CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 228.2.55.O Hora: 16:42 Fase: BC
Orador: JAIR BOLSONARO, PSC-RJ Data: 19/09/2016

O SR. JAIR BOLSONARO (Bloco/PSC-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu gostaria falar sobre outros assuntos, em especial sobre cubanos, mas o momento é extremamente crítico. Quero seguir a linha do saudoso Enéas Carneiro, não obviamente com o conhecimento que ele tinha sobre o assunto. Foi uma pessoa ímpar, que infelizmente o Brasil perdeu muito cedo. Falarei sobre a questão do nióbio. Eu peço que prestem atenção ao que vou falar aqui, ou só ao final.

Nós sabemos que o nióbio gera cobiça internacional. Ele é voltado para a indústria de alta tecnologia e é utilizado em uma série de produtos, como em aços especiais resistentes a corrosão e altas temperaturas, em chassis de automóveis, também, na Alemanha, em turbina de aviões, em gasoduto - a China acabou fazer um gasoduto de 9 mil quilômetros de extensão -, na indústria aeroespacial, bélica e nuclear, em lentes ópticas, em lâmpadas de alta intensidade e até mesmo em bijuterias, como existem no Japão, além de uma série de outras utilizações que nós não sabemos, que estão em fase de pesquisa lá fora, aqui dentro não.

Digo que 90% do nióbio negociado no mundo vem do Brasil e o restante, basicamente do Canadá. O nióbio pesa na balança comercial deles; aqui o peso é praticamente insignificante.

No Brasil, nós temos jazidas em Minas Gerais - exploradas em Araxá -, Amazonas e Goiás. Nós sabemos que os países do Primeiro Mundo colocam o nióbio como oferta crítica ou até mesmo ameaçada. E ninguém gosta de depender apenas de um país.

Em 2011, empresas da China, do Japão e da Coreia do Sul compraram, por 4 bilhões de dólares, 30% das ações da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração - CBMM.

Agora, falarei sobre algo que é grave e crítico, Sr. Presidente. É crítico e inacreditável! Mas logicamente se acredita, porque vem do PT. Só para que não haja dúvida, eu vou ler uma matéria que foi publicada em alguns jornais de 15 de setembro, não com um tom crítico, mas apenas como informação - não houve nada favorável ou contrário por parte da imprensa, sempre omissa nessas questões:

"O setor vem atraindo interesse nacional e internacional. Em 2015 - no Governo Dilma Rousseff -, a China investiu R$ 1,5 bilhão para adquirir áreas com potencial de nióbio em Goiás - com toda a certeza, na região de Catalão. É para a China que o secretário-executivo do PPI, Moreira Franco, viaja sábado em road show, apresentando o Projeto Crescer."

Ou seja, começou com o PT, e o PMDB agora vai vender nossas jazidas de nióbio para a China. Isso é um crime de lesa-pátria. Como se criou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo - OPEP, aproximadamente 40 anos atrás, podemos fazer a mesma coisa para o nióbio, só que não precisamos de uma organização, pois o nióbio basicamente só existe no Brasil.

O que podemos fazer? Primeiro, eu peço o apoio dos colegas, em especial o dos colegas desses Estados citados. Nós não podemos deixar a China entrar aqui, comprar áreas para explorar nióbio, como se estivesse retirando minério de ferro ou qualquer outro mineral. Não. Estão retirando um mineral que não existe em outro lugar no mundo. Só existe aqui, nobre Presidente Deputado Delegado Edson Moreira, como existe, por exemplo, no seu Estado. Nós devemos nos preocupar com isso!

Agora, fica-se fazendo economia em cima do desgraçado do aposentado ou do teto para o servidor, e deixamos vazar bilhões de dólares entregando riquezas minerais para os chineses!

Obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Delegado Edson Moreira) - Seu pronunciamento será divulgado no programa A Voz do Brasil e nos meios de comunicação da Casa.