CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 212.3.52.O Hora: 12:21 Fase: HO
Orador: JOSÉ DIVINO, PMDB-RJ Data: 16/08/2005

O SR. JOSÉ DIVINO (PMDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre companheiro Adelor Vieira, brilhante Parlamentar e Presidente da Frente Parlamentar Evangélica; autoridades presentes dos Poderes Executivo e Legislativo; demais autoridades eclesiásticas; Pastor Samuel Lourenço Rabelo, Presidente da 3ª Região Administrativa da Aliança; Pastor Robson Batista; em nome do PMDB e do povo fluminense e carioca, que aqui represento, e, em especial da minha querida cidade de Campos dos Goytacazes, homenageio este ministério que há 150 anos presta relevantes serviços à sociedade brasileira, em especial às famílias desajustadas que, por meio da palavra de fé, de conforto e de esperança, têm tido apoio para se reestruturar.

Acredito que a história dos relevantes serviços prestados pelos homens de Deus à frente desses ministérios, que alcançaram os desesperançados, os angustiados, os vitimados por problemas diversos, nesses 150 anos, poderia ser escrita em livro. E a sociedade brasileira reconhece a importância do trabalho prestado à Nação pelas entidades evangélicas.

Esta homenagem é também uma oportunidade de olharmos para a história do País, que ainda possui alguns preconceitos, principalmente por parte de segmentos da mídia. Esse preconceito é fartamente comprovado quando nos deparamos com notícias sobre evangélicos que erraram. Nesses casos, a mídia logo estampa: "fulano de tal, envagélico...". Vejam um exemplo bem atual, que acontece hoje, quando o País está mergulhado em profunda crise: a mídia não divulga que o Sr. Marcos Valério é católico ou da religião "a", "b", "c" ou "d". Se ele fosse evangélico, porém, todos já o saberiam. Isso revela o forte preconceito que ainda há na mídia brasileira.

Na condição de Parlamentar tenho de esclarecer isso à sociedade. Afinal, não se pode aceitar que a mídia, de forma preconceituosa, viole a própria Constituição Federal ao diferenciar as pessoas segundo a religião que professam, esquecendo-se de reconhecer sua importância e o fato de que, tendo ou não religião, elas prestam relevantes serviços à sociedade.

Parabenizo o Ministério do Trabalho da Igreja Congregacional, os seus membros e todos os que, no dia-a-dia, fazem acontecer a Igreja. Tenho certeza de que a igreja não é apenas o templo físico ou sua razão social, mas as milhares de pessoas que assiste e que recebem o apoio espiritual da instituição.

A Igreja Evangélica Congregacional foi a percursora do Evangelho que liberta e cura no Brasil. Foi ela quem trouxe para cá o sal da terra. A propósito, lembro como é interessante essa analogia feita pelo Cristo, pois a pessoa pode até não ter em casa qualquer conforto e uma série de produtos essenciais, mas, certamente, tem sal. Seja na casa do rico, seja na casa do pobre, seja no palácio, seja no mais humilde barraco, encontra-se o sal. Isso demonstra que Deus deseja que seu povo esteja presente em todos os segmentos da sociedade e em todos ambientes, levando esse bom tempero da vida.

O ministério da Igreja Evangélica Congregacional muito tem contribuído com nosso País, que lhe deve muito. E, se este País conta com uma população tão, isso se deve em grande parte ao trabalho evangélico.

Tenho acompanhado esse trabalho, que é realizado especialmente nas comunidades carentes e nos presídios, levando a palavra amiga. Pessoas que outrora atuavam como marginais, que tiravam vidas, que manuseavam armas, hoje substituem essas práticas pela Bíblia.

Como disse, o Brasil deve imensamente a essas entidades que, muitas vezes, cumprem até o papel do Estado, fazendo aquilo que ele não faz, ou seja, dando assistência, apoio moral e espiritual aos desassistidos.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, partilho com o autor do requerimento desta solenidade, Deputado Lincoln Portela, a oportunidade de homenagear os 150 anos do primeiro segmento evangélico a se organizar no Brasil e pioneiro na realização de cultos em português.

A obra evangelizadora da Igreja Congregacional, que teve início com a chegada ao Rio de Janeiro, em 1855, do médico escocês Robert Reid Kalley e de sua esposa, Sarah Poulton Kalley, foi-se ampliando. E, sempre enfatizando a autonomia da igreja local, é hoje constituída, no Brasil, de vários grupos congregacionais.

Honrando sua origem nas igrejas independentes da Inglaterra, sobressai, entre seus princípios, o de que a força decisória final do governo eclesiástico pertence à assembléia dos membros da igreja local, tendo esta todas as prerrogativas.

Ilustres Parlamentares, são dignos de louvor os 28 artigos que compõem a Síntese Doutrinária do Congregacionalismo, elaborados pelo fundador, sob o título de Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo e que foram responsáveis pelo crescimento e sólida e definitiva implantação da Igreja no Brasil.

Pelo seu sistema democrático e direto, o governo eclesiástico congregacional não adota manuais de teologia, nem catecismos, mas a Igreja é fundamentalista, professa a teologia tradicional sustentada pelas igrejas genuinamente cristãs e tem a Bíblica Sagrada como única regra de fé, conduta e forte autoridade.

A crença aparece como esteio, tanto que a admissão de membros somente ocorre mediante pública profissão de fé, seguida de batismo com água - aliás, o batismo infantil não é adotado.

Os membros da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil não são os únicos congregacionais no nosso País; há, pelo menos, quatro outros grupos: Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, dois grupos de Igrejas Congregacionais Independentes e a Igreja Congregacional do Brasil.

Fica, pois, o nosso preito à obra evangelizadora dos congregacionais no nosso País.

Cumprimento os membros das mais diversas Igrejas aqui representadas, todas responsáveis pelo fundamental papel de propagar a Palavra verdadeiramente cristã em nossa terra.

Que Deus continue abençoando os pastores, os membros da Igreja e todo o magnífico trabalho que, com certeza, muito tem contribuído para cidadania e para a democracia do Brasil.

É a homenagem que presto em nome da Liderança do PMDB e de toda a sua bancada nesta Casa.

Muito obrigado. (Palmas.)