CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 271.2018 Hora: 14:48 Fase: OD
Orador: ZÉ GERALDO, PT-PA Data: 13/12/2018

O SR. ZÉ GERALDO (PT - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sra. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, todos aqueles que me ouvem neste momento, eu, mais uma vez, aproveitando estes últimos dias que tenho nesta Casa, vou falar sobre a necessidade de o Governo Federal pensar a respeito de alguns subsídios para algumas políticas para a Amazônia.

É verdade que todas as regiões do Brasil têm os seus problemas. Isso acontece no Nordeste, no Sul, no Sudeste. Mas, Presidenta Erika Kokay, se eu quiser viajar amanhã de avião de Belém para Altamira - esse voo dura 40 minutos, 50 minutos -, tenho que pagar em torno de 1.500 reais. Para ir e voltar, eu gastarei cerca de 3 mil reais - pode ser um pouco menos, mas também pode ser mais. Essa é a realidade do povo que vive no Norte do Brasil.

O botijão de gás de cozinha, na capital de qualquer Estado da Amazônia, custa em torno de 80 reais, mas, lá no interior, chega a custar 120 reais. O litro do combustível, em qualquer capital da Amazônia, custa em torno de R$4,50, mas, lá no interior, custa R$5,50.

Portanto, como é que vamos ter desenvolvimento sustentável, como vai haver melhoria de vida para o povo do Norte do Brasil - a população da Amazônia já chega a 17 milhões de habitantes -, se o Governo Temer vem imprimindo uma proposta governamental para a economia, que será intensificada por Paulo Guedes, principal Ministro de Bolsonaro, no sentido de cortar os subsídios, no sentido de acabar com os programas, no sentido de acabar com alguns Ministérios estratégicos?

Bolsonaro, em sua campanha, mentiu para a população. Durante a campanha, ele pregava que tinha que diminuir o número de Ministérios, e ele já passou de 22 Ministérios. Então, ele mentiu. Mentiu! Houve só mentira para enganar o povo brasileiro. Ele falava em combater a corrupção.

Ora, o então Juiz Sergio Moro, hoje Ministro indicado, inventou, para impedir Lula de ser o Presidente do Brasil, para condenar Lula em Porto Alegre e para prender Lula, inventou a história de um triplex - ele nunca conseguiu provar que o triplex é de Lula - que vale 1 milhão e 100 mil reais. E o dinheiro que foi depositado para a família Bolsonaro passa de 1 milhão e 200 mil reais. É claro que o dinheiro que foi depositado, em menos de 1 ano, para o motorista, agora ex-motorista, do Deputado Estadual, agora Senador, filho de Bolsonaro, saiu da Assembleia Legislativa para financiar inclusive a campanha e as atividades políticas da família Bolsonaro.

Eu pergunto à Justiça Eleitoral brasileira, eu pergunto à Justiça Comum o que pergunto a Sergio Moro: agora, Sergio Moro, por que anda escondido da imprensa? A Justiça brasileira vai ficando cada vez mais desmoralizada. Jamais Bolsonaro seria Presidente do Brasil se Lula tivesse sido candidato a Presidente. Todos concordam com isso. É claro que, se parte da Justiça brasileira não tivesse se aliado ao golpe, não tivesse se aliado aos interesses do capital internacional, que financiou o golpe no Brasil, não teríamos uma política desastrosa sendo traçada para piorar a vida do povo brasileiro.

As pesquisas indicam que povo brasileiro quer emprego e saúde. É um desastre o tratamento de saúde pública no Brasil. A dificuldade de acesso do cidadão brasileiro a uma política pública de saúde de qualidade é cada vez pior, em todos os Estados do Brasil, em alguns mais, em outros menos.

Portanto, nós não temos como pensar que o Brasil será melhor com os pronunciamentos que nós estamos vendo dos futuros Ministros da nova equipe econômica. É claro que uma passagem aérea no Norte do Brasil só poderia baixar de preço se nós tivéssemos colocado em prática um programa de subsídio aéreo regional que nós deixamos aprovado aqui. Depois que tiraram a Dilma e o PT do poder, ninguém falou mais nisso.

O que é esse fundo aéreo regional? É um fundo que sairia dos aeroportos que dão lucros superavitários para financiar trechos não só na Amazônia, mas em outros Estados, da Capital para o interior, a 300, 500 quilômetros de distância.

Precisa-se viabilizar aeroportos com voos baratos para a população poder viajar de avião. Cito o exemplo do Pará. Para um cidadão ir de Belém a Santarém, a maior cidade turística do Pará, onde estão as mais lindas praias de água de doce do mundo, como Alter do Chão, por exemplo, onde estão o Rio Tapajós e o Rio Amazonas, dois grandes lindos rios do Brasil, que se encontram em frente à cidade de Santarém, cujas águas não se misturam, vai gastar quase 3 mil reais para ir e voltar. Se você se programar, pode até conseguir um desconto.

Como vamos ter um turismo regional para que as famílias possam sair da Capital para Marabá, para Altamira, para Santarém, para Itaituba, para as lindas praias do Araguaia, em São Geraldo do Araguaia, em Conceição do Araguaia, em Santana do Araguaia e em tantas outras cidades que eu poderia citar aqui, se demora cerca de 12 a 15 horas de carro para chegar e mais 15 horas para voltar? O caso de Santarém nem se fala, são 2 ou 3 dias de barco ou 1.500 quilômetros de estrada.

Nós deixamos tudo isso pronto, com 26 aeroportos no Estado do Pará para serem ampliados, reformados, construídos. E tudo isso teria o aporte de um fundo aéreo regional. Ou seja, uma passagem que hoje custa 1.200 reais passaria a custar 600 reais.

Como pode uma região se desenvolver se tudo o que chega lá chega muito mais caro? Quem é que paga o custo desse transporte, das mercadorias que chegam até lá pelos interiores e aquilo que é vendido para os grandes centros?

Então, o cidadão perde ao comprar e perde ao vender, e há um empobrecimento natural. Sem falar dos cortes nos programas que ajudaram esses Municípios de todos os Estados do Brasil, mas principalmente do Norte, e da trafegabilidade rural.

Hoje, no Município de São Félix do Xingu, é perigoso para um cidadão sair lá do Distrito de Taboca, de manhã, e não chegar à cidade, a aproximadamente 100 quilômetros, à tarde, porque não há ninguém que ajude a fazer a conservação daquelas estradas. O Governo Municipal não dá conta, o Governo Estadual não tem programa, e o Governo Federal também não.

Então, é claro que nós precisamos continuar esses debates. Essa grande farsa foi montada para vencer as eleições, esse golpe moderno, essa ditadura moderna foi montada com a participação da grande mídia, de parte do Judiciário e do Poder Legislativo.

O Poder Legislativo já levou uma grande cacetada, porque a maioria daqueles Deputados e Deputadas que tiveram um orgasmo político nesta Casa, no dia da cassação, no dia do impeachment, naquele domingo, não voltou. Eu podia ler uma lista com uns 150 nomes aqui, de grandes caciques da política brasileira, que gastaram 5, 10 milhões numa campanha e perderam as eleições.

Finalmente, agradeço ao povo do Pará, que me deu mais de 800 mil votos nas eleições para o Senado. Eu disputei pelo PT, enfrentei coligações com 17 partidos, que gastaram milhões e milhões, mesmo assim, nós tivemos esta grande votação e ganhamos as eleições para o Haddad no primeiro e no segundo turnos no Pará.

Lá, não houve onda de Bolsonaro; lá, não houve Bolsonaro; lá, nós ganhamos as eleições, porque o legado dos Governos do Presidente Lula e da Presidente Dilma é forte e está na cabeça e no coração do povo e dos eleitores do Estado do Pará.

Peço que o programa A Voz do Brasil divulgue a minha fala, Sra. Presidenta.