SR. DEPUTADO SILAS CÂMARA - Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Sim, Deputado Silas Câmara.

O SR. DEPUTADO SILAS CÂMARA - Sr. Presidente, foram aprovados requerimentos de minha autoria que pediam informação sobre a questão dos ativos da PETROBRAS na África. Já se passaram pelo menos 30 dias, acho que 40 dias da aprovação dos requerimentos. Eu queria verificar se essas informações já chegaram, porque se chegaram eu não fui comunicado ainda, até porque eu tenho outros requerimentos que são um desdobramento da informação. Por conta desse desdobramento não ser possível ainda, não foram aprovados esses requerimentos. Essa é uma pergunta que queria fazer a V.Exa.

A segunda questão que eu queria aqui, Sr. Presidente, reforçar é: na última reunião ordinária desta Comissão eu relatei e tive da Presidência desta Comissão o apoio no sentido de fazermos um requerimento de informação sobre os atuais contratos emergenciais da PETROBRAS. Eu tenho informações de que estão sendo feitas licitações na PETROBRAS que, em vez de serem homologadas nesse novo contexto, estão sendo, vamos dizer assim, empurradas com a barriga pelas diretorias desses contratos. E as gerências estão formulando, Sr. Presidente, contratos emergenciais, sem que essas empresas licitadas vencedoras sequer participem do contrato ou da consulta desses contratos emergenciais.

Portanto, ficou estabelecido pelo Presidente e por mim, nessa reunião ordinária, que seria feito um requerimento, e nós passaríamos a acompanhar esses contratos emergenciais, durante o período em que a Comissão estiver estabelecida. Isso não é outra coisa senão uma forma de burlar a lei e também de estabelecer um contato direto com o fornecedor, portanto abrindo uma janela de corrupção ativa dentro da PETROBRAS.

Portanto, eu queria reforçar que esse requerimento será protocolado nas próximas horas, para que nós possamos fazer o desdobramento desse requerimento, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Imbassahy) - Muito bem, Deputado Silas Câmara. É uma boa iniciativa. Como sempre, V.Exa. toma boas iniciativas.

E com relação aos negócios na África, eu estou solicitando aqui ao Secretário da CPI, Manoel Alvim, que busque informações atualizadas e comunique não apenas a V.Exa., mas também aos demais membros da CPI, em face da relevância das informações.

Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença a todos, e declaro encerrada a sessão.