CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 2437/15 Hora: 15:07 Fase:
Orador: Data: 17/11/2015



DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO


NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES


TEXTO COM REDAÇÃO FINAL


Versão para registro histórico


Não passível de alteração




CPI - FUNDOS DE PENSÃO EVENTO: Audiência Pública REUNIÃO Nº: 2437/15 DATA: 17/11/2015 LOCAL: Plenário 5 das Comissões INÍCIO: 15h07min TÉRMINO: 18h20min PÁGINAS: 96


DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO


ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sócio-Diretor da ASM Asset Management. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Presidente do Grupo EBX.


SUMÁRIO


Tomada de depoimento.


OBSERVAÇÕES


Houve exibição de vídeo. Houve intervenção fora do microfone. Ininteligível. Há palavra ou expressão ininteligível. Há orador não identificado em breve intervenção.






O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Declaro aberta a 25ª Reunião Ordinária da CPI dos Fundos de Pensão.

Encontram-se sobre as bancadas cópias da ata da 24ª Reunião. Pergunto aos Srs. Parlamentares se há necessidade da leitura da referida ata. (Pausa.)

Solicitada a dispensa pelo Deputado Andres Sanchez.

Em discussão a ata. (Pausa.)

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Não havendo quem queira discuti-la, em votação.

Os Srs. Deputados que a aprovam, permaneçam como se encontram. (Pausa.)

Aprovada.

Esta reunião de audiência pública foi convocada para tomada de depoimento dos Srs. Antônio Luís de Mello e Souza, Sócio-Diretor da ASM Asset Management, e Eike Fuhrken Batista da Silva, empresário e Presidente do Grupo EBX.

Convido o Sr. Antônio Luís de Mello e Souza a tomar assento à mesa. (Pausa.)

Devido à oitiva, pela manhã, do Sr. Eike Batista, o Sr. Antônio Luís de Mello e Souza foi colocado como primeiro, para dar tempo ao Sr. Eike Batista de almoçar e retornar aos trabalhos desta CPI.

Esta primeira audiência deve ser bastante curta e passaremos, então, a sua sequência.

Antes de passar a palavra ao depoente, peço a atenção aos senhores presentes para os procedimentos que vamos adotar.

O tempo concedido ao depoente é de 20 minutos, não podendo ser aparteado. O depoente já avisou que abrirá mão da apresentação.

Os Deputados interessados em interpelá-lo deverão se inscrever, previamente, junto à secretaria.

O Relator disporá de 30 minutos para interpelações; os Sub-Relatores, de 10 minutos; o autor do requerimento, de 5 minutos; cada Deputado, de 3 minutos.

Para atender às formalidades legais, foi firmado, pelo depoente, termo de compromisso, que integra o formulário de qualificação, cujo teor, solicito ao depoente que faça a leitura.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Faço, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e do que me for perguntado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Com a palavra o Sr. Antônio Luís de Mello e Souza, pelo tempo de até 20 minutos, para apresentação pessoal. Ele já disse que não tem nenhuma apresentação aqui a ser feita, mas a sua apresentação é informar sua formação e que funções desempenhou na sua carreira profissional, pelo menos, nos últimos 10 anos.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Bom, boa tarde, Sr. Presidente, Srs. Deputados, demais participantes. Eu sou engenheiro de sistemas, formado pela PUC do Rio de Janeiro. Comecei minha carreira no mercado financeiro em 1988, passando por diversas instituições financeiras diferentes, até fundar, junto com outras pessoas, a minha empresa, no ano de 2000, que é a ASM, onde me encontro até agora.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Perfeito.

Com a palavra o Relator, Deputado Sergio Souza.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Boa tarde a todos.

Sr. Antônio, primeiro, eu gostaria de ouvir, de V.Sa... Foram marcadas duas vezes anteriores para sua vinda aqui e, por motivos diferentes, o senhor não pode comparecer. O senhor poderia dar uma explicação a esta CPI?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Claro. A primeira vez, eu passei mal, tive pressão alta, uma coisa inédita para mim, e, na segunda vez, sofri um acidente automobilístico, indo de Campos para o Rio de Janeiro, para pegar o avião no dia seguinte pela manhã.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - A pressão agora está sob controle, não é? Para não termos nenhum risco aqui.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Tomei um remedinho.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Está bom, obrigado.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Bom, o senhor é proprietário de uma empresa que participou da alienação de ativos da Rioprevidência. O senhor pode nos explicar como isso aconteceu e o valor tomado nesses investimentos dos fundos de pensão da PETROS e do POSTALIS?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Claro. Primeiro lugar, é importante deixar claro que esse investimento para os fundos de pensão foi extremamente lucrativo, um dos mais lucrativos do ano. Isso aí não sou eu que estou falando, é simples, é só pegar os participantes do POSTALIS, já vi que tem alguns presentes aqui...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Explique-nos o que é Rio Previdência. O que ela faz, que tipo de investimento é esse?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Rio Previdência é o fundo de previdência complementar dos funcionários do Estado do Rio de Janeiro. Esse foi o vendedor da carteira. Em relação aos investidores aqui, do que eu acho que trata mais precisamente a CPI, esses investidores auferiram um lucro substancial, realizado após vender os seus ativos.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Qual era a sua função na estruturação e na alienação desses ativos da Rio Previdência?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Nenhuma. Na verdade, eu era gestor do outro fundo do qual participaram os fundos de pensão.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Qual o fundo?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Chamava-se ASM FIDC FCVS.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E a ASM estruturou qual fundo?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Esse fundo que eu coloquei agora.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E eram vocês que captavam os recursos?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não. Esse fundo, na verdade, recebeu aporte de recursos de fundos de pensão...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Vocês eram gestores?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Gestores. Exatamente.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E qual era o valor que vocês tinham no fundo?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Uns cento e trinta e poucos milhões, se não me engano.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Quanto era da... Aqui nós temos, aproximadamente, 219 milhões.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Eu realmente não me lembro do percentual de cada fundo de pensão. Foi há muitos anos.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E como que se deu a entrada de recursos do POSTALIS e da PETROS? Como é que chegou isso para vocês?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Bom, esse fundo foi registrado, se não me engano, em junho de 2004. A partir de então a gente começou o processo de captação de recursos. Eu não lembro quando foi que o POSTALIS entrou, mas, enfim, o leilão de alienação dos ativos ocorreu em janeiro de 2005. Então, eu imagino que tenha sido nesse período.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Veja só: V.Sa. era o que da ASM?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sócio-Diretor e gestor dos recursos.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Sócio-Diretor e gestor dos recursos?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Isso.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E V.Sa. não lembra, ao certo, os valores?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não. Eu posso trazer aqui, enfim, mandar. Isso é muito simples.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Mas em 2010 a CVM aplicou uma das maiores multas já aplicadas em negócios como esse. Por qual razão?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Olha, a multa da CVM nada teve a ver com a parte onde participaram os fundos de pensão. Na verdade, pelo que eu depreendi, a multa da CVM... Por acaso, os efeitos foram suspensos por determinação judicial, tanto da multa quanto da inabilitação minha e da minha empresa, logo em seguida, alguns dias, poucos dias depois.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - A multa chegou a 504 milhões de reais.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Eu não recebi essa multa. Não se aplicou a mim.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Não se aplicou à ASM?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não. Foram 100 mil reais para a ASM. DTVM, que era uma outra empresa.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E essa multa de 504 milhões foi para quem?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Foi para alguns outros investidores que participaram da operação.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Banco Santos?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, jamais.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - BERJ?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E quem são os investidores?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Foram pessoas físicas: Eduardo Saad, Fernando Teixeira de Mello, Olímpio e José Vasconcellos.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E por qual razão a multa?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Olhe, não me cabe aqui dizer qual a razão da multa da CVM para terceiros. Na verdade, o que aconteceu, pelo que foi julgado e decidido, foi porque tem havido fraude, operação fraudulenta no mercado de capitais, entendeu?

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Que tipo de fraude?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Operação fraudulenta é difícil de explicar porque, na verdade...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Segundo a CVM, eles teriam operado nas duas pontas dos investimentos. É isso?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Deixe-me só concluir. Na verdade, pelo relatório da CVM, todos os atos praticados foram absolutamente legais. Entretanto, ela disse que houve ardil na montagem dos fundos. Portanto, ela aplicou essa multa.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Certo. E a ASM participou da montagem dos fundos?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Do segundo fundo, sim.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E esse fundo não está dentro do objeto da multa?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Nem os particulares que investiram nesse fundo?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Os particulares, não. Os particulares foram cotistas subordinados desse fundo.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Certo.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Mas não cotistas seniores. Os cotistas seniores foram os fundos de pensão, aqueles que auferiram lucro.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Por que V.Sa. afirma que obteve lucro se no contexto era dada como uma ação temerária?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Bom, esse julgamento é subjetivo. O que a CVM disse foi que o Rioprevidência teria deixado de auferir resultado.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Isso.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Então, jamais teria tido prejuízo. Em momento algum a palavra “prejuízo” foi colocada. Deixado de obter lucro ou - entre aspas - “houve um prejuízo por não ter realizado aquele lucro”.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Olha: “Em linhas gerais, as operações fraudulentas aconteceram da seguinte forma: investidores compraram as quotas de um fundo de investimento em direitos creditórios, os transformaram em crédito e os revenderam por um preço inflado para outro fundo ASM, que tinha oito fundos de pensão como cotistas”. Os fundos da PETROBRAS (PETROS), o POSTALIS, do Banco Regional de Brasília (REGIUS), de Furnas, FACEB, FIOPREV e demais, todos teriam investido. A ASM foi multada e também V.Sa. teria sido multado.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, eu não fui multado, não, está equivocada a informação.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - A ASM foi multada?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - A ASM DTVM foi multada em 100 mil reais, se não me engano, alguma coisa assim.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E qual a razão da multa? Foi por essa operação?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sim, sim. Foi por essa operação.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Pelo fato de não ter auferido lucro. É isso?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - De não ter, em tese,... A CVM sustentou que nós teríamos deixado o Rioprevidência incorrer em erro. Essa foi a versão deles. Esse julgamento foi considerado nulo e hoje pendem vários recursos, tanto judiciais quanto administrativos.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E a ASM teve o seu registro suspenso? O senhor teve o seu registro suspenso?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sim. Na verdade, esse foi o resultado do julgamento. Mas esse resultado foi, na verdade, tornado sem efeito, houve vários recursos e a CVM, por exemplo, não deixou os réus produzirem as suas provas. Depois a Justiça - enfim, é longa a história - concedeu o direito de os réus produzirem suas provas. Os réus produziram as provas através de um perito que tinha sido o perito da CVM. Esse perito concluiu, num laudo pericial muito grande, que jamais houve prejuízo, e que não houve nenhum fato ilegal, e que todos os atos foram absolutamente legais. Esse foi o laudo.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Resumindo: a CVM aplicou, então, uma multa de 504 milhões a quatro investidores que eram minoritários dentro do fundo administrado pela ASM?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sim, eles eram subordinados...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E vocês não verificaram que tinha uma fraude ali?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Mas não houve fraude. Em momento nenhum houve fraude.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E a CVM...

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Ela está equivocada, absolutamente equivocada. E vai perder, porque esse julgamento ainda pende de recurso e vai ser absolutamente modificada essa decisão.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - É, tem uma decisão da Justiça Federal do Rio que anulou parte do julgamento, no caso do senhor.

Segundo a CVM, o Sr. Eduardo Saad lucrou aproximadamente 132 milhões no ano de 2005 com tal negócio. O que V.Sa. tem a nos dizer sobre isso?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Nada. Ele lucrou em cima de uma operação que ele estruturou. Na verdade, ele comprou ativos de um fundo...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Os fundos de pensão lucraram? Investiram menos ou mais do que ele?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Os fundos de pensão investiram mais do que ele.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E lucraram mais ou menos do que ele?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - O fundo no qual os fundos de pensão investiram tinha uma rentabilidade pré-fixada, que foi feita em junho - esse leilão foi em janeiro - do ano anterior, que era TR + 17,35.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Quer dizer que os fundos de pensão investiram muito mais? A diferença de investimento foi grande ou não? O senhor era o estruturador do fundo?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sim, os fundos de pensão investiram alguma coisa perto de 200 milhões ou cento e poucos milhões...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E o Sr. Eduardo Saad?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Ele teve lucro por ter comprado uma carteira, desenvolvido essa carteira, apartado direitos...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Sim, mas quanto ele investiu?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Ele investiu aproximadamente cento e poucos milhões de reais.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Ele investiu cento e poucos e lucrou 132. E os fundos investiram aproximadamente 200 e lucraram quanto?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Eu não lembro quanto eles lucraram na época, mas o investimento foi um investimento muito lucrativo para as suas carteiras.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Mas poderiam ter lucrado, como a CVM levantou, muito mais fazendo a comparação com a do Sr. Eduardo Saad?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, não poderiam ter lucrado mais.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Não poderiam? É a decisão da CVM. É lógico que está sendo questionada.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Essa decisão está questionada, ela está equivocada. O objetivo do fundo era rentabilizar TR + 17,35 e não mais do que isso.

O SR. DEPUTADO LUIZ SÉRGIO - Está bom, Sr. Presidente. Eram essas as perguntas.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Indago se há inscrição dos Srs. Deputados para efetuar perguntas.

Com a palavra o Deputado Andres Sanchez.

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - Já fiz todas as perguntas que eu queria fazer, mas em cima disso daí que V.Sa. disse, que já tinha um fundo 6 meses antes, com predeterminação do lucro dos fundos de pensão, se desse menos do que 17,35 vocês teriam que repor? Ou não?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - É. Na verdade, o que acontece? Deixe-me explicar um pouquinho como funciona o fundo. Aquilo era um FIDC - Fundo de Investimento em Direitos Creditórios. Esse fundo tinha cotas seniores e subordinadas. O fundo, desde a época em que ele foi criado, em junho de 2004, através de registro em títulos e documentos, tinha um regulamento que previa uma rentabilidade. Na verdade, naquele dia do leilão o fundo ofereceu a compra de ativos que foram vendidos pelo Eduardo Saad ao preço que ele tinha desde junho do ano anterior se comprometido. Ele cumpriu aquilo que tinha na política de investimento dele.

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - Mas, por obséquio: se não tivesse dado esse lucro, tivesse sido inferior a 17,35, você teria que repor os 17,35 ou o fundo amargaria o prejuízo?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Na verdade, não. O prejuízo... Era um fundo que tinha cota subordinada, ou seja, 25% do fundo seriam para cobrir os prejuízos. Entretanto, historicamente, esse fundo, esse tipo de ativo tinha como sinistro, vamos dizer assim, praticamente 8%. Então, 25% foi uma subordinação absolutamente elevada. Por isso, esse fundo teve um grau de risco pela Fitch de A+, que é algo muito difícil de ter.

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - Perfeito. Só isso, Sr. Presidente.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Por isso que - desculpe, Exa. - os investidores lucraram mais, porque, na verdade, o risco, as cotas deles eram subordinadas.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Perfeito.

Deputado Herculano Passos. (Pausa.) Abre mão da inscrição.

Deputado Raul Jungmann, algum questionamento?

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Alguns, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Com a palavra o Deputado Raul Jungmann.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Em depoimento prestado ao Ministério Público Federal, em 2005, o corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro fez referências a transações envolvendo dinheiro dos fundos de pensão que teriam por objetivo favorecer o Partido dos Trabalhadores.

Nesse depoimento ele sugeriu aos Procuradores intensa investigação do Sr. Lúcio Bolonha Funaro sobre a corretora ASM Asset Management com sede no Rio. Ele lançou suspeita em especial sobre o Fundo de Direitos Creditórios subscrito, em quase sua totalidade, pelos fundos de pensão ligados ao partido.

Temos, então, a pergunta: o que o senhor tem a dizer sobre essa afirmação do Sr. Lúcio Bolonha Funaro? E, segunda, qual foi o papel da ASM nas aplicações feitas pelo POSTALIS e por outros fundos de pensão nas empresas do Grupo Canabrava?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Bom, eu não tenho nada a declarar sobre as insinuações, as informações do Lúcio Funaro. Não entendo...

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Quer dizer, então, que o senhor acha que ele mentiu na delação premiada? O senhor afirma isso?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Eu afirmo que ou ele ou é louco ou mentiu.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Muito bem. Eu peço que se registre. E, Sr. Presidente, desde já eu gostaria de pedir uma acareação entre o Sr. Lúcio Bolonha Funaro e o depoente. É um pedido que eu faço oralmente e farei por escrito posteriormente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Já está registrado pela Mesa Diretora.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Muito bem. Alguma observação com relação a...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Só relembrando que o Sr. Luís Antônio de Mello e Souza se encontra sob juramento - V.Exa. não havia chegado, mas ele está juramentado - e relembrando a ele que qualquer mentira que seja comprovada gera crime e prisão.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Com relação à segunda das questões, qual foi o papel da ASM nas aplicações feitas pelo POSTALIS e por outros fundos de pensão nas empresas do Grupo Canabrava?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - A ASM estruturou um fundo, um FIP - Fundo de Investimento em Participações, em ativos do Grupo Canabrava. Na verdade, antes de a ASM ter algum tipo de relacionamento com o Grupo Canabrava, o Grupo Canabrava possuía títulos CCIs, dos quais a PETROS e o POSTALIS eram detentores. Então, o que foi feito foi utilizar esses títulos para integralizar no fundo e, além disso, esses fundos de pensão entraram com dinheiro também. Nosso papel foi a constituição, a administração e gestão desse fundo.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - E o que o senhor tem a dizer sobre os resultados desse fundo para o POSTALIS?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Olha, por enquanto, os resultados do fundo não foram ruins.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Não?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - É. Esse fundo tem uma avaliação inicial que foi feita pela KPMG. Na verdade, quando houve a constituição do fundo, houve uma prévia avaliação pela KPMG, que deu base ao valor das ações de uma holding da Canabrava, que de chamava Portopar. Esses fundos de pensão contrataram avaliações independentes de renomadas instituições que, imagino eu, porque não tive acesso a essas avaliações, devem ter sido iguais ou superiores à avalição da KPMG, que foi contratada pelo Canabrava. Então, na verdade, esses fundos, POSTALIS e PETROS, especificamente, empreenderam uma longa due diligence, que é uma auditoria, para avaliar os ativos do Grupo Canabrava e concordaram com a precificação de suas cotas. Portanto, investiram recursos nesses fundos.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Muito bem. Em 2005 investidores tiveram lucros milionários ao comprar direitos creditórios do extinto BERJ - Banco do Estado do Rio de Janeiro e repassá-los, com lucros exorbitantes, aos fundos de pensão. A CVM - Comissão de Valores Mobiliários aplicou uma multa de 504 milhões a nove acusados de envolvimento em fraudes, a segunda maior multa já aplicada pela CVM.

Em linhas gerais, as operações fraudulentas aconteceram da seguinte forma: investidores compraram cotas de um fundo de investimento em direitos creditórios, transformaram-nos em créditos e os revenderam por um preço inflado para outro fundo, que tinha oito fundos de pensão como cotistas, entre outros, PETROBRAS, Correios (POSTALIS), Banco Regional de Brasília (REGIUS), Furnas (Real Grandeza), Companhia Energética de Brasília (FACEB), Fundação Oswaldo Cruz (FIOPREV), Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELOS), e Docas (PORTUS). Foram condenados, entre outros, a ASM Management, que o senhor aqui representa, e o seu registro de administrador de carteira foi suspenso por 7 anos.

O que o senhor tem a dizer a respeito dessa punição, dessa multa e quais foram os argumentos que fundamentaram essa condenação pela CVM?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Bom, o que eu tenho a dizer sobre essa multa é que eu acho que foi em relação aos participantes e eu não tenho muito o que falar. Em relação à nossa condenação e à multa que nos coube, que foi de 100 mil reais, eu tenho a dizer que a nossa condenação foi muito superior. A dosimetria foi muito alta, uma vez que, à época, a gente nunca tinha sido objeto de qualquer tipo de processo, de qualquer tipo de Processo Administrativo Sancionador - PAS. Foi a primeira vez. Eu não concordei com essa multa nem com a minha inabilitação. Tanto é que recorremos dessa condenação, e estamos ainda recorrendo, tanto judicialmente quando administrativamente.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - E os argumentos da CVM para impor essa multa e o afastamento?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - A CVM julgou que foi uma operação fraudulenta no mercado de capitais. No relatório dela ela diz que os atos foram legais, entretanto, se olhados em conjunto, mostravam um ardil que manteve ou que foi suficiente para manter o Rioprevidência em erro. Portanto, o Rioprevidência deixou de auferir um resultado muito grande.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Sr. Presidente, encerro por aqui. Apenas reiterando que nós sempre ouvimos, Sr. Presidente, explicações a respeito de mercado, de variações, mas a verdade é que os beneficiários dos fundos de pensão POSTALIS, PETROS e FUNCEF é que vão pagar a conta desse descalabro. E nós aqui temos que ter o compromisso de chegar aos responsáveis e puni-los, a todos eles, por esse tipo de desvio feito.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Apenas alguns questionamentos remanescentes. O primeiro deles é sobre esse mesmo episódio abordado pelo Relator e pelo Deputado Raul Jungmann, para ficar claro.

