CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 24.2020 Hora: 10:52 Fase: OD
Orador: ERIKA KOKAY, PT-DF Data: 05/03/2020

A SRA. ERIKA KOKAY (PT - DF. Sem revisão da oradora.) - Nós temos tanto interesse em acelerar esta sessão que estamos abrindo mão do tempo de orientação, por exemplo, mas é importante que possamos discutir as matérias, discutir este projeto de decreto legislativo, que nos parece importante, sobre acordo com a República de Singapura para eliminar a dupla tributação em relação aos tributos sobre a renda e prevenir a evasão e a elisão fiscais.

Nós vivemos em um país cujo Governo elege como inimigo ora as escolas e as universidades públicas, ora os servidores públicos.

Aliás, eu tenho um orgulho muito grande dos servidores públicos do meu País. Foram duas servidoras públicas que sequenciaram o genoma do vírus que está assustando o conjunto da humanidade. Duas servidoras públicas, mulheres, fizeram isso, e os servidores públicos têm sido cotidianamente atacados.

O Governo elege os seus inimigos imaginários como todo governo fascista. Hitler também elegeu os seus inimigos imaginários. Começou cerceando os espaços na própria cidade e terminou colocando em funcionamento fornos crematórios e câmaras de gás. Ele elegeu os seus inimigos imaginários.

Discursos para se fechar o Parlamento, discursos para se fechar o Poder Judiciário constroem aquilo que o Brasil vivenciou com muita dor. Eu me refiro aos anos de arbítrio. Com muita dor o Brasil vivenciou isso.

A Secretária Especial de Cultura disse que a arte é o encontro com a beleza. Eu concordo com ela. Agora, não há beleza na fome, que está grassando neste País.

Não há beleza no silenciamento e na censura, que voltam para impedir que este País reconheça a sua própria memória e possa fazer o luto dos seus períodos traumáticos.

Não há beleza no caso de um Presidente da Fundação Palmares que diz que a escravidão foi benéfica para os descendentes do povo escravizado.

Não há beleza na situação em que 3 milhões e meio de pessoas ficam à espera de acesso ao Bolsa Família.

Não há beleza em um país que tem um crescimento de 1,1% do PIB, e o Governo disse que, em pouco tempo, aumentaria em 3% o PIB. Arrancou a pele dos trabalhadores, disse que seria fundamental esse processo cruel da reforma da Previdência, da reforma trabalhista, para se elevar o PIB, que cresceu apenas 1,1%. É menor do que o PIB de 2018, é menor do que o PIB de 2017, e está pautado no consumo.