CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 278.2019 Hora: 18:20 Fase: OD
Orador: PAULO PIMENTA, PT-RS Data: 18/09/2019

O SR. PAULO PIMENTA (PT - RS. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, eu já sou Parlamentar nesta Casa há alguns mandatos e aqui já travei embates duros, já participei de polêmicas as mais variadas, mas confesso a V.Exas. que, de uma forma geral, este Parlamento sempre foi composto por pessoas que têm opinião, por pessoas que têm palavra. Ao longo desses anos todos, eu me lembro de um ou outro caso de Parlamentar que tenha alegado que votou errado, que assinou uma CPI sem ter entendido, que apoiou um projeto... Mas, Sr. Presidente, epidemia de arrependidos eu nunca tinha visto!

Esta Casa foi acometida, nas últimas horas, nos últimos dias, de uma espécie de epidemia de arrependidos. Deputados e Deputadas que assinaram uma CPI para investigar denúncias sobre a conduta de promotores e de juízes que eventualmente, no exercício das suas funções, tenham agido de forma ilegal, a partir de um determinado momento, se acovardaram não sei se diante da pressão, não sei se do momento e começaram, de forma patética, a responsabilizar Deus e o mundo por suas assinaturas.

"Eu não li." "Eu fui enganado." "Eu li errado." "Eu estava sem óculos." "Eu estava apressado."

Isso é patético, Sr. Presidente! Os Parlamentares deviam ter a coragem de vir à tribuna dizer: "Eu levei um treme e estou com medo. Eu me acovardei e quero tirar a minha assinatura". E não fazerem esse papelão, esse papel ridículo de alegar que não sabiam o que estavam assinando, que foram ludibriados, até porque vários desses Parlamentares, pouco tempo atrás, ocupavam a tribuna para gritar: "Quem não deve não teme!" "Todos têm que ser investigados!" "Bandido bom é bandido morto!"

Qual é o medo agora? Por que esse medo? Por que essa covardia na CPI das Fake News? Por que a covardia diante da possibilidade de uma investigação sobre condutas ilegais e criminosas que eventualmente possam atingir juízes e procuradores?

Eu quero dizer a V.Exas. o seguinte: fiquem absolutamente tranquilos, porque não há de nossa parte qualquer disposição de fazer aquilo que nós condenamos: investigação seletiva, manipulação de provas, perseguição a adversários políticos. Essas práticas, que caracterizaram a conduta de Sergio Moro e Dallagnol, são práticas que nós refutamos e, portanto, não estarão presentes em nenhum procedimento de investigação de que nós possamos fazer parte.

Mas, Sr. Presidente, por que razão o Parlamento brasileiro não deveria investigar esse fato, um fato de enorme repercussão? Há informações que dão conta de episódios que podem ter alterado o rumo da democracia brasileira. Há suspeitas de um conluio criminoso entre procuradores e juízes, que, entre outros objetivos, pretendiam um enriquecimento ilícito.

É importante lembrar, Sr. Presidente, que ontem o Supremo Tribunal Federal homologou um acordo que deu destino aos 2,5 bilhões de reais de que o Dallagnol e os procuradores queriam se apropriar, para o resto da vida poderem fazer palestras milionárias. Esse dinheiro foi tirado deles pelo Supremo Tribunal Federal e destinado ao Orçamento da União.

Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, povo brasileiro que nos acompanha, essa epidemia que levou a uma postura covarde e patética de um grupo de Parlamentares, com certeza, não representa a coragem, a altivez e a autonomia deste Parlamento.

E eu espero, Sr. Presidente, que V.Exa. dê consequência para a previsão regimental que nós temos e permita que esta Casa faça essa investigação, vá a fundo nessa apuração, e que nós possamos, de maneira tranquila e serena, revelar ao povo brasileiro o subterrâneo de uma realidade escondida pela grande mídia.

Com certeza, a democracia sairá fortalecida pelo papel e pelo trabalho desta Casa.

Não se acovardem! É patética a postura de V.Exas.! Esperamos que o Presidente instaure rapidamente essa CPI!