Essa acusação que existe na ação judicial, entre outras, é basicamente a seguinte... Qual é a sua relação com o Eduardo Saad? Qual é a relação que o senhor tem com o Eduardo Saad, um dos quatro que adquiriram os fundos do Rioprevidência?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Eu fui funcionário dele quando eu trabalhei no banco Fleming Graphos e, depois, ele foi sócio da ASM durante um tempo - no comecinho, 6 meses. Daí ele saiu para trabalhar no Merrill Lynch, outro banco.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Certo. É verídica ou não a afirmativa de que duas empresas distintas de V.Sa., a ASM Asset Management e a ASM Administradora de Recursos Ltda. atuaram concomitantemente na alienação dos ativos do Rioprevidência e na estruturação do FDIC? Ou seja, alguma empresa de V.Sa. atuou na alienação dos ativos do Rioprevidência?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sim.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - E também atuou na estruturação do FDIC?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Posso explicar?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Pode, e respondendo se isso não significa conflito de interesses.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, não significa, por alguns motivos. Primeiro, que o fundo no qual investiram os fundos de pensão foi constituído 6 meses antes. Naquela época a gente estava estudando aplicações de longo prazo, com altas taxas de juros. E os fundos, as carteiras imobiliárias, na verdade, tinham, davam oportunidade de ter esse tipo de ativo. A gente sabe que um contrato imobiliário gera direitos contra mutuários e direitos contra o FCVS. Então, o nosso objetivo, na montagem do Fundo ASM FCVS foi basicamente de comprar direitos contra o FCVS e proceder a uma coisa chamada novação, ou seja, transformar essas carteiras, esses direitos em títulos do Tesouro Nacional. Quando isso é feito dentro de uma estrutura estruturada e subordinada, o risco é muito mais baixo. Meses depois a gente vinha estudando e olhando tudo relativo ao FCVS, a carteiras imobiliárias, justamente por conta do fundo. Foi aí que apareceu e posteriormente, não antes, uma oportunidade de administrar, constituir e alienar títulos do Rioprevidência em mercado. Isso foi publicado em diversos jornais, na época. Nós fizemos uma proposta, nós já conhecíamos bastante aquilo, e vencemos a proposta. O contrato de administração deixava claras algumas coisas. Primeira coisa: aquilo era para ser constituído o fundo e alienadas as cotas. O fundo, na verdade, já tinha o seu regulamento, já vinha junto da convocatória às empresas de mercado. Nós constituímos exatamente aquilo que foi feito, que foi pedido, e alienamos... Alienamos, não, procedemos à alienação no mercado conforme o dono da carteira exigiu, demandou e nos mandatou. Esse leilão ocorreu...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O dono da carteira...

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - O Rioprevidência. É importante explicar que essa carteira, originalmente, era do BERJ, do BANERJ, na verdade, e ela foi deixada de lado na privatização do BANERJ, que a gente chamava de banco ruim. Então, os títulos que estavam lá, os direitos creditórios, a carteira imobiliária, na verdade, ficou no banco ruim. Posteriormente... Ou seja, o Itaú não quis comprar, o Itaú comprou o BANERJ e não quis essa carteira. Posteriormente isso foi a leilão e não foi...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Certo. Mas essa não é a questão, Sr. Antônio, a questão é que V.Sa. participou da alienação desses ativos do Rioprevidência e também estruturou o FDIC e foi comprar. Isso está correto, perfeito?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Vamos lá. Eu procedi à venda conforme mandato que me tinha sido auferido pelo dono da carteira, que é o Rioprevidência.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Certo. Essa venda foi por 135 milhões de reais?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Essa venda foi pelo preço que o Rioprevidência estipulou. E foi colocado em leilão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Centro e trinta e cinco milhões de reais.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Exatamente. E no leilão nenhuma instituição se interessou por comprar.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Certo. Por esses 135 milhões de reais, quem comprou foi o Sr. Eduardo Saad, que veio a ser seu sócio, e os outros três investidores. Correto?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Correto.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Esses 135 milhões de reais foram aportados pelo Sr. Eduardo Saad? Qual foi o aporte dele, pessoa física, para a aquisição dessa carteira?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - O Eduardo Saad e os demais aportaram recursos que, na verdade, tinham sido, no começo daquele dia do leilão, pelo fundo da ASM, antecipado a instituições de mercado. Ou seja, ela comprou uma carteira no começo do dia e ao final do dia houve o leilão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Certo. E esses 135 milhões de reais, fundo da ASM, quem foi que aportou na ASM?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Foram os fundos de pensão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - POSTALIS?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sim.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - E mais dois outros fundos, certo?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Certo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Ou seja, o POSTALIS entrou com 80 milhões, o CELOS, da Centrais Elétricas de Santa Catarina, com 30 milhões, e o REGIUS, com 25 milhões. Ou seja, os 135 milhões de reais que foram para adquirir essa carteira foram já de três fundos de pensão, exatamente no mesmo valor, 135 milhões. Aí o que chama a atenção é que essa carteira, adquirida por esses quatro senhores, pessoas físicas, por 135 milhões, depois foi vendida para os mesmos fundos de pensão por 350 milhões. Ou seja, foi comprado com o dinheiro deles e vendido por trezentos e pouco milhões. Aí, Relator, é onde está o lucro de 132 milhões. Eu quero sabe se essa versão que é trazida pela Justiça o senhor confirma ou não.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, não é exatamente assim. Na verdade, o que foi vendido não é o que foi comprado. Foram ativos completamente diferentes. O que foi vendido não poderia ter sido comprado pelo meu fundo. Por isso é que eles existiram. O fundo que eu administrava, de que eu fazia gestão, o objetivo dele era comprar créditos contra o FCVS. E o que foi vendido no leilão foi uma carteira imobiliária que tinha créditos, mas também tinha direitos contra os mutuários em 1500 ações judiciais. Tinha obrigação de ser por 20 anos feita a administração dessa carteira. Ou seja, foi vendido o ativo e um passivo. O que o fundo meu podia comprar eram ativos contra o FCVS subordinados à taxa de 25%. Então, alguém correu risco, porque dentro desses ativos existem ativos podres.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Ou seja, eles não podiam comprar, mas foi comprado com o dinheiro deles?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, o fundo não podia comprar...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Mas o dinheiro foi deles?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sim. O que o fundo comprou era aquilo que ele podia comprar. Quem fez o...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Mas comprou por trezentos e poucos milhões?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, ele comprou... Exatamente, ele comprou... Não foi... Na verdade, foram várias compras, não foi uma só.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Com 80 milhões do POSTALIS e depois a PETROS entrou também, não é isso? O senhor se lembra?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - É, a PETROS entrou depois.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Por isso é que a Justiça Federal anulou o negócio.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - A Justiça não anulou o negócio. Jamais ela alugou o negócio. A Justiça anulou a sentença da CVM.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - A sentença. Certo. A CVM anularia, a Justiça anulou está com a liminar a respeito disso. Tudo bem. Acho que esse caso está muito claro aqui. A sua versão é a sua versão, mas a investigação irá se aprofundar, porque é muito estranha essa aquisição de um recurso de uma carteira com o dinheiro dos fundos de pensão que foram adquiridos de manhã! Eu fico imaginando que não foi premeditada a eficiência de adquirir, pela manhã, 150 milhões dos fundos de pensão, e esses 150 milhões dos fundos de pensão já servirem para comprar a carteira do Rioprevidência. É estranho, Sr. Antônio, é estranho.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Eu me coloco totalmente à disposição para todo o esclarecimento possível nesse caso. Essa é uma operação muito técnica e, se a gente fizer uma análise superficial, a gente pode ter conclusões precipitadas.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Certo. Para concluir, qual a relação que o senhor tem de conhecimento com o Sr. Marcelo Sereno, citado na CPI dos Correios?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Nenhuma.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Nenhuma.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Se eu me encontrar com ele na rua, não sei quem é.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - José Dirceu?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Nunca vi pessoalmente, só pelo jornal, infelizmente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - E Luiz Gushiken?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Também nunca vi.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O senhor conheceu a situação que envolveu o Sr. Marcelo Sereno e o Sr. Fernando Barros Teixeira, da ASM, na CPMI dos Correios, em 2004?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Nunca teve nenhum Fernando Barros Teixeira na ASM, e eu não conheço o Marcelo Sereno.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Mas o senhor conhece esse episódio que foi citado? O Sr. Fernando Barros Teixeira, o senhor conhece?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, não conheço nenhum Fernando Barros Teixeira, e nunca teve nenhum Fernando Barros Teixeira, pelo menos que eu saiba, trabalhando para mim.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Está certo. Mas esse episódio da CPMI dos Correios, de 2004, que ele teria oferecido, mesmo que ele não tenha, mas o episódio que ele teria oferecido, em nome da ASM Asset Investimentos, fundos de direitos creditórios, o senhor acompanhou isso na época, procurou esclarecer isso à CPMI, foi perguntado?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Eu fiz um esclarecimento de interesse próprio e não fui chamado pela CPI para dizer que eu não conhecia o Marcelo Sereno. Eu não lembro qual foi o teor do esclarecimento, mas deve estar na Câmara. Eu provavelmente expliquei a operação.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Para encerrar, vou só fazer as perguntas do Deputado Raul Jungmann sobre a questão da Canabrava Energética.

Qual a relação do senhor com o Sr. Ludovico Giannattasio, Presidente Diretor da Usina Canabrava?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Pessoal, nenhuma. Ele é o Presidente e eu sou Diretor.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O senhor é diretor de quê?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Eu sou o gestor do fundo e Diretor-Executivo da Usina Canabrava.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Quanto foi aportado pelos fundos de pensão na Canabrava? O senhor sabe informar?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Em dinheiro, 280 milhões ou alguma coisa parecida.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - De quais fundos? O senhor sabe dizer?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - PETROS, POSTALIS, SERPROS, FACEB.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O fundo de investimento, no total, captou quase 700 milhões de reais ou mais de 700 milhões de reais, não é isso?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, não. Na verdade, tem uma questão aí: em dinheiro foram 280 milhões e parte foi em títulos, que foram convertidos em equity, em ações, em cotas do fundo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O senhor considera o Sr. Ludovico Giannattasio um bom administrador?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sim.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - É verdade que esse fundo no qual foram aportados cerca de 700 milhões de reais hoje está deficitário em 50 milhões de reais?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Deficitário em que sentido? O fundo não fica deficitário e também não apresentou diminuição do seu patrimônio até agora. O que acontece... Assim, prejuízos houve.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O patrimônio é negativo, então? Vamos tirar a palavra “déficit”.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, nunca foi. Nunca foi patrimônio negativo, em momento nenhum.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Qual é o patrimônio do fundo hoje?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Seiscentos e setenta milhões, talvez.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O senhor sabe dizer se houve reclamação por terem os funcionários da usina passado 3 meses sem receber salário?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sim, na verdade, há 1 ano temos tido dificuldade de captação, e alguns salários de fato foram atrasados.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Perfeito. O senhor sabe dizer se o Sr. Giannattasio tem um luxuoso apartamento ou casa em Paris?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Provavelmente, não. Eu não acredito que ele tenha.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Certo. Muito bem.

A consultoria tem apenas mais um questionamento. (Pausa.) Há empresas do Grupo Canabrava com patrimônio negativo?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Talvez a Canabrava Agrícola esteja com patrimônio negativo agora.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Quem comprou as cotas do fundo ASM FIDC FCVS do Rioprevidência? Aí já não se trata mais da Canabrava. Quem fez a aquisição dessas cotas? O senhor sabe dizer quem comprou do POSTALIS? O POSTALIS vendeu. O senhor disse que ela teve lucro.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Sim.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O senhor sabe dizer quem comprou?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não lembro. Não lembro. Foi uma venda a mercado para uma distribuidora.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O senhor sabe dizer se foi uma empresa offshore?

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Jamais! Eu acredito que não. Offshore não pode operar no Brasil comprando título. Eu não lembro exatamente quem foi.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O senhor não lembra. Está bem. Há uma linha de investigação para descobrir quem comprou, mas a CPI investigará a questão mais a fundo. E talvez no dia que vier fazer a acareação com o Sr. Lúcio Funaro o senhor possa esclarecer.

Agradeço a sua participação. O senhor tem tempo para considerações finais, caso deseje acrescentar mais algo.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Não, estou satisfeito. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Muito obrigado. Pode se retirar.

O SR. ANTÔNIO LUÍS DE MELLO E SOUZA - Estou à disposição para qualquer informação.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - E haverá muitas dúvidas, pode ter certeza. Vamos solicitar bastantes informações.

Agradecendo a colaboração do Sr. Antônio Luís de Mello e Souza, convido o Sr. Eike Batista da Silva a tomar assento à mesa. Seja muito bem-vindo! O seu advogado pode acompanhá-lo.

Para atender às formalidades legais, foi firmado pelo depoente termo de compromisso, que integra o formulário de qualificação, de cujo teor solicito ao depoente que faça a leitura.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Faço, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e me for perguntado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Como esclarecido, o depoente contará com 20 minutos para fazer uma apresentação pessoal.

Para inquirição, o Relator tem 30 minutos; os Sub-Relatores, 10 minutos; os membros da Comissão, 5 minutos; e os não membros, 3 minutos.

Com a palavra o depoente, pelo tempo de até 20 minutos, para fazer sua apresentação.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Muito obrigado, Presidente. Na CPI, hoje de manhã, achei muito importante mostrar alguns dos projetos, e talvez o maior projeto que o Grupo EBX botou em pé, o Superporto do Açu. E a melhor maneira de mostrar isso, que, na verdade, vai falar por 1 milhão de palavras, é exibindo um vídeo sobre o projeto em si, em que estão trabalhando hoje 10 mil brasileiros. Foram investidos lá 70 bilhões de reais, dos quais 3 bilhões e 300 milhões, mais ou menos, são do BNDES. Então, quer dizer, é um projeto que foi financiado essencialmente pelo setor privado, por grandes multinacionais. Esse projeto hoje já gera 500 milhões de reais de resultado. Este ano vai gerar 4 bilhões de exportação e, no ano que vem, 8 bilhões de exportação para o Brasil. Enfim, é um projeto que... Gostaria de convidar todos os presentes a assistir ao vídeo, porque tenho certeza de que V.Exas. ficarão orgulhosos de ver o tamanho do projeto e como ele é importante para o Brasil. Então, se V.Exa. me permitir, vou passar o vídeo, que é muito ilustrativo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Pode passar o vídeo. Eu solicito à assessoria que o auxilie nisso. Mas, depois que terminar o vídeo, gostaria que V.Sa. falasse um pouco sobre as operações que as empresas têm com fundos de pensão, captação de recursos...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Perfeito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - ...não só no porto, mas em outros negócios que envolvem a empresa.

Pode iniciar a apresentação do vídeo, por favor.

(Exibição de vídeo.)

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Agradeço a convocação para vir aqui esclarecer qualquer coisa, mas nenhum fundo de pensão investiu nas minhas companhias. Então, eu estou aqui à disposição, mas estranho a convocação, porque nenhum fundo de pensão investiu no Grupo. Os recursos vieram, como eu já falei antes, de empresas estrangeiras, de capital que eu captei no exterior. E a derrocada do Grupo veio por causa da empresa de petróleo, a OGX, porque as estimativas de produtividade dos campos... Apesar de termos descoberto petróleo, o problema é que a produtividade não era a que se esperava. Obviamente, quando você investe o dinheiro, gasta e entra em produção é que constata isso. Foi o que aconteceu. E essa empresa foi a âncora que derrubou em cascata as outras empresas. É como uma corrida bancária. Você... Enfim. Talvez o risco... Minha exposição... Tendo cinco empresas listadas na Bolsa, você está sujeito àquele resultado do trimestre. Se ele não vem, se ele vem pior ou bem pior, você no fundo causou um efeito em cascata ou literalmente uma corrida bancária, que derrubou as empresas do Grupo. Então, por exemplo, no caso da exposição ao BNDES, todos os empréstimos do BNDES, no caso específico... Só para citar, no caso do Açu, que acabamos de ver, dos 70 bilhões investidos em minha empresa pelos investidores estrangeiros que os senhores acabaram de ver aí, o BNDES participou com 3 bilhões e 300 milhões. Na crise, que começou em 2013, nós, de uma maneira bem objetiva, fomos buscar novos sócios. No caso do Superporto do Açu, veio um grupo americano chamado EIG, que botou 800 milhões de dólares - mais ou menos 3 bilhões de reais - e renegociou tudo com o BNDES. No caso do Superporto do Açu, que é outro grande porto, também do Estado do Rio de Janeiro, o fundo soberano de Abu Dhabi e a Trafigura, uma grande trading suíça, internacional, botaram também 800 milhões de dólares, assumiram as dívidas com o BNDES. E na MPX, já em 2012, entrou a empresa Eneva. Fora tudo isso, eu gostaria de lembrar que todos os empréstimos do BNDES sempre estiveram lastreados, com garantia de bancos privados e meus avais. Então, tinham uma dupla garantia. Quando um empresário erra, ele tem que pagar uma conta braba. No caso, eu tive que arcar com todo o meu patrimônio. Foi o que aconteceu. Só que a minha decisão 2 anos atrás foi: “Olha, eu quero resolver todas as dívidas...” Obviamente, os bancos e novos sócios controlam hoje essas empresas, que estão aí, graças a Deus. Eu gostaria de dizer que tenho cinco legados aí criados. Um é a termelétrica que está em Itaqui, de 360 megawatts, uma termelétrica no interior do Maranhão, que foi um conceito novo. Descobrimos o gás literalmente ali em terra. É o maior campo de gás hoje do Brasil: 5 milhões de metros cúbicos/dia, que gera 1.000 megawatts no Complexo Parnaíba. Só no Maranhão, nós temos instalados quase 1.500 megawatts, que equivalem a 3.000 megawatts hidráulicos. Esse é um projeto de importância nacional, porque só esses 1.500 megawatts, para dar uma ideia, equivalem a quase 2% da energia do Brasil. E posso afirmar que talvez uma das coisas mais importantes... Não é só a geração de energia, é a geração de energia barata. O Complexo do Parnaíba, por usar gás descoberto in loco, produz energia hoje a 60 reais. Eu quero lembrar que, quando nós pagamos a tarifa vermelha, chegamos a pagar 1.000 reais pela energia gerada a diesel. Então, 60 reais representaram, nos últimos 3 anos em que essas plantas estão funcionando, uma economia de quase 5 bilhões de reais para todos os consumidores. Outro projeto também estruturante para o Brasil são 1.080 megawatts no Ceará, em Pecém, no Porto de Pecém, um complexo de 2.500 megawatts instalados: 4% da energia consumida no Brasil a custo bem abaixo das operações térmicas do Brasil. Essa foi a contribuição que demos. Eu perdi meu patrimônio nesses projetos. Agora, como eu disse, os novos sócios só entraram porque os projetos são estruturantes, de longa duração, e fantásticos. E fora os avais pessoais e dos bancos privados, no caso do BNDES... A mídia que me desculpe, mas está na hora de se fazer a correção. Acho que este fórum é muito bom, porque aqui se procura a transparência. Está na hora de que se diga que o grupo Eike Batista não deve 1 centavo ao BNDES e que nenhum fundo de pensão os expôs seus recursos ao meu grupo.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Vamos ver, porque há alguns questionamentos quanto a essas afirmações.

Com a palavra o Deputado Sergio Souza, Relator.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Boa tarde, Sr. Eike.

Quero dizer a V.Sa. que chegam muitas informações à nossa CPI. O Parlamento brasileiro, ele tem duas funções básicas: legislar o convívio em sociedade, regular o convívio em sociedade de acordo com os costumes e com as normas que os costumes impõem à sociedade, e fiscalizar o dinheiro do povo brasileiro. Então, esta CPI é um instrumento fiscalizatório, é uma das atribuições do Congresso Nacional. Chegam a nós informações durante os nossos trabalhos, e uma delas é a de que há investimento de fundos de pensão em uma de suas empresas. Mas nós vamos chegar lá.

Eu queria, antes de mais nada... É lógico que V.Sa. é conhecido, não só no Brasil, mas no mundo econômico como um todo, e que criou uma grande expectativa, inclusive no momento em que era tido como um dos homens mais ricos do mundo, de que os investimentos seriam seguros. O mercado falava dessa forma. Suas ações subiam a passos largos.

Lá em 2010, V.Sa. exibia uma avaliação de reservas de 10,8 bilhões de barris. Isso era qualquer coisa em torno de 80% do que a PETROBRAS, uma empresa de 60 anos, exibia. Lógico que isso mostrava um volume gigantesco e um interesse de todos os investidores do planeta em migrar para investimentos de V.Sa. A questão é se foram inflados esses números, ou não.

Eu vou fazer uma linha de raciocínio, para justamente chegar a um fundo de pensão e não parecer que nós estamos aqui fazendo uma ilação por um fato que não diz respeito a esta CPI.

A empresa OGX teria adquirido a informação, a estimativa, da DeGolyer. No entanto, essa empresa veio na sequência dizer que nunca tinha dado a informação de que de fato eram 10,8 bilhões e que a OGX deveria explicar inclusive que teria divulgado resultados enganosos.

Primeiro. Sobre esse fato, o que V.Sa. pode nos dizer?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Primeiro, como se fala, corretamente, essas são estimativas de barris de petróleo, e o mundo do petróleo é assim, você sempre fala de estimativas, de potenciais barris de petróleo a serem retirados. Isso foi declarado, muito claro. Primeiro.

Segundo, é importante lembrar que, quando a empresa abriu seu capital, todos os bancos privados brasileiros e internacionais seguiam com seus analistas trimestralmente os resultados da companhia. Então, tinha aquele analista que falava “Olha, eu acho que esse ativo é bom, a empresa vale mais”, como, no mesmo trimestre, analistas de outros bancos, que falavam “Olha, a gente acha que esse petróleo eventualmente não vai ter essa produtividade, não vai ser isso”. Então, tinha sempre os dois. O importante é que eu...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Mas a DeGolyer deu essa informação mesmo, a estimativa?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Estimativa, não é? É como se fala, uma estimativa de potencial.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - E por que ela depois disse que o resultado divulgado pela OGX não foi verdadeiro?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas é como a empresa... Acho que isso foi esclarecido no mercado. Quando a DeGolyer pediu esclarecimento sobre isso, isso foi imediatamente esclarecido, porque se falava de estimativas de potencial.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Porque a revista Época veio na sequência e disse que os valores reais estavam em torno de 2%, e não de 80%, como era...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Excelência, como eu falo, eu mesmo tive... fiquei com o meu capital todo empatado nesse empreendimento, acreditando. Contratamos os melhores técnicos da PETROBRAS na época e consultores externos, para fazer constantemente essa avaliação, e eu fiquei com o meu dinheiro dentro desse ativo. Por isso é que eu perdi esse dinheiro todo, senão eu não teria perdido a fortuna que perdi. Então, o maior perdedor dessa história sou eu. E aí eu acho que um lado muito importante para esclarecer a todos é o seguinte: na abertura de capital, em 2008, a OGX, ela chegava a negociar diariamente 500 milhões de dólares por dia. Isso quer dizer o seguinte: muita gente, muitos fundos estrangeiros ganharam muito dinheiro na OGX. De novo, cada um deles... O mercado é assim: trimestralmente, os bancos, os analistas de banco davam aos investidores a possibilidade de avaliar: compra ou vende? Eu fiquei comprado e perdi porque, quando da produção, que começou em 2012... Já lá em 2012 nós tivemos uma queda brutal da produção do primeiro poço, que já era o indício de que eventualmente os campos não teriam produtividade tão alta. E, talvez para reforçar a noção do porquê do entusiasmo, a Bacia de Campos era responsável, na época, por praticamente 80%, 85% da produção brasileira, e eu ganhei blocos nas águas rasas em volta do pré-sal. Inclusive, como foi em leilão, ganhei blocos que a PETROBRAS também bidou. A PETROBRAS bidou, sei lá, 170, e eu ganhei porque paguei 200. Esse é o processo do leilão. E a campanha que eu consegui fazer. Você pesquisando, perfurando nos campos mais ricos e promissores do Brasil, do lado de grande produção da PETROBRAS, conseguimos levantar o dinheiro externo, que no fundo somou, entre capital privado... Abertura de capital, foram 5,4 bilhões de dólares, depois mais uns 5,5 bilhões de dólares. Ou seja, foram investidos 11 bilhões de dólares para procurar petróleo, para produzir petróleo. Furamos 110 poços. Olha, se tivéssemos a sorte de ter umas áreas do pré-sal... Porque, só para lembrar, 15 dias antes do leilão os blocos do pré-sal foram tirados, não é? Então, me foi dado... a minha arena foram as áreas em volta dos campos da PETROBRAS, onde, estatisticamente, se achava o dobro... A taxa de acerto naquela região era o dobro da taxa mundial de acerto em campos de petróleo, mas nunca deixando o risco do setor em si. O setor em si é um setor de altíssimo risco. Se os senhores fizerem uma avaliação em empresas internacionais, nos Estados Unidos mesmo a Shell, no ano retrasado, teve que declarar uma perda de 20 bilhões de dólares, de 10 bilhões de dólares. Isso é do setor. A minha falha foi ter ido com muita sede ao pote. Eu, que construí 12 minas do zero, 5 delas no Brasil, as outras no exterior - algo que a maior parte das pessoas também não sabe, nunca quis saber, e a mídia não informa -, sempre fui criador de projetos que nasceram do zero. O Açu, como os senhores tiveram a oportunidade de enxergar - e gostaria de convidar a todos para ir visitar o Açu... O Exmo. Ministro Eduardo Braga esteve lá alguns meses atrás, e a declaração que me foi passada foi: “Olha, realmente, mudei a minha ideia desse Eike Batista. Esse brasileiro constrói coisas. Isso não é fumaça. Isso são projetos reais, que por acaso estão empregando 10 mil brasileiros”. Então, só para falar do setor específico que afundou o meu grupo, foi a área do petróleo, e eram estimativas. E o setor anuncia e informa, sim. Mas, se tive dez auditores independentes, que trabalhavam com os bancos independentes, e aí deixavam a critério de cada investidor comprar ou não comprar, muitos compraram e ganharam porque venderam, eu fiquei e perdi. No fundo, a gente ficou porque eu fiquei na expectativa, achando que eu ia ganhar três vezes mais, quatro vezes mais. É por isso que se investe na Bolsa. Mas todos os processos de auditoria... De novo repito: os bancos com os seus auditores e a própria companhia com os seus processos... Era uma empresa listada no Novo Mercado, que tem a governança mais rigorosa do mercado. Decisões críticas... Sempre foi um grupo de três diretores independentes que tomava a decisão. Eu não tomava decisão. Então, não precisava. Por favor, com cinco empresas e o patrimônio que a gente tinha criado... E talvez outra coisa que nunca fique clara é que, quando eu vendi ativos meus em 2008, eu botei em caixa quase 30 bilhões de reais, 30 bilhões de reais! Esse dinheiro foi investido nesses projetos de infraestrutura. Por acaso o Açu é o maior deles. Por isso que...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Está bem.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não quero cansar V.Exa.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Bom, eu lhe fiz essa pergunta, Sr. Eike... É público que V.Sa. perdeu muito dinheiro no mercado, mas a intenção da CPI é saber se os funcionários dos Correios perderam algum dinheiro investindo nas suas empresas e se houve um “inflamento” das suas empresas, porque aí era uma coisa premeditada e se sabia que a perda seria iminente. Mas há dados que chegaram à CPI de que um dos fundos de pensão, o POSTALIS, teria investido em torno de 125 milhões no grupo EBX, em ações do grupo EBX. Pelo que eu entendi, V.Sa. não tem conhecimento disso.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Absolutamente, não. De novo, o que fundos estrangeiros ou nacionais fazem com os seus portfólios, com a sua capacidade de investimento nas companhias, eu não sei de nada disso. Como é que eu vou...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - O senhor quer dizer que o senhor não sabe se investiu em ações da EBX, ou o senhor quer dizer que não investiu?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Desculpa...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - O senhor sabe se o POSTALIS investiu em ações da EBX, ou não?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olha, eu, para ser sincero, eu não sei, eu nunca levantei isso.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Pode ter investido.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Pode ter investido.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - A informação é de que investiu 127,5 milhões de reais.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não sabia, mas, como eu disse antes, esses investimentos, gente que comprou e vendeu, comprou e vendeu... Eu acho que deve haver outros, então, que compraram e venderam, como, provavelmente, excelências presentes aqui compraram e venderam ações ou não venderam.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Quer dizer, o senhor nunca tomou conhecimento e com o senhor ninguém nunca falou sobre esse investimento.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Absolutamente.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Está bom.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Essa compra é feita direto na Bolsa, não é feita com uma ação minha. Esse é um processo independente. Cada um, cada fundo compra, vende, compra de novo.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Há uma notícia também de que a Caixa Econômica Federal teria entrado com um processo de recuperação contra a OSX, acerca de um investimento que tinha feito de 1,1 bilhão de reais. Sobre isso o senhor tem conhecimento?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, mas esse investimento foi reestruturado. Ele tem o meu aval hoje e foi todo reestruturado com os novos compradores. Então, como eu disse, o grupo zerou a dívida. Nos últimos 2 anos, eu, literalmente, anulei, quer dizer, consegui renegociar 70 bilhões...

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Sim, mas vai receber de volta em 40 anos.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, mas isso foi a negociação. Quer dizer, eu, como empresário, não querendo lesar ninguém, fiz uma negociação que foi aceita por todo o mundo, por todos os credores. E, no fundo, eu saí colocando todo o meu patrimônio à disposição para pagar isso e cancelar esses financiamentos, para eu poder recomeçar como empresário, coisa que eu pretendo fazer.

O SR. DEPUTADO SERGIO SOUZA - Está bom.

Obrigado, Sr. Presidente. Obrigado, Sr. Eike.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Pela lista de inscrição, o Deputado Andres Sanchez tem a palavra como primeiro inscrito.

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - As perguntas feitas são suficientes. Eu só acho que, pelo que o Sr. Eike Batista disse aqui, uma coisa que nós temos que fazer sair desta CPI é uma medida que proíba os fundos de pensão de investir em Bolsas de Valores, principalmente os fundos privados, porque na Bolsa de Valores, se há perda ou ganho ninguém tem culpa, nem empresário, nem ninguém. É uma loteria.

Então, eu acho que temos que fazer aqui uma lei que proíba os fundos de pensões de correr esse tipo de risco, com qualquer tipo de empresa, por mais garantia que se tenha da empresa.

É só isso o que eu quero dizer, Sr. Presidente. Não tenho mais pergunta nenhuma. Parabéns por tudo!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Com a palavra o Deputado Herculano Passos. (Pausa.)

Com a palavra o Deputado Sóstenes Cavalcante.

O SR. DEPUTADO SÓSTENES CAVALCANTE - Sr. Presidente, nobres colegas, Sr. Eike, convocado de hoje da nossa CPI, antes da minha fala, Sr. Presidente, permita-me registrar que, por motivo de compromissos assumidos anteriormente, o Deputado Indio da Costa, colega nosso de partido, não pôde estar presente e pediu que eu lesse um texto em nome dele, o que farei a partir de agora. Depois, eu tenho duas perguntas para fazer. É uma questão individual minha.

Então, agora, passo à fala do Deputado Indio da Costa:

Sobre a parte financeira, os técnicos avaliarão. Mas, como carioca, quero dar o meu testemunho. Conheço alguns investimentos feitos pelo Grupo EBX no meu Estado. Antes, lembro que Eike colocou 20 milhões de reais por ano no projeto de segurança mais importante da cidade, as UPPs. E, entre outras iniciativas, também fez a obra para limpar a Lagoa Rodrigo de Freitas. Embora dissessem que Eike só fazia projetos de Power Point, que era apenas marketing, no Rio existem dois portos construídos e operando. O maior deles, o Açu, já recebeu mais de 70 bilhões de reais de investimentos de diversas empresas que se instalaram lá.

O Açu emprega cerca de 10 mil pessoas, sendo 4 mil nas empresas e 6 mil nas obras, e está em funcionamento desde 2014. E levou oportunidades de emprego e renda não apenas para São João da Barra, mas para toda a região do noroeste Fluminense. Açu gera 500 milhões/ano de faturamento.

O outro é o Porto Sudeste, que fica em Itaguaí. Está em pleno funcionamento e já emprega centenas de pessoas.

São palavras do Deputado Indio da Costa, dando aqui o seu testemunho pessoal, que eu gostaria de deixar registrado, na ausência do meu colega.

Eu gostaria, Sr. Presidente, agora, sim, em meu próprio nome, de fazer aqui alguns questionamentos e algumas ponderações. Vou na mesma esteira do Deputado Andres. Eu acredito que já está mais do que provado que esses fundos de pensões correm riscos, desnecessariamente, colocando em perigo a vida de milhares de brasileiros, que fazem os seus aportes de maneira lícita e correta.

Então, nessa mesma esteira, Deputado Andres, nós podemos juntar nossas assessorias e, se quiser partir de V.Exa., que já... Eu não quero roubar sua ideia brilhante, mas nós precisamos colocar um limite e um freio nos fundos de pensão, para não continuarem fazendo esses investimentos de risco e colocando em risco também a vida e a aposentadoria dos brasileiros que fazem aportes nesses fundos, o que é uma irresponsabilidade total.

Aproveitando a presença do Sr. Eike, quero perguntar-lhe sobre esse investimento do fundo de pensão especial POSTALIS, que, aparentemente, concentrou cerca de 20% das suas aplicações em Bolsa em papeis da EBX. Essa decisão de investimento teve alguma ingerência política ou foi só risco de Bolsa? Essa é a primeira.

A segunda: circulam notícias de que o Grupo EBX recebeu milhões do POSTALIS, ao tempo em que faliam algumas de suas empresas. Como o senhor auferiu esse aporte de recursos? Houve influência política? Houve aporte de recursos da FUNCEF para a reforma no Hotel Glória, no Rio de Janeiro?

Essas são as três dúvidas. Lógico que estamos entendendo a sua predisposição em colaborar com a CPI. São só alguns questionamentos que eu tenho convicção de que vão colaborar com o trabalho do nobre Relator e da Presidência desta CPI e de todos os colegas aqui que se têm debruçado sobre o tema. Eu tenho convicção de que algumas coisas podem até elucidar, se é que existe alguma coisa com que V.Sa. possa contribuir.

Muito obrigado.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Obrigado a V.Exa. No caso da FUNCEF no Glória, não. Existia no Glória um empréstimo com o BNDES que foi quitado, 100% quitado. A segunda pergunta: POSTALIS. É conhecido que minha família e eu mesmo somos construtores de projetos. Foi o que eu fiz. Eu sempre fiz isso na minha vida. Esses projetos, no fundo, os Governadores nos procuravam para fazer investimentos nos seus Estados. É o que acontecia. Então, os recursos vinham de capitais que eu criei e busquei, através de múltiplos sócios estrangeiros. Como V.Exa. viu, no Porto do Açu, há mais de dez empresas multinacionais e outras. As minas que eu criei eu vendi. Vendi parte delas, que criaram a base do meu capital. Quando... de novo, repetindo o que aconteceu no caso do POSTALIS, quando decidi abrir o capital, abri o capital para algumas pessoas eventualmente participarem dessa nova criação de riqueza, de projetos essencialmente sadios. Agora, eu nunca conversei com ninguém: “Invista aqui para mim, me ajude aqui”. Isso não aconteceu. Acho que se tivesse acontecido eu não sei se eu teria quebrado assim, do jeito que quebrei, porque o que fizemos foi decidir, em meados de 2013, quando do evento da não produtividade dos campos... se criou... aconteceu a falta de confiança em cascata nas companhias listadas em Bolsa. E o mercado é muito cruel. O mercado, que quer um resultado trimestral, não aceita 1 mês de atraso em nada. Então, você é punido numa velocidade... Então, o que eu fiz muito rápido, consciente, foi: eu vou negociar os ativos com novos participantes. Por isso que eu consegui trazer para os grupos três grupos gigantes, estrangeiros, que investiram mais 5 bilhões de dólares, sanando todas as companhias, preservando-as, e a OGX, obviamente, não. Hoje ela tem ainda uma plataforma produzindo. E talvez tenha um campo novo que começa a entrar em produção em julho do ano que vem, chamado BMS-4, onde se investe nos últimos 4 anos. Quer dizer, há uma perspectiva de que, ano que vem, começando em julho do ano que vem, ele comece a produzir 30 mil barris, anualizados, e, devagarzinho, cresça para 80 mil barris. Foi o que sobrou dos ativos.

O SR. DEPUTADO SÓSTENES CAVALCANTE - Então, V.Sa. poderia afirmar aos milhares de empresários que existem no Brasil, pela sua vasta experiência - V.Sa. está entre os homens mais ricos do mundo -, que é possível ser empresário neste País e ser bem-sucedido sem nenhuma influência política?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu acho que essa é a forma e deve ser a única forma. O Açu...

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - A família também, hein!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Como?

(Intervenção fora do microfone. Ininteligível.)

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - O Açu é a prova de que... Olha, deixem-me fazer uma pergunta: quantos dos senhores e das senhoras conhecem o Porto do Açu? Vocês sabiam que isso existia?

O SR. DEPUTADO SÓSTENES CAVALCANTE - A ex-Prefeita de lá é minha amiga. Eu conheço. Eu sou do Rio de Janeiro.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Ah! Então, nós temos uma pessoa. Eu acho uma vergonha que a mídia especializada... Eu sei que o Brasil é grande, porque é grande mesmo. Então, você pode investir 20 bilhões de dólares, 70 bilhões de reais, e ninguém fica sabendo. Gostaria de convidar todos que venham visitar o Açu. Vão todos ficar muito orgulhosos de ver o que é o Açu. O Açu é um Roterdã tropical. Por acaso, ele vai ser maior que Roterdã. Então, venham ver o que foi construído, o conceito de eficiência. É impossível competir com o Açu pelo desenho, pela eficiência, pela distância. Aí, obviamente, é sorte dos campos de petróleo. Operar um navio de suprimento para plataformas, usando o Açu como base... Por isso que a empresa americana Edison Chouest está investindo 1 bilhão de reais lá. Cada unidade vai rodar 3 horas a menos. V.Exa. não sei se sabe, mas começa-se a pagar a conta na hora que você liga a chave dessas máquinas. E custa uma fortuna! Então, desde o mega-heliponto, a megabase de apoio, essa empresa estrangeira enxergou essa oportunidade e enxergou oportunidade de oferecer para a PETROBRAS um preço 30%, 40% menor que a concorrência. Por quê? Porque é eficiente. Foi desenhado com eficiência. Os senhores podem acreditar que ninguém convence essas empresas estrangeiras a investir se não for por conceitos de última geração.

O SR. DEPUTADO SÓSTENES CAVALCANTE - Não se convence com papel.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É, com papel. Para mim, como empresário que construí tantas coisas no Brasil, é triste entender que tudo o que foi construído... Mesmo esse capital que, no fundo, em relação à proporção do capital do BNDES no Açu... Entendo eu que devemos no Brasil fazer... E a mídia sempre fala isso: “Vamos fazer parceria público-privada. Agora, quero ver o dinheiro do empresário ali também, no risco”. Foi exatamente o que eu fiz: meu dinheiro, meus avais e projetos sadios. Eles eram tão sadios que os bancos privados, que não são exatamente as pessoas mais difíceis para se negociar, inclusive taxas, entraram e assumiram o risco do BNDES. Por isso que o BNDES nos 10 bilhões tinha zero de exposição ao grupo. Eu não sei se V.Exa. ouviu os testemunhos do Presidente e do Vice-Presidente, mas a exposição ao grupo... o BNDES não perdeu dinheiro nos financiamentos feitos ao grupo. Então, para mim, a mídia tem que mudar. Não é possível! Aí é teoria da conspiração. Não sei se... Eu, como um animal diferente, nesse cenário brasileiro, trazendo tanto capital estrangeiro, com certeza criei constrangimentos para as empreiteiras, que funcionam diferentemente. O capital nesses projetos foi essencialmente o meu capital. E pela falha na OGX eu... Enfim, erro eu. Não houve petróleo. Ambição demais talvez. Quando você constrói 12 minas, e elas funcionam, você acaba achando que quando você vai mexer com petróleo, e logo no Brasil, que é rico mesmo, porque é rico - graças a Deus, o pré-sal ainda vai funcionar, e vai funcionar bem -, você exagera na dose. Isso realmente levou o grupo para baixo. Mas, olha, fiquem orgulhosos, porque os projetos que ficaram são extraordinários, de baixo custo para o Brasil, uma eficiência na veia. Enfim, os recursos usados do BNDES foram usados para criar infraestrutura. Não compraram ativos, ações. Sabe, isso aqui está construído, está montado, há brasileiros trabalhando lá, e geram enormes impostos para o Brasil. E não vão parar de crescer.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Só não entendi bem uma coisa: o senhor acredita que pode ter sido vítima de retaliação pelos constrangimentos que causou? Foi isso que o senhor disse?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Desculpa.

O SR. DEPUTADO SÓSTENES CAVALCANTE - O senhor pode ter sido vítima de retaliação por parte das empreiteiras pelos constrangimentos que causou?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olha, eu digo que sim e digo mais: talvez essa raiva da mídia contra o que eu criei... Eu fui bem abusado com a mídia, não é? A mídia falava que eu não ia entregar isso, não ia entregar aquilo. E, de fato, aconteceram os atrasos. Você, quando embarca em um projeto como o da térmica no Nordeste, com 2.500 megawatts, projetada para ficar pronta em 4 anos... A realidade brasileira mostrou que vivemos em uma democracia, e eu não podia bloquear... E acho correto. Houve greves. Uma empreiteira italiana, na época da crise italiana, da crise de 2008, na Europa, quebrou na nossa cara, no meio da obra. Então, uma obra de 10 bilhões de reais, o setor privado consegue talvez administrar no Brasil um atraso de 1 ano, 1 ano e meio. O setor público, infelizmente, demora muito mais, mas mesmo o setor público... Essa é uma realidade brasileira. É o Custo Brasil. E custou meu patrimônio. Então, a mídia... Quer dizer, o único dinheiro que eu pagava para a mídia, porque eu não fazia propaganda... O fato que minha propaganda não funcionava é que ninguém conhece o Açu, não é? Então, já viu que não funcionou. Os recursos que eram pagos para a mídia era quando eu tinha que fazer os balanços. Os balanços no final do ano você tinha que publicar na mídia. Eles eram publicados. Fora isso, eu não fazia propaganda, não gastava com página inteira, página dupla na mídia. Eu não fiz isso. Então, se perguntar por que a mídia não gosta de Eike Batista eu entendo. Agora, chamar esses projetos aqui, que são reais, de fumaça... Porque isso aqui se lê toda hora. O que é isso? Pelo amor de Deus! Que seja aqui um fórum da transparência para fazer a mídia e os empreiteiros... Chega um brasileiro que traz todo o capital, constrói os projetos, dá seus avais pessoais para garantir toda a operação, o que mais eu posso dar? Ainda deixei legados extraordinários que vão beneficiar o Brasil inteiro por 100 anos. Venham visitar, por favor.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O senhor não foi convidado para entrar no “Clube do Amém”, não? O “Clube do Amém” lá da PETROBRAS não o convidou, não?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olha, eu acho que está muito claro que não me convidaram para a festa.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O Deputado Paulo Azi está com a palavra.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Agradeço, Sr. Presidente.

Cumprimento o nobre Relator, o Deputado Sergio Souza, os demais Parlamentares e o Sr. Eike Batista.

Sr. Eike, esta CPI foi criada na tentativa deste Poder de entender melhor o funcionamento dos fundos de pensão do nosso País. Os fundos de pensão hoje apresentam um rombo que ultrapassa os bilhões de reais. E uma das linhas de investigação desta Comissão é tentar entender como se dava o processo decisório desses fundos.

O nobre Presidente há pouco mencionou o “Clube do Amém”. Nós aqui conhecemos o “Clube do Amém” como composto pelos Presidentes dos diversos fundos de pensão, que apenas cumpriam ordens superiores na identificação das oportunidades de investimento.

O rombo que existe hoje nos principais fundos de pensão do nosso País tem causas variáveis. Em alguns casos, risco de mercado, investimento que não logrou êxito na aplicação na Bolsa de Valores. Em outras situações, gestão temerária, gestão fraudulenta e corrupção. Dentro dessa linha de ação, de definição, de tentar entender como se dava o processo decisório, talvez V.Sa. possa nos ajudar, contribuindo com esta CPI.

O Grupo OSX é um dos grupos de que V.Sa. tem o controle. V.Sa. conhece o Sr. Fernando Baiano?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Conheço.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Qual o grau de relação? Era uma relação comercial, uma relação profissional, ou uma relação de amizade?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu estive com ele umas duas a três vezes. Ele esteve no nosso escritório, oferecendo... ele representava o grupo espanhol Acciona e outro grupo espanhol, o Dragados, que é um grupo que mexe com estaleiros interessados em comprar ou em participar do estaleiro que nós estávamos na época com 40% prontos. Ele trouxe como representante desses grupos espanhóis essa empresa. Então se falou especificamente disso. Nada disso obviamente foi em frente.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - E o Sr. José Carlos Bumlai V.Sa. conhece?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Conheço. Conheço.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - V.Sa. também atua na atividade da pecuária?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, absolutamente. Eu o conheço. Eu estive com ele umas duas vezes, e o interesse dele com o grupo era na nossa empresa de geração de energia. Como muitos grupos brasileiros tentaram copiar o que nós desenhamos na geração de energia, ele se interessou pela área de energia especificamente. Ele estava interessado em projetos de energia. Então foram duas conversas em relação a esse setor, mas, como disse, o Brasil inteiro me procurava porque nós éramos fonte de capital e botávamos projetos em pé.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - E o grupo de V.Sa. não teve nenhum interesse em participar do projeto da Sete Brasil? Ou teve?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, com um tremendo estaleiro, com capacidade e potencial de sobra, claro, tínhamos interesse em colocar sondas para produzir - claro!

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - A Sete Brasil, Sr. Eike Batista, foi um dos investimentos que estão aí sendo objeto de apreciação por esta CPI porque foi um dos fundos que receberam aportes bilionários dos fundos de pensão e que, tudo indica, trará sérios prejuízos para esses fundos. E as informações que nós temos, que constam inclusive de delação premiada do Sr. Fernando Baiano, é de que ele atuou firmemente com o Sr. José Carlos Bumlai na tentativa de colocar o Grupo OSX no negócio Sete Brasil.

V.Sa. poderia nos informar algo sobre isso?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, mas, de novo, como os procedimentos da empresa...

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Eu sei que o negócio não logrou êxito, mas eu queria entender, saber um pouco como se deram essas tratativas. Existem informações de que os dois, inclusive, foram protagonistas, juntamente não sei exatamente se com V.Sa., mas com algum representante das suas empresas, de reuniões com o ex-Presidente Lula para tratar desse assunto.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olha, eu, como dono do empreendimento, o nosso negócio era tentar encher, conseguir trabalho para que o estaleiro funcionasse.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Mas ocorreram efetivamente esses encontros?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, esse... o que o Seu Bumlai ou o Fernando Baiano fizeram fora da companhia eu não sei.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - E com a participação de V.Sa. ou de um representante da empresa de V.Sa. com o ex-Presidente Lula ocorreu ou não?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É possível. Os nossos executivos... Eu não sei se alguém deles também teve a conversa tentando fechar o negócio com sondas, mas no fundo, com uma companhia aberta com um dono que não se envolve nesse tipo de negócio, seria impossível fechar negócio.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Existe uma declaração que eu vou ler para V.Sa., para saber de V.Sa. o que V.Sa. acha disso. É uma declaração do Sr. Fernando Baiano. Diz que o pessoal da OSX disse ao depoente que considerava muito estranha a forma como tinha sido conduzida essa tomada de preços, a tomada de preços para definição do pacote dos 28 navios-sonda lançado pela Sete Brasil. E o OSX considerava muito estranha a maneira como foi conduzida essa tomada de preços, porque o OSX, sendo o maior estaleiro em construção do Brasil, tinha condições de ter apresentado preços muito bons, mas, mesmo assim, a Sete Brasil teria deixado o OSX fora da licitação.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - V.Sa. compartilha dessa...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Como eu já falei, pela transparência da companhia, se nós não fomos convidados a participar, nós não íamos entrar em nenhum tipo de negócio que não fosse 100% transparente. A obrigação de uma empresa é ser transparente. Isso não aconteceu.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Eu queria entender então um pouco mais isso. Então a empresa de V.Sa. se considerava apta a participar da licitação e...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - E nós não recebemos as...

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Mas não foi uma tomada de preços pública? Não foi? V.Sa. se recorda de como se deu a...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não me recordo como foi. Eu só sei que nós não pudemos participar do... Eu não fazia parte do grupo, sei lá, que podia (ininteligível), então nós ficamos fora, simples assim.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - V.Sa. tinha conhecimento de que existia um grupo que fazia...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não tinha conhecimento, não. Quer dizer, fomos descobrindo acho que com o Brasil inteiro que havia vários grupos de interesse levando negócios para seus devidos estaleiros, mas que nós... Eu era um prestador de serviços que queria encher seu estaleiro, como obrigação até como administrador de uma empresa. “Olha, tenho que tentar ganhar uma obra para o meu estaleiro”. E aí eu acho que minhas tentativas lá na PETROBRAS sempre foram muito frustrantes, porque eu acho que eu era... eu sempre fui considerado persona non grata, porque lá em 2008, quando nós tiramos executivos - supostamente tiramos executivos, que eu acho que isso não existe, não é -, para criar o OGX com corpo técnico... E no Brasil a competência sempre foi da PETROBRAS. A gente sempre foi visto lá como um dragão com o qual não se devia fazer negócios. Então isso vale até a última administração. A administração atual eu não conheço.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - V.Sa. tem conhecimento de que durante essas tratativas se falou na cobrança de percentual de comissão para participar dessas...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não tenho, não.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Eu pergunto isso a V.Sa. porque a informação que nós temos, inclusive isso foi objeto de uma matéria da revista ISTOÉ, é que o Presidente da OSX, Dr. Luiz Carneiro, contatado pelo Sr. Bumlai... E aí parece que Sr. Bumlai também tentou ajudar a OSX a entrar nesse mercado. V.Sa. confirma?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, o interesse é trazer negócio para gerar negócio. Nós temos estaleiro...

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Mas o Sr. Bumlai, pelo menos pelo conhecimento que temos, não teria um negócio, pelo menos aparentemente, ligado à PETROBRAS.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, mas eu não... Excelência, eu não, sabe... muito... Como eu já disse, eu conheci... eu encontrei com ele duas vezes e, para mim, sabe, se trouxesse um negócio...

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Ele se apresentou como alguém que poderia facilitar a entrada da OSX na...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, porque para mim nós discutimos sobre um projeto do setor elétrico, está certo, em que ele estava interessado devido à geração de energia, ao sucesso da empresa, no início, no grupo gerador de energia. Ele se interessou por essa área. Foi uma conversa assim, como eu fui sempre procurado por, literalmente, talvez todos os Governadores do Brasil. Sempre teve uma vontade de chamar o grupo para investir no Estado, ou em mineração, ou projeto de infraestrutura. Essa foi a realidade do grupo, porque nós éramos... quem trazia o capital e os projetos éramos nós.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - V.Sa. tem conhecimento de que, não se logrando êxito na participação da OSX na construção desses primeiros 28 navios, ocorreu reunião entre o Presidente da empresa, o Sr. Luiz Carneiro, e o Presidente da Sete Brasil, o Sr. Ferraz, e que ali foi sinalizado que a OSX poderia ser beneficiada na construção de dois novos navios que estaria para ocorrer? V.Sa. tem conhecimento dessas...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, por alto. Teria sido ótimo se tivesse seguido adiante.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Então houve essas tratativas...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Os executivos têm como função cumprir e ir buscar negócios.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Claro! Correto. Não estou aqui fazendo nenhuma ilação de que houve nenhum tipo de irregularidade. Só queria tentar entender um pouco, durante esse processo de tentativa da empresa de participar do negócio da PETROBRAS, qual o grau de participação desses personagens tipo José Carlos Bumlai, que, aparentemente, não...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Excelência, as pessoas sempre chegam...

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - ... e o Sr. Fernando Baiano, que, em determinada situação, na própria delação premiada, se coloca como um gestor comercial da empresa.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Excelência, as pessoas sempre tentaram trazer negócios para o grupo, mas, de novo, pela governança e pela cultura do grupo, isso jamais ia acontecer, tanto que não aconteceu.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Porque o grupo não admitia participar de negócios...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não admitia.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI -... ilícitos. A informação que V.Sa. tenta indiretamente nos colocar é essa.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Excelência, vamos lá, tínhamos cinco empresas de capital aberto, outros negócios, o negócio era grande. Ninguém... Não vou me expor a algum executivo para fazer alguma bobagem dessas. Não faz sentido. E na mais alta governança do mercado de capitais. Para que eu ia fazer um negócio desses?

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Por fim, Sr. Eike - acho que V.Sa. tem nos dado uma contribuição relevante -, esses fatos que estão hoje sendo objeto de apuração, especialmente os que envolvem a criação da Sete Brasil, V.Sa. que participava do mercado poderia nos dar uma visão de qual era o sentimento do mercado diante da construção, da criação dessa empresa? O que o mercado e até V.Sa., que participava ativamente desse negócio, imaginava?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu posso lhe dizer que eu nunca concordei. Achei estrategicamente errado que o Brasil fomentasse tantos estaleiros, porque para essas embarcações gigantes o Brasil devia ter no máximo dois superestaleiros e outros menores, que já existiam, já estavam em operação. Mas criaram-se quatro ou cinco: na Bahia, o da Odebrecht... Eu pessoalmente convidei a Odebrecht para entrar no grupo. Eu convidei a Odebrecht e convidei o Grupo Jurong: “Vamos juntos, porque isso é que nem a Bowen e a outra empresa americana que acabou sendo engolida pela Bowen”, mostrando que aqui só sobrevive um. Obviamente o tamanho do pré-sal poderia justificar dois estaleiros, mas a minha vontade... Eu tentei convencê-los: “Vamos juntar todos. Vocês podem controlar a empresa”. Mas, obviamente, cada um com seu interesse, achando que a agenda de cada um... Eu não sei da agenda de cada um. Nunca aconteceu. Mas ia ser maravilhoso, porque a gente ia criar a EMBRAER dos mares no lugar certo. Ali era para se criar, porque está do lado dos campos do pré-sal. Imagina que espetáculo que seria. Tanto que, no conceito da OSX, tinha a criação do Instituto Naval Brasileiro, o INB, da mesma maneira que criaram o ITA. Por quê? Eu paguei 200 milhões de dólares à Hyundai para trazer a tecnologia de última geração coreana para vir para o Brasil. Então, eu tentei de tudo. Tentei fazer o projeto no estado da arte. Não consegui juntar os interesses. Então, por um lado, o Brasil jamais devia ter fomentado mais de dois megaestaleiros. Isso foi uma estupidez incalculável. Agora, o tamanho do pré-sal justificava um volume grande de compra de sondas, está certo, porque você aí... Nós brasileiros pagamos uma fortuna de aluguel para empresas estrangeiras. Então, quer dizer, se um dia isso viesse a ser nacional, ia ser bacana. Do ponto de vista estratégico, como brasileiro, eu achei bacana. Agora, obviamente, com a queda do preço do petróleo, as sondas lá fora caíram mais da metade. É muito mais barato hoje, pelo fenômeno do preço do petróleo, alugar sondas e comprar ou produzir muito, muito menos. Enfim, essa seria a minha consideração.

O SR. DEPUTADO PAULO AZI - Satisfeito, Presidente. Agradeço ao Sr. Eike.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Com a palavra o Deputado João Rodrigues.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Sr. Presidente, eu quero aqui cumprimentá-lo e cumprimentar também o empresário Eike Batista e dizer que já o ouvi e o conheço muito bem pela imprensa. Acho que qualquer brasileiro desejaria, no auge do seu sucesso, chegar muito perto do senhor. E tenho certeza de que muitos daqueles que conviveram na sua casa talvez não lhe olhem mais na cara, porque essa é a realidade do mercado brasileiro, é a realidade do ser humano.

De qualquer maneira, diante de tudo aquilo que foi dito e do que estou acompanhando atentamente, permita-me começar pelas últimas perguntas que lhe foram formuladas quanto à visita que o senhor recebeu do Sr. Bumlai e também do Fernando Baiano.

O País sabe que o Sr. Bumlai se tornou conhecido pela amizade pessoal com o Presidente Lula, mas ele não se tornou conhecido no Brasil por ser um grande empresário. Pela magnitude do negócio que o senhor tinha naquele momento, sendo um dos homens mais ricos do mundo, certamente pelos seus negócios, não haveria tempo de tratar com todo e qualquer cidadão que o procurasse, porque não teria uma agenda para tanto. O Sr. Bumlai foi recomendado por alguém para que o senhor o recebesse nas suas empresas, para tratar de algum assunto?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, Excelência. Recebi-o, como teria recebido V.Exa., se tivesse um bom negócio para oferecer, quisesse saber algo técnico.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - (Riso.) Rapaz do céu! Eu tinha um Chevette quatro portas a álcool só para me incomodar. (Riso.)

De qualquer maneira, eu aqui não quero lhe contraditar, pela sua generosidade, mas, obviamente, se um agropecuarista lhe procura para tratar de um grande empreendimento de oportunidade, quem sou eu para questioná-lo?

Fernando Baiano o procurou na qualidade de quê? De investidor, de lobista, representando um grande grupo ou indicado por alguém para que o senhor o recebesse?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, representando empresas espanholas, que estavam interessadas em comprar um pedaço... A Dragados, um grande estaleiro espanhol, estava interessada em entrar... porque, na época, nós já tínhamos o Açu. O nosso estaleiro já estava mais de 40% pronto. Os outros, na verdade, o da Bahia e o da Jurong, não tinham nem começado. Esses eram virtuais. Esses eram do papel.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Eram só papel.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - O meu, não. O meu estava mais de 40% pronto. Ou seja, nós estávamos realmente aptos, qualificados. Como eu disse, nós havíamos treinado 3.100 jovens ali na região norte fluminense, essencialmente jovens de Campos, com a tecnologia dos coreanos para serem técnicos. No início do Instituto Naval Brasileiro já havia 3.100 jovens preparados para aplicar as tecnologias mais modernas coreanas.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Dos grandes investidores, mesmo que seja na Bolsa de Valores... É evidente que milhares de pessoas foram à Bolsa de Valores investir nos seus negócios, porque era um negócio promissor naquele momento. Mas são clientes especiais, em alguns momentos, que fazem grandes investimentos. Para esses clientes especiais que investem uma grande fortuna... O senhor, com certeza, deve ter tido uma relação com esses clientes, ou pelo menos uma reunião, uma conversa. Ou nunca houve isso? O sujeito se aventura no escuro e...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, Excelência, até pelo seguinte, talvez outra coisa que me deixa confortável: eu era acionista majoritário dessas companhias. Então, eu tinha 60%, até 70% das companhias. Então, se investidores quisessem participar ou não... Normalmente esses grupos entram porque você tem 20%, e aí você chama alguém grande para, talvez, tomar o controle. Mas eu já tinha o controle de fato de tudo. Então, sinceramente, essas conversas não interessavam.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Não haveria necessidade de o senhor ter o contato com esses grupos para fomentar o...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Eu lhe pergunto aqui, objetivando, até porque é claro que o senhor já está respondendo muita coisa que não tem nada a ver com a CPI, mas eu acho que isto é extremamente importante. Nós temos aqui, já apontado pelo nosso Relator... A princípio, o senhor disse que não tinha; depois, o senhor disse: “Pode até haver investimento de alguém que foi à Bolsa de Valores”. Mas eu reafirmo aqui a pergunta: com PREVI e POSTALIS como foi auferida essa negociação? O senhor já reafirmou que foi um investimento direto na Bolsa. Mas as suas empresas, mesmo com a redução de patrimônio evidenciado ano a ano, obtiveram esses investimentos. E é claro que quem está gerenciando, administrando esses fundos, analisa os riscos. E, quando vê a empresa em queda ou, em tese, em decadência, ele dá um passo para trás. E aqui foi o contrário. Fizeram grandes investimentos no momento da queda.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Claro. Mas, Excelência, às vezes, quando você está... as ações estão caindo é o momento de você investir nela, porque vão pegar um ciclo positivo. Então, isso aí é, de novo, análise. Todos os bancos nacionais, praticamente, e estrangeiros seguiam todas as companhias que tinham resultados trimestrais. Então, mais auditado do que isso... Então caberia... É o seu critério: “Vou investir porque eu acredito nesse analista. Vou vender porque acredito nesse outro”.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - E tudo era positivo naquele momento?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Havia analistas que diziam que era negativo. Aí cabe a decisão técnica do fundo, que diz assim: “Eu acho que o momento agora é propício para investir porque vai voltar”. Essa é uma gangorra, é assim.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - É a tese de eu comprar em queda para aguardar a alta.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Compreendi.

Eu lhe pergunto: o doleiro Alberto Youssef mantinha alguma relação com o Grupo EBX?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Eu não o conheço, nunca o vi.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - É porque existem documentos apreendidos na Operação Lava-Jato que estabelecem uma ligação. O senhor tem conhecimento disso?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não tenho.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Perfeito. Eu também não tenho. Por isso só lhe pergunto. E o senhor me respondeu.

A PETROS investiu em que tipo de negócio do Grupo EBX?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Pelo que eu sei, nada. Se investiu, investiu de novo na Bolsa.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Na Bolsa, mas não direto com o senhor. Não houve uma relação comercial.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, zero.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Houve perdas apenas com o negócio de mineração ou houve perdas em outros investimentos do seu grupo?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. A perda foi causada pela OGX, que meio que criou a corrida bancária, alavancada por uma mídia que... Há alguns jornalistas que usam o meu nome para dobrar o número de cliques, para eles venderem mais jornal, sei lá o que é. É assim. Então, o cara inventa. Quer dizer, tem gente no Brasil, tem jornalista no Brasil que se vangloriou em dizer que havia insiders dentro do grupo, e grupo este que tinha cinco empresas listadas em Bolsa. Isso aí devia ser regulamentado. Eu acho de uma... Fora que... Esse projeto é um pouco à prova disso. Graças a Deus está em pé, está aí. Venham visitar. O que foi dito, falado... Existe muita gente que... Eu diria a V.Exa. que a mídia pode criar um problema sério para o mercado de uma empresa. Vamos lembrar o caso da Caixa Econômica, quando saiu uma notícia de que não tinha mais dinheiro para o Bolsa Família? Não aconteceu isso? Este é um banco estatal! Eu lembro... Eu comecei a ouvir os problemas que o banco teve de arrumar caixa para cobrir esse negócio. Imagine eu, durante 1 ano, sendo bombardeado pela mídia por causa do petróleo, em todas essas outras empresas, com esses projetos extraordinários. É um negócio assim que... Infelizmente, o meu erro foi ter 5 empresas listadas em bolsa.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Eu quero fazer uma pergunta que foge ao foco, se o senhor me permitir. Se quiser responder, o senhor fique à vontade. É mais uma opinião.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Claro.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - É mais uma opinião. O senhor falou aqui, de acordo com o Relator, sobre a estimativa, em volume de petróleo, que o senhor produziria. Houve vários investimentos de pessoas que acreditavam ser possível cumprir aquela estimativa. Como o senhor disse, jogou a possibilidade de dar e se frustrou. O senhor diria a mesma coisa do pré-sal? Porque o pré-sal também só está na expectativa. Já estão dividindo o dinheiro, mas, até agora... Poderia ocorrer a mesma coisa com o pré-sal?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É verdade. Não. Excelência, aí tem um fator muito bacana. Eu fui me meter nas áreas rasas em volta das bacias de Campos e, ali, a produtividade, que a gente estimava em 10 mil barris, veio com 3 mil barris. Então, não deu para cumprir. Tem petróleo. Então, um dia, se estiver a 200 dólares ou a 150 dólares, vai dar para tirar. No pré-sal, aconteceu o contrário. Não sei se V.Exa. sabe, mas, essencialmente, Libra e os grandes campos, ao invés de produzirem 10 mil barris por dia, estão produzindo 30 mil barris por dia. Então, o custo de capital para fazer a parte submersa é literalmente um terço. Então, o nosso pré-sal é viável. O Brasil foi abençoado com essa riqueza aí. Hoje, eu acho que o problema é mais do endividamento total da PETROBRAS do que da qualidade do pré-sal brasileiro, graças a Deus.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Muito bem. Eu, Presidente, dou-me por satisfeito. De tudo o que o senhor contribuiu com a CPI no dia de hoje - e outros Parlamentares haverão de lhe questionar -, não há nada que o senhor gostaria de dizer e que não lhe foi perguntado? Até porque eu quero lhe fazer, claro, apenas um pequeno comentário: o Presidente da Casa, aqui, todos nós sabemos, na primeira participação em uma CPI, deu um depoimento que foi dado como grande verdade. Aquele primeiro depoimento o colocou em maus lençóis e o coloca, hoje, numa situação extremamente delicada, por ter cometido um equívoco lá na primeira participação. Já que nós estamos nos dirigindo para a reta final, teria alguma coisa que o senhor gostaria de dizer que não foi questionado, sob pena de, lá na frente, o senhor ser questionado e perceber que se omitiu, não quis falar, não fui perguntado? Existiria alguma coisa que o senhor gostaria de dizer para todos nós aqui?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Acho que não. Não.

O SR. DEPUTADO JOÃO RODRIGUES - Perfeito. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Com a palavra o Deputado Pompeo de Mattos.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, na verdade, nós ficamos numa corrida, aqui, entre a Comissão de Orçamento - a angústia que temos todos nós em relação à questão do nosso déficit orçamentário - e os embates aqui sobre os nossos fundos de pensão. Sr. Eike Batista, o Brasil todo o conhece. Todos o acompanham. Nós não sabemos de todos os seus negócios - não sabemos do porto -, mas temos uma generalidade. Aqui, a gente sabe de tudo um pouco, mas, de um pouco, a gente não sabe tudo. Então, a gente sabe muita coisa do senhor, mas não sabe tudo do que do senhor sabe, do que o senhor é, do que o senhor faz. Mas a verdade é que o senhor é notícia pelo bem e pelo mal. Pelo bem, pela grandeza dos negócios que o senhor fazia e, pelo mal, pelos negócios que acabou causando entre aqueles que negociavam com o senhor, por circunstâncias que o senhor descreve aí. Eu diria que o senhor é vítima da situação econômica do País e da má gestão do seu negócio.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, foi da falta de petróleo na OGX.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu estimava que iríamos produzir três vezes mais do que fomos produzir.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Então, não foi da crise econômica?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, até porque, como V.Exa. viu ali, esse é um projeto que está em plena marcha, como a geração de energia. Enfim...

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Diante dessas circunstâncias, algumas das empresas quebraram, mas nem todas...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Elas quebraram devido à corrida bancária, né? Ninguém aguenta.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim. Eu sei.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - O que eu fiz? Trouxe novos grupos, que investiram... só investiram, também, porque os projetos são extraordinários e reestruturantes.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Então, hoje, o senhor sente que as suas empresas têm perspectivas boas ou estão quebradas?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Absolutamente boas. Geram energia a baixo custo. Os novos acionistas que entraram, obviamente, diluíram os que estavam lá antes. Então, quem tinha o capital inicial, como eu, foi altamente diluído nesse processo.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim. Então, o senhor acredita que os seus credores, que não são poucos, têm uma luz no fim do túnel, e não é um trem vindo de lá para cá?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Exatamente.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - É. Que esperança temos todos nós! Nesse contexto, há credores que são credores diretos, por conta de negócios que faziam com o senhor, e há investidores. Já aqueles credores sofreram um calote. É isso? Posso chamar assim?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Credores?

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Credores que tinham negócios com o senhor, fornecedores, enfim.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim. Na reestruturação é o que acontece.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim. Sofreram calote. Está bem. Esse é um. O outro são os investidores que colocaram ativos seus no seu negócio.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Claro.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Esses credores podem ter esperança de receber? E esses investidores terão a mesma esperança?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olha, os investidores, como eu... Perdi meu patrimônio.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim, o senhor perdeu o seu, mas tem outros... O senhor perdeu no seu negócio, e eles perderam no negócio seu; eles não perderam no negócio deles. Não é isso? (Risos no plenário.)

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas por que eles investiram no meu negócio? Eles arriscaram.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Pois é, arriscaram. Agora, uma coisa é eu perder no negócio que eu faço. Outra coisa é eu fazer o negócio do outro e perder porque o outro perdeu. É o que aconteceu.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não estou conseguindo acompanhar muito bem.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Mas o raciocínio é lógico. É tipo assim: é como se o senhor soubesse uma coisa e que eu sei, mas o senhor não sabe que eu sei o que eu estou sabendo. (Risos no plenário.) Mas, na hora em que o senhor ficar sabendo o que eu sei, aí todos nós sabemos o que precisa esclarecer.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olha, meu patrimônio foi todo nessa história, com honradez, com transparência, com governança. Eu não vou mudar. Vou ser assim. Entreguei todo o meu patrimônio.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim. Está bem. Entregou todo o seu patrimônio. O senhor tem esperança de recuperá-lo em parte?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olha, se eu lhe mostrar o que eu construí...

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim, eu sei.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu vou construir de novo.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim, eu vi. Vai construir de novo.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Se Deus quiser.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - O senhor é persistente. Tá. Mas e esses investidores, como o POSTALIS, a FUNCEF, a PREVI? Esses três fundos de pensão investiram no seu negócio.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim. Não, mas investiram na Bolsa.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Eu sei.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - A critério... Ninguém influenciou.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Eu sei, eu sei. Mas, indiretamente, era no seu negócio, na medida em que o senhor o coloca na Bolsa, na perspectiva de buscar capital.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas é a mesma coisa de eu falar que investiram na Vale também, que caiu.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Também. Mesma coisa. Eu sei.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Então, é uma realidade.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Eu sei. Eu não estou desmerecendo, desfazendo. Eu quero perguntar se eles podem alimentar a esperança da perspectiva de que essas ações possam voltar. Ou essas ações viraram pó definitivamente?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - O senhor viu o porto?

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim. Olhei as imagens.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - No ano que vem ele dobra de resultado. Eu não quero fazer de novo projeções nem chamar ninguém para investir em lugar nenhum, porque isso já me deu muito problema.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Então, tomem a sua própria decisão.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Até porque se o senhor pedir, não vão acreditar.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Exato. Está bom. É. Até vir o próximo. É sempre assim.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Até que aconteça. Então, eles podem alimentar esperança da perspectiva de que o seu negócio possa ser retomado, e essas ações possam levantar das cinzas, tipo fênix.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, fênix. Sim, fênix existe.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - É um pouco mitologia, mas tem.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Tá. Mas vamos lá. Peça ao seu analista, banqueiro, ou a assessores que investem dinheiro para as pessoas para darem opinião e dê uma opinião mais baseada em dados concretos, visitas técnicas - acho importante -, leitura de material.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - É importante ouvir do senhor, porque aqui está o pessoal da FUNCEF, o pessoal do POSTALIS. Não é só em função do seu negócio que o POSTALIS está lá. Ele tem uma série de negócios malfeitos. A FUNCEF não é diferente. A PREVI não está lá mal das pernas, mas tem suas angústias também. Eu sou da PREVI. Eu sou funcionário do Banco do Brasil. Então, tem muita gente que me cobra uma atuação numa linha de frente no sentido de fazer os questionamentos para estabelecer perspectivas. Temos um diagnóstico do problema; sabemos qual é o problema; e temos que se estabelecer, então, um prognóstico. Tem perspectiva?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, tem.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Então, o senhor acha que tem?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Tem. Absolutamente. Foi tudo saneado.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - O senhor recomendaria que não se venda essas ações na Bolsa agora, porque está muito baixo?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Façam uma análise.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Não, não. Estou perguntando para o senhor.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, eu gosto dos meus projetos. Eu adoro. Para ser sincero, se eu levantar dinheiro - em breve, pretendo levantar dinheiro -, eu compraria de volta.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu gostaria de comprar o Açu de volta.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Porto Sudeste, minha geração de energia. São projetos que estão aí para os próximos 100 anos.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Qual era o seu patrimônio no auge? O senhor tem uma noção? A Forbes e aquelas revistas especializadas dos mais, mais, diziam, mas quero ouvir da sua boca.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Era o suficiente. (Risos no plenário.)

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Era o suficiente para quê? Para ser trilionário?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Na época... No auge?

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Era auditada, como empresa listada em bolsa, no meu Imposto de Renda... Eu devo ser o brasileiro mais auditado do mundo. Só para lembrar, em 2008, eu paguei um cheque de 450 milhões de dólares para o Imposto de Renda, que não deu para ser recebido no Rio de Janeiro, teve de ir para São Paulo. Então, meu patrimônio, no auge, chegou a 34 bilhões de dólares.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Trinta e quatro bi.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Bilhões de dólares.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - E hoje?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Hoje eu pretendo terminar as últimas negociações com os últimos credores que tenho na holding, que é essencialmente um fundo soberano - há um fundo soberano em cima, eu tenho o País me auditando lá em cima - nas próximas 2 semanas. Daí vão sobrar, talvez, uns 400 milhões, 500 milhões de reais.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - De 32 para meio?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É. De reais.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - De 32 bi para meio bi.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Na vida o importante é fazer...

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Não. Eu...

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - O Deputado pode me dar um aparte?

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Pois não.

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - No auge, quando ele tinha 34 bilhões, era em papéis, em ações. E, se ele espera, perderia também. O que temos que fazer aqui, Deputado, é por uma lei para que os fundos de pensão, seja qual for o público, não possam investir em bolsa.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Eu acho que até podem, mas o que não podem é ser perdulários. Se investir um pouco, tudo bem. Agora, investir açodadamente, afobadamente, sem nenhum controle...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Talvez investir em empresas que paguem dividendos trimestrais. Aí você tem o dividendo, mais a potencial apreciação de grupos consolidados.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Eu não me engano, porque, na verdade, os fundos sofreram pressão, como diria o Dr. Brizola, pelos interesses. Os interesses foram fazendo com que acontecesse isso. Os interesses: um pouco de olho gordo, um pouco de má gestão, mas muita maldade, muita má-fe. Não tenha dúvida de que tinha muita má-fé no meio de tudo isso.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Por exemplo, no caso da geração de energia...

(Não identificado) - Eu ia dizer que o meu sonho é ser o Eike quebrado. (Risos.)

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Não. Meu sonho é ser eu mesmo.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Deixe o brasileiro ter a chance de voltar e criar coisas novas, porque nós vamos criar coisas novas.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - O senhor tinha lá uma holding, com várias empresas, vários satélites, como é hoje.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Empresas listadas em bolsa.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Claro. Todas listadas em bolsa, como é hoje. Aliás, hoje os grandes conglomerados são assim: holding e depois um fundo em cima, que controla, enfim, que tem toda a leitura panorâmica - até por isso que está em cima. O senhor chegou... O senhor fala tanto da mídia. O senhor chegou a investir em mídia, em TV?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, né?

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Eu não sei. Comprar uma rede de TV. Eu vi que o senhor investiu numa empresa TVX. Não tem nada a ver com televisão?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - O que é isso?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É uma empresa listada no Canadá que tinha cinco minas de ouro.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Mas não tinha nada a ver com mídia?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Absolutamente não.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Só o nome que era TV?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Queria dizer: Treasure Valley, Vale do Tesouro.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Sim. Coisas do gênero.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - O senhor financiou, financia, doou, fez doação política?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Fiz.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Para quem?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu sempre fiz. Desde 2002, quando decidi voltar para o Brasil, nós decidimos sempre investir nos dois grandes partidos: no PSDB, no PT ou no PMDB - três partidos. Eu lhe mando as declarações, todas oficiais. Estão no site do TSE.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Eu sei que tudo isso está no site, mas eu queria ouvir do senhor mesmo.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas conceito... Essencialmente, eu acredito que a democracia é algo que tem que... Essa é minha visão pessoal.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Eu não criminalizo contribuição, embora eu não as receba, porque não gostam de mim - eu acho. Mas eu tenho ciúme de quem recebe.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas o senhor é simpático.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Eu tenho ciúme de quem recebe. É por isso. Se o senhor me disser que o PMDB ganha bastante, que o PSDB ganha bastante, que o PT ganha bastante, o senhor vai conseguir me deixar com mais ciúmes. Só isso.

O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS BUSATO - O PTB, não, Pompeo.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Não. Eu não falei PTB. Eu disse PMDB... Foi o que ele disse: PMDB, PT e PSDB. Não sei. O PDT é o patinho feio. Nem isso o PDT recebe.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu gostava do Cristovam Buarque, pelo lado da educação dele. Eu contribuí com ele. Eu gostava.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Gostava, mas agora não gosta mais.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, eu gosto; é porque agora eu não posso.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Ele é gente boa.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu estou em outra fase. É que agora não dá.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Ele é gente boa. Eu vou encerrar. Naturalmente, o senhor não tem noção de quanto os fundos de pensão investiram em ações nos seus negócios. O senhor não tem leitura disso?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não tenho. Absolutamente não tenho.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - O que é perfeitamente compreensível até porque...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Porque as empresas compram e vendem. Quer dizer...

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Então, na verdade, para eles resta aquilo que minha vó ensinou para minha mãe e que eu aprendi na vida: que a esperança é a última que morre.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É. Agora, talvez tenha o lado mais importante, que é o seguinte: esses projetos aí sustentam um crescimento para o futuro do Brasil. Só para lhe dar um número de dinheiro de investidores, e o meu também, que foram gastos na geração de energia: 2.500 megawatts de energia térmica equivalem quase 30% de Itaipu. Foi o que nós botamos em pé. V.Exa. sabia que 1 dólar gerado de energia gera literalmente 20 dólares de PIB, mais ou menos? Então, no caso, aqui, o faturamento dessas operações é mais ou menos 2 bilhões de reais. Multipliquemos 2 bilhões de reais por 20. Essa é minha contribuição que está aí todo dia. Nós temos luz aqui. O Nordeste, provavelmente... Os senhores chamem aqui o operador do ONS e vão constatar que o Nordeste estaria sem energia sem essas plantas em que nós investimos no Nordeste. Então, minha modesta contribuição.

O SR. DEPUTADO POMPEO DE MATTOS - Está bem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Com a palavra o Deputado Raul Jungmann.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Obrigado, Sr. Presidente. Boa tarde, Sr. Eike Batista. Presidente, eu estava ausente porque estava representando a Minoria no Colégio de Líderes.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - É. É bom explicar. S.Exa. estava inscrito, e por isso... Outros Deputados chegaram depois, mas, pela lista de inscrição, ainda tem a precedência. Na sequência, ouviremos o Deputado Júlio Delgado e o Deputado Evair de Melo.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Só queria chamar a atenção deste Plenário para o fato de que foi discutida a questão da prorrogação das CPIs que nós temos aqui. Esse é um tema que deve ser observado - até mandei uma mensagem - acredito que na próxima reunião dos Líderes. Então, é preciso ficar atento a essa questão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Extremamente atento. E eu conto mais: além de o Plenário desta Comissão já ter solicitado a sua prorrogação, eu tenho certeza de que os membros da FUNCEF, do POSTALIS, da PETROS e da PREVI terão um papel decisivo para que a CPI possa ser prorrogada, para que possa continuar suas investigações. (Palmas.) Eu não gostaria de crer que ninguém teria interesse em blindar investigação para saber o que foi feito com dinheiro de aposentado, porque dinheiro, Sr. Eike, não desaparece, não; ele muda de mão. Se alguém perdeu, alguém ganhou. E alguém faturou em cima do prejuízo dos aposentados, e o ímpeto desta Comissão é investigar até o fim. Por isso, contamos com a reunião de Líderes. É essa informação que nós temos. Então, aproveito a participação do Deputado Raul Jungmann, já que muitos membros, principalmente os associados... Talvez as patrocinadoras até gostariam de ver a CPI encerrada, mas os associados querem vê-la continuando, e a informação que temos é a de que será levada para a reunião de Líderes tanto a do BNDES quanto a dos Fundos de Pensão. E eu ainda penso que os Líderes irão optar pela prorrogação das mesmas, como foi deliberado pelo Plenário da própria Comissão de forma unânime. Pedindo permissa venia pelo parêntese, devolvo a palavra ao Deputado Raul Jungmann.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Só para complementar, ainda no tema, Sr. Presidente, eu fiz uso da palavra dizendo que uma CPI, em média, precisa de 30 a 40 dias para se estruturar, para receber inclusive o pessoal técnico do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários, da Polícia Federal, do Ministério Público, etc., e, obviamente, esse prazo era um prazo absolutamente inconsistente para um trabalho sério de uma CPI. Mas, de todo jeito, fica aqui esse lembrete de que nós temos que, politicamente, tratar em outro momento. Voltando ao Sr. Eike, eu queria lhe fazer uma pergunta genérica. Eu conheço seu pai, tenho grande admiração por ele. Eu o conheci ainda no tempo em que era Secretário Executivo do Ministério do Planejamento, e depois tive outras oportunidades de ouvi-lo e, evidentemente, ele tem uma enorme autoridade. O senhor também se destacou na área de captação de recursos e formatação e desenvolvimento de projetos. Então, a pergunta que eu lhe faço, antes de entrar nas questões mais específicas, é a seguinte: a minha observação é que o sistema, vamos chamar assim, de fundos de pensão não tem um controle, não tem nenhuma autoridade que tenha capacidade compatível com o que ele representa. Isso, no meu ponto de vista, vem tornando os fundos de pensão uma espécie de área, vamos dizer assim, para que se façam negócios que depois resultam em prejuízos para beneficiários e, obviamente, para patrocinadores. Essa visão deriva do fato de que nem este Congresso se volta sobre isso, o TCU tampouco, o Ministério Público aborda questões que são localizadas, a CVM cuida apenas de uma ponta do investimento propriamente dito, e a PREVIC fica anos-luz daquilo que poderia se chamar de um órgão regulador e fiscalizador propriamente dito. Disso resultam os problemas que geraram esta CPI. Eu lhe perguntaria: qual é a visão que o senhor, como alguém conhece finanças, não só aqui, como globalmente, tem desse sistema?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - O.k. Realmente, talvez fosse necessário criar regras para que esse dinheiro de fundos de pensão fosse só investido em empresas que paguem dividendos anuais, que tenham 10, 15 anos - aí, V.Exas. legisladores que definam o prazo -, para garantir que a riqueza seja mantida. E o dividendo é importante, porque entendo que tem desembolsos, então o dividendo, eventualmente, estaria cobrindo os desembolsos, o que é muito importante. E talvez escolher um instrumento... E aí eu volto ao BNDES. Eu considero o corpo técnico do BNDES talvez um dos melhores do mundo para avaliar projetos. Então, talvez, que tivesse que ter um carimbo de um ou, talvez, de outro órgão para dizer se o investimento do fundo de pensão pode ser feito. E, essencialmente, em projetos de infraestrutura, que gerem necessidade, como eu falei, da geração de energia. Hoje, o fato de a gente ter carência de energia, pagando mais de mil reais por megawatts/hora gerando, queimando óleo diesel...

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Sim. Sim.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - ... isso é um lesa-pátria do tamanho. Não é? Então, quiséssemos nós ter dinheiro de fundo de pensão que tivesse sido investido em geração de energia. E, obviamente, o setor elétrico, que também se desregulou todo, complicou. Então, no Brasil, a gente tem vários órgãos que desequilibraram, não é? Talvez, para aliviar um pouquinho, a Chanceler Merkel meio que implodiu o setor alemão também. Com uma canetada, ela meio que declarou o fechamento das usinas nucleares, e isso criou um caos na Alemanha. Então, aqui também aconteceram fenômenos assim. Então, acho órgãos sérios para auditar e deixar investir só em projetos que realmente geram riquezas. Acho que isso é possível.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Apenas, aditando, eu considero, inclusive, um dos compromissos desta CPI - e o Presidente, tenho certeza, e os demais concordam - propostas de mudanças da legislação nesse sentido. Os principais instrumentos legislativos regulatórios estão na Lei Complementar nº 108 e na Lei Complementar nº 109. Nas duas. Mas nenhuma delas prevê - e desde a reforma que você ainda teve, no regime militar, em 1977 - que você tenha um órgão autônomo de mandato. Para mim, o pau da barraca da mudança desse sistema é ter um órgão com autonomia, com mandato - está certo? -, devidamente aprovados os seus dirigentes por aqui, como você tem nas demais agências reguladoras. A segunda questão, mais específica, é o seguinte: em que pese o volume de negócios que o senhor chegou a ter em carteira, como o Porto de Açu e muitas outras coisas mais, a sua relação de investimento propriamente com os fundos de pensão montava quanto? Quer dizer, dentro da arquitetura financeira dos seus projetos, quanto o senhor chegou, enfim, a negociar, disponibilizar, em termos de volume de recursos, e para que projetos financiados pelo fundo de pensão?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não teve nenhum fundo de pensão que investiu... Fora, diretamente, nas companhias.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Sei.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Por isso que eu não sei nem por que eu estou aqui. Não entendi.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Hum-hum. É. Parece-me que... O senhor não teria tido nenhum tipo de negociação, no que diz respeito à PREVI, ao POSTALIS e demais fundos?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Se o POSTALIS investiu via Bolsa, ele fez um investimento porque os técnicos lá decidiram que esse investimento deveria ser feito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Só para esclarecer a informação, investiu 127 milhões de reais.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Então, veja: o problema, Sr. Eike, é que nós aqui verificamos que muitas dessas decisões de fundo de pensão foram obtidas, muitas vezes, gerando uma margem de investimento que não existia. Isso é um problema que se tem lá dentro. Em segundo lugar, diante daquilo que eu disse, quer dizer, um sistema que não tem alteridade, que não tem controle, ele foi objeto de muitas negociatas, sendo bem objetivo a esse respeito.

Então, o fato de o senhor ser convidado a vir aqui não significa dizer que o senhor tenha ou não participação nisso.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Claro.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Mas faz parte, na medida em que existem essas decisões. Essas decisões foram muitas vezes tomadas em prejuízo dos beneficiários e das próprias estatais, ou seja, dos patrocinadores.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Claro.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Então, só coadjuvando o Presidente, foi isso que nos trouxe até aqui. Prosseguindo, o senhor falou, inclusive de uma forma um tanto irônica, na CPI do BNDES, que tinha recorrido aos serviços do Zé Dirceu, e, quando perguntado porque fez isso, o senhor agregou que isso... O senhor deveria procurar o Itamaraty, não é?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Isso.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - E isso no que diz respeito a ser excepcionalizado quanto à nacionalização de alguns ativos pela Bolívia, especificamente.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Foi o que aconteceu.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - O senhor procurou ou teve alguma outra relação com o Sr. Zé Dirceu afora isso e que tenha a ver com fundo de pensão?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, Excelência. Só exatamente isso.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - O.k. Prosseguindo, o senhor teve algum contato, tem alguma relação com algum dirigente, Presidente, Diretor desses fundos de pensão aqui citados? Os principais?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não conheço nenhum.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Muito bem. Então, basicamente, o case, ou seja, da relação das indústrias “X” , ou melhor, das empresas “X”, assim dizendo, com o fundo de pensão, referem-se a esses 26, 27 milhões?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Investimento que eles decidiram fazer, não é?

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Sim.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Talvez, uma coisa importante também, só para repetir, nós, eu, com capital próprio e com capital de empresas que eu trouxe para o Brasil, nós trouxemos 40 bilhões de dólares para o Brasil desde 2008. Esse é um dinheiro que... Tem muito país aí que não tem esse orçamento.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Exatamente.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - E que criaram esses projetos extraordinários aí que ficam para o Brasil. Então, no contexto do BNDES, com os 10 bilhões, nos 150, fica tudo meio desbalanceado, mas essa é a realidade.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Hum-hum. Diga-me uma coisa: além dos 127 milhões que foram, na Bolsa, adquiridos pelo POSTALIS, também teve 28 milhões da PREVI...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não sei.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Pelo menos, são os dados de que eu aqui disponho: dos 127 dos 128 milhões.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não sei. Eu não tenho essa informação.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Diga-me uma coisa: o senhor conhece ou tem algum relacionamento, enfim, com o Sr. Vaccari, o tesoureiro do PT?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - O senhor não o conhece?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não o conheço. Nunca o encontrei.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Não conhece? Com o Gushiken?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Também não.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Berzoini?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não conheço.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Prosseguindo...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Também, só para reforçar, eu sempre fui meio ermitão. Eu não, eu não... Pelos projetos que a gente fazia, os projetos tinham que se sustentar por si só. É óbvio que os projetos necessitavam de licenças ambientais e tudo o mais, mas eles, nem do capital... Quiçá o capital tivesse sido colocado 100% privado, sem a necessidade do capital, no caso, dos fundos de pensão. É que, como empresa, o diretor financeiro vai otimizar. Se o banco privado me cobra 9%, e eu tenho possibilidade de acessar, pela qualidade do projeto, um recurso do BNDES a 7,5%, você melhora o seu projeto em 1,5%. Mas isso vale para mim, como vale para todos os brasileiros. Então, isso é que foi feito. Só que as proporções é que foram colocadas de uma maneira como se os 10 bilhões de reais que imputaram que foi risco para o Governo... O BNDES não perdeu dinheiro comigo, não teve exposição a mim, porque os bancos privados garantiram, e, na proporção de tudo o que foi investido, foi um pedaço pequeno. Então, se contou uma história muito feia aqui. Eu até, tentando entender o que fizeram, eu entendo que o BNDES não quis dizer que eu estava, quer dizer, que não tinha o risco exposto a meu grupo porque estavam, talvez com razão, defendendo os bancos, está certo? Porque a corrida bancária acontece mesmo. E aí, o que que eu fiz? Só para repetir: em 2013, eu fui correndo, busquei três novos sócios estrangeiros, que investiram 5 bilhões de dólares na Eneva, no Porto do Açu e no Sudeste. E aí concertaram toda a parte financeira de novo. Então, tem que ser desprendido para poder vender, fazer isso rápido, independentemente do preço...

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Última pergunta. O senhor, anteriormente, se não me engano, na CPI do BNDES, fez - ou aqui, talvez, também - uma série de críticas às empreiteiras, que, aliás, andam no foco das investigações que nós temos hoje. O senhor poderia especificar que críticas são essas? A que elas se referem?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olha, eu, como brasileiro, eu diria o seguinte: o Brasil... Nós que andamos pelas estradas... Eu, não aceito que algo seja asfaltado e no mesmo ano tenha que ser “reasfaltado”. Então, V.Exas., eventualmente, deviam criar uma legislação multando ou fazendo que as empreiteiras que fazem obras - isso tem no Chile - sejam responsáveis por 10 anos por aquela obra.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - São cinco.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Aqui são cinco? Dez, não é? Não vale. Então, eu acho que isso é absolutamente necessário. Eu acho que as empreiteiras induziram a fazer projetos desnecessários, como eu falei dos estaleiros: para que a gente precisa de cinco estaleiros do tamanho dos que foram construídos? Isso é um absurdo! Então... Não! “Vou fazer mais um estaleiro, porque...” Deus sabe o porquê. Porque o empreiteiro ganha na construção do estaleiro. Eu, como empresário, ganho se o meu negócio fica todo em pé, não é? Eu tenho que viver o meu projeto. É muito diferente, está certo? Então, esse lado do empreiteiro de fazer por fazer eu acho que é uma vergonha nacional. E aí, já que V.Exa. perguntou, até os projetos de refinarias, não é? Não se faz uma refinaria do tamanho do COMPERJ no final de uma baía. Só para lhe dar uma... Aí é uma visão estratégica, logística, de um complexo tão grande: no fundo de uma baía? Tenha santa paciência, porque perpetuar ineficiência é um custo que o País paga forever, para sempre!

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Sr. Presidente, eu encerro minha inquirição. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Com a palavra o Deputado Júlio Delgado.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Sr. Presidente, Sr. Eike, colegas Deputados, da forma que o senhor coloca, Sr. Eike, até nos revolta um pouco mais. Revolta aqueles que defendem o patrimônio dos fundos de pensão. É que muita coisa aconteceu, muita gente ganhou dinheiro, muita gente perdeu, como V.Sa., os aposentados dos fundos de pensão perderam tudo, e ninguém é culpado; está tudo bem; foi falta de investimento. Da forma como o senhor coloca, parece que... O senhor disse aí: “Não, eu já investi 40 milhões; o Nordeste não teria energia, com a sanha financeira e capitalista existente”. Eu tenho que dizer isso aqui. A anglo-australiana BHP e a Vale se juntaram e formaram a Samarco e, só no ano passado, arrecadaram 6 bilhões. E, na mesma comparação que se faz, o povo hoje de Minas Gerais sofre com isso: com as barragens que foram feitas acima de moradores, e são 700 nessas condições no Brasil, e aquele povo perdeu tudo! Não vamos colocar graças a Deus aqui porque ninguém ainda... No fundo de pensão, muita gente, ao longo do que perdeu, morreu também - não morreu de desastre, mas morreu. E aí, várias das suas atitudes, ações, colocadas aqui, aplicações que o senhor disse aqui com relação a... O senhor coloca - e eu entendi as perguntas do Deputado Raul Jungmann e de outros - que o senhor não sabia, absolutamente, que os fundos de pensão participavam da composição dos empreendimentos que o senhor desenvolvia. Não sabia? Não sabia?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não!

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Nem na Bolsa, em lugar nenhum, o senhor não sabia?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não tenho que saber. Eu não preciso saber de todos os acionistas que...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Mas eu pergunto: quando o senhor...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Se eu sou acionista...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Quando o senhor compôs capital para adquirir o Hotel Glória, no Rio de Janeiro, do BNDES - o BNDES lhe emprestou o dinheiro -, não concluiu. Aí, o senhor vai lá, começa, recebe o recurso do BNDES e não tem que ficar sabendo quem foi que compôs o capital para poder fazer um empreendimento como esse, por exemplo? Só dei um exemplo que me recorreu aqui, agora.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas está errado isso. Isso não aconteceu. Não foi assim que aconteceu. A empresa está listada na Bolsa e aí compra... Pode ser o cidadão brasileiro que mora em Nova Iorque que está comprando ação. Eu preciso saber que o cidadão em Nova Iorque comprou uma ação na Bolsa brasileira?

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Mas quando se juntam milhões, como é o caso dos fundos de pensão...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas ninguém... Eu não sei... Eu... Não sabe...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - O senhor não sabe se estão comprando ação em conjunto?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não cabe... Vamos lá...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Eu vou mudar, porque as pessoas ficam achando e aqui ficam preocupadas com a questão de você estar querendo pegar governo “a” ou governo “b”. Eu vou lhe fazer uma pergunta que foge, como diz a Deputada Erika Kokay, à sua atividade: em 2002 para 2003... Em 2003, eu consegui construir um número de assinaturas, Deputada Erika, para nós criarmos aqui uma CPI a fim de apurar a utilização dos fundos de pensão da PREVI para composição da compra da Tele Norte Leste. O Sr. Ricardo Sérgio conseguiu e usou a PREVI para poder adquirir a Tele Norte Leste, a chamada TELEMAR, e o dinheiro foi de fundo de pensão. Adquiriu na ação comprada... A empresa de telefonia, certo? E quem perdeu foram os detentores do fundo de pensão, da composição da PREVI. Então, eu lhe pergunto sobre essa ação: quem utilizou foi lá, buscou capital para poder compor capital, para poder comprar a Tele Norte Leste, e não sabia que havia fundo da PREVI?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas não foi isso que aconteceu, Deputado...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Não, em 2002, foi!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, mas, no meu caso... Eu não estou entendendo...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Eu estou perguntando porque o senhor pegava empreendimentos na ordem de milhões, bilhões e aí não sabe...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim! Não! Mas, eu não... Eu não... Eu não...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - O senhor acabou de dizer que empreendeu 40 bilhões...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim!

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - No Nordeste, para energia!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - V.Exa. está fazendo uma confusão aí. Eles não entraram direto nos projetos com a gente; eles compravam ações na Bolsa, independente. Não tinha nada a ver com o projeto.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Sem conhecimento! Então o senhor está aqui no fundo de pensão absolutamente...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não posso... Eu não posso seguir... Tem empresa nossa que tinha 20 mil investidores. A gente não vai seguir 20 mil investidores. Não cabe a mim!

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Ah, mas um investidor como o Deputado Herculano, ou o Deputado Júlio são totalmente diferentes de um investidor que compõe fundo de capital e compra milhões, bilhões em ações!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, mas... Mas, Excelência, tinha 70% da companhia; eu controlava a companhia; não precisava de ninguém para entrar, vender ou comprar. Eu, não, não... A colocação... Desculpe-me V.Exa., mas V.Exa. está fazendo um engano na colocação. Eu não tenho... Não foi um capital que eu chamei para compor e comprar um ativo. Isso não aconteceu! Decidiram comprar ação dessa companhia porque achávamos que ia subir, como qualquer investidor que vai em bolsa!

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Mas quem que fazia essa decisão, como o Deputado aqui, o meu amigo Andres Sanchez, colocou o seguinte...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas, por favor, investigue...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Que tem que proibir os fundos de pensão de participar de compra de ações.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Investigue os diretores desses fundos de pensão! Esse cara...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Os diretores de fundo de pensão...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É, eu não conheço nem...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - ...não participavam com as empresas da aquisição disso?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Como? Como é que...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Com as empresas. Estou lhe perguntando só! É uma pergunta!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não, não, Excelência! Como é que eu vou saber o que ele está comprando? Ele compra... Ele... Imagino que os fundos de pensão tenham lá...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - O diretor de um fundo de pensão...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - ...tenham 10 empresas compradas...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Nenhum diretor de fundo de pensão nunca procurou o senhor...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Absolutamente!

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - ...para dizer que... É isso que é a pergunta, então.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não conheço nenhum presidente, diretor de fundo de pensão.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Nunca tratou com eles?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Nunca fui, nunca... Não sei nem onde são as sedes, não sei onde é! E nunca ninguém veio me procurar!

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Nunca?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Nunca!

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Com relação... E foram procurar para poder adquirir as sondas da Sete Brasil, que foram compostas... O senhor sabia que tinha participação dos fundos de pensão?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Na Sete Brasil?

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - É.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não entendi a pergunta. Pode repetir?

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - O pessoal da Sete Brasil o procurou para o senhor adquirir a Sete Brasil ou vender as suas ações.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não! Não, não! Vender ações?

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Nunca teve relação com a Sete Brasil?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Absolutamente! Zero! Eu tinha o meu estaleiro! Por que eu iria fazer um segundo estaleiro?

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Sim, mas e as sondas que a Sete Brasil o procurou para vender?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Para me vender, não! Eu queria construir para ela! Para me vender nada!

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Para a Sete Brasil? A Sete Brasil iria lhe pagar?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Lógico! E...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - E a Sete Brasil foi composta com capital de fundo de pensão?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, mas eu não ganhei nada! Eu não... Não tive uma sonda! Eu não participei desse jogo!

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Não, eu sei que... Eu estou falando assim...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Desse jogo eu não...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - É porque fica estranho a gente imaginar que um cara que manipula bilhões - bilhões - entra na ação sem que o autor do empreendimento saiba disso. Eu não consigo imaginar como é que hoje...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - (Riso.) Não, V.Exa. está fazendo...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - ... os beneficiários do fundo de pensão, todos esses que estão aqui, são hoje pessoas que perderam o seu dinheiro. O dinheiro foi investido. Como diz o Presidente, alguém ganhou, alguém perdeu, e o autor desse empreendimento: “Ah, eu não sabia! Compraram lá na Bolsa!”. E os caras perderam tudo!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Espera aí, espera aí... Eu perdi todo o meu patrimônio também...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Sim, mas o senhor ganhou quanto?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, eu não ganhei; eu perdi. Eu não acabei de dizer?

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Não, o senhor ganhou. O senhor não tinha! O senhor ganhou e depois perdeu!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Eu não ganhei; eu não ganhei! Não, quer dizer... Olha, de novo: eu não tenho nada a ver com a decisão do corpo técnico que toma a decisão para a compra de ações de Vale, de OGX, de OSX... Não tenho nada a ver com isso! Não conheço ninguém, nunca influenciei ninguém, nem tinha interesse de influenciar ninguém. Por que eu teria interesse de influenciar, se eu controlava as companhias? Para quê? Por quê?

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Pelos valores envolvidos...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - O controle das companhias...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Precisava disso para poder fazer dinheiro, Presidente! O senhor sabe disso!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Que dinheiro? Pra que eu precisava dede dinheiro?

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Para fazer patrimônio! Para fazer o patrimônio que o senhor construiu!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu... Que patrimônio eu construí, se eu entreguei todo o patrimônio? V.Exa. está fazendo uma mistura... Está bem confuso! (Riso.)

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Não, eu não estou confuso; eu não estou conseguindo é entender!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É. O dinheiro da venda... Quando a pessoa compra as ações na Bolsa, o dinheiro não vai para a companhia, Excelência.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Eu sei que não vai!

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Vai para o outro cara que vendeu. Eventualmente, pode ter sido até o senhor que vendeu.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Não, eu não vendi.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Então, eu não sei, mas não fui eu.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Eu nunca tive o patrimônio que o senhor teve, nem tenho o que o senhor tem.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - (Risos.) Olha, é muito trabalho, e são projetos que vão beneficiar o Brasil por muito tempo.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Beneficiar o Brasil igual à Samarco pôde beneficiar Minas Gerais?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Eu estou colocando: igual beneficiou Minas Gerais?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Agora, o senhor está me comparando como se eu tivesse...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - O senhor falou isso. Eles faturaram 6 bilhões no ano passado.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Então, deixe-me lhe dar um dado.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Estão aceitando pagar 1 bilhão. E em Minas Gerais, metade da nossa região, a região do Rio Doce, acabou.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu sou mineiro também, meu pai é de lá também; eu nasci em Governador Valadares.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Então, o senhor sabe o que está se passando lá.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sei, é uma desgraça.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Eu estou colocando da mesma forma. E o que aconteceu com esse povo aqui? Não morreram diretamente no acidente ambiental, mas o que aconteceu com eles ao longo de 10 anos, 15 anos?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - O senhor está me culpando com essa represa? Não estou entendendo.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Não, não o estou culpando, estou perguntando se o senhor tinha conhecimento de que os fundos de pensão eram usados para isso. Eu não o estou culpando, estou só lhe perguntando.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, absolutamente. Como eu vou saber da decisão que é feita no grupo técnico de pessoas que compram ações e vendem ações? Pode ser entre pessoas aqui, dentro desse ambiente, e o que eu tenho a ver com isso? O dinheiro não vai para mim. Não entendi.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Eu não ia lhe perguntar. Quando o senhor respondeu ao Deputado que me antecedeu e depois ao Deputado Jungmann, a forma como o senhor explica é como se todos os investimentos que o senhor fez ou boa parte deles, sem que o senhor soubesse, tiveram a participação ou a composição de fundo de pensão comprando ações, sem que o senhor soubesse. Eu consegui entender.

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - Deputado Júlio, V.Exa. me concede um aparte?

O sentido do que V.Exa. quer dizer é o seguinte: se ele tivesse na empresa dele ações do mercado, ele seria o beneficiado. Não é o termo que eles falam aí - eu não sei falar inglês.

O SR. DEPUTADO RAUL JUNGMANN - Abertura de capital.

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - É isso aí. Como ele é majoritário na empresa e ele abriu o mercado, a empresa vai para a bolsa de valores. Qualquer cidadão, qualquer empresa pode ir lá e comprar ações, ele não vai ficar sabendo nunca. O problema é que nós temos que punir, procurar e achar o culpado dos diretores e presidentes dos fundos de pensão que investiram nisso.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Nisso eu concordo com V.Exa. O problema é que o Sr. Eike colocou ao final - eu posso ter feito uma confusão, e isso foi dito ali - como se tudo tivesse acontecido. Os quatro fundos de pensão quebraram, houve uma participação profunda na OGX, nas suas empresas, e o senhor não sabia de nada. É só uma observação. Não é nada...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não cabe a mim seguir a evolução de quem está investindo todo dia. São milhares de transações feitas na semana, no dia, e eu não tenho o mínimo interesse de seguir isso, Excelência, isso não se faz.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Sr. Presidente, conversando com o Deputado Sanchez aqui, vou me entender com ele, porque eu queria só conseguir me fazer compreender com relação ao Sr. Eike, porque ele fala: “Eu não sei o que estou fazendo aqui”. Ele falou agorinha mesmo: “Não sei por que fui convidado para cá, não sei por que fui convidado para o BNDES. Eu fui um dos dez homens mais ricos do mundo, hoje não estou mais entre os cem maiores. Eu não sei!”

Nós, que somos pobres coitados aqui, é que não sabemos. Se ele está aí para nos dar as informações e diz que não sabe o que está fazendo aqui, com a composição que teve, nós, que temos essa ignorância na aplicação de fundos de pensão, porque nunca o fizemos, nunca usamos dinheiro de fundo de pensão para adquirir nada ou para poder construir nada... Não estou dizendo que é o seu caso, mas cito o exemplo da Tele Norte Leste, que foi utilizada para comprar com fundos de pensão.

Então, esses é que são os mais ignorantes e que estão passando por isso. O mundo está passando, o senhor está falando quem é beneficiado. O Nordeste hoje tem energia porque o senhor investiu, e não ganhou muito em função disso? Ganhou também! Não vamos passar aqui e falar que não aconteceu nada neste País.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Excelência, eu perdi tudo. Eu entreguei todo esse patrimônio aos novos entrantes do grupo. De novo, pela eficiência da geração de energia no Nordeste, o consumidor teve um benefício de mais de 5 bilhões de reais pela energia gerada a custos baixos. Então, são projetos fantásticos. No Governo, quando a licitação foi feita, foi feita a preços baixos, o que hoje beneficia o Brasil, que paga uma energia cara no setor elétrico.

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Muito cara.

Agradeço, Sr. Presidente.

Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Deputado Júlio Delgado, apenas para esclarecer, até porque, como V.Exa., alguns Deputados chegaram agora, e também ao Sr. Eike: os motivos, à época, do autor do requerimento que trouxe o Sr. Eike aqui foram dois. Todos dois já foram abordados, mas precisam ser aprofundados.

O Sr. Eike, por enquanto, está na condição de testemunha e não de investigado. Testemunha por quê? Porque houve, sim, investimentos de mais de 130 milhões de reais de fundos de pensão nas ações das empresas dele. Pela colocação dele, já ficou muito claro que a responsabilidade por esses investimentos não é dele, é dos comitês de investimentos e suas respectivas diretorias do fundo de pensão. Ou seja, a culpa é dos diretores de fundos de pensão por terem acreditado no sucesso das empresas dele. Acreditaram errado, foi uma esperança errada, por risco de mercado, a empresa deu errado, e os fundos tiveram um grave prejuízo.

O que se coloca aqui, e eu acredito que é muito útil esse exemplo para os trabalhos da Comissão e para os resultados que nós vamos oferecer, porque esta Comissão pretende ser útil para o País, é exatamente a pergunta: por que essa facilidade de os fundos de pensão investirem centenas de milhões de reais em ações, ou seja, em um mercado volátil, em que as perdas podem ser imensas de uma hora para outra? Esse é o questionamento que se faz na nossa legislação atual. Por que é tão permissivo isso? Por que se permite esse investimento de caráter agressivo? A bolsa é um investimento de caráter agressivo, arriscado. O perfil conservador para investimento...

A presença do Sr. Eike aqui demonstra talvez o exemplo de que quem trabalha com dinheiro de aposentado, que são projetos de longo prazo, não tem por que investir em volumes tão altos numa bolsa e arriscar perder.

Então, esses limites que a legislação hoje traz de 10%, 20%, 30% em renda variável no mercado de ações, e é o trabalho desta CPI corrigir...

O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Esse é o primeiro motivo, e o segundo, que o senhor iria falar?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Esse é o primeiro motivo. Então, o fundo, que se chama Nobel Aquila, gerido pelo Sr. Henrique Barbosa... O senhor conhece o Sr. Henrique Barbosa ou já ouviu falar dele?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não o conheço.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Ele é o gestor do fundo em que o POSTALIS aportou 127 milhões de reais. Esse foi o primeiro, está esclarecido e é muito importante.

O segundo motivo que trouxe o Sr. Eike aqui foi a delação premiada do Sr. Fernando Baiano. Nessa delação, ele deixou muito bem claro que o Sr. Bumlai, o pecuarista famoso que todo mundo conhece, o Sr. João Carlos Ferraz, ex-Presidente da Sete Brasil, e o Sr. Fernando Baiano almoçaram juntos e negociaram interesses que seria esse contrato.

Aí V.Sa. entrou no tema sobre o contrato da OSX com a Sete Brasil, ou seja, a Sete Brasil contrata a OSX para fabricar essas sondas e que teria havido uma reunião no Instituto Lula para debater esse tema.

Isso não é ilação minha nem de ninguém aqui. Isso é o que está presente, escrito na delação premiada do Sr. Fernando Baiano, homologada pelo Ministério Público Federal e aceita pela Justiça Federal.

Esse é o tema, ele já esclareceu um pouco mais cedo, e acredito que algumas perguntas que virão trarão esse tema.

A forma como o senhor fala, Sr. Eike, deixa transparecer que foi opção sua não entrar na “festa”. Grifo palavras suas: “Não fui chamado para a festa”. Grifo palavras suas aqui também: “Eu não participei desse jogo. Eu não quis participar desse jogo”. São coisas que vão ficando nas entrelinhas, e quem está atento está percebendo. É esclarecer essa relação que nós desejamos. Se o Bumlai vai procurá-lo, ele não é nenhum grande gestor estruturador de negócios e vai oferecendo facilidades, dizendo que ele pode contribuir para a Sete Brasil contratar, é essa a informação que interessa à CPI - o Deputado Júlio Delgado esclareceu isso. Isso não era do conhecimento do senhor, mas fique sabendo: a Sete Brasil foi alavancada com 3 bilhões de reais de fundos de pensão.

Com essa magnitude toda que você colocou do seu projeto, você arrecadou no começo 5,5 bilhões de dólares. Aqui, foram 3 bilhões de reais com uma empresa que só tinha 1 mês de vida, não tinha nenhum patrimônio e era só uma boa ideia no papel. Quer dizer, a gente começa a perceber isso. E é o caminho da CPI investigar se houve tráfico de influência, se houve direcionamento dos negócios, se houve aparelhamento das instituições. A sua versão é uma versão. Você está aqui na condição de testemunha, e as investigações procurarão outros lados.

Então, esclarecidas as ações que teremos aqui e esclarecido, também, o Deputado Júlio Delgado, que entrou no tema de forma superficial, nós pretendemos, Deputado Júlio Delgado, nos aprofundar ainda mais.

Gostaria, então, que o Sr. Eike se pronunciasse sobre essa questão da festa, do jogo, por que a Sete Brasil não deu certo na relação com a OSX.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não deu certo porque não teve negócio.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Mas foi procurada para fazê-lo.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Fomos procurados.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Procurados por quem?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Pelo... O Júlio, o Baiano, ofereceu a possibilidade de a empresa espanhola comprar um pedaço do nosso estaleiro no Açu.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Certo. Falou em Sete Brasil ou não? Isto é a empresa espanhola. O Baiano falou em Sete Brasil ou não?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olha, ele não falou... No fundo, as pessoas que vêm sempre falar com o grupo vieram oferecer mundos de serviços - "Olha, eu vou tentar trazer isso. Eu vou trazer uma empresa estrangeira..." -, para tentar fazer negócio, e não deu nada.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Sim, já está provado que não deu em nada, mas para a CPI é interessante saber se foram oferecidos. Talvez essa seja a diferença do mundo comercial para o mundo político. No mundo comercial, V.Sa. diz que foi oferecido e não aceitou. Mas foram oferecidas facilidades, contatos, acessos à Sete Brasil?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - As pessoas... Olha, todo mundo... Era público que a Sete estava comprando, ia produzir em vários estaleiros 28 sondas. Então, nós éramos o estaleiro que, olha... A administração da companhia tem que buscar encher o estaleiro, que nem uma fábrica que quer botar ela para rodar, não é?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Do ponto de vista comercial, está perfeito o entendimento, mas as pessoas que fizeram essa transição... A empresa procurou, como está na delação do Fernando Baiano, o Bumlai foi procurado pela empresa para fazer essa intermediação, para levar essa proposta da empresa à Sete Brasil?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não estive presente a essas reuniões, e se os executivos que estão procurando fazer negócio estiveram, estavam lá procurando encher o estaleiro com obras.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Mas a sua informação de que tenham sido os executivos, conversas deles com o Bumlai, para negociar interesses da Sete Brasil, é correta?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, a gente... Olha, a gente não admite...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O senhor disse aqui já que o Bumlai esteve com o senhor negociando a empresa...

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - Presidente, desculpe-me, eu não tenho nada a ver com o Bumlai aí, não quero saber de nada, mas o que o Eike Batista disse foi que o Bumlai o procurou uma vez para falar sobre energia elétrica no Norte/Nordeste, que ele quer fazer isso.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É isso aí; é isso aí; é isso aí.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Exato. É o que eu estou querendo saber, porque ele falou também que manteve relações, contatos com a Sete Brasil para fechar contratos, e é natural que tenha mantido.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Excelência, a gente não admite em nenhuma das companhias qualquer tipo de operação que fosse sair da governança corporativa. Para que eu ia deixar um executivo meu me deixar com problema? Isto é óbvio! Eu tinha empresas de mais! Você cria uma estrutura 100% legalizada. É o que eu sou. Eu sou transparente, legalizado, 100%. Não tenho rolo e não quero ter rolo. É simples!

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Mas, quando se é procurado ou se procura Fernando Baiano e José Carlos Bumlai para construir acessos que levem a essa contratação com a Sete Brasil, do ponto de vista da CPI, ela tem implicância, porque o valor que alavancou a Sete Brasil e hoje dá esse imenso prejuízo - são 3 bilhões de reais - veio dessas pessoas.

Então, essa testemunha que está na delação... O senhor pode até negar; agora, não pode dizer que desconhece. Não são ilações; é fato, está lá dito, pode ser desmentido, pode ser negado. Agora, dizer que não existiram essas reuniões provocadas pelo Bumlai, pelo Baiano e pelo Ferraz... O senhor conhece o Sr. João Carlos Ferraz, ex-Presidente da Sete Brasil?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não conheço.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Nunca esteve com ele?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Nunca estive com ele.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - O senhor sabe quem é hoje o atual Presidente da Sete Brasil?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sei.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Quem é?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Trabalhou... É o... Foi executivo da minha empresa de petróleo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Luiz Carneiro.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Carneiro, Luiz Carneiro.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Ele substituiu o Ferraz?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Substituiu o Ferraz.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - E essa saída foi amigável, foi natural? Será que o fato de a OSX indicar o sucessor do Presidente da Sete Brasil não revelava o interesse em que esses contratos se consolidassem?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Em 2013... Primeiro que a gente não indica ninguém para outra empresa e nessa fase a empresa já estava se desconstruindo; a OSX já estava se desconstruindo e a OSX também. As duas já estavam em crise. Então, esse momento não aconteceu.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Quer dizer que o Luiz Carneiro entrou na sua empresa no momento em que a empresa ainda estava saudável?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Ele entrou exatamente em 2012, substituindo o Paulo Mendonça, ou 2011, 2011/2012, substituindo o Paulo Mendonça, que era um geólogo conhecido da PETROBRAS.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - E ele saiu quando a empresa já estava na derrocada?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim. Ele saiu quando iniciou a derrocada, quando do anúncio, em junho, julho de 2013, que os campos não eram tão produtivos, nos dois próximos meses, ele saiu da companhia.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Quer dizer que a Sete Brasil, acho que encantada com o currículo de um gestor que chega a uma empresa saudável e a abandona na derrocada, convidou-o para que ele fizesse o mesmo exemplo, a mesma coisa com a Sete Brasil. Parece-me ... É uma relação ainda nebulosa, Sr. Eike, dessa relação do Bumlai com o Fernando Baiano, com o João Carlos Ferraz, em reuniões que tiveram, inclusive no Instituto Lula. E é essa sua presença aqui para confirmar ou não a declaração, porque o senhor está sob juramento. Pode, inclusive, dizer que não, e pode ser a verdade, é a sua versão. Agora, se for amanhã descoberto que é o contrário, o senhor está inclusive incorrendo em crime de falso testemunho. Mas o senhor está sob juramento, está dizendo a sua versão, que neste momento é a que está sendo colocada ao Plenário, está esclarecendo. Essa é a justificativa, até para o senhor entender, para depois não dizer que não sabe o que está fazendo aqui. É isso o que o senhor está fazendo: está falando sobre uma versão que consta na delação premiada e que, se o senhor estiver mentindo, também estará incorrendo em crime, porque o dinheiro dos fundos de pensão, mais de 3 bilhões de reais, parece ter sido usado em tráfico de influência para a conclusão de outros negócios. (Palmas.)

Com a palavra o Deputado Evair de Melo.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Sr. Presidente, nosso convidado Eike, na verdade há uma pergunta muito simples, Sr. Eike: o senhor tem relação, ou a sua família... Conheço alguns dos seus irmãos e me sinto até amigo do seu pai. Em algumas ocasiões estivemos muito próximos, e você faz parte de uma geração que pela mídia nós... A minha geração principalmente leu, teve conhecimento e informação, e agora a gente vai, nada melhor do que caminho percorrido, lições aprendidas, o senhor, iluminado, possivelmente iluminado, o senhor disse lá no BNDES hoje que nunca teve informação privilegiada. É preciso acreditar nisso. Dito, está dito.

Conhecendo a inteligência do seu pai, um homem, uma mente brilhante, por quem tenho muita admiração, também aprendi admirá-lo, não é? Filho de peixe peixinho é. Só não pode ser lá do Rio Doce, porque agora não tem mais nada lá. Uma pergunta muito simples, assim: em algum momento o senhor foi convidado para ser ministro? Algum Presidente da República lhe fez esse convite, ou para assumir a PETROBRAS? Em algum momento o senhor foi sondado, oficialmente, se gostaria ou se não gostaria, se toparia ou não? O senhor foi sondado oficialmente?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, nunca fui sondado.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Isso foi especulação da mídia, da imprensa? Porque nós lemos isso...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Nem vi isso. Aconteceu isso?

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - O senhor possivelmente estava para o exterior. Talvez não tenha lido os jornais.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não sabia, e nunca fui convidado.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Isso também não procede, não é? Naturalmente o senhor, segundo os relatos, que eles chamam de fracasso, não é, naturalmente as revistas de negócios, neste momento, o consideram um homem fracassado, isso nos relatos de imprensa, do ponto de vista comercial/financeiro, naturalmente. É uma pergunta muito simples, ou seja, o senhor disse aí que até gostaria, de certa forma, de se recapitalizar e comprar as ações das suas empresas, que ora o senhor perdeu. Simples: o que o senhor está fazendo neste momento, o senhor que sempre enalteceu o prestígio de bom relacionamento, de boa convivência, amigo de sheiks e reis e de grandes investidores, essa questão do seu do seu prestígio? O senhor tem uma história, uma história que talvez em se passe batido por isso, mas que remonta, no caminho, lá do seu jipe. O senhor tinha uma relação com o Exército na época. Eu queria que o senhor relatasse como foi a rescisão de contrato que o senhor fez na época, quando do fechamento da JPX, desse investimento com os franceses, e tal, do investimento, como foi a rescisão com o Exército, e qual foi a sua relação de governo ali?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Muito boa pergunta. Todo homem bobo gosta de construir seu próprio automóvel. Aí eu fui lá e tentei montar minha fábrica de jipe francês, em Minas Gerais, e ganhei um contrato com o Exército Brasileiro. Eu acho que nós entregamos mil veículos.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Quinhentos.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Quinhentos. Enfim, recebemos o dinheiro anos depois. Quer dizer, o empenho feito... Houve uma falta de pagamento na época, eu não sei lembrar exatamente o que aconteceu, e a tentativa de vender os nossos carros em território nacional, por se tratar de um motor Peugeot, naquela época a diesel, que não tinha infraestrutura de manutenção, não foi adiante.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Naturalmente, o Porto de Açu... Eu moro próximo a ele, eu sou capixaba. Eu esqueci de me apresentar, eu sou capixaba. O Porto de Açu realmente é uma obra que, para mim, encanta os olhos. Eu não sou especialista em operações portuárias, mas encanta os olhos, porque, realmente...

O senhor tem alguma relação com o histórico do Porto Central, que tem um projeto para ser construído no sul capixaba, uma relação de concorrência, competição? O senhor, em algum momento, teria se reunido com os diretores do Porto Central? O senhor seria investidor no Porto Central? O Porto Central e o Porto de Açu seriam consolidados, ou uma coisa não tem nada a ver com a outra, e o senhor não sabe nada do Porto Central?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não sei nada do Porto Central.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - O senhor não tem nenhuma relação?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Eu nunca conversei com ninguém, não sei de nada.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - A imprensa também não diz isso. Infelizmente, talvez a imprensa...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - A imprensa diz que eu tenho algo a ver com o Porto Central?

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - É... Em algum momento disse que o senhor teria feito uma reunião, forçado os investidores e tal a ir para o Porto Central e não ir para Açu.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não. Forçar, não.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Ir para Açu, desculpa. Ir para Açu.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não, não, Excelência.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - O senhor tentou atrapalhar o negócio do Porto Central em algum momento, ...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não, não.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - ...com interesses comerciais, legais...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Atrapalhar não é de melar o negócio; é de não fazer o Central e fortalecer o Açu.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não foi o Porto Central. Foi o convite que eu fiz para Jurong.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Sair lá de...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É. O Porto Central é Jurong? É isso que eu não sei.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Não. Eu estou falando do Porto Central com Açu.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não, não. Foi Jurong.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - O senhor tentou tirar Jurong, então?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - A ideia...

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - O senhor tentou tirar Jurong do Espirito Santo e levar para o Rio de Janeiro?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - A ideia era consolidar o porto da Odebrecht, lá da Bahia, o da Jurong, que estavam iniciando as suas obras, e fazer tudo no Açu, que estava...

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Então, o senhor tentou tirar, do ponto de vista comercial, o investimento do negócio...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Claro, sim.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Ainda bem que não teve sucesso nesse negócio.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não tive sucesso.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Em tantos outros o senhor teve sucesso. Ainda bem que o senhor não teve sucesso nesse.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É isso.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - Ainda bem. Os capixabas agradecem esse minuto de bobeira que o senhor deu.

A EF-118, se tivesse recurso, o senhor faria investimento nela?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Qual é? Desculpa.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - A EF-118 é uma ferrovia do programa de logística que liga o Rio de Janeiro ao Espírito Santo, passando na porta do Porto de Açu. É a grande ferrovia, do ponto de vista ferroviário, que pode viabilizar ainda mais Açu, o Porto Central e, por consequência, ligar esse que seria o maior complexo portuário das Américas, que é o sul baiano, o Espírito Santo e o norte fluminense.

São 17 portos, com quatro ou cinco megaportos, mas a EF-118 tem, sim, uma tendência, claro, de fortalecer muitos negócios porque ela é ligada a EF-354, que é a Bioceânica, que vai abastecer o Rio e, por consequência, ela faz essa interlocução com a 118 e vai viabilizar, e muito, o Porto de Açu.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Queira concluir, Deputado.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, absolutamente sim, mas dependendo se tem carga, não é? Ou carga ou o futuro de ter carga, porque também fazer uma ferrovia que não leva nada a lugar nenhum... Que os estudos sejam feitos e que o volume de carga seja calculado para se fazer um investimento. Sim.

O SR. DEPUTADO EVAIR DE MELO - O senhor não conhece o projeto da EF-118?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não conheço os volumes de carga. Então, eu não posso opinar. Eu preciso ver os números todos, senão eu não posso opinar.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Agradecido, Deputado.

Tem a palavra a Deputada Erika Kokay, e, para concluir a última inscrição, o Deputado João Gualberto.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Aqui foi dito, e eu queria apenas que o senhor confirmasse, que o senhor nunca teve relações com os fundos de pensão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Eu teria uma palavra final, mas vou dar um aviso aos dois, e, ao final, se não for perguntado, eu encerrarei com um questionamento. Só para dizer que era a última inscrição, mas que ainda resta.

Obrigado.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - V.Exa., Presidente, fala no momento em que achar necessário.

Mas, assim, a primeira coisa é... Pelo o que senhor dizia, o senhor falou, e eu pude depreender, que nunca teve relação com fundos de pensão.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu nunca tive... Eu não conheço nenhum executivo. Eu não saberia lhe dar um nome... Eu não sei onde estão as sedes, eu não conheço nada.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Então, o senhor nunca foi procurado por quem quer que seja para que se fizesse essa ponte com os fundos de pensão.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Jamais. É como se tivesse assim... Eu sei que eles existem no Brasil, obviamente. Isso a gente lê, mas não tenho nenhum tipo de ligação com eles, nada.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - E o senhor diz, inclusive, e eu entendo isso, que esse investimento que o POSTALIS teria feito nas empresas do seu grupo foi um investimento que teve, inclusive, uma autuação da PREVIC.

A PREVIC cuida e fiscaliza, do ponto de vista administrativo, os fundos de pensão. E, inclusive, parte desses... Houve uma inabilitação, inclusive, em função desse investimento. O senhor não tinha conhecimento disso?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Nada.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Porque o senhor diz que as ações estavam na bolsa, que as pessoas compram as bolsas e que teríamos que investigar por que foram compradas e provocaram esse tipo de prejuízo...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - O dinheiro não foi para mim. Isso é que...

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Eu sei.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu não fui o vendedor dessas ações.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Mas essa movimentação de um fundo de pensão, que eu entendo que foi na bolsa, enfim - eu entendo tudo isso -, provocou, inclusive, uma autuação da própria PREVIC e uma penalização dos responsáveis por esse tipo de investimento.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Excelência, eu nunca segui isso. Eu não sei disso.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Mas o senhor também disse aqui que nunca foi efetivado qualquer tipo de relação ilícita ou tráfico de influência, ilicitudes...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu nunca conversei com eles.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Com relação aos fundos de pensão ou com quem quer que seja?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Com quem quer que seja. Nós somos geradores de projetos, trouxemos os nossos próprios recursos e fomos fazer uma engenharia financeira, onde nós fomos buscar os recursos mais baratos possíveis. E a maior parte foi de bancos privados, onde se pagam as maiores taxas de juros, e se melhorou um pouquinho no volume que se captou do BNDES.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Com relação à Sete Brasil, o senhor disse que não conseguiu estabelecer qualquer tipo de negócio. O senhor queria vender o produto para a Sete Brasil.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Fabricar.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Isso não foi efetivado.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Então, o senhor também não tem relação com a Sete Brasil?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não tenho.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Nenhuma relação?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Nenhuma relação.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Nem tentou? Tentou ter, mas não conseguiu efetivar.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Absolutamente não.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - O senhor sabe por quê? Qual foi o argumento que foi dito?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu acho que, como eu já havia dito antes, nós éramos considerados persona non grata na PETROBRAS. E a PETROBRAS eu entendo que tinha uma grande influência e mandava dentro da Sete. Então, o mau relacionamento também não propiciou... Fora que tinha os outros empreiteiros querendo vender as 28 sondas. E eu não fazia parte, eu não teria acesso a essas 28 sondas.

O SR. DEPUTADO ANDRES SANCHEZ - Deputada Erika, vamos entender: o estaleiro dele teria que fabricar uma dessas 28 sondas. O que não passavam para ele passavam para a Sete Brasil ou para quem quer que seja. É isso.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É isso.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Isso eu entendi. Eu entendi que ele queria vender de verdade um produto, que é a construção da própria sonda, enfim... Isso eu entendi, mas, de toda sorte, o senhor não efetivou nenhum tipo de acordo, enfim, pelo que foi dito aqui...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Por que a gente faria qualquer coisa... A ordem da companhia é a máxima governança. Não se paga corrupção no grupo. Isso foi sempre assim. Por que ia mudar?

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - O senhor tem noção das denúncias que foram aqui faladas pelo Presidente da CPI, que lhe envolvem, inclusive?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, entendi.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - E o senhor disse que não participou desse processo?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, eu não participei disso.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Mas o senhor tem noção, o senhor deve ter visto.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Eu li no jornal, no jornal.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - O senhor leu nos jornais que houve uma acusação de que haveria um conluio, uma tentativa de ilicitude, de tráfico, de venda de vantagens, ou coisa similar?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim. Nós somos empresários. E, como os próprios executivos... Eles estavam querendo fazer o estaleiro funcionar. E, aí, não se concluem as coisas porque não se aceita fazer acordo escuso de qualquer tipo. É simples assim.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Então veja... Mas, de toda sorte, o senhor não teve relação como fundo de pensão? Nunca teve?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Nunca tive. Eu não conheço o nome de um diretor ou presidente.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Nem de alguém que pudesse falar em nome dos fundos de pensão?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não conheço, não conheço.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Que tenha dito que teria trânsito nos fundos de pensão?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não conheço.

A SRA. DEPUTADA ERIKA KOKAY - Está ótimo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Como último inscrito, tem a palavra o Deputado João Gualberto.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Sr. Presidente, Sr. Eike, o senhor acabou de falar que não aceitou fazer coisas erradas. Por que o senhor falou isso? O senhor recebeu propostas para isso?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Com tantas empresas de capital aberto, a ordem da casa é transparência absoluta. Eu fui educado assim, então...

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - O.k., mas a sua afirmação “Eu não aceitei...” pressupõe que alguém ofertou coisa errada.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não. Eu falei que não aceitei? Desculpa se eu falei “aceitei”.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Falou.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Desculpa.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Foi um erro, um equívoco?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Foi um erro.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Entre 2009 e 2014, o senhor, entre empréstimos diretos e indiretos, conseguiu 14,5 bilhões no BNDES. É isso mesmo? E em outros bancos, muito pouco, não é?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - O total...

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Foi 14.400...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Pode ser. De reais, né?

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - É, de reais. E já está liquidado? O senhor parece que falou que já pagou tudo isso mais de uma vez, né?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Pagamos tudo, está tudo acertado com todos os bancos. Todos os novos participantes, os novos sócios estrangeiros que entraram absorveram as ações, e os bancos absorveram minhas ações.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - E no BNDES também?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, no BNDES não tem...

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Os empréstimos geralmente são as cartas de fiança, né?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - É a garantia dos bancos privados, então o risco era dos bancos privados. Então o BNDES...

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - O senhor sabe se já foi liquidado alguns desses empréstimos, através da carta de fiança?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Estão sendo liquidados, porque o projeto gera energia. Então, por exemplo, no caso da MPX, eles estão gerando energia e estão pagando em dia os empréstimos.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Nas informações que recebemos do BNDES, apenas uma carta de fiança de 600 milhões foi liquidada até hoje. O empréstimo que tem uma carta de fiança de garantia de 600 milhões foi liquidado. O senhor sabe dizer se houve outros que já foram liquidados?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não sei.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Não sabe.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, até porque, Excelência, os novos grupos assumiram no meu lugar os empréstimos, isso que eu fiz para cooperar com o sistema nacional, porque era tudo muito grande. Então, os novos sócios que entraram aportaram capital novo, que era a condição, e quem assumiu a dívida com o BNDES são esses grupos novos. Eu não tenho mais ativos.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - E a carta de fiança continua garantindo os empréstimos?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - As cartas de fiança, quer dizer, dos novos grupos, eu não tenho mais...

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - São novas cartas de fiança, novas cartas, foram substituídas.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Exato, foram substituídas, mas o Grupo X está totalmente fora. A última dívida que eu tenho que resolver é com o Fundo Soberano...

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - É porque a informação de novo do BNDES é que quem está garantindo parece que é aquela carta de fiança original do empréstimo da época, e o senhor acha que não é?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, não.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Foi substituída 100%?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Foi substituída 100%. Eu acho que o Presidente do BNDES declarou “o Grupo X não deve dinheiro ao BNDES”.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Agora, quais são os argumentos utilizados pelo senhor para convencer os técnicos de crédito do BNDES a emprestar esse volume de recursos, mais de 14 bilhões, para empresas do seu grupo que não detinham experiência nessas multiatividades, como fábrica de circuitos digitais, portos, usinas, termelétricas. Que argumento o senhor usava? Porque eu conheço a dificuldade que é receber empréstimo do BNDES. Que argumento o senhor usava? E olha que para quase todos a garantia é a carta de fiança.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Claro. Excelência, eu construí 12 minas: 10 de ouro, 2 de minério de ferro, do zero. Todas elas eram operações complexas, muitas nas áreas do norte do Canadá, de onde você tem que trazer a energia própria. Então, um: todo esse know-how para colocar essas operações complexas em pé nós tínhamos na cultura da Casa. Dois: o BNDES sempre exigiu um percentual enorme de capital próprio, por isso que eu falo do capital que nós colocamos e os sócios estrangeiros colocaram juntos, os 40 bilhões de dólares que nós trouxemos, que hoje equivaleriam a, sei lá, 160 bilhões de reais. Então, o BNDES só emprestou dinheiro porque fez uma avaliação técnica; na área de energia os projetos ganharam leilão; ganhando leilão, a Eneva, por exemplo, passou a ter 20 bilhões de recebíveis. Então, convenhamos, quando você tem um recebível desse montante, você vai avaliar o risco de execução da operação, não é isso? E no nosso caso nós tínhamos o grupo alemão como sócio. Quer dizer, nós trouxemos o melhor know-how que existia no mercado para colocar esses projetos em pé. Problemas que aconteceram: atrasos nas instalações, e o setor elétrico pune de uma maneira brutal. Não entregou energia na data prometida, você tem que comprar no mercado e entregar aquela energia “x”. Isso criou o problema no grupo, pelo atraso na construção. Então, nesses 4 ou 5 anos em que os projetos foram construídos, nós tivemos greves. Como eu falei, uma empresa italiana quebrou no canteiro de obras. Em 2008, quando a Itália, enfim, problema na Grécia, na Europa... Então, são problemas assim que vêm da natureza desses projetos estruturantes. São coisas gigantescas, Excelência.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - A gente tem percebido que o BNDES perdeu muito dinheiro. E o interessante é que emprestava num mês e 6 meses depois a empresa quebrava. Não estou falando da sua, estou falando da Lacto Brasil, por exemplo, e do Frigorífico Independência. Estou falando dessas duas. Aí foi mais ou menos 1 bilhão e 700 milhões que o Tesouro perdeu, porque emprestou para o BNDES e acabou perdendo. E, no caso das suas empresas, 14 bilhões, o senhor acha que foi um bom negócio para o BNDES?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, ele está com tudo garantido. Quem perdeu dinheiro foi a holding ...

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Mas tem atraso de pagamento, não é isso? Enquanto não houver recuperação, tem atraso. E aí, desculpe-me, as pedaladas fiscais foram exatamente por não ter esses recursos. Não chegou no tempo esperado para o BNDES, que poderia pagar ao Tesouro, então houve as pedaladas, etc.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim, mas, Excelência, a minha obrigação, como brasileiro... Quer dizer, eu fui e busquei um novo sócio para assumir a responsabilidade e assumir todas as dívidas do BNDES.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Conclua, Deputado.

O SR. DEPUTADO JOÃO GUALBERTO - Então foi um bom negócio o que o BNDES fez com as suas empresas, os empréstimos? Você acha que foi um bom negócio para o Brasil, para os brasileiros?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Absolutamente, que bom que temos mais 2.500 megawatts gerados nesses portos, e eu gostaria que visitassem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Vamos encerrar. Agradeço ao Deputado João Gualberto. Quero apenas esclarecer aos demais membros da Comissão que o Deputado João Gualberto é membro da CPI do BNDES, não pôde estar aqui pela manhã e gentilmente me pediu, como não membro, que pudesse fazer a sua intervenção e nós permitimos.

Já para concluir, Dr. Eike, só para lhe dar informação, às vezes não foi a sua pessoa, e não imagino que tenha conhecimento sobre tudo, mas chegou aqui a informação. O senhor sabe quem é o Sr. Roberto Bernardes Monteiro?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sei.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Quem é?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Foi um executivo financeiro da OSX.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Certo. Ele esteve prospectando negócios na FUNCEF, 11º andar, no dia 13 de setembro de 2011. Permaneceu lá das 9h58min às 12h36min, em reunião com diretores, lá prospectando esse negócio, ou seja, ele esteve buscando um aporte, que é natural, de fundos de pensão que investem 350 bilhões de reais. Então, ele esteve por lá, o negócio não foi concretizado, já que não há nenhum aporte necessário, mas é natural que essas coisas aconteçam e existem, sem que não seja às vezes do seu conhecimento.

O Sr. Roberto Bernardes foi condenado num processo da CVM em que o senhor também foi. Confirma?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Em relação a...?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Em relação à não divulgação tempestiva da venda de participação na petrolífera OGX, condenação que saiu em março deste ano.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Na venda intempestiva? Tem tanta coisa ocorrendo na CVM, nós viramos um bode expiatório lá de uma escala inacreditável. Quer dizer...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Bom, então, se não é do seu conhecimento, aí seu patrimônio diminuiu um pouco, em 300 mil reais, pela condenação da CVM, num total de 1,4 milhão. O Roberto Bernardes Monteiro foi a maior a multa, de 400 mil reais, o senhor foi multado em 300 mil reais.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Gostaria de dizer que nós vamos recorrer disso aí.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Perfeito, mas foi pela não divulgação tempestiva da venda da participação na petrolífera, segundo critérios da CVM.

E, para encerrar, só uma questão, e para que fique muito claro para todos: a sua presença aqui, Sr. Eike, é na condição de testemunha, e contribuiu com todas as perguntas. Agora, por três vezes, eu acho que, apesar da expertise de seus advogados, e eu os conheço, eu sei que a orientação é sempre de preservar o cliente, mas eu acho que por três vezes o senhor fugiu desse autocontrole, que é natural. Por três vezes o senhor deixou claro, quando falou que não participaria do jogo, que não foi chamado para participar da festa, e no fundo, no final, quando o senhor disse que não iria arriscar em comprometer a governança da empresa e precisou recusar ofertas de jogos espúrios. E isso eu queria que o senhor pudesse ter noção, como cidadão brasileiro, da contribuição que pode dar ao País, que pode dar às investigações que estão sendo feitas, por exemplo, na Operação Lava-Jato, que está passando esse Brasil a limpo, uma democracia vendida que, como disse na Itália, na Operação Mãos Limpas que houve lá, o que pode estar acontecendo no Brasil... Essa contribuição, esse jogo espúrio foi colocado ao seu conhecimento, foram-lhe feitas ofertas para que tivesse facilidades? Se o senhor tivesse aceitado esse jogo espúrio, que o senhor disse que existe, quem sabe hoje teria um contrato com a Sete Brasil?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Se eu tivesse aceitado?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Sim.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas nós não entramos nisso e não deixamos isso... O Baiano representava uma empresa, Dragados, e queria oferecer que ele comprasse um pedaço do meu estaleiro. Então eu não posso fazer análise agora que a gente sabe que existia um grupo de interesse em que tudo era dividido, a análise é feita agora. Durante a ação lá, quando as coisas aconteciam, isso não ia acontecer, não tinha possibilidade de... Sabe, o grupo não ia entrar em qualquer negociata desse tipo, até porque isso já estava feito, quer dizer, já era... Eu não fazia parte desse clube. Está mais que... Tem alguma dúvida disso?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Não, a dúvida aqui, Sr. Eike, não é que o senhor fazia parte desse clube, tanto que o senhor não fechou o contrato. Mas o senhor à época - porque o senhor quer dar o olhar à época -, se tivesse aceitado participar dessas negociatas, teria fechado esse contrato com a Sete?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, porque, como o negócio já estava distribuído, eu não tinha nem lugar, não tinha nem espaço para a gente. Já estava... Entendeu? Eram cartas marcadas já. Cada um já tinha levado a sua cota.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Você sabia que era de cartas marcadas já?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, eu estou fazendo essa análise hoje.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Você está dizendo. Eu estou falando as suas palavras. Eu não estou dizendo nada. As palavras que você usa eu estou perguntando.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Claro! Eu estou falando hoje da minha perspectiva... Hoje eu sei isso. Há alguma dúvida aqui de que essas cartas não foram marcadas, de que cada um ia levar o seu kit felicidade?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Você não tem nenhuma dúvida?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, eu não levei nenhum kit felicidade nisso, quer dizer, senão o meu estaleiro com duas plataformas estaria muito bem, obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Qual foi o negócio que o Bumlai ofereceu quando o procurou?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Ele ofereceu negócios relativos a energia. Ele queria saber como é que... A MPX é uma empresa...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Para a Usina São Fernando lá dele? Foi alguma coisa com a Usina São Fernando?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Ele falou... Ele estava, sim, interessado... Foi uma conversa sobre geração de energia. Ele queria saber por que... O que a MPX fez foi diferenciado: geração de termelétricas no Brasil onde a energia é mais necessária, na área do consumo, na ponta. Está certo? Porque, quando você faz represa lá na divisa com a Bolívia a 5 mil quilômetros de linha de transmissão, você perde 20% da energia gerada. Esse custo é dividido para todos nós. Isso ninguém fala. A eficiência está em você colocar no lugar certo. Então, esse conceito todo que... Por isso vários grupos foram copiar. A Bertin chegou a ter um portfólio eu acho que de 5 mil megawatts, tudo copiando o modelo da MPX, que foi um modelo de um Brasil que ia crescer muito, que ia precisar de muita energia. Então, como foi um modelo de sucesso, fez um IPO... Para o IPO, a abertura de capital, nós levantamos 4 bilhões de reais na época, e a empresa tinha um valor de 20 bilhões de reais. Então, é uma riqueza. As pessoas foram olhar, não é? “Quero fazer também”. Então, as pessoas vinham ao meu escritório querer aprender. Desculpem-me! Fazer o quê?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Então, o Bumlai o procurou para pedir conselho, para servir de exemplo?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Conselho.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Não foi para fazer negócio?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Não, a gente é um bom conselheiro. Bom, eventualmente, nas ações aí... De novo, a qualidade dos projetos vai servir ao Brasil por muito tempo. E eu acho que isso, no fundo, é que precisa ser bem avaliado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Sr. Eike Batista, sobre a questão das doações, sem criminalizar, só para o senhor confirmar se são só essas ou se existem mais, constam aqui para o Sr. Cristovam Buarque 100 mil reais.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Perfeito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Para o Sr. Delcídio do Amaral, 500 mil reais.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Perfeito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Para o Sr. Luiz Henrique, 200 mil reais.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Perfeito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Para o Sr. Sérgio Cabral, 750 mil reais.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Perfeito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - E para o Deputado Estadual Paulo César, 100 mil reais.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Sim.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Totalizando 1 milhão e 650 mil. Fora essas doações, o senhor...

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - A lista é de que período?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Esse aqui é de 2010.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olha, fizemos no ano de 2006 também. Tem que levantar.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Não, é só para confirmar se estão corretas.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Mas essas, absolutamente, estão corretas.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Em 2014 teve?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Em 2014 não teve. O grupo já estava em crise, absolutamente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Em 2006 o senhor se recorda de algum específico que gostaria de citar?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Em 2006?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Sim.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Gostaria. Informo-lhe, enfim...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Não, é público. É só se o senhor tem essa informação aí ou não?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Claro! Não, eu não tenho de cabeça.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Muito bem. Agradeço a atenção. O senhor tem tempo para as suas considerações finais, para trazer à palavra algo mais que desejar.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Muito obrigado. Seria bom esse fórum aqui de transparência, de informação. Muito obrigado pela atenção e pela possibilidade aqui de poder falar com os senhores. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Nós agradecemos. Como disse, sua presença aqui é na condição de testemunha. Ainda acho que, se o senhor quiser esclarecer em outra oportunidade essa negativa a acordos espúrios, a esses convites para participar da festa, a esses convites para participar do jogo, será uma grande contribuição que o senhor poderá dar a este País, porque essa informação precisa vir de dentro para fora.

O fato de o senhor não ter fechado o negócio não quer dizer que foi vítima de uma tentativa de vender facilidades. No Brasil - nós sabemos muito bem disso -, oferecem-se dificuldades para se poder vender as facilidades. E me parece que é o que ficou muito claro, permeado na sua posição de empresário, que não aceitou participar do clube.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Perfeito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Estaremos atentos.

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar os trabalhos, antes convocando os Srs. Deputados para a próxima reunião ordinária, para tomada de depoimento do Sr. Pedro Barusco, ex-Gerente de Serviços da Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS), para esclarecer - já que ele foi o estruturador da Sete Brasil - como fez para adquirir 3 bilhões de reais.

Sr. Eike, eu até estava falando aqui e o senhor não respondeu à minha pergunta. O senhor acha natural uma empresa como a Sete Brasil ter arrecadado 3 bilhões de reais? Pela dificuldade que o senhor teve para arrecadar 5 bilhões, os 3 bilhões que a Sete Brasil arrecadou seriam naturais? Isso é fácil no mercado?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Se ela tivesse o pré-sal e a demanda... É aquele negócio, tem que haver um mercado para... Se tivesse demanda para essas sondas, sim. Isso ser um patrimônio nacional, a gente ter o know-how para produzir isso no Brasil, sim. Agora, repito, não deviam ser tantos estaleiros. Isso foi um erro estratégico.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Com o olhar de hoje, o senhor acha que foi um mau investimento à época?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Qual?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Da Sete Brasil. Com o olhar de hoje, para os fundos que perderam 3 bilhões de reais, hoje estão no zero, foi um mau investimento?

O SR. EIKE FUHRKEN BATISTA DA SILVA - Olhando de hoje? Absolutamente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Efraim Filho) - Perfeito.

Portanto, convocamos o Sr. Pedro Barusco para depoimento a realizar-se na próxima quinta-feira, dia 19 de novembro, às 9h30min, em plenário a ser informado oportunamente.

Agradecemos a sua presença.

Está encerrada a presente reunião